terça-feira, 31 de outubro de 2023

Michael Porter, o pai da Estratégia Competitiva

O que faz uma empresa ou nação se sobressair no mercado mundial em relação a outra? Em um cenário globalizado, hiperconectado e altamente competitivo, é fundamental conhecer as estratégias que irão posicionar o seu negócio à frente dos demais. Conhecer as estratégias a fundo e saber aplicá-las é para poucos, Michael Porter é um desses poucos. Hoje nós vamos conhecer melhor a sua trajetória que é, atualmente, o mais renomado estrategista com foco em competitividade de empresas e nações. 

Na atualidade, Michael Porter talvez seja o acadêmico que melhor faz jus a alcunha de pai da administração, afinal, centenas de cursos de graduação de administração e negócios absorveram seus ensinamentos nas grades curriculares. O tamanho da genialidade de Porter também pode ser mensurado pela aceitação de suas teorias por tantos gestores de sucesso, da iniciativa privada e pública. 

Ao longo de sua vida, Porter vem acumulando livros, artigos, prêmios e reconhecimentos por seus ensinamentos e no assessoramento de empresas e governos. Vamos conhecer mais de perto os caminhos que Porter trilhou e que inspira milhares de gestores ao redor do mundo na busca por sobressair em oceanos cada vez mais vermelhos. 

Os primeiros passos de Michael Porter 

Como terá sido os primeiros passos de Michael Eugene Porter? Ou simplesmente Michael Porter, o maior guru da gestão estratégica do momento. Porter nasceu em 23 de maio de 1947, na cidade de Ann Arbor, no Michigan, Estados Unidos. Na infância, Porter mudou bastante pois seu pai era oficial do exército. 

Alguns fatos curiosos sobre Michael Porter que são menos conhecidos. Na juventude, jogou futebol americano e beisebol e chegou a participar de competições de Golfe, durante a graduação em Princeton. Em 1969 Porter se graduou em engenharia aeroespacial e mecânica em Princeton. Já em 1971 concluiu o MBA na Harvard Business School, com selo de alta distinção. Pela mesma instituição obteve o título de Ph.D em economia empresarial, em 1973. 

Porter começou a lecionar na Universidade de Harvard logo após concluir o seu doutorado, com apenas 26 anos. A sua trajetória acadêmica se destaca pela grande produtividade, escrevendo uma centena de artigos ao passo que publicou 19 livros. A seguir, vamos conhecer um pouco mais das suas teorias e campos de estudos. Na esfera pessoal, Michael Porter é casado com Debbie e tem duas filhas.

As principais teorias de Michael Porter 

Os estudos de Porter não se restringiram apenas à área de gestão de negócios, às relações comerciais e ao universo business. Em sua obra, encontramos ensinamentos que abarcam questões econômicas, políticas, ambientais e de saúde. Mais recentemente, Porter vem se tornando referência também na gestão da saúde, o seu livro “Repensando a Saúde: Estratégias para Melhorar a Qualidade e Reduzir os Custos”, publicado em 2007, vem sendo objeto de estudo por gestores da área médica em todo mundo. 

Porter desenvolveu seu trabalho na esfera dos negócios e da gestão, com foco especial nas áreas de estratégia e competitividade. Sua grande preocupação foi entender como as empresas crescem e o que as fazem permanecer no topo por tanto tempo. Ciente que é tão difícil quando produzir uma organização de sucesso e mantê-la viva e crescendo ao longo dos tempos. 

A consequência disso é que Porter se tornou consultor de gigantes que estão a dezenas e centenas de anos em atividade, como a Procter & Gamble, Royal Dutch Shell e Caterpillar. 

De todos os seus trabalhos, o mais notável foi publicado em 1979 no periódico da Harvard Business Review, com o título The Five Competitive Forces That Shape Strategy, também conhecido como as 5 Forças, que revolucionou a forma como os gestores se organizam estrategicamente para sobressair em um cenário de grande competição. 

Resumidamente, quais são e o que dizem as 5 Forças de Porter: 

1. Rivalidade entre os concorrentes: Porter diz que quanto maior for a disputa por um segmento, as empresas terão que fazer mais ações para atrair e manter clientes;

2. Entrada de novos concorrentes: quanto mais difícil for para uma empresa entrar em determinado mercado, menor será a ameaça em particular. Como exemplo disso nós temos as práticas protecionistas utilizadas pelos governos a fim de proteger seus produtores;

3. Produtos substitutos: Porter diz que quanto mais produtos substitutos disponíveis no mercado, maior o poder de barganha os consumidores terão. Aqui, Porter ensina que as organizações devem avaliar o quão abertos os seus clientes estão a mudar de produtos; 

4. Poder de negociação dos clientes: diz respeito a famosa lei da oferta e da procura. Por vezes as circunstâncias do mercado e produção deixam o cenário mais favorável para empresas, em outros momentos para os clientes; e, 

5. Poder de negociação dos fornecedores: todo segmento depende dos seus fornecedores e essa relação é vital para que uma organização se mantenha mais ou menos competitiva. 

Os estudos de Porter nas áreas de estratégia e competitividade visam apresentar bases para que empresas de todos os setores possam se posicionar adequadamente em seus mercados. A influência de Porter no mundo dos negócios é tão grande que há muitos anos extrapolou para a política, assim, ele desenvolveu ações na política econômica junto ao Congresso e Poder Executivo dos Estados Unidos, além de ter atuado como consultor para outros países, por exemplo: Portugal, Coréia do Sul e Ruanda.

Prêmios e reconhecimentos de Porter 

Porter é na atualidade um dos mais aclamados teóricos e estudiosos do mundo dos negócios e suas teorias são implementadas no setor privado e público, na busca por melhores resultados. Ao longo de décadas de carreira, Porter acumulou prêmios, artigos e livros produzidos, vejamos alguns dos seus números e prêmios: 

- Michael Porter publicou 19 livros até agora; 

- Mais de 130 artigos, muitos pelo periódicos da Harvard Business School; - Lidera estratégias econômicas em vários países; 

- Recebeu condecorações dos governos da Espanha e da Nicarágua; 

- Recebeu a titulação de doutor honorário de dezenas de universidades de gestão e administração; 

- Fundou organizações sem fins lucrativos, são elas: Iniciativa para uma Cidade Interior Competitiva - ICIC, o Centro de Filantropia Eficaz e os Conselheiros de Impacto Social do FSG; 

- Recebeu da Universidade de McGill o diploma honorário em 2009; 

- Recebeu o prêmio McKinsey seis vezes; 

- Foi nomeado professor Bishop William Lawrence da Universidade de Harvard, o maior reconhecimento dado pela instituição; 

- Muitos dos seus artigos e livros ganharam prêmios e menções de reconhecimento por sua qualidade e inovação. 

A lista de homenagens a Michael Porter é tão longa quanto a sua carreira e precisaríamos de mais espaço para abarcar tudo. Contudo, ao que parece, a conquista mais notável de Porter está no fato que os seus estudos sobre estratégia e competitividade seguirão atuais e ainda irão contribuir para que muitos gestores consigam obter melhores resultados.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio


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sexta-feira, 27 de outubro de 2023

George Elton Mayo, o humanista da administração

A administração é um saber construído a partir de outras áreas da ciência, afinal, é necessário não somente colocar as “peças nos lugares corretos”, mas também desenvolver a capacidade de administrar uma série de intenções e desejos humanos, tanto nossos como dos nossos colaboradores. Nessa tênue relação entre os gestores e trabalhadores não é raro momentos de tensão e sobre esforço no trabalho, seja em qual segmento for. 

Talvez seja por isso que ao observarmos o desenvolvimento da teoria da administração percebemos que uma grande parte dos teóricos não foram necessariamente administradores de empresas, mas sim outros profissionais como sociólogos e psicólogos. Apesar de não possuírem o conhecimento operacional de uma fábrica, tais pensadores se debruçaram sobre o assunto devido o caráter estritamente humano nas relações de trabalho, percebendo as nuances entre os tipos de estímulos e a produtividade dos funcionários.

Visto isso, hoje conheceremos um dos grandes nomes da teoria das relações humanas na administração, responsável por experimentos em fábricas e a constatação de que não podemos pensar no funcionário apenas como uma força de produção. Falaremos de Elton Mayo, um dos maiores humanistas da história da administração.

Elton Mayo, da Austrália para o mundo

A história de George Elton Mayo não começa, porém, dentro das fábricas, muito menos nos Estados Unidos dos anos 1930. Os primeiros passos do pai da teoria humanista da administração foram na cidade de Adelaide, na Austrália, em 1880. Descendente de pais britânicos, Mayo cresceu em uma família de boas condições financeiras, (seu pai era engenheiro civil e prestava serviços ao Estado) o que lhe permitiu uma infância abastada junto com seus seis irmãos. Tendo como sua única obrigação os estudos, Mayo seguiu para a universidade, formando-se em filosofia pela universidade de Adelaide.

Logo após formado o jovem Elton Mayo começou sua carreira acadêmica ensinando na universidade de Queensland. Ao alcançar o “sucesso” acadêmico, todos poderiam pensar que a vida de Mayo se resumiria às aulas e seus alunos, ano após ano dentro de uma sala de aula, mas essa não foi a vida que ele escolheu. Não há registros das razões pela qual em 1923 Mayo decide renunciar seu cargo de professor em Queensland, mas provavelmente o australiano/britânico tinha outros anseios em sua vida que o levaram até suas pesquisas. 

Podemos aferir, contudo, que a rotina estabelecida em sua fase adulta (Mayo tinha 43 anos quando largou a universidade) não o realizava e para isso se propôs a novos desafios.

Juntando seus bens, Elton Mayo mudou-se da Austrália e foi para Chicago, no qual conseguiu um cargo na Universidade da Pensilvânia. Mesmo voltando ao “mesmo” trabalho, a diferença estava na forma de atuação que Mayo teria: o professor agora não ficaria somente nos gabinetes e sala de aula, mas passou a desenvolver pesquisas e experimentos dentro das fábricas têxteis. 

Durante três anos suas primeiras observações o fizeram chegar em uma síntese interessante: a necessidade de inserir a sociologia e psicologia organizacional no mundo do trabalho. 

Vale lembrar que durante a década de 1920 a administração científica de Taylor estava sendo empregada em larga escala nas rotinas dos operários. A mentalidade de produção máxima, fazendo com que os trabalhadores funcionassem como máquinas, mostrou a Mayo que aquele ritmo de trabalho e de vida iria desgastar não somente os corpos dos trabalhadores, mas principalmente sua psique. Efeitos comuns para os trabalhadores da época, por exemplo, era o uso abusivo de álcool, a fadiga corporal e, naturalmente, as brigas entre os próprios empregados e por vezes com os gestores. Todos esses aspectos negativos diminuíam não só a produção, mas tornava o ambiente de trabalho ainda mais insalubre.

Considerando todos esses aspectos, Mayo iniciou o experimento que mudaria sua carreira e o colocaria de vez na história da administração: o experimento Hawthorne.

O experimento Hawthorne: a humanização do trabalho

Em 1927, com quatro anos desenvolvendo sua pesquisa na psicologia organizacional do trabalho, Mayo propôs a empresa de energia Hawthorne (daí o nome do experimento), uma mudança na rotina e estímulo dos trabalhadores a fim de descobrir se esses aspectos iriam alterar a produtividade da empresa. Essas mudanças seriam de diversos níveis, desde a um aumento salarial até as condições de iluminação na fábrica. 

Inicialmente pensava-se que o maior estímulo que poderiam dar aos funcionários para aumentar sua produtividade seria o salário, afinal, essa era a lógica da administração científica: quanto mais se produz, mais salário se recebe. Esse reforço positivo seria a única e maior motivação dos funcionários frente ao trabalho. Entretanto, Mayo chegou a conclusão através do seu experimento que outros fatores, às vezes até demasiadamente subjetivos, foram mais eficazes do que o aumento salarial. Um deles foi a confiança entre empregadores e empregados, no qual se notou que à medida que os funcionários passavam a sentir-se mais confortáveis junto aos seus gestores se criava uma relação de confiança e lealdade, fazendo com que os empregados se empenhassem mais nas suas tarefas. Acima disso, o valor do grupo se destacava, mostrando que ao se juntarem ou se perceberem enquanto uma coletividade a cooperação fazia com que a produção subisse.

Todos esses fatores levaram Mayo a concluir que o aspecto humano não pode ser desconsiderado dentro do processo de produção industrial. Desde questões biológicas (o quanto se consegue fisicamente produzir ou que tarefas podem ser realizadas) até fatores psicológicos, como a crença no grupo e no seu líder, o ambiente mais amistoso de trabalho e as expectativas geradas em torno da produção. 

Graças ao experimento Hawthorne Elton Mayo conseguiu construir uma contraposição à teoria clássica da administração, mostrando que somente a eficiência rigorosa não é sustentável no longo prazo

O mundo pós-Guerra: Anos finais de Mayo

A análise do experimento Hawthorne levou alguns anos até ser finalizada. Somente em 1939 suas conclusões foram divulgadas, mostrando ao mundo da administração um novo modo de atuação. Entretanto, exatamente nesse mesmo ano eclodiu a Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). Mayo mudou-se com sua família para a Inglaterra e dedicou seus esforços nestes anos de conflito bélico à ajudar soldados com seus traumas de guerra. Sua contribuição “indireta” revelou em sua prática não somente os horrores a que os soldados são submetidos, mas também apresentou o quanto a saúde psíquica,seja de um funcionário, um gestor ou de qualquer outra profissão é fundamental para executar suas tarefas corretamente.

Após o fim do conflito, Elton Mayo dedicou seus últimos anos a ajudar a Inglaterra a reerguer-se. O resultado da guerra, além da perda de milhões de seres humanos, foi a destruição das principais cidades. Mayo, com sua experiência na organização do trabalho fabril, tinha como papel conduzir as empresas a reestruturarem toda a nação. Entretanto, em 1949, aos 68 anos, Elton Mayo faleceu em Guildford. Mesmo deixando a vida e sua família, mais precisamente sua esposa e dois filhos, Mayo entrou para a história por desenvolver suas teorias humanistas na administração, mostrando que jamais podemos deixar nossa natureza humana fora dessa equação de produtividade. 

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Os princípios e aplicações Just in Time

Descubra o que é o Just in Time, quais são as suas vantagens desta metodologia e quais pontos considerar antes de aplicar no seu negócio.

Just in Time é um termo em inglês cuja tradução seria “na hora certa”, ou seja, produzir no momento correto e na quantidade exata.

Esta filosofia surgiu na década de 70 e até hoje é utilizada por muitas empresas, principalmente na área industrial, alguns exemplos são: Harley Davidson, Votorantim, Unilever e Avon.

Continue a leitura e aprenda os princípios desta metodologia e dicas para aplicá-lo dentro do seu negócio.

O que é Just in Time?

Just in Time é uma estratégia de gestão com o objetivo de aumentar a eficiência, reduzindo os custos e dando mais agilidade aos processos. Neste sistema a empresa compra e produz somente a quantidade certa de itens para entregar aos clientes no prazo.

Este modelo surgiu na montadora de carros Toyota Motor Company, visando manter a competitividade da empresa frente ao crescimento do mercado norte-americano.

O sistema funcionou tão bem que hoje é utilizado por outros tipos de negócios, o que levou a uma ampliação do termo, sendo que hoje o Just in Time é considerado uma filosofia para o gerenciamento de materiais, qualidade, gestão da equipe e produto. 

Por que escolher o Just in Time?

Seguem as principais vantagens que escolher a metodologia para gerenciar a sua empresa oferecerá para o seu negócio. 

Redução dos custos

Como na filosofia Just in Time as demandas são o que impulsiona a produção, não há o risco de produzir mais itens do que o necessário, reduzindo assim os custos com matérias-primas e com a própria execução dos processos.

 Mais qualidade dos produtos

Por trabalhar com um estoque pequeno e com a produção sob demanda, é possível dar mais atenção nos detalhes e eliminar o máximo de problemas que possam surgir, diminuindo o desperdício e buscando a melhoria contínua.

Otimização dos processos

No Just in Time existe muito pouco espaço para erros e mudanças de última hora. Logo, é importante que os processos sejam muito bem mapeados e se tornem cada vez mais rápidos, trazendo agilidade para a produção.

Personalização dos produtos

Como nesta estratégia, os itens são fabricados a partir das demandas e não feitos com antecedência, assim é possível personalizar os produtos conforme a necessidade dos clientes. O que é um grande diferencial das empresas que trabalham com exclusividade.

Cuidados ao utilizar a estratégia

Antes de aplicar o Just in Time é fundamental analisar se ele faz sentido para o seu negócio, uma vez que ele não é a melhor estratégia para todas as empresas.

O planejamento é um ponto essencial no Just in Time, afinal, os processos precisam estar muito bem alinhados para não haver atrasos.

O monitoramento e o controle de qualidade constante também fazem parte do dia a dia da empresa que aplica o Just in Time. Pois desta maneira a equipe conseguirá identificar pontos de melhora ou os ajustes.

Além disso, esta metodologia não há abertura para aguardar os melhores preços nas matérias-primas. O que mostra a importância de fornecedores confiáveis e comprometidos.

Será que posso utilizar a metodologia?

Como já disse, o Just in Time não funciona em qualquer tipo de negócio. Por exemplo: empreendimentos com pouca previsibilidade de demanda ou que precisam ter um estoque disponível não encontram nesta metodologia a melhor opção.

Para você descobrir se o seu negócio pode aplicar esta metodologia segue 3 perguntas que você deve fazer antes de implementar a filosofia.

  1. Conheço todas as oscilações do mercado e as necessidades dos meus clientes?

  2. A empresa tem a capacidade de fabricar e entregar para o cliente de forma rápida?

  3. Meu fornecedor é ágil o suficiente para entregar a matéria-prima necessária? 

Um grande exemplo de empresas que podem utilizar esta filosofia para melhorar os resultados do seu negócio são os que trabalham com itens personalizados como: brindes, roupas sob medida, acessórios exclusivos, etc.

 Como aplicar o Just in Time

Agora que você já compreende a metodologia, vamos conhecer como o Just in Time funciona dentro do Sistema Toyota de Produção:

  1. Quando um pedido de veículo é recebido, as instruções de produção devem ser emitidas para o início da linha de produção o mais rápido possível;

  2. A linha de montagem deve estar abastecida com o número necessário de todas as peças para que qualquer tipo de veículo encomendado possa ser montado;

  3. As peças utilizadas são substituídas para que a linha de montagem tenha o mesmo número de itens de antes do início da produção;

  4. Um pequeno número de todos os tipos de peças deve ser estocado para apenas para recuperar o que foi utilizado.

Com estes pontos já é possível ter uma noção básica de como a metodologia é aplicada no dia a dia. Agora você só precisa adaptar a realidade do seu negócio.

Dicas para utilizar na sua empresa

Separei os pontos essenciais para que a operação da Just in Time no seu empreendimento traga os melhores resultados possíveis.

Planeje todas as mudanças necessárias

Antes de aplicar a filosofia é importante organizar todos os pontos que serão necessários para operá-lo como:

  • Definir as metas e objetivos e metas que devem ser alcançados;

  • Estimar a demanda exata do que precisa ser produzido;

  • Saber os prazos de produção e entrega;

  • Pensar no treinamento necessário para a equipe;

  • Analisar os fornecedores ideais;

  • Definir a qualidade esperada em cada etapa do processo. 

Repense a sua estrutura

Para que o Just in Time funcione da melhor forma possível é preciso que a empresa esteja estruturada de uma maneira que otimize os espaços e facilite o fluxo do trabalho, desde a chegada da matéria-prima até o transporte do produto.

Desta forma a equipe terá todas as condições necessárias para conseguir entregar os produtos com a qualidade esperada.

Defina e alinhe com os seus fornecedores

Como já havia comentado, ter os fornecedores certos é parte fundamental do sucesso da metodologia. Por isso, trabalhar com parceiros que cumpram todos os prazos e entreguem itens de alta qualidade é um ponto essencial.

Então, reforce com os fornecedores o cuidado e a responsabilidade com as datas. Afinal, se uma entrega acabar atrasando por qualquer motivo, toda a cadeia produtiva será afetada. 

Comunique-se e treine a equipe

Com tantas mudanças ocorrendo na empresa, é importante que as equipes sejam informadas e que cada colaborador compreenda a sua importância dentro do processo.

Treinamentos periódicos também devem fazer parte do dia a dia da empresa, seja no processo de adaptação ou para agir de maneira rápida e eficiente caso surja algum problema.

Agora que você já conhece o Just in Time e pode identificar se ele é a melhor solução para a sua empresa, resta colocá-lo em prática e melhorar os resultados do seu negócio.

Bom trabalho e grande abraço.

Autor: Prof. Adm. Rafael José Pôncio Publicado em: 27 de janeiro de 2023
Especial: artigos no portal Administradores.com
Link fonte: https://administradores.com.br/artigos/os-principios-e-aplicacoes-just-in-time


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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Lawrence A. Appley e a boa convivência como fórmula de uma grande administração

Criar uma boa relação dentro do ambiente de trabalho é uma das principais tarefas de um bom gestor. Durante muito tempo, porém, as relações humanas foram ignoradas no ambiente de trabalho, principalmente quando falamos das primeiras gerações de administradores que foram fortemente influenciados pela administração científica de Henri Fayol e Frederick Taylor. Focados em conseguir retirar o máximo da produção a partir da exploração da força de trabalho dos colaboradores, a administração científica estava pautada no rígido controle dos colaboradores e sua eficácia no ambiente de trabalho. 

Com o tempo, porém, novas teorias surgiram. A administração humanística de Elton Mayo, por exemplo, foi responsável por comprovar que elementos subjetivos influenciam diretamente na produção de uma empresa. Manter uma relação amigável com os seus funcionários, além de evitar grandes cargas de estresse, têm um efeito excelente para os colaboradores e sua capacidade produtiva.

Em meio a disputa entre essas duas maneiras distintas de enxergar a administração, uma nova geração de estudiosos surgiu com métodos inovadores de soluções para empresas com problemas de gestão. Estamos falando da escola empírica e seu foco na experiência de outras empresas como fórmula para novas e boas práticas de administração.

Um dos pilares dessa nova geração foi Lawrence A. Appley e hoje conheceremos um pouco mais sobre a vida desse grande pai da administração.

Os primeiros anos de Appley

A história de Lawrence A. Appley começa no início do século XX, precisamente em 1904. Durante os primeiros anos de sua vida, a família de Lawrence viajou por diversos estados americanos. Nascido em Nyack, Nova York, o jovem Lawrence conheceu ainda a Pensilvânia, Ohio e diversas localidades dos Estados Unidos. A causa dessa série de mudanças em poucos anos era o trabalho do seu pai, que era pastor da Igreja Metodista americana. Devido ao seu cargo, muitas vezes foi necessário para a família mudar-se para acompanhar a função religiosa de Joseph Appley (o pai de Lawrence Appley).

Esse é, certamente, o fato mais marcante dos seus primeiros anos. O fato de não estarem fixados em um único local fez com que a família Appley não somente conhecesse outras partes - e realidades - do seu próprio país, mas também criasse uma série de boas relações, principalmente com outros frequentadores da Igreja Metodista. Fala-se, inclusive, que foi graças a essas conexões que Lawrence Appley conseguiu entrar no ensino superior, na Universidade Wesleyana de Ohio, uma vez que a família não possuía recursos para financiar os estudos de maneira integral na instituição. 

Esse é outro ponto que podemos apontar como marcante na infância de Lawrence. O fato de sua família ter raízes humildes, assim como milhares de pessoas ao redor do mundo, levou o jovem Lawrence a dividir seu tempo entre os estudos e o trabalho. Durante toda sua faculdade essa foi sua realidade: entre trabalhos de meio período e sua formação acadêmica. Desse modo, Lawrence em seus anos de graduação fez um pouco de tudo: desde vendedor de máquinas de lavar até motorista de táxi.

Se valendo do esforço e dedicação, aos poucos Lawrence foi crescendo no mundo do trabalho. Após formar-se, Appley passou alguns anos atuando como professor em escolas secundárias. Somente em 1929, aos 25 anos, sua carreira voltou-se para a administração. 

A carreira como administrador e teórico

Após realizar uma pós-graduação em administração pública, Appley abriu seus horizontes. O fatídico ano de 1929 e a queda da economia global poderia apontar para qualquer jovem da época que uma carreira em administração fosse um futuro instável, visto as grandes perdas que uma empresa poderia sofrer. Porém, para Lawrence esse não foi um impeditivo para se apaixonar pela gestão de empreendimentos.

Logo após sua pós-graduação Appley começou a trabalhar na Standard Oil, fundada pelo magnata do petróleo Rockefeller. Sua carreira como administrador só alçou voos a partir desse momento. Entre 1931 e 1948 a vida de Lawrence foi dedicada a diversas empresas como a Vicks Chemical Company e a Montgomery Ward & Company. Em todas Appley teve cargos importantes, o que lhe permitiu aprender de maneira empírica os conhecimentos que lhe foram transmitidos na academia.

A vivência dentro do ambiente corporativo lhe deu a base para suas principais teorias, principalmente por atestar sua eficácia aplicando-a em diversos cenários. Não por acaso, seu prestígio lhe permitiu chegar ao cargo de presidente da Associação Americana de Administração (AMA) e lá permaneceu por vinte anos, de 1948 a 1968. Durante esse período, Appley aportou positivamente para mais de 35 companhias, fazendo parte de conselhos internos, dando consultorias e se tornando uma parte essencial da história da administração americana no último século.

Enquanto teórico da administração, Lawrence aportou para o desenvolvimento da escola empírica. Sua prática nas empresas e a busca por soluções a partir do que já havia sido testado em outras experiências corporativas o fez perceber que a gestão é, antes de tudo, um trabalho de motivação e liderança. Nesse sentido, a qualidade dos gestores implica não em saber dar ordens e conhecer os números da empresa, mas em conseguir motivar e tirar o melhor de cada colaborador.

Sua experiência pessoal comprovou que a direção deve, antes de tudo, criar um ambiente de trabalho saudável e harmônico e assim gerar motivação para o cumprimento das metas. Um funcionário dedicado e motivado a crescer faz, naturalmente, sua produção subir e a qualidade da empresa também. Para isso ocorrer, porém, Appley afirma que é preciso que o funcionário saiba exatamente o que fazer, qual posição ocupa dentro da estrutura empresarial e como lidam com as relações com outros colegas de trabalho.

Sendo assim, Appley estabeleceu que o trabalho dos gestores é garantir uma hierarquia clara através do uso de organogramas, uma ferramenta que auxilia de forma visual a enxergar os setores de uma empresa e seus responsáveis. É função do gestor fazer com que sua equipe consiga atingir suas metas, motivando-os e colocando metas racionais e que possam ser atingidas dentro da realidade da empresa e do prazo estabelecido.

Em resumo, basicamente todas as ideias que aplicamos em nossos empreendimentos e na gestão de pessoas saíram, de forma direta ou indireta, da vivência e prática de Appley e da escola empírica, uma das vertentes mais utilizadas nas empresas atualmente.

Conclusão

Dito isso, é notável perceber que a carreira e a vida de Lawrence Appley são uma prova de como o esforço, quando bem direcionado, é mais eficaz que a sorte ou o talento. Lawrence não teve uma vida fácil e cheia de recursos desde o começo, mas sua tenacidade e persistência foram, enfim, suas principais armas para chegar ao sucesso. E como um vitorioso, em 1997 esse grande pilar da administração deixou a vida. Sua partida foi tranquila, aos 93 anos.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 17 de outubro de 2023

"Jim Collins" (James C. Collins) e a escalada para o sucesso

Há mais de 2.400 anos Sócrates deixou seu mais notável ensinamento: “Só sei que nada sei”. No primeiro momento a expressão pode parecer simplista demais, mas traz um grande aprendizado sobre a humildade. Ora, somente quem reconhece suas falhas é capaz de mudar. Como alterar a rota de um navio quando o comandante considera estar certo? Orgulho e vaidade já afundaram grandes embarcações, e por embarcações entenda-se: empresas e negócios. O pai da administração de hoje é James C. Collins - prefere ser chamado de Jim - um executivo de sucesso cujo traço da humildade é marcante. 

A trajetória profissional de Jim Collins, entretanto, não é inspiradora apenas por seus cases de sucesso nas empresas em que atuou. Jim é inspirador pela forma de atuar e conduzir sua vida e os seus negócios. Os valores internos que o movimentam, como a humildade, é fonte de inspiração para todos que buscam prosperar em qualquer esfera de atuação. Veremos a seguir um pouco mais da sua trajetória pessoal e profissional, logo, entenderemos o porquê de todo sucesso. 

Quem foi James C. Collins ou simplesmente Jim? 

James C. Collins, mais conhecido como Jim Collins, nasceu em 25 de janeiro de 1958 na cidade de Aurora, no Colorado. Jim Collins recebeu seu nome como homenagem ao seu avô, que assim como o seu pai era alpinista. Jim seguiu os passos do pai e avô e também se tornou um alpinista profissional antes dos 20 anos. O alpinismo motivou Jim a sempre buscar o tempo e ensinar a ter determinação para superar as adversidades. Segundo Jerry I. Porras, seu então professor do MBA em Stanford, o seu histórico de escalada o fez um profissional único, disposto a assumir riscos e tomar decisões difíceis. 

Jim Collins passou a sua infância na cosmopolita São Francisco, sendo um dos poucos alunos brancos da sua classe. Anos mais tarde, ele disse que o episódio o ensinou sobre a necessidade de se adaptar às diferentes culturas e formas de ser do outro. Certamente mais uma regra de ouro no mundo dos negócios. Com tantas variáveis, culturas e formas de ser dos gestores e empresas, o consultor Jim precisa estar aberto para ajudar aqueles que buscam sua experiência. 

A escalada de Jim Collins rumo ao topo começou com a graduação em Ciências Matemáticas na prestigiada Universidade de Stanford, em 1976. Em seguida concluiu o MBA na Escola de Negócios, também em Stanford. Jim é doutor honorário pela Universidade do Colorado e pela Universidade de Claremont. Ao fim dessa primeira fase de estudos, Jim trabalhou como consultor da McKinsey & Company por 18 meses e depois foi gerente de produtos da Hewlett-Packard. Como pesquisador e professor recebeu o prêmio Distinguished Teaching em 1992, quando ensinou em Stanford. Em 1995 fundou o laboratório de gestão em Boulder no Colorado, onde conduz pesquisas e compartilha seus aprendizados com CEOs e líderes sêniores.

Ao longo de sua carreira, Jim Collins escreveu livros que servem de inspiração para milhares de empreendedores e estudantes. Alguns de seus livros se tornaram best-sellers passando várias semanas como os mais vendidos nos Estados Unidos. “Good to Great”, que em português foi traduzido para Empresas Feitas para Vencer, foi publicado pela primeira vez em 2001, e ainda hoje é um dos livros mais vendidos de negócios no Brasil e no Mundo. São livros escritos por Jim: 

● Good to Great, (2001); 

● Built to Last, (1994); 

● Great by Choice, (2011); 

● How the Mighty Fall, (2009); 

● Beyond Entrepreneurship, (2020). 

Outro livro que obteve bastante sucesso em número de vendas foi How the Mighty Fall, em português, Como os Gigantes Caem. Na obra, Jim Collins faz uma análise do que leva grandes empresas - algumas inclusive apontadas por ele como cases de sucesso - a falirem. Talvez esse seja o maior ensinamento de Jim:

a humildade ao questionar os próprios conceitos e teorias, reavaliar o que estava posto e propor novas hipóteses. Jim Collins é um executivo incansável pelo aprimoramento, para alguém assim, a virtude da humildade caminha ao lado do prazer dos novos aprendizados e conquistas. 

Além das aulas como professor e pesquisador, uma das principais atividades realizadas por Jim foi ter guiado empresas para o sucesso. Jim atuou por anos como consultor de grandes empresas, algumas delas brasileiras, como é o caso da AMBEV. O empresário brasileiro, Jorge Paulo Lemann, atual homem mais rico do Brasil e segundo mais rico da Suíça, conta com Jim para crescer e garantir a saúde financeira dos seus negócios. Outro empresário brasileiro e fã do americano é Abílio Diniz, fundador do Grupo Pão de Açúcar. Abílio Diniz convocou todos os colaboradores que atuavam em cargos de liderança para participar da reunião com Jim. 

O legado de Jim Collins vai além dos negócios 

Buscar o topo requer esforço e Jim Collins sabe disso. Jim levou para a vida profissional o que aprendeu como alpinista e sabe que na busca pelo topo se exige força, concentração, espera, às vezes estagnação, porém não se pode perder o foco onde se quer chegar. Juntamente com Joanne Ernst, sua esposa desde 1980, ex-triatleta e vencedora do Hawaii Ironman Triathlon em 1985, formou uma dupla de sucesso. 

Vale ressaltar ainda que Jim Collins fomenta de diversas formas o desenvolvimento humano. Seja aprendendo e ensinando em projetos sociais nas áreas da educação, saúde, para organizações religiosas, ou para empreendedores sociais e organizações sem fins lucrativos. Mais recentemente, em 2017, a Forbes selecionou Jim como uma das 100 Greatest Living Business Minds. Não é de admirar a escalada de sucesso de Jim, iniciada anos atrás como alpinista. Para nós ficam as lições de humildade, perseverança e esforço, marcas do sucesso de Jim, inspiração para todos os demais. 

Bom trabalho e grande abraço! 

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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Lawrence A. Appley e a boa convivência como fórmula de uma grande administração



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.