terça-feira, 28 de novembro de 2023

Levi Strauss, o empreendedor do jeans

Entrar para a história não é uma tarefa simples. A grande maioria das pessoas, infelizmente, será esquecida após duas ou três gerações. Outras, entretanto, superaram o tempo e jamais serão esquecidas, pois marcaram o tempo em que viveram e, de forma direta ou indireta, ainda participam de nossa vida. Visto isso, talvez seja até difícil para nós que vivemos em um tempo “líquido”, que praticamente nada consegue manter-se fiel às mudanças e a velocidade em que estas ocorrem, imaginar como é o gosto da eternidade. 
Hoje conheceremos a trajetória de um empreendedor que conseguiu essa façanha, pois mesmo que já não esteja fisicamente entre nós, seu legado ecoa pelo mundo há séculos. Nascido no horizonte do século XIX, em uma pequena vila na Baviera, Alemanha, esse empreendedor teve seu destino entrelaçado com a história e a moda de uma nação. Estamos falando de Levi Strauss, um nome que ressoa através do tempo e que emergiu como um empreendedor visionário, cuja jornada nos levou das estradas poeirentas da Califórnia até os corações de milhões de pessoas em todo o mundo. Sua vida é um exemplo de como um empreendedor de visão, inovação e resiliência é capaz de fazer grandes mudanças no mundo. Vamos conhecer um pouco mais sobre sua história? 

Os primeiros anos  de Levi Strauss

Levi Strauss nasceu em 26 de fevereiro de 1829, em Buttenheim, uma pacífica vila na Baviera, Alemanha. Para entendermos a dimensão do local em que Lei Strauss nasceu basta observarmos os dados populacionais de Butternheim hoje. Essa pequena cidade tem atualmente pouco mais de 3 mil habitantes, o que demonstra sua simplicidade frente às demais metrópoles alemães. Agora imaginem como essa vila era há quase dois séculos. Seria improvável que em um ambiente com tão poucas pessoas, fomentando uma vida simples e camponesa, surgisse um dos maiores empreendedores do ramo de moda do mundo. Porém, mesmo cultivando o estilo de vida simples de uma cidade pequena, Levi Strauss desde cedo buscaria novos rumos para si. 
Levi Strauss veio ao mundo em uma família de origem judaica, filho de Hirsch Strauss e Rebecca Haas Strauss. Levi era o quarto de seis irmãos, e sua infância foi moldada pelas tradições e valores de sua família. Desde cedo, entretanto, o jovem Strauss demonstrou uma curiosidade inquieta e um desejo de explorar horizontes além das fronteiras da vila onde nasceu. Curioso para conhecer o mundo e enxergar novas possibilidades, a vida que levou ao longo dos seus primeiros 18 anos era sufocante, apesar de ter lhe garantido uma sólida educação de valores. Ainda assim, no quesito sobre sua educação formal - que hoje chamamos de “escolar” - mostra-se que foi pouco desenvolvida. Numa condição limitada, Strauss aprendeu muito mais na prática diária do que com os livros. 
Mesmo com poucos recursos nesse sentido, Levi Strauss sempre demonstrou uma grande capacidade investigativa e uma curiosidade que é própria de uma pessoa que deseja expandir seus horizontes. Sua mente ávida para aprender foi guiada pelo espírito empreendedor que eventualmente o levaria a conquistar o oeste selvagem dos Estados Unidos. 
Aos 18 anos, em 1847, Levi tomou a decisão que mudaria o curso de sua vida para sempre: Ele deixou a Alemanha e embarcou em uma jornada audaciosa em direção à América, a terra das oportunidades e dos sonhos. Com a bagagem repleta de esperança e determinação, ele desembarcou no porto de Nova York, um lugar repleto de promessas, mas também de desafios. Motivado pelo desenvolvimento econômico dos Estados Unidos, a esperança de Levi Strauss era reinventar-se no Novo Mundo. Vale lembrar que a escolha pelos Estados Unidos não era por acaso, pois desde o início do século XIX o crescimento econômico, fruto do investimento na área industrial e a busca por novos territórios, o que se mostrava como uma terra de novas oportunidades. 
Além da famosa corrida pelo ouro, que influenciou diretamente na vida de Strauss, outros aspectos da vida na América apontavam este país como o celeiro de oportunidades que já não era visto na Europa. Assim, o pequeno camponês da Baviera lançou-se em sua aventura em busca de encontrar o seu lugar ao sol. Logo após sua chegada, Levi começou a trabalhar como comerciante de produtos secos, uma profissão que, embora modesta, lhe proporcionou um valioso aprendizado sobre o comércio e os costumes americanos. Nesse momento o jovem pôde aperfeiçoar seu idioma, entender a cultura local e, ao mesmo tempo, perceber as oportunidades e inovações que surgiam na América. Movido por sua ambição e desejo de conhecer o mundo, Levi partiu para a Califórnia e assim começou sua própria corrida em direção ao sucesso.
Na década de 1850 a Corrida do Ouro na Califórnia estava em pleno andamento, atraindo aventureiros de todos os cantos do mundo em busca de riqueza nas encostas das montanhas e rios repletos de pepitas de ouro. Foi então que Levi, em 1853, guiado por seu espírito empreendedor e pelo desejo de uma vida melhor, embarcou na jornada oeste, onde novas oportunidades o aguardavam. Sua chegada à cidade de San Francisco marcou o início de uma nova era em sua vida, pois tudo que conhecia até então começaria a mudar. Ao lado de pessoas que também ambicionavam o sucesso, Levi Strauss estava prestes a se tornar um dos pioneiros da indústria de vestuário nos Estados Unidos, e sua visão empreendedora o conduziria a uma criação que transcenderia gerações: os lendários jeans Levi 's. 

A Invenção dos Jeans: o grande empreendimento de Strauss

Após vinte anos na Califórnia, Levi Strauss viu a oportunidade de ouro à sua frente. Nesse momento da vida o imigrante alemão já tinha conseguido um relativo sucesso em seu comércio de produtos secos, porém isso não se comparava aos desejos que Strauss almejava. Assim, essa “virada na vida” aconteceu quando o comerciante se associou a Jacob Davis, um alfaiate local, em 1872. Jacob havia desenvolvido uma técnica de reforço de roupas com rebites de metal nas áreas de maior desgaste, como os bolsos e a parte da frente das calças. Ele viu o potencial dessa técnica para criar calças duráveis, ideais para os trabalhadores das minas da Califórnia, que necessitavam de roupas resistentes para suportar as condições adversas e as atividades árduas. 
Juntos, eles desenvolveram um novo tipo de calça resistente, projetada para os mineradores da região, que estavam em busca de ouro. Essas calças eram feitas de lona de algodão pesada e tinham rebites de metal nas áreas de maior desgaste, tornando-as incrivelmente duráveis. A lona de algodão era fornecida por Levi Strauss através do seu comércio, enquanto o acréscimo dos rebites era feito por Jacob, que tinha a técnica de costura. 
O sucesso do Jeans de Levi Strauss fica claro quando colocamos sua invenção dentro do contexto em que foi produzida. Como sabemos, trabalhos pesados e que lidam com materiais duros e pesados, como metais e rochas, por exemplo, tendem a rasgar e desgastar-se muito mais rápido que uma roupa social. Desse modo, roupas comuns de algodão duravam muito pouco, o que acarretava em um grande custo para os trabalhadores e seus patrões que, de modo geral, eram quem pagavam pelas vestimentas. Ao desenvolver um produto mais resistente, além de ajudar na manutenção do vestuário dos trabalhadores, Levi e Jacob também conseguiram reduzir o custo dos empresários. 
Assim, o produto inovador de Levi e Jacob teve, desde o seu início, uma adesão massiva do público. Não apenas dos mineradores, mas outras profissões que também lidavam com o desgaste de roupas como agricultores e pedreiros, por exemplo, adotaram rapidamente a nova moda do jeans. Assim surgia o jeans. 

O Sucesso da Levi Strauss & Co 

O primeiro par de calças jeans Levi's foi patenteado em 20 de maio de 1873. Essa patente marcou o nascimento oficial dos jeans Levi's, que eram originalmente chamados de "calças de lona de Nimes" e, mais tarde, simplificados para "jeans". O nome "Levi's" veio mais tarde, quando a marca ganhou reconhecimento e fama. A empresa já nasceu com uma forte adesão do público, o que explica o sucesso imediato, porém, podemos entender que esse sucesso só ocorreu porque Levi Strauss e Jacob Davis observaram uma necessidade de sua época e atuaram sobre ela. Desse modo, solucionando um dilema que afetava tanto empregados como empregadores, o jeans se tornou uma febre nos Estados Unidos e não levaria tanto tempo até ganhar o mundo. 
Frente a isso, a Levi Strauss & Co. rapidamente ganhou reputação por fabricar jeans de alta qualidade, e a marca Levi's tornou-se sinônimo de jeans. A empresa expandiu-se ao longo dos anos e continuou a inovar em termos de design e materiais. Sendo a inventora e por muito tempo a líder nesse tipo de fabricação, o jeans tornou-se um padrão global e hoje é produzido em praticamente todo o mundo. 
Observando de maneira mais objetiva, podemos dizer que o grande diferencial do empreendimento de Levi Strauss foi a inovação, mas apenas esse ponto não poderia sustentar uma empresa centenária. O sucesso de Levi Strauss se deu em grande parte por conseguir expandir sua empresa e tornar sua marca global à medida que o jeans ganhava mais território no mundo da moda. 

Filantropia e Legado 

Levi Strauss não foi apenas um empresário de sucesso, mas também um filantropo generoso. Ao longo de sua vida empresarial, o empreendedor ajudou diversas instituições dos mais diferentes tipos. Entendendo que a riqueza deveria sempre ser compartilhada, grande parte dos seus lucros foi destinada para instituições educacionais, de saúde e caridade de uma maneira geral. Esse traço em sua vida foi tão marcante que a Levi’s Strauss Co. continuou a exercer a filantropia mesmo após a sua morte, em 1902, mostrando assim o valor que este homem tinha na ajuda pelo próximo. 
Vale ressaltar que um dos seus gestos filantrópicos foi o de ajudar instituições voltadas para a causa imigrante, afinal, ele sabia que começar a vida em um novo país não é fácil. Assim, podemos notar que sua ambição não estava apenas em ganhar dinheiro e mudar a sua vida, mas também a de ser capaz de expandir essa transformação para o máximo de pessoas. Seu exemplo é essencial para entendermos a verdadeira função social de um empreendedor: a de mudar a vida de todos ao seu redor, seja através dos seus produtos, serviços ou mesmo financiando uma causa. 
Não por acaso, Levi Strauss é lembrado como um dos empreendedores mais influentes da história, responsável por criar uma das marcas de moda mais reconhecidas e amadas em todo o mundo. Sua inovação na indústria de roupas mudou para sempre o cenário da moda e deixou um legado duradouro que perdura até hoje. 
A história de Levi Strauss é, por fim, uma lição de que, com visão, trabalho árduo e um toque de inovação, é possível deixar um impacto na história. Sua jornada é uma inspiração para todos nós, pois nos faz lembrar que os sonhos podem se tornar realidade quando seguimos nossas ambições e abraçamos as oportunidades que a vida nos apresenta. Levi Strauss, portanto, segue vivo em nossos armários, corações e mentes.
Bom trabalho e grande abraço.
Prof. Adm. Rafael José Pôncio

        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Clayton Christensen, o gigante da Inovação Disruptiva

Do alto dos seus 2,03 metros Clayton M. Christensen foi um gigante de presença marcante, em que pese sua altura, deixou sua marca em função das teorias e pesquisas desenvolvidas nas áreas de administração e inovação disruptiva, termo cunhado por ele, que revolucionaram a forma como gerenciam empresas e governos. 

Em um contexto global extremamente competitivo em que empresas centenárias dominam os mercados, pode-se pensar no primeiro momento que não há o que ser feito. O que não corresponde à realidade, o que vemos são empresas mais jovens e com comportamento bastante agressivo ganharem espaço nos mercados. A partir desse tipo de observação e estudos Clayton Christensen criou a teoria da Inovação Disruptiva, o seu ensinamento mais famoso. 

Segundo Clay, como costumava ser chamado, as grandes empresas, detentoras da maior fatia do mercado caem no comodismo de sempre fazer o mesmo, até o ponto em que perdem a visão de oportunidades e a observação do próprio mercado, é nesse momento em que empresas menores, as entrantes entram em jogo (termo utilizado por Clay para se referir à ameaça surgida por novos competidores). 

As entrantes, em geral, mais enxutas e competitivas em preço capturam parte do mercado e em muitos casos, com o tempo, todo o mercado. O grande ensinamento de Clay é que não podemos nos cegar diante das atividades rotineiras que fazemos sempre, de modo a também direcionar energia para análise da concorrência e, em especial, abrir espaço para a inovação. 

A sua trajetória de vida de Clayton Christensen é notável por todas as atividades que desempenhou com excelência, foi filho, pai, missionário, escoteiro, acadêmico, consultor de empresas e governantes. Dentro da Universidade de Harvard Clay ficou conhecido como o gigante gentil. Nós iremos agora conhecer um pouco mais da vida e obra de Clayton Christensen e seu legado.

Os primeiros passos de Clayton Christensen 

Clayton M. Christensen nasceu na cidade de Salt Lake City em Utah, nos Estados Unidos, em 6 de abril de 1952. O Estado de Utah é conhecido por ter sido um líder renomado da Igreja Mórmons, estima-se que nos Estados Unidos o número de mórmons seja de 4 milhões. O Brasil é o terceiro maior país em número de seguidores, com mais de 1.2 milhões de fiéis (2012).

Nos anos de 1971 a 1973, Clay serviu como missionário na Coréia do Sul, onde aprendeu a falar coreano fluentemente. A conduta moral aprendida em sua religião se revelou por toda sua vida de trabalho, dedicação à família e sua comunidade.


A sua trajetória acadêmica começou com o bacharelado em economia pela Universidade de Brigham Young, em 1975, com a distinção de summa cum laude (com o maior elogio, em tradução livre do latim), já no ano de 1977 concluiu o mestrado em econometria na Universidade de Oxford, Inglaterra e em 1979 o MBA da Escola de Negócios em Harvard. 

Logo após a conclusão do MBA, Clay começou a trabalhar como consultor na Boston Consulting Group e foi um dos fundadores da Ceramic Process Systems, empresa de materiais avançados em Massachusetts. Ao longo da sua carreira Clay contribuiu para criar muitas empresas e atuou como consultor em dezenas, incluindo órgãos governamentais. 

No ano de 1982 Clay foi nomeado bolsista da Casa Branca e atuou como assistente dos secretários de transporte dos Estados Unidos. 

A carreira acadêmica ganhou força em 1992 quando ingressou como professor na Universidade de Harvard, vindo a se tornar professor titular no ano de 1998. Clayton Christensen fez cinco doutorados honorários e recebeu premiações diversas por seus trabalhos. 

Os estudos e pesquisas acadêmicas de Clay o levaram a escrever mais de uma centena de artigos e é autor de vários livros de sucesso. O seu best seller mais famoso, O Dilema da Inovação, publicado em 1997, recebeu o prêmio de Global Business Book Award, como o melhor livro de negócios daquele ano. O The Economist elegeu o livro como um dos 6 melhores livros de negócios já escritos.

A Inovação Disruptiva de Clayton Christensen

A sua teoria mais famosa, a Inovação Disruptiva, ganhou o mundo com o lançamento do livro O Dilema da Inovação. Nela, Clay apresentou uma série de ideias sobre uma atitude de disruptura por parte das empresas. 

Para ele, haveria dois tipos de Inovações disruptivas: 

a) Quando realizadas por empresas mais jovens, as entrantes no mercado, como já citamos. Essas empresas entram na base da pirâmide e a partir de uma conduta agressiva de redução de custos e inovação produtiva, que em muitos casos leva à criação de um novo produto. Dessa forma, esse novo produto passa a atender uma parcela do mercado que já era atendida pelas empresas tradicionais. 

b) Ocorre quando um novo produto de qualidade inferior é colocado no mercado e oferecido ao público que não era, até então, consumidor. Por ser mais acessível consegue atingir parte do público, resultando em uma disrupção completa na sua operação.

Segundo Clay, são inúmeras as possibilidades de disrupção, citamos exemplos relativos ao preço, redução dos custos de operação e oferecimento de novos produtos (inovação disruptiva tecnológica). As oportunidades são muitas, é possível trazer inovação em termos de melhorias, extensões de uso dos produtos/serviços, novas linhas do mesmo produto, e etc.

Clayton Christensen também foi o responsável por popularizar o conceito de Job To Be Done (JBTD) que caiu nas graças dos empresários. A proposta é simples, fazer aquilo que o seu cliente espera que seja feito. Para melhor explicar o conceito, Clay trouxe o exemplo de uma famosa rede de fast food que fez pequenos ajustes e passou a vender muitas unidades a mais de milk shake

No exemplo de Clay, a rede de fast food sabia que existia uma demanda maior pelo produto no começo da manhã quando as pessoas se dirigiam para o trabalho, pois gostam de tomar o milk shake que é denso, lentamente, no decorrer do trajeto, além disso, os clientes sentem-se mais saciados, sendo assim, um substituto do café da manhã. 

Neste caso, o trabalho a ser feito pela rede de restaurantes foi trazer quiosques menores próximos aos locais de deslocamentos dos profissionais a caminho de seus trabalhos pela manhã. As lojas menores são uma vantagem frente às estruturas maiores que demandam mais tempo do consumidor, nesse caso, sempre apressado para chegar no trabalho sem atrasos. 

Ainda em termos de inovação, Clay atribui à atitude inovadora os benéficos papéis de reduzir as desigualdades sociais e mesmo combater a corrupção. Ele explica que os governos deveriam pensar em estratégias de inovação radicais e de longo prazo que pudessem abrir novos mercados e possibilidades de ganhos reais para a população. Uma contraproposta às políticas de migração de renda que surtem efeito no primeiro momento, mas não atacam a raiz das questões, por exemplo os problemas de ineficiência na produção, custos e afins que geram desigualdade de competitividade e, consequentemente, sociais.

O legado de Christensen 

Reconhecido internacionalmente por suas teorias que revolucionaram mercados inteiros, Clayton Christensen se consagrou como um teórico, executivo e consultor. Escreveu livros premiados, centenas de artigos e inspirou alunos da graduação e pós das mais importantes escolas de negócios do mundo. 

Grandes executivos implementaram com sucesso suas teorias e o tiveram como mentor para suas estratégias de negócios. Para citar alguns, temos Andy Grove, ex-CEO da Intel, Reed Hasting, cofundador da Netflix e o mais famoso deles, Steve Job, fundador da Apple, que é um celeiro de inovações e ideias disruptivas que revolucionaram por completo o setor de telecomunicações com seus smartphones e demais produtos. 

O que poucos sabem é que Clay também desenvolvia atividades como filantropo. Em 2007 ele fundou o Christensen Institute que nasceu com o objetivo de melhorar a vida das pessoas através do apoio aos novos negócios e produtos disruptivos, em especial nas áreas da educação, pesquisa e saúde. Ou seja, Clay entendia que o que ensinava, enquanto ideia, poderia ser compartilhado e aproveitado em todas as áreas do conhecimento e atuação, trazendo benefícios para aqueles que implementaram suas teorias. 

No aspecto pessoal, Clay foi casado com Christine, com quem teve 5 filhos. Clayton Christensen faleceu em 23 de janeiro de 2020, aos 67 anos, deixando um enorme legado de devoção ao trabalho, à família e sua fé.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 21 de novembro de 2023

Alfred Sloan e o case de sucesso da General Motors

É bem provável que você já tenha se locomovido em algum veículo produzido pela General Motors (GM), no Brasil, mais conhecida por Chevrolet. Hoje, iremos apresentar Alfred Sloan um dos responsáveis pela General Motors ser a gigante automobilística que é hoje.

Diferente de muitos perfis que vemos por aqui, Alfred Sloan não foi um teórico acadêmico e não lançou teorias para melhorar a gestão de empresas. Seu perfil prático o levou para a linha de frente nas indústrias em que atuou, esteve a maior parte do tempo próximo dos colaboradores, de forma a garantir os melhores processos e resultados. 

Apenas na General Motors foram 23 anos como Chief Executive Officer (CEO), período de grande crescimento da empresa. Porém, contada a partir do final, a história de Sloan pode parecer obra do acaso ou sorte, o que não é verdade. Sua trajetória como gestor de sucesso começou antes de ingressar na GM, atuando em companhias menores, nas quais pode aprender para enfrentar desafios maiores. 

Fique conosco e conheça a inspiradora trajetória de Alfred Sloan que em muitos momentos se confunde com a história da GM.

A primeira marcha da vida de Alfred Sloan

Desde o princípio, a vida parecia encaminhar Alfred Pritchard Sloan Jr. para o ramo automobilístico, o seu pai trabalhou como mecânico e com certeza, a aproximação de Sloan com o universo dos carros desde a infância o influenciou na sua trajetória profissional. Como veremos a seguir, a maior parte da vida profissional de Sloan foi dedicada à indústria automobilística e na General Motors. 

Sloan nasceu em 23 de maio de 1875, na cidade de New Haven, Connecticut, Estados Unidos, sendo o irmão mais velho dos 5 filhos dos seus pais. Desde muito novo Sloan se destacou nos estudos e demonstrava bom desempenho nas escolas em que estudou, vindo a concluir o colegial, hoje, ensino médio na Escola Politécnica do Brooklin. 

A precocidade e genialidade de Sloan não demoraram a aparecer, e aos 17 anos, sendo o mais novo da sua turma, ele se graduou em Engenharia Elétrica, no Instituto de Tecnologia da Massachusetts, o prestigiado MIT, em 1982. Conforme dito acima, Sloan não seguiu uma carreira acadêmica, ao contrário, dirigiu-se ao mercado de trabalho e deu início a carreira profissional como desenhista industrial, na Hyatt Roller Bearing.

Após algum tempo, tornou-se presidente da Hyatt, período em que a empresa experimentou grande crescimento. No ano de 1916 a Hyatt se fundiu com a United Motors Corporation, da qual Sloan se tornou presidente. Após dois anos a empresa foi comprada pela General Motors (GM), fazendo com que Sloan se tornasse vice-presidente. 


Segunda marcha: Sloan na General Motors

Ao ingressar na GM, Sloan se viu diante de enormes desafios. Atribui-se a Sloan a invenção da arte de administrar uma grande empresa, porque foi exatamente isso que ele teve que fazer. A situação da GM na época da chegada de Sloan era caótica. Como vice-presidente, Sloan encarou a missão de colocar ordem na casa, estabelecer os processos, solucionar as questões financeiras e unificar os interesses da empresa. 

Os esforços de Sloan em sua missão de reorganizar a GM deu resultado e, como consequência disso, ele passou 23 anos da sua carreira na empresa. Nesse período a GM expandiu suas fronteiras e viu sua participação crescer consideravelmente em todos os mercados em que atuou. 

Resumidamente, o que Sloan fez foi ter instituído e normatizado uma série de procedimentos para todas as áreas da empresa. Sloan dividiu a GM em unidades autônomas, sem perder de vista que a empresa é um todo, portanto, todos os setores, como orçamento, vendas, contratos, recursos humanos e afins deveriam ter visão da empresa enquanto uma unidade funcional. 

Em termos práticos, os seus executivos de nível corporativo não precisavam se preocupar com detalhes dos centros de lucro, mas sim buscar resultados. Portanto, todos os setores, como orçamento, vendas, contratos, recursos humanos e afins deveriam ter visão da empresa enquanto uma unidade funcional. 

Sloan atuou à nível estratégico em todas as áreas. Atribui-se a ele a criação do sistema de obsolescência programada, em 1920, que consiste na decisão do produtor de forma intencional desenvolver um produto de forma que se torne obsoleto ou mesmo pare de funcionar, forçando assim o consumidor a adquirir um novo produto. Atrelado a isso, era necessário educar o consumidor sobre a necessidade de atualização dos seus produtos, dava-se o pontapé no marketing de desejo pelo novo. 

O resultado das práticas acima é que as vendas aumentam ano após ano. A obsolescência programada é hoje amplamente adotada pela indústria de tecnologia, eletrodomésticos, na moda e em muitos outros segmentos. 

Ainda em relação à adoção de estratégias comerciais e de marketing, destaca-se o slogan criado por Sloan “Para cada bolso e propósito”, vejamos que poderoso. Dessa forma, Sloan comunicava com todos ao dizer que a GM oferecia veículos para todos os públicos, na época eram comercializados Cadillacs para a elite e também modelos Chevrolet, para as classes mais baixas. Em relação ao propósito, novamente, abria-se um leque enorme de possibilidades com veículos urbanos, para o comércio ou uso rural.

O resultado das práticas acima: já em 1940 a GM assumiu a liderança do mercado automobilístico nos Estados Unidos, com 47,5% das vendas. Com Sloan, a GM saiu da posição de estar à beira da falência para entrar no rol das grandes montadoras mundiais. 


Passando a terceira marcha: o legado de Sloan 

O legado de Sloan vai muito além dos seus feitos realizados na GM. Alguns diriam que ele foi um servidor dedicado à empresa, mas buscando a justiça, Sloan foi um devocionário ao trabalho, e isso pode ser constatado por sua atuação antes de ingressar na GM. 

As boas práticas de Sloan são hoje reconhecidas e adotadas por empresas de todo o mundo. Como mencionado, Sloan foi um dos pioneiros a ter sucesso na gestão de empresas de grande porte, como a General Motors. Para isso, desenvolveu o modelo de gestão com divisões descentralizadas, cada uma encarregada de produzir determinados componentes e cada divisão deveria se tornar um centro de lucro. 

Sloan foi também um filantropo e humanista, no ano de 1934 criou a Fundação Alfred P. Sloan, com ela pretendia que as suas realizações pessoais, o seu legado e ensinamento pudesse ser passado adiante por meio dos projetos sociais abarcados pela fundação. Alfred Sloan faleceu em 1966 e deixou como maior exemplo o próprio exemplo de vida. 

Para aqueles que desejam conhecer mais sobre a vida e obra de Sloan, recomendamos o seu livro com caráter bibliográfico “Meus anos com a General Motors”, publicado na década de 60.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.