terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Como atos de altruísmo e doação podem trazer benefícios para o mundo e gerar impactos pessoais

Nos últimos tempos, muitas circunstâncias têm nos feito repensar nossos atos e a maneira como estamos vivendo. Uma pandemia mundial, com efeitos devastadores e perdas humanitárias em escalas inimagináveis, gerou impactos em diversos âmbitos, transformando perspectivas e redirecionando, de alguma forma, o nosso foco. 

Nesse contexto, pudemos observar, entre muitas pessoas, o despertar de um comportamento mais empático, surgindo daí a necessidade de ajudar mais o próximo e de praticar atos de altruísmo e doação.


Mas, o que é o altruísmo e como a sua prática beneficia tanto aqueles que são diretamente impactados pelas ações de solidariedade, quanto as pessoas que as realizam? Como o efeito de atitudes altruístas pode ser tão positivo e abrangente e contribuir para a evolução da sociedade?


As respostas podem estar neste artigo, em que busco entender como a vida com mais altruísmo e doação são capazes de mudar o mundo — o externo e o nosso mundo interior. Vamos lá?

Entendendo o conceito de altruísmo e doação

Considerado uma característica pessoal, o altruísmo é um comportamento voltado para a solidariedade e se caracteriza pela disposição em ajudar o outro e praticar ações visando ao bem-estar do próximo. Esse termo, altruísmo, foi criado pelo filósofo francês Auguste Comte, em meados do século XIX, e seu significado também se estabelece como uma antítese do egoísmo. 


É importante destacar que o comportamento altruísta precisa ser recorrente, com dedicação ao próximo genuína e constante, para que um indivíduo seja considerado altruísta. Empreendedores que praticam atos isolados e fazem doações de vez em quando, sem dúvidas, são solidárias e desejam fazer o bem, mas isso não quer dizer que têm esse traço ou característica na personalidade. Entretanto, é algo que pode ser desenvolvido e aprendido.

Os tipos de altruísmo

Existe a classificação de alguns tipos de altruísmo. Detalho, a seguir, quais são eles. 

Altruísmo genético

Se refere ao altruísmo relacionado às pessoas que possuem laços genéticos. Ou seja, os atos de dedicação ou sacrifício envolvem familiares próximos, como entre um pai e um filho, por exemplo. 

Altruísmo recíproco

É ajudar esperando receber ajuda em uma eventual necessidade, um altruísmo baseado em um relacionamento mútuo. O favor ou auxílio de agora pode ser retribuído futuramente. 

Altruísmo selecionado pelo grupo

Tem o mesmo princípio do altruísmo genético, porém, em vez da família, os esforços de ajuda são direcionados para pessoas ou causas apoiadas por determinado grupo social, do qual se faz parte. 

Altruísmo puro

É o altruísmo motivado por valores morais, sem qualquer expectativa de receber algo em troca pela ajuda prestada ou doação realizada. Não prioriza nenhum grupo de pessoas e, muitas vezes, até envolve situações de risco para ajudar aqueles que necessitam. 

Os principais benefícios de praticar o altruísmo

Empregar ações altruístas no dia a dia e incorporar esse comportamento pode gerar impactos positivos tanto individualmente quanto coletivamente. É como eu disse, através do altruísmo é possível fazer um pouquinho para mudar o mundo. E dessa forma, você muda também internamente. Veja só quais são esses benefícios. 

1. Melhoria do bem-estar pessoal e mental

Quando fazemos o bem e ajudamos alguém, é comum termos uma sensação de bem-estar e felicidade. Muitas pessoas até dizem que, ao ajudar, parece até que, mais que proporcionar algo a alguém, estão fazendo o bem a si próprio, tamanha a realização de contribuir para melhorar uma situação. Existem estudos que comprovam essa teoria de que fazer o bem pode trazer felicidade. 

2. Possibilidade de inspirar e ser exemplo para a comunidade, melhorando índices de bem-estar social

O comportamento altruísta do empreendedor pode ser inspirador e a prática de atos e ações de solidariedade e doação em uma comunidade pode ser contagiante e incentivar outras pessoas a fazerem o mesmo. Isso é extremamente importante, além de servir de exemplo para as novas gerações, que têm a oportunidade de crescer em uma sociedade mais empática e colaborativa. 

3. Desenvolvimento de relacionamentos com mais qualidade e pautados no respeito, amor e empatia

Vivemos em um mundo em que as pessoas estão cada vez mais individualistas, deixando de pensar umas nas outras, sem se importar como seus atos podem gerar impactos na vida de outros indivíduos. O altruísmo pode ajudar a reverter esse olhar e a melhorar as conexões e os relacionamentos sociais, nos fazendo relembrar como é uma vida compartilhada em comunidade, pautada em valores humanos como a empatia, o respeito, o amor e a gentileza. 

4. Oportunidade de contribuir para a evolução da nossa sociedade

Foi esse comportamento cooperativo que nos permitiu sobreviver e evoluir como humanidade. Por isso, os atos de altruísmo têm papel fundamental em nossa história e, certamente, continuarão influenciando a nossa evolução como sociedade. Precisamos uns dos outros para continuar a caminhar, pois isso impactará a vida das futuras gerações. 

5. Maior expectativa de vida

O espírito de cooperação característico dos japoneses é determinante para que a população alcance uma maior expectativa de vida, de acordo com um estudo realizado com pessoas com mais de 100 anos no país. Foi observado o efeito de ações altruístas na saúde mental dos pesquisados e também no que se refere à imunidade. Dessa maneira, podemos concluir que ajudar e colaborar com o próximo é essencial para quem deseja viver mais. 

6. Melhoria da saúde de maneira geral

Além da saúde mental, até a saúde física pode se beneficiar do comportamento altruísta. Como vimos no tópico acima, o envolvimento em ações de solidariedade e de ajuda pode estar relacionado à melhora da imunidade. Portanto, praticar o altruísmo pode contribuir para que você seja mais saudável.


Essa consciência de que devemos fazer mais um pelos outros é muito importante, mesmo que a gente só se dê conta da relevância de praticar atos que envolvam altruísmo e doação em momentos críticos, como este que estamos vivendo. Esse é um comportamento que precisamos incentivar, pensando sempre nas minorias e nas pessoas que estão passando por situações difíceis. Só assim, se cada um fazer a sua parte, seremos capazes de criar uma sociedade mais colaborativa e empática, em que todos pensem no bem-estar comum.


Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio





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terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Orientação para resultados: o que é e como desenvolver essa competência fundamental para profissionais de liderança


Proponho um desafio. Busque online um anúncio de uma vaga de emprego para um cargo sênior, de gerência ou coordenação, que exija um papel de liderança. Entre as competências e habilidades desejadas, aposto que há uma em comum: orientação para resultados! Acertei?

Apesar de também ser almejada nos demais níveis de uma organização, a competência de orientação para resultados é extremamente valorizada e requisitada por empresas aos profissionais que exercerão algum cargo de comando. Isso porque esse diferencial pode impactar concretamente o alcance de metas de um negócio. 


Além disso, podemos dizer que essa é uma característica comportamental também relevante no intraempreendedorismo. No entanto, muita gente ainda tem dúvida em que consiste essa competência e de que maneira ela pode ser desenvolvida ou aprimorada. 


Esse é o objetivo deste artigo. Esclarecer o que é a orientação para resultados e destacar algumas formas de desenvolver essa habilidade em sua trajetória profissional. Continue a leitura!

O que é a orientação para resultados?

Antes de qualquer coisa, é importante entender o conceito de orientação para resultados. O profissional com a competência de orientação para resultados tem a capacidade de definir, elaborar e estruturar um planejamento estratégico com foco em metas e objetivos específicos, visando o alcance de um resultado. Além disso, ele sabe como conduzir a equipe rumo a esse propósito almejado. 

Atitudes de quem tem essa competência bem desenvolvida

Mas, como saber se você tem essa habilidade ou potencial para aprimorá-la, não é mesmo? Ou até mesmo identificar se você tem colaboradores com esse diferencial em sua equipe? A seguir, listo alguns comportamentos comuns de profissionais que apresentam a competência de orientação para resultados bem desenvolvida:

  • Entendem o que é prioridade e sabem reagir prontamente em uma situação de pressão ou urgência;

  • São persistentes no alcance dos objetivos, mesmo diante de alguns percalços ou obstáculos;

  • São comprometidos com a estratégia e adaptáveis caso haja a necessidade de uma mudança de planos ao longo do percurso;

  • Assumem responsabilidades e riscos, além de ousarem na tomada de decisão quando necessário;

  • São ambiciosos ao traçarem as metas, porém realistas. 

Por que ela é tão valorizada?

A grande questão que envolve essa competência é que resultados podem ser mensurados de maneira concreta, por meio de métricas e indicadores. Dessa maneira, conseguimos entender a razão pela qual ela é uma habilidade tão requisitada no mercado. Negócios anseiam por lucratividade. 


Então, não é nenhuma novidade que empresas buscam por profissionais que tenham competências comportamentais capazes de transformar os recursos disponibilizados (financeiro, humano, material) em resultados. Eles se apresentam como agentes catalisadores de resultados, impactando positivamente os resultados da organização. 

Por que esse é um atributo importante para profissionais em função de liderança?

Podemos dizer que é quase impossível atingir um resultado satisfatório sem um bom planejamento estratégico e alguém capaz de guiar a execução desse plano. Portanto, no que se refere à orientação para resultados, o líder tem papel fundamental. É ele quem vai definir as metas e objetivos, orientar e direcionar cada membro da equipe sobre a sua função no projeto, delegar tarefas, mostrar como os processos serão estruturados. Ou seja, ele agirá como um verdadeiro comandante, sempre atento à visão do todo e focado no resultado final. 


É importante lembrar ainda que nem tudo dará certo e que dificuldades e imprevistos poderão surgir, sendo sua atribuição tomar decisões de maneira ágil e enérgica, além de estar preparado para mudar a rota junto com todo o time. Essa é de fato uma competência importante para um líder. Não é coincidência, portanto, que ela esteja presente nos requisitos das vagas para essa função, concorda?

Como desenvolver a orientação para resultados?

Agora que você já compreende a importância de ser um profissional orientado para resultados, vamos partir para a ação. Caso esse comportamento ainda não esteja latente em seu modo de trabalho, fique tranquilo, pois a competência, apesar de complexa por envolver habilidades complementares — como planejamento estratégico, mentalidade data driven e liderança —, pode sim ser desenvolvida. Saiba como nas próximas linhas. 

1. Comece elaborando planos de ação

Um bom exercício para desenvolver o atributo de orientação para resultados é começar a elaborar planos de ação. Essa atividade pode ser feita com objetivos mais simples, de maneira individual ou em equipe, porém exige planejamento, execução e acompanhamento de resultados, o que já é um ótimo caminho para o aprendizado e a aplicação com objetivos mais complexos a longo prazo. 

2. Defina metas claras

A base da competência de orientação para resultados está na capacidade de definir e estruturar uma boa meta, e ter assim uma visão clara do que se busca de um resultado. Ao elaborar a meta, é importante que ela seja específica, realista e prazos para o seu alcance precisam ser estabelecidos. 


Além disso, tenha em mente que, para um bom acompanhamento de resultados, metas precisam ser verificáveis e mensuráveis por meio de indicadores. 

3. Comunique-se de maneira eficaz

Quando se tem uma meta compartilhada por uma equipe e você lidera esse time, é fundamental que a comunicação ocorra de forma clara e eficaz, com transparência, sem interferências e ruídos que possam prejudicar o alcance do resultado. Como líder, é seu papel garantir a eficiência dessa comunicação e manter todos na mesma página. 

4. Exercite o pensamento estratégico

Para desenvolver a habilidade de orientação para resultados, é essencial exercitar o pensamento estratégico. Como? Vou dar um exemplo. Geralmente, quando temos um objetivo em mente, o natural é listarmos os passos que nos farão chegar até lá, ou seja, até o resultado desejado. 


Nesse sentido, o ideal é pensar em estratégias que potencializarão ou beneficiarão o cumprimento das metas estabelecidas. Assim, se você tem uma equipe, você pode, por exemplo, elaborar um sistema de recompensas para valorizar aqueles que estão comprometidos com o resultado. Isso pode gerar motivação e engajamento e é pensar de maneira estratégica.


Como vimos, a orientação para resultados é uma das principais competências exigidas em cargos de liderança e também fundamental para quem deseja empreender. As empresas tendem a se posicionar dessa forma, se estruturando em uma cultura orientada para resultados em função do impacto gerado no futuro do negócio influenciado por essa cultura, então é natural que busquem por profissionais com essa habilidade. Meu conselho, portanto, é que você esteja preparado. 


Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio





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terça-feira, 14 de dezembro de 2021

A importância da honradez e integridade no ambiente e nas relações de trabalho

Quais valores humanos você mais valoriza no trabalho ou em um profissional? Para mim, não é surpresa nenhuma que honradez e integridade estejam no topo das qualidades ou características mais citadas e estimadas no empreendedorismo corporativo.

Orientar nossas decisões e nossa trajetória profissional por meio de princípios éticos certamente é um ideal que buscamos e valorizamos, mas, infelizmente, isso não vale para todos. Para alguns, não é assim que a banda toca e, como consequência, profissionais idôneos e corretos precisam lidar com situações de desonestidade e eventuais puxadas de tapete por parte de alguns “colegas” de trabalho.

É de fato frustrante, para não dizer decepcionante, estar cercado por gente que só quer levar vantagem, que não assume os erros e que não age com ética e coerência. Por isso, criar um ambiente em que as relações sejam baseadas na honestidade, no respeito, na transparência, na cooperação e na confiança é extremamente importante para o desenvolvimento do trabalho como um todo.

Veja a seguir como reconhecer esses valores nas pessoas e estimulá-las a agir com honradez e integridade no dia a dia de trabalho.

O que significam o valor da honradez e integridade no contexto profissional


“Os fins justificam os meios”. Você certamente já ouviu essa frase. Para muitos ela serve de justificativa para a tomada de atitudes controversas ou duvidosas, para aquilo que chamamos de “jeitinho”, para o que sabemos que não é certo e que de alguma forma pode prejudicar algo ou alguém direta ou indiretamente. 


Nesse sentido, a honradez e a integridade entram como atributos de conduta que se contrapõem a esse tipo de postura. O indivíduo que é íntegro age com honestidade e coerência e é sempre orientado pela ética, mesmo em situações em que poderia tirar algum proveito ou vantagem. Assim, seja na vida ou no ambiente profissional, esses valores são traduzidos diariamente em suas atitudes e ações. Desse modo, geralmente essas pessoas são responsáveis, inspiram confiança em toda a equipe e tratam a todos com respeito. 

Como esses valores se manifestam e podem ser identificados nos colaboradores

Como mencionei, apesar de considerarmos a honradez e integridade valores importantes e fundamentais, algumas pessoas não entendem o conceito e não estão nem um pouco preocupadas como suas ações, e, comportamento podem impactar os outros ou o mundo. Por essa razão, é preciso desenvolver meios de identificar sinais de que pessoas estão agindo com ética e assim reconhecer a sua integridade profissional. Entenda que atitudes podem indicar comportamentos que denotam honradez e integridade:


  • Demonstrar empatia e preocupação com o outro;

  • Tratar todos com respeito e educação, independentemente do nível hierárquico;

  • Agir com coerência (discurso e comportamento convergentes);

  • Honrar compromissos e ter comprometimento com qualidade e resultados;

  • Compartilhar ideias e colaborar com o grupo;

  • Agir com ética e transparência;

  • Assumir e reconhecer os próprios erros;

  • Ter disposição e disponibilidade em ajudar, quando necessário;

  • Demonstrar competências assumidas previamente e conquistar objetivos conforme mérito e esforço próprios.

Vantagens de priorizar a honradez e a integridade em sua empresa

O reconhecimento e o favorecimento de profissionais e relações pautadas na integridade no processo de recrutamento e contratação é uma maneira de construir um negócio que tem esse valor como prioridade. No entanto, é importante também sempre incentivar esse comportamento entre os colaboradores. 


Os benefícios de trabalhar em um ambiente de confiança, em que a convivência é saudável são inúmeros, vão desde um maior comprometimento à melhora de satisfação e indicadores, além de estimular e favorecer o compartilhamento de ideias e processos de inovação, já que as pessoas se sentem respeitadas e não têm medo de alguém querer levar vantagem. Veja a seguir mais algumas vantagens:

  • Confiança de um melhor desempenho;

  • Maior cooperação entre os funcionários e equipe mais integrada;

  • Proposta de soluções e ideias inovadoras

  • Melhor reputação da empresa;

  • Ambiente de trabalho mais saudável e agradável. 

Honradez, integridade e o papel de liderança

Nesse contexto de construção de um local de trabalho mais íntegro, os profissionais que exercem cargos de liderança têm um papel essencial. Afinal, a conduta ética dos líderes serve de espelho para os demais subordinados. 


Eles são capazes de inspirar e criar uma relação de confiança com suas equipes, baseada no respeito e na honestidade e o sucesso ou fracasso nesse quesito pode afetar todo o clima organizacional. É importante que os liderados enxerguem esse alinhamento de valores em seus líderes para se sentirem persuadidos e encorajados a buscar os resultados almejados. Se não há confiança, dificilmente os funcionários se engajarão verdadeiramente com os objetivos propostos. 

Como estimular uma cultura de ética e integridade no trabalho

E como fazer isso, na prática? Criar uma cultura organizacional que tem como base condutas éticas e valores-chave como honradez e integridade não é simples, é algo que precisa ser incentivado e alimentado no dia a dia, nas pequenas atitudes. Esses valores precisam transparecer em situações rotineiras para que não haja dúvida dos princípios que guiam as decisões da empresa. Gostaria de elencar alguns exemplos de como agir em determinadas situações para estimular essa cultura.

Não tenha medo de reconhecer seus erros e não coloque a culpa nos outros

Essa é uma conduta comum de pessoas sem idoneidade. Culpabilizar outras pessoas e não assumir os erros não representa uma atitude de quem é íntegro.

Aja com transparência e evite incentivar situações de trapaça

As famosas “puxadas de tapete” não devem ser toleradas jamais. Isso só estimula o desenvolvimento de um espaço de competição e desconfiança entre colegas. 

Não permita atitudes desonestas e antiéticas perto de você

Da mesma maneira, não seja omisso e complacente quando notar algo de errado ocorrendo em seu ambiente de trabalho. 

Invista em relações de confiança e colaboração entre membros de uma equipe

Quanto uma rede de pessoas íntegras é formada e é estabelecido um relacionamento amparado em colaboração, confiança e convivência saudável, maiores são as chances de se atingir os resultados desejados. 


Por último, quero destacar que acredito que, para a maioria das pessoas, o caminho de honradez e integridade é o mais natural (prefiro continuar otimista). Porém, é importante termos a consciência que no competitivo mercado de trabalho — nas mais diversas áreas — podemos encontrar pessoas que não têm a ética profissional como prioridade. Cabe a nós direcionarmos nossas ações para a construção de um mundo de empreendedorismo corporativo mais íntegro e honesto.


Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio





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Pontualidade e liderança: por que o bom líder deve ser pontual



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Marsílio Ficino, o homem que fez a Europa renascer

Na série de artigos sobre 'Grandes Empreendedores da História' acostumo a retratar grandes ícones do empreendedorismo, administração, inovação e invenções, não é mesmo? E, de certo modo, ser empreendedor tornou-se sinônimo de alguém focado em estratégias para ter seus negócios bem sucedidos, economicamente falando.

Entretanto, ao retornarmos à raiz desta palavra encontraremos o seguinte significado: tentar executar uma tarefa. Advinda do latim, ela remete-se a realizar algo. No mundo empresarial isso tornou-se uma qualidade para as pessoas que enxergam oportunidades e criam novos cenários a partir de suas percepções. Porém, será que existe empreendedorismo fora de uma lógica de mercado? 

Se expandirmos nossa visão sobre o que é ser de fato empreendedor, a resposta é sim. Ao longo da História, como é a proposta da nossa série, uma grande parcela de pessoas buscaram inovar e, em alguns casos, resgatar antigos valores humanos, ideias e técnicas que estavam perdidas no tempo. Graças a esses homens e mulheres do passado, ainda hoje não apenas podemos estudar acerca destes aspectos, mas, em alguns casos, a forma de pensarmos e gerirmos nossas vidas foram alteradas a partir destes resgates. Esse é o caso do nosso personagem de hoje: Marsílio Ficino, o homem que fez a filosofia antiga renascer na europa medieval.

O homem por trás do Mecenas e o mundo medieval 

Nascido na região da Toscana em 1433, Marsílio Ficino foi, antes de tudo, um homem de visão. Como profissão foi banqueiro, pintor, filósofo e, principalmente, empreendedor. Porém, para entendermos a contribuição de Ficino para o mundo e seu lugar nessa série é necessário, antes de tudo, conhecermos um pouco do contexto histórico em que o rico filósofo florentino viveu: a Europa do século XV. 

Como sabemos, esse foi um período marcado por diversas mudanças na sociedade medieval: As cidades e o comércio voltaram a prosperar após séculos presos no sistema feudal; no campo científico novas descobertas passaram a colocar em xeque os dogmas da Igreja Católica; na arte o Renascimento passou a ser um fator de mudança de estilo e paradigmas, tendo novos temas a serem desenvolvidos e técnicas de pintura e escultura a serem testadas. Aproveitando desse novo momento, uma série de indivíduos passaram a financiar artistas, das mais variadas artes, para que estes pudessem demarcar definitivamente a mudança de mentalidade na Europa. Um destes mecenas foi Marsílio Ficino, um rico banqueiro da cidade de Florença. 

O diferencial de Ficino no mundo repleto de mudanças em que viveu foi o de ter resgatado centenas de obras filosóficas, até então perdidas para a Europa. Durante o início da Idade Média autores como Platão, Aristóteles e tantos outros pensadores da antiguidade tiveram grande parte de suas obras destruídas. Entretanto, ainda na antiguidade seus livros e ideias tinham chegado até o Oriente, principalmente pelas rotas comerciais que existiam entre os dois “mundos” desde os tempos antigos. Os tratados desses grandes pensadores foram traduzidos, na antiguidade, para as línguas árabe e persa e lá foram bem disseminadas, enquanto na Europa, ao longo de quase um milênio, elas foram sistematicamente destruídas. 

Assim, após o fechamento das escolas de filosofia e destruição das bibliotecas que continham o conhecimento “pagão” dos gregos e romanos, quase nada restara no campo filosófico na época medieval. As poucas obras restantes, em geral fragmentos de livros e obras de filósofos cristãos, eram a base de estudo para o clero medieval. Observando a carência nesse campo, Marsílio resolveu dedicar sua vida ao resgate dessas obras clássicas. Diferente de um mecenas comum da época, ele não financiou artistas, mas grande parte da sua fortuna foi direcionada para a compra desses tratados de filosofia que estavam no Oriente. 

Os desafios e recompensas de Ficino 

O primeiro desafio enfrentado por Marsílio foi conseguir encontrar as obras. Não bastava apenas comprar um manuscrito em árabe, mas sim o mais antigo dentre os existentes, pois o banqueiro florentino sabia que um livro copiado diversas vezes teria diversas alterações quando comparado ao original. Dessa maneira, o próprio Marsílio financiou uma série de tradutores e mercadores à procurarem em todo o império árabe por estes antigos escritos. 

Após a aquisição a peso de ouro - algumas obras chegaram a custar o preço de pequenas fortunas - o próximo passo foi o de traduzir tais obras para o latim, grego e demais línguas faladas na europa renascentista. As principais traduções foram, naturalmente, para o latim, uma vez que era a língua ainda mais difundida por todo o continente. Desse modo, uma equipe com dezenas de tradutores foi contratada e supervisionada por Marsílio para conseguir transpor o conhecimento. 

Pensando sobre isso, devemos destacar a persistência de Ficino com o seu objetivo, uma característica intrínseca para um empreendedor. Persistir em um empreendimento, seja de que natureza for, é saber que a semente que foi plantada dará seus frutos, mesmo que a colheita seja demorada. No caso do banqueiro, da aquisição de uma obra até sua tradução levou-se anos, em alguns casos décadas, para que seu objetivo fosse realizado. O mais interessante, e que para os dias atuais não faz o menor sentido, é que, no fim, ele não obteve absolutamente nenhum retorno financeiro com isso. 

As suas traduções, em grande parte, foram destinadas à bibliotecas particulares e públicas, e não foram vendidas de modo a obter lucro. A recompensa de Marsílio foi dar a oportunidade das ideias dos grandes filósofos serem novamente estudadas pelas gerações de europeus que estavam por vir. Graças ao seu esforço hoje é possível estudarmos sobre as ideias de Platão, Plotino, Sócrates e tantos outros pensadores. Para além disso, as obras de Ficino garantiram, durante os séculos seguintes, o desenvolvimento de grandes obras nas mais distintas áreas do conhecimento.

Portanto, o grande valor do empreendimento desenvolvido por Ficino não está no lucro monetário, mas sim em algo ainda mais valioso e que têm-se pouco reconhecimento nos dias atuais: o conhecimento. Suas traduções tiraram de vez a Europa da “Idade das trevas”, impulsionando novas gerações de pensadores a se desafiarem e irem além do que já se sabia. Talvez, no fundo, esse seja o nosso grande papel enquanto empreendedores: possibilitar que as novas gerações possam chegar mais longe, abrindo novos caminhos para avançarmos ainda mais enquanto civilização. 

Bom trabalho e Grande abraço! 

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.