terça-feira, 12 de julho de 2022

Jules Henri Fayol, o criador da gestão administrativa


Sir Isaac Newton, quando questionado sobre sua descoberta das leis da gravitação universal, respondeu: “se consegui enxergar mais longe é porque me apoiei no ombro de gigantes”. Essa singela resposta nos mostra, de modo didático, a importância de termos uma base em tudo que fazemos. Essa base, quando voltada ao mundo profissional, está na tradição de gerações de pesquisadores e exemplos bem sucedidos em cada um dos nossos ramos. Por vezes, quando nos debruçamos sobre as modernas teorias de nossas áreas de interesses acabamos por negligenciar os clássicos, ou seja, os pensadores que criaram os princípios básicos em que se sustentam todas as novas e antigas ideias. 

Frente a essa realidade, é fundamental voltarmos uma vez mais ao estudo dos clássicos. No caso da administração - e em tantas outras áreas, na verdade - pode-se argumentar que os métodos utilizados pelos gestores do início do século passado já se apresenta obsoleto, ou que as empresas atuais buscam um modelo que atenda as necessidades da nossa sociedade, que difere do que se esperava há cem anos atrás. 

Se, por um lado, concordamos com o fato de que não se pode replicar exatamente o mesmo modelo de gestão dos antigos, por outro é inegável que, em essência, os ensinamentos que estes pensadores nos legaram, após uma vida dedicada aos seus negócios e a teoria da administração, não podem ser jogados fora como um passado que já não nos serve mais. 

Tendo em vista a necessidade de (re)encontrarmos com estes grandes gestores do passado, iniciei aqui mais uma série de biografias dedicadas aos pais da administração, aqueles que através de suas empresas e livros formaram a sólida base da ciência social a qual denominamos administração. E como não poderia ser diferente, começamos nossa série com um dos principais gestores que o século XX presenciou: Jules Henri Fayol, o criador da gestão administrativa.

Quem foi Jules Henri Fayol?

Nascido no antigo Império Otomado, em 1841, Jules Henri Fayol ainda muito jovem mudou-se para a França, país de origem dos seus pais. Devido a profissão do seu pai como engenheiro era comum - e necessário - relocar-se para outros países e acompanhar as construções que empreendia. Desse modo, após realizar a construção de pontes em Istambul, o pai de Fayol recebeu uma proposta de trabalho em Paris e voltou à sua pátria em 1847. Assim, o jovem Henri cresceu observando o ofício do pai, o que o levou para a profissão de engenheiro de minas. Até esse momento, porém, a vida de Fayol em nada desenhava-se para que ele se tornar-se o homem que seria reconhecido como fundador da teoria clássica da administração.

Ao iniciar sua carreira como engenheiro aos 19 anos, Fayol encontrou uma situação que mudaria sua percepção quanto à administração. Contratado pela Compagnie de Commentry-Fourchambault-Decazeville, uma mineradora que atuava no coração da França, mais precisamente em Commentry, o jovem engenheiro encontrou uma situação complexa na gestão da mineradora. Praticamente decretando falência, Fayol passou a exercer não apenas seu cargo como engenheiro, mas dedicou-se ao ponto de gerir o seu setor e otimizar os processos da empresa, salvando-a, após alguns anos, de ter suas portas fechadas.

Essa experiência o marcou profundamente. A partir disso, Fayol passou não apenas a tentar entender princípios básicos da administração, mas também a anotar e criar relações entre a prática exercida em seu trabalho e a fundamentação de uma nova teoria para ajudar gestores e seus empreendimentos. 

Não por acaso, em 1888, após 28 anos como gestor, Fayol chegou à direção geral da empresa, resultado do seu esforço não apenas como um trabalhador, mas um gestor de sucesso.

Toda a experiência prática e teórica acumulada por Fayol, fruto de 58 anos de trabalho, ganharam “vida” no seu livro “ Administração Industrial Geral”, lançado em 1916, tornando-se um verdadeiro marco para a área da administração. Pouco tempo depois, em 1918, Fayol aposentou-se do seu cargo de diretor, com então 77 anos.

Tornando-se um dos pais da administração

O pai da administração, porém, não limitava-se a exercer suas teorias apenas no seu trabalho. Dedicado a espalhar suas ideias sobre gestão, Fayol chegou a fundar o centro de estudos administrativos que, em linhas gerais, reunia pessoas dos mais diferentes ramos para palestrar acerca de suas descobertas.

Assim, o teórico não contentou-se em apenas aprender e aplicar as leis da administração, mas sua missão principal estava em ser um canal de transmissão destas ideias inovadoras. Até então, como a História mostra, a administração de um empreendimento era feito de maneira amadora, muito mais baseada numa visão de negócios do que com a estruturação dos processos dentro da empresa. 

Assim, Fayol não apenas lança os fundamentos da administração, mas junto com Henry Ford e Frederick Taylor, apresenta uma nova geração - e até então única - geração de verdadeiros gestores.

Frente a isso, é interessante pensarmos como a trajetória de Henri Fayol poderia ter sido completamente diferente caso ele decidisse ser apenas “mais um funcionário”. A ousadia de empreender uma nova maneira de gerir a empresa, começando pelo setor que lhe cabia, abriu as portas não apenas para o seu crescimento profissional, mas o fez enxergar novas metodologias que ajudariam não apenas a salvar a empresa, mas fundamentar toda a área de administração. 

Graças ao seu empenho para salvar a empresa em que trabalhava, Fayol provou, definitivamente, que a administração pode - e deve - ser feita de maneira profissional, com disciplina e método.

Dito tudo isso, após 84 anos de existência Jules Henri Fayol faleceu em Paris, em 1925. Porém, após quase 100 anos de sua morte sua obra continua viva, sendo um farol que ilumina os navegantes no mar da gestão administrativa. Sendo assim, é pelo seu exemplo e legado deixado no campo da administração que, de maneira singela, o homenageado aqui é esse grande pai da administração.

Irei publicar mensalmente na série Os Pais da Administração um pouco da biografia de cada fundamentador da arte de gerir.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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