terça-feira, 25 de abril de 2023

Descubra o que é o toyotismo e as suas características

Toyotismo é matéria em Administração

Em meio a cenários diversos é preciso inovar para alcançar os melhores resultados, e isso é o que o toyotismo nos ensina, pois este sistema de produção desenvolvido no Japão após a Segunda Guerra Mundial trouxe muitos benefícios para o mundo.

Neste texto apresento a origem do toyotismo, os seus princípios e fatores essenciais para aplicação deste sistema no dia a dia do seu negócio.

O que é o toyotismo?

O toyotismo é um sistema de produção industrial japonês pensado pelo fundador da empresa automobilística Toyota, Eiji Toyoda (o que originou o nome do modelo) e mais dois engenheiros mecânicos: Taiichi Ohno e Shingeo Shingo.

Após uma viagem aos Estados Unidos na década de 1950, em que visitou fábricas que utilizavam o modelo fordista, Eiji Toyoda percebeu que este método, embora já fosse utilizado por algumas empresas japonesas, não era o mais adequado para a realidade de seu país por dois motivos principais.

O primeiro é a condição geográfica do Japão, uma vez que ele é bem menor do que os Estados Unidos, por isso não tem a capacidade de armazenamento necessário para produzir os grandes lotes característicos do modelo de Ford.

O segundo é que após a Segunda Guerra Mundial o país passava por um momento difícil, com a infraestrutura e economia em dificuldades, sendo que até os itens básicos também estavam escassos.

Assim, nasceu o que é o toyotismo hoje, um sistema de produção por encomenda que adequa a aquisição de matéria-prima e fabricação conforme a necessidade do cliente, otimizando o trabalho e reduzindo os custos.

Princípios do Toyotismo

Para nos aprofundar ainda mais neste sistema de produção, seguem os preceitos que baseiam esta metodologia e a tornaram tão popular mesmo na atualidade.

Just in Time

Um dos principais conceitos que definem o que é o toyotismo é o just in time, que significa momento certo. O principal objetivo desta metodologia é produzir conforme a demanda de maneira rápida e na melhor hora.

A maior vantagem de escolher o just in time é que ele auxilia na otimização de processos e pode ser implementado em diferentes tipos de negócios. Além disso, outros benefícios são:

  • Redução do desperdício: pois só é comprada a matéria-prima e produtos necessários;

  • Processos mais eficientes: dentro do sistema just in time há muito pouco espaço para erros;

  • Mais controle e qualidade: como todos os processos precisam funcionar perfeitamente, é natural que a qualidade dos produtos também seja superior.

Um grande exemplo de empresa que aplica esta metodologia é a Tesla que consegue personalizar a sua produção de automóveis e valorizar os seus produtos sendo uma das menores fabricantes de automóveis, outra empresa que aplica esta metodologia é a Apple.

Jidoka

O termo de origem japonesa significa “automatização com um toque humano” ou “automação com a mente humana” e surgiu com a criação da máquina automática de tear inventada por Sakichi Toyoda, na Toyoda Automatic Loom Works.

Ao colocar a máquina para funcionar, ele percebeu que mesmo que houvesse algum problema como um fio solto, ela continuava produzindo, gerando peças defeituosas. Então, era necessário ter sempre um inspetor ao lado da máquina para verificar se tudo estava correto.

Para solucionar o problema, ele colocou um dispositivo na máquina que fazia ela parar quando acontecia algo anormal. Este conceito se ampliou para o propósito de prevenir a criação e aumento de defeitos na produção, tanto para máquinas quanto para operações manuais seguindo estes passos:

  1. Detectar o problema;

  2. Parar o processo;

  3. Restaurar o processo para funcionar corretamente;

  4. Investigar a raiz do problema;

  5. Realizar as ações para solucionar o problema.

O jidoka permite que o funcionário ou a máquina parem os processos caso seja identificada alguma irregularidade, o que é o toyotismo na sua essência, já que reduz o desperdício de materiais e tira a necessidade de ter um inspetor sempre vigiando os processos.

Kaizen

O método Kaizen é uma filosofia cujo objetivo é a melhoria contínua, acreditando na ideia que mesmo as pequenas transformações são essenciais para que os negócios estejam sempre crescendo.

Para isso é importante focar nas mudanças simples, que necessitam de pouco investimento e podem ser aplicadas facilmente, mas que com o passar do tempo levam a empresa para um enorme progresso.

Um dos grandes benefícios de aplicar este método é a redução de custos e o aumento da produtividade, já que os processos são aperfeiçoados constantemente.

Mas além disso, há uma grande valorização dos colaboradores, afinal eles são essenciais para o sucesso da empresa e mais satisfação dos clientes que recebem serviços e produtos de alta qualidade.

Poka yoke

Esta é uma técnica de gestão da qualidade com o propósito de prevenir falhas e defeitos através de ações simples e assim aumentar a qualidade e eficiência dos processos.

O poka yoke foi desenvolvido por Shigeo Shingo (que já vimos no tópico “O que é o toyotismo”), quando identificou falhas humanas nas linhas de produção da Toyota, esses erros resultavam em produtos defeituosos, gerando um retrabalho e insatisfação dos clientes.

Para que isso não acontecesse novamente, ele criou dentro dos processos dispositivos que fossem “a prova de erros” o que não permitia que algo de incorreto avançasse a partir daquela etapa.

Você consegue identificar exemplos do poka yoke no seu dia a dia, como os sensores de segurança que impedem que as portas dos elevadores de se fecharem quando detectam a presença de uma pessoa ou nos eletrodomésticos que param de funcionar quando a porta é aberta.

O que é necessário para aplicar o modelo de produção do toyotismo?

Além de compreender os princípios da metodologia desenvolvida na Toyota há outros fatores que precisam ser considerados para que você consiga aplicar o modelo dentro do seu negócio, eles são:

Trabalho em equipe e cooperação entre os colaboradores

Para o toyotismo funcionar corretamente é fundamental que as equipes tenham autonomia, possam organizar e controlar as tarefas e fazer ajustes quando necessário para alcançar os melhores resultados.

Uma cultura de aperfeiçoamento dos processos e melhoramento contínuo

Como apresentei no método kaizen, a busca pela melhoria contínua é uma das definições do que o toyotismo e deve estar presente no dia a dia do negócio, pois só desta maneira a empresa conseguirá crescer continuamente.

Flexibilização da produção segundo a demanda

Indo no caminho oposto ao do fordismo, neste modelo a acumulação flexível é uma regra básica, onde o estoque é gerenciado conforme a procura. Isso também se reflete no trabalho, pois o mesmo colaborador pode executar diferentes atividades dependendo das necessidades.

Controle de qualidade realizado durante todas as etapas da produção

É preciso bastante cuidado com a qualidade dos produtos para haver o mínimo de falhas durante todo o processo produtivo, afinal há poucas peças para reposição, então os erros e desperdícios devem ser evitados ao máximo.

Agora que você entende o que é o toyotismo, seus princípios e quais ações precisam ser tomadas para implementar este sistema na sua empresa, pode analisar se esse sistema de produção é o que o seu negócio precisa para crescer e se desenvolver.

Bom trabalho e grande abraço.

Autor: Prof. Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em: 21 de março de 2023
Especial: artigos no Jornal da Tribuna
Link fonte: 
https://jornaltribuna.com.br/2023/03/descubra-o-que-e-o-toyotismo-e-as-suas-caracteristicas/


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quinta-feira, 20 de abril de 2023

Joaquim José da Silva Xavier, O Inconfidente e Mártir Libertário


Tiradentes, o libertário que levantou-se contra a coroa portuguesa

Introdução: O mito de Tiradentes 

O dia 21 de Abril é marcado pelas comemorações cívicas em homenagem a Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como o lendário Tiradentes. A alcunha vem do seu ofício de dentista, mas também entende-se que o fato de ser o único dos inconfidentes a ser conhecido pelo apelido denota que, em sua época, Tiradentes não foi levado a sério, sendo somente um “bode expiatório” da fracassada revolta.

Essa é uma visão atual sobre esse grande herói nacional. Ao longo dos séculos a visão sobre Tiradentes vêm sendo alterada de acordo com as necessidades de cada época. Sendo assim, de um revolucionário quase anônimo no Império até o grande herói insurgente republicano, Joaquim José da Silva Xavier é visto como uma figura histórica representada de diversas formas.

Nos dias atuais, infelizmente, nota-se uma tentativa consciente de destruir o símbolo ao qual Tiradentes representa, dando-lhe mais ênfase em sua vida comum do que nas ideias que o mineiro buscou com seu movimento libertário. Desse modo, a cada ano percebemos que o dia 21 de Abril tem perdido sua força enquanto a lembrança dos ideais libertadores dos inconfidentes mineiros e ganha-se mais ênfase na construção do mito de Tiradentes.

Nesse sentido, é preciso compreender que por trás do dentista, comerciante e minerador há uma figura histórica que representou a primeira expressão liberal frente aos desmandos da coroa portuguesa no século XIII aqui no Brasil. O mito de Tiradentes não é uma invenção em si próprio, mas a exaltação de um idealista que ao seu molde tentou mudar a realidade em que vivia. Vamos, portanto, conhecer mais profundamente sobre Joaquim José da Silva Xavier, seus ideais e como se constituiu sua luta que culminou em sua trágica morte.

Quem foi Tiradentes?


Nascido em 1746 na fazenda Pombal (atual São João del-Rei), Joaquim José da Silva Xavier era filho de um rico fazendeiro da região. Estima-se que sua família possuía 35 escravos que trabalhavam na lavoura e ajudavam nos serviços gerais da propriedade. Apesar de ter tido uma infância abastada e caso não fosse o trágico destino dos seus pais provavelmente Tiradentes seria um fazendeiro com largas posses. Entretanto, aos 11 anos de idade o jovem Joaquim encontrava-se órfão. Ao que consta nas fontes, sua mãe morreu em 1755 e em 1757, seu pai também deixou essa existência. A propriedade da família passa a ser gerida pelo seu tio, que torna-se tutor de Joaquim José da Silva Xavier, e para saldar dívidas acaba desfazendo-se das posses.

Após esse fatídico destino, Joaquim passa a aprender uma nova profissão: a de dentista. Seu tio já exercia esse ofício e passou a ensiná-lo. Assim, Joaquim começou a exercer a profissão desde cedo e ganhou notoriedade nisso, afinal, o apelido não era algo pejorativo (apesar de parecer). Fala-se inclusive que Tiradentes tinha uma habilidade única de fazer próteses, algo raro e difícil para as condições de sua época.

Outra profissão que exerceu foi a de militar. Em 1780 Tiradentes fez parte da tropa que defendia Minas Gerais. Graças a esse cargo de segurança ele chegou a ir para o Rio de Janeiro e passou alguns anos à serviço da proteção do território. Chegou a servir na cavalaria até 1787, quando ainda no Rio de Janeiro tentou implementar a canalização do rio Maracanã, mas sem sucesso. O que o impediu foi a burocracia portuguesa, que não lhe deu permissão para esse empreendimento. Sendo assim, em 1788 retornou para sua província para tentar explorar os caminhos da mineração.

Como sabemos, além do ofício de dentista, Tiradentes também era comerciante e, assim como a maioria das pessoas na Província de Minas Gerais à sua época, dedicou-se à mineração. Não podemos esquecer que o momento histórico que nosso inconfidente viveu era o auge do ciclo do ouro e os interesses portugueses estavam voltados para a exploração desse nobre minério.

A política portuguesa acerca do controle do ouro, porém, era extremamente desvantajoso para os mineradores. Além das péssimas condições de trabalho, os impostos abusivos e a forma de cobrá-los tornava um esforço quase infrutífero para quem quisesse de fato fazer sua fortuna em cima dessas minas. Não obstante, essa situação de injustiça levou, com o tempo, à insatisfação e as revoltas. Vamos entender, agora, o que foi, de fato, o movimento que Tiradentes participou como um dos líderes e seu desfecho.

Tiradentes e a inconfidência mineira


O tempo no Rio de Janeiro fez com que florescesse em Tiradentes mais que habilidades militares. Estando na capital da colônia - O Rio de Janeiro tornou-se a capital em 1763 - o mineiro teve acesso às ideias iluministas que chegavam, mesmo que timidamente, nos portos do nosso país tropical. O contato com as ideias de liberdade econômica e política encantaram Joaquim, que não achava benéfica a ligação entre Brasil e Portugal.

Ao deparar-se com o contexto da exploração do ouro e os desmandos da coroa, as ideias de Tiradentes afloraram e uma revolução começava a ser gestada na mente do dentista e de outras pessoas. É preciso recordar, portanto, o que foi, de fato, a chamada Inconfidência Mineira.

Para entender as causas que levaram a essa revolta separatista precisamos lembrar da política portuguesa frente aos impostos sobre o ouro. Ao se descobrir as grandes reservas de ouro da região, rapidamente o eixo econômico - até então focado na produção de Cana de açúcar - voltou-se para o interior do Brasil. Assim começava o ciclo do ouro. Portugal, porém, precisou de um aparato administrativo para controlar o boom populacional da região que até então tinha poucas centenas de pessoas. Com um crescimento desordenado, a vida em Minas Gerais no final do século XVII e início do XVIII era, no mínimo, difícil.

Frente a esse cenário e com desejo de controlar os ganhos com o Ouro, a coroa portuguesa criou não apenas impostos específicos como o famoso Quinto, em que 20% de tudo que fosse encontrado deveria ir para Portugal, como também algumas instituições como as Casas de fundição, locais em que se derretia o ouro encontrado e já se separava o Quinto da coroa.

Além disso, cobrava-se impostos sobre escravos, terras e ferramentas que eram usadas para extrair o minério. Desse modo, apesar de ser um local rico e com grandes possibilidades de gerar lucro, a pressão da administração portuguesa tornava limitado e, por vezes, prejudicial aos que estavam dispostos a empreender na região. Visto tais condições, era extremamente comum esconderem ouro e, com o tempo, criar um mercado interno que burlasse as regras portuguesas.

Durante os anos 1750 a chegada do Marquês do Pombal para administração do Brasil fez com que a política fiscal ganhasse ainda mais força. Com o aumento dos impostos tornava-se cada vez mais evidente a exploração portuguesa e o descontentamento das elites locais, principalmente em Minas Gerais. O estopim para a revolução separatista liderada por Tiradentes ocorreu com a chamada política da “Derrama”. Como sabemos, a derrama foi mais uma pressão fiscal para impor o pagamento do Quinto atrasado e executar dívidas para com a coroa portuguesa.

A revolta, porém, não chegou a ocorrer. Dias antes de ser deflagrada, os revoltosos descobriram que Portugal, mais precisamente o Visconde de Barbacena (até então o administrador real da região), descobriu os planos dos inconfidentes e realizou diversas prisões, sendo Tiradentes um dos encarcerados. Como narra a história, o Visconde de Barbacena descobriu os planos dos inconfidentes através da delação de Joaquim Silvério dos Reis, um militar com muitas dívidas e que provavelmente entraria em falência caso a derrama fosse executada. Em troca de contar acerca da revolução que pretendia libertar o Brasil, Silvério pediu que suas dívidas fossem esquecidas, uma pensão vitalícia e cargos na administração portuguesa.

O fim de Tiradentes? Morre o homem, nasce o mito


Após a delação e prisão de diversos conspiradores Portugal levou-os à justiça. Todos foram condenados, apesar de terem penas diferentes. Alguns dos revoltosos foram condenados ao Degredo, um exílio na África e a impossibilidade de voltar ao Brasil; outros foram condenados à prisão perpétua e a maioria foi condenada à forca. Porém, apesar dessa condenação na justiça, a maior parte dos que estavam destinados à morte foram perdoados pela rainha D. Maria I (conhecida como "a piedosa" e "a louca"). Apenas um homem foi levado, de fato, à morte para servir como exemplo aos que quisessem levantar-se contra Portugal: O Tiradentes.

Preso em 1789, a execução de Tiradentes só ocorreu em 21 de abril de 1792. Apesar das tentativas de impedir sua morte, tudo foi em vão. Após ser enforcado, Joaquim foi esquartejado e seus pedaços espalhados pela estrada que ligava o Rio de Janeiro até Vila Rica (atual Ouro Preto). Assim chegava o fim de Tiradentes, tido como um revolucionário “Lunático” que deu sua vida em nome de uma causa perdida.

A história, porém, sempre guarda um lugar especial para aqueles que dedicam sua vida em nome de uma ideia.

Após 30 anos da morte de Tiradentes houve a independência do Brasil (07/09/1822) e logo em seguida nasce o novo imperador D. Pedro II (02/01/1825) em solo brasileiro.

Com a implantação da República (15/11/1889) e a expulsão, de vez, da família imperial sob o comando do Brasil (vale lembrar que mesmo após a independência fomos governados por uma estrutura de poder deixada pelos portugueses), Tiradentes foi alçado como um mártir, o grande símbolo da república que entregou sua vida em nome da liberdade.

"Tiradentes, o libertário dos impostos abusivos da coroa."

Assim iniciou o mito de Tiradentes e que até hoje merece ser lembrado. Lembremos que num mesmo 21 de abril, há 231 anos, um brasileiro tentou libertar-se das amarras coloniais que por tanto tempo nos prenderam.

Tiradentes, portanto, não morreu. Segue vivo na memória e eternizado na cultura, na história e nos ideais de cada brasileiro. Que tenhamos uma excelente comemoração em homenagem a esse grande homem!

Bom trabalho e grande abraço,
Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 18 de abril de 2023

Adolph Zukor, o vendedor de peles que mudou o cinema mundial

 

Há um ditado popular que diz “a fé é capaz de mover montanhas”. Você, caro leitor, certamente já escutou ou mesmo falou essa frase, mas é possível que algo tenha lhe escapado em seu sentido. Digo isso porque, em geral, associamos a fé somente a um sentido religioso, em acreditar que Deus nos ajudará em alguma situação, certo? O significado de fé, porém, extrapola essa limitação e pode ser empregado de várias maneiras. Podemos, por exemplo, ter fé na humanidade e acreditar que um dia nossa realidade irá melhorar. Do mesmo modo podemos ter fé em nós mesmos, nos nossos objetivos e realizá-los, não é verdade?

Considerando esse sentido mais amplo, o que nos faz mover montanhas é acreditar tão piamente em nossos objetivos que fazemos o possível (e às vezes o aparente impossível) para transformar nossa realidade. Assim, todas as grandes histórias de empreendedores começam mais ou menos dessa maneira: quando um homem ou mulher passa a sonhar que pode mudar a realidade à sua volta, seja somente a sua ou a de uma série de pessoas, e coloca em prática aquilo em que acredita. Por vezes, ainda, pode-se estar motivado por um gosto qualquer, um hobby, mas o empenho e dedicação são similares para todos que iniciam sua jornada no empreendedorismo. Portanto, para realmente tornar-se um empreendedor de sucesso é fundamental, mais do que as técnicas, é não perder a fé em seu próprio negócio.

Partindo dessa perspectiva, hoje conheceremos um dos maiores empreendedores do audiovisual, um homem que foi capaz de reinventar-se sem perder de vista suas tradições e cultura. Estamos falando de Adolph Zukor, o húngaro que revolucionou o cinema mundial com seu método de gerenciamento.

O menino órfão chega à América

Para entendermos a resiliência de Zukor precisamos conhecer um pouco dos seus primeiros anos de vida. Nascido no antigo Império Austro-Hungaro (atual Hungria), mais precisamente no pequeno vilarejo de Risce. A nível de comparação, Risce hoje possui pouco mais de 1.400 habitantes, logo, podemos supor que no final do século XIX, em 1873, quando Zukor nasceu, Risce não passava de um pequeno grupo de casas com uma vida extremamente pacata. 

Seu pai, Jacob, tinha uma pequena loja no povoado, mas Adolph nunca chegou a conhecê-lo propriamente, pois Jacob faleceu quando Zukor tinha apenas um ano de idade. Sua mãe passou a cuidar dos filhos e dos negócios da família sozinha, mas também pereceu poucos anos depois, deixando Adolph e seus irmãos órfãos. A tragédia que marcou a vida de Zukor nos seus primeiros anos certamente deixou grandes feridas em sua personalidade, mas também foi responsável pela força que ele encontraria para seguir mesmo nos seus piores momentos.

Sem pais aos 7 anos de idade, Adolph foi morar com um tio que o criou dentro da cultura judaica. Zukor chegou a servir por três anos na comunidade, mesmo que, de acordo com historiadores, forçado pelo tio. O fato que legitima esse ponto de vista está na migração que o jovem optou fazer aos 16 anos, em 1889, deixando seu tio e irmão no então Império Austro-Hungaro e indo ganhar a vida nos Estados Unidos, até então a terra dos sonhos. 

Devemos lembrar que no final do século XIX o país americano já demonstrava uma acelerada economia, rivalizando com as grandes potências europeias como Inglaterra, Alemanha e França.

A escolha pelos Estados Unidos não está clara quando pesquisamos sobre a biografia do empreendedor da indústria cinematográfica, mas podemos deduzir que Zukor buscava uma nova vida, longe do velho continente e da mentalidade que habitava a Europa e seus impérios. Um país que pregava a liberdade e a possibilidade de viver o American Dream provavelmente soava melhor nas intenções de Zukor. 

Assim, o jovem de apenas 16 anos chegou em Nova York, tão perdido na metrópole como qualquer um que sai de uma cidade pequena e cai, de uma hora para outra, na grande confusão das selvas de pedra moderna.

A paixão de Zukor pelo cinema e o início de um negócio promissor

O novo mundo esperado por Zukor lhe obrigou a batalhar pelos seus sonhos. O jovem trabalhou em diversos ramos, mas seus principais empregos foram de faxineiro e de peleteiro, que nada mais é do que um artesão e vendedor de peles. Com apenas dois anos na profissão, Zukor abriu seu primeiro negócio e acabou tendo um relativo sucesso, mostrando grande habilidade para o comércio. Entretanto, Nova York mostrou ao jovem Adolph Zukor algo que ele nunca havia experimentado antes: o cinema.

Criado em 1895, o cinema tornou-se uma verdadeira paixão para o jovem Zukor. Quando a novidade chegou nas terras americanas, Zukor já possuía um acúmulo de capital considerável. Com toda certeza podemos afirmar que não era uma pessoa rica, muito menos com diversas posses, mas sua capacidade de gerenciamento de recursos o fez sobressair-se frente aos demais. 

Assim, a partir de 1903, junto com Max Goldenstein, Adolph Zukor começou a investir na indústria audiovisual. Seu plano inicial foi comprar pequenos cinemas, que não passavam de salas de exibição, e a partir daí aprender sobre o novo mercado que se formava, suas necessidades e o que precisava suprir para tornar rentável seu projeto.

Esses primeiros anos de experiência renderam a Adolph Zukor uma grande experiência e certo acúmulo de patrimônio. Isso lhe permitiu, em 1912, também com outros dois sócios, fundar a “Famous Players Company”. 

Pouco tempo depois Zukor já não cuidava apenas dos números da empresa, mas também era o gênio criativo dos longas e curta metragens que passavam a ser produzidos. Desse modo, em 1924, doze anos após iniciar seu projeto cinematográfico, Zukor deu o passo que tornou-o um verdadeiro empreendedor de sucesso: o húngaro criou a Paramount.

Se você assiste filmes hoje é muito provável que você conheça a empresa Paramount. Responsável pela produção e distribuição de diversos longa-metragens, a empresa pode ser considerada uma das mais antigas do ramo nos Estados Unidos. Com 110 anos de existência (conta-se a partir de 1912), o primeiro presidente da empresa foi Zukor, que seguiu no comando até 1936, mas até sua morte seguiu como presidente honorário. 

Ao longo das décadas, a Paramount foi tendo altos e baixos, principalmente nos momentos de crise como em 1929. Porém, a magia do cinema e uma gestão firme na contenção de gastos e obtenção de recursos não deixaram que a empresa declarasse falência em seus momentos mais obscuros.

O diferencial da Paramount

Para além de uma boa administração, a Paramount destacou-se no segmento por ser a pioneira em produzir, distribuir e exibir seus filmes. Com mais de 1.200 salas de cinema nos anos 1930, (um recorde até os dias atuais) a empresa de Zukor conseguiu entrar e controlar todas as fases do processo do filme, desde a contratação dos atores e a filmagens do longa, até o filme chegar nas telas e serem mostrados ao público.

Mesmo sendo uma ação centralizadora, o fato de conseguir executar diferentes funções dava uma grande margem de manobra e independência para a Paramount, que podia ditar o ritmo de produção e reprodução dos filmes.

Desse modo, a ideia de Zukor foi de estar em todas as etapas do filme, o que mais tarde se tornou uma prática bastante comum no cinema. Assim, o jovem que vendia peles agora era um comerciante da sétima arte, capaz de apreciar milhares de filmes acumulados em seus estúdios e salas de cinema. 

O próprio Adolph Zukor foi diretor e produtor de alguns filmes lançados pela Paramount, mostrando que sua paixão pelo cinema não estava limitada a assistir um bom filme, mas também de criar boas histórias para entreter a população.

Ao longo do século XX a Paramount lançou uma série de clássicos do cinema. Filmes como “Star Trek” e “O poderoso chefão” são apenas dois dos inúmeros sucessos da companhia de audiovisual. Desse modo, Adolph não só contribuiu para tornar o cinema um entretenimento viável à sociedade americana, como também pôde realizar-se enquanto empreendedor ao ver seu negócio tornar-se gigante.

O jovem de 16 anos que saiu de Risce poderia, finalmente, dizer que viveu o sonho americano. E o fez por muitos anos, uma vez que viveu até os 103 anos. Falecendo em 1976 de causas naturais, o húngaro fez sua estrela brilhar, tanto nas telas de cinema como na vida, sendo um verdadeiro artista do mundo empresarial.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 11 de abril de 2023

Mary Parker Follet, a grande dama da administração

Uma antiga frase diz que “a História traz a redenção aos injustiçados”. Quando analisamos a vida de diversos personagens históricos como Hipátia e Giordano Bruno, por exemplo, podemos compreender que, de fato, ao longo do tempo pessoas que não foram bem compreendidas em sua época acabam por serem redescobertas.

No caso de Hipátia, a matemática e filósofa chegou a ser diretora da biblioteca de Alexandria, considerada uma das maiores instituições intelectuais do século V, junto com a Academia de Atenas, fundada por Platão. Apesar da sua brilhante carreira, Hipátia teve um fim trágico ao ser morto por fanáticos religiosos, que não aceitavam seu papel na sociedade. Grande parte dos seus ensinamentos foram queimados e por mais de mil anos a grande filósofa de Alexandria foi relegada ao esquecimento. Já o caso de Giordano Bruno, frade dominicado que viveu no século XVI, também é emblemático. Condenado à fogueira pela inquisição, o filósofo não somente aceitou sua condenação como profetizou que séculos mais tarde existiria uma estátua sua no mesmo local onde estava sendo levado à morte.

Assim, parece-nos que a História, uma hora ou outra, acaba sendo revelada e aqueles tidos como loucos provam-se, na verdade, como os mais lúcidos do seu tempo. É evidente que para isso ocorrer é preciso que busquemos enxergar tais injustiças e corrigi-las o quanto antes, como no caso da administradora que conheceremos um pouco mais hoje: Mary Parker Follet, a grande dama da administração moderna.

Quem foi Mary Parker Follet?

A história de Mary Parker Follet começa nos Estados Unidos, na cidade de Quincy em 1868. Como podemos imaginar, os primeiros anos da vida de Follet não foram tão diferentes de qualquer mulher que nascesse no século XIX. Sua rotina dividia-se entre o ensino básico e as atividades domésticas, o que, para muitas damas dessa época, seria uma realidade quase insuperável. Porém, graças a influência de uma professora, a jovem Mary Parker conseguiu perceber que poderia seguir outras profissões que não fosse cuidar dos filhos e do lar.

Desde os doze anos de idade começou a se debruçar sobre o pensamento científico e como era possível compreender o mundo através da razão. A grande admiração de Follet pela ciência foi por sua precisão de resultados e, acima disso, a possibilidade de verificar se o experimento estava correto ou não. Assim, os experimentos para a teórica da administração passaram a ser uma tônica em sua vida, na qual tornava palpável a realidade, que até então era vista como uma especulação.

Desde então Follet passou a desejar ser cientista. Isso não significa dizer que ela queria viver dentro de um laboratório, criando novas fórmulas químicas como geralmente pensamos quando imaginamos um cientista. Devemos lembrar que o pensamento e método científico se aplica fora dos laboratórios, tendo como principal ambiente a própria vida. Não por acaso temos as ciências humanas, que vão tratar diretamente do comportamento e vida social e, naturalmente, a administração está dentro desse grande bloco de disciplinas.

Follet conseguiu ao longo de sua vida formar-se em filosofia, direito, economia e administração e para isso precisou superar uma série de barreiras. A primeira delas estava diretamente ligada à sua condição de mulher, visto que tinha pouco espaço para o gênero feminino nesse período. Estamos falando do início do século XX e apesar de existirem grandes damas na ciência como Marie Curie e Florence Bascom, elas ainda eram a extrema minoria dentro das universidades e grandes pesquisas.

De maneira objetiva, Follet precisou batalhar para conseguir entrar em Harvard, uma vez que na época o renomado centro de estudos superiores não aceitava mulheres em seu corpo de estudantes regulares. Assim, Mary Parker foi conduzida pelo anexo da universidade, como uma estudante à margem da grade regular. Apesar disso, em 1898 Follet formou-se com honras na universidade, recebendo o título summa cum laude, dado somente aos alunos que atingiram pontuação máxima.

Mary Follet, do esquecimento ao redescobrimento

Apesar da sua grande capacidade intelectual, é fato que durante os anos 1920 e 1930, época em que Follet desenvolveu suas principais teorias, praticamente ninguém a conhecia. Na época a teoria vigente ainda era o Taylorismo, focado na produção em seu mais alto nível. Follet, porém, não compartilhava dos princípios empregados por Taylor e por isso é geralmente classificada como uma das pensadoras da escola das relações humanas, que mais tarde ganharia projeção a partir dos trabalhos de Elton Mayo.

Follet percebeu que a dinâmica de empresas, que naquele período se definia a partir de uma oposição entre patrões e empregados, era nociva à produção, visto que ambas as partes sentiam-se lesadas nas relações de trabalho. De um lado os patrões sentiam que seus empregados poderiam render mais, dedicando mais horas e trabalhando de maneira mais esforçada. Do outro, os empregados não se sentiam valorizados pelos gestores, recebendo baixos salários e condições de trabalho pouco gratificantes. Desse modo, o ambiente dentro da empresa era uma eterna trincheira, em que mais assemelhava-se a um conflito bélico do que uma relação de trabalho. Como resolver este conflito então? 

As duas principais teorias de Mary Parker Follet vão debruçar-se para melhorar os conflitos no trabalho. Como lidamos com seres humanos, que pensam e são autoconscientes, devemos sempre considerar o universo interior que há em cada um de nós. As angústias, prazeres, ambições e desejos são variáveis que devem estar sempre pesando na balança das relações e por isso não é tão simples criar um método que atenda com eficácia todas as pessoas. Como se costuma dizer, “não há receita para uma relação perfeita.”  Sabendo disso, Follet tentou estabelecer duas relações fundamentais que melhorariam a convivência no ambiente de trabalho e, consequentemente, a produção. A primeira delas foi a resposta circular, que basicamente vai apontar que em toda interação humana é fundamental que cada resposta seja considerada em uma discussão, no qual a opinião de uma pessoa irá interferir no meu posicionamento. Quando ambas as partes atuam a partir deste princípio as relações tendem a se harmonizar, criando um ambiente mais favorável e respeitoso. 

A outra teoria é o conflito construtivo, no qual parte do pressuposto que a divergência é natural e benéfica em todas as relações. Assim, precisamos discordar para construir um novo olhar/ponto de vista sobre algum aspecto da vida. É graças às discordâncias que as mudanças ocorrem e, naturalmente, um reposicionamento frente a um dilema ou problemática existente. Quando se faz esse processo de maneira construtiva, ou seja, buscando uma resolução mais apropriada e não como uma “queda de braço” entre duas opiniões, o resultado do conflito acaba sendo benéfico para a empresa pois chega-se a um denominador comum. 

Tais ideias são básicas para as nossas relações diárias, certo? Porém elas definitivamente não foram aceitas no contexto em que Follet vivia. Por isso que até a sua morte, em 1933, o Ocidente praticamente a considerava uma desconhecida, mesmo sendo uma cientista renomada em outros países. Mary Parker Follet fez palestras no Oriente e em alguns países da Europa, mesmo sendo esquecida no seu próprio território. 

Apesar de passar décadas no esquecimento, hoje ela é uma das principais referências da administração moderna. Suas ideias são a base de qualquer prática de convivência comum, seja no trabalho ou na nossa vida privada. Assim, a história mais uma vez provou que traz a redenção para os injustiçados, desta vez não precisando passar séculos ou mesmo um milênio para trazer o reconhecimento tão merecido à essa grande dama da administração.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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terça-feira, 4 de abril de 2023

Como criar uma estratégia de Benchmarking

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A comparação é algo comum no mundo dos negócios, afinal, não tem nada de errado em “olhar a grama do vizinho” para buscar melhorias, existe até um nome para isso: Benchmarking.

Descubra o que é esta estratégia e como colocá-la em prática neste texto.

O que é Benchmarking?

A palavra Benchmarking pode ser traduzida como “ponto de referência” e representa uma estratégia para analisar o mercado, seus concorrentes ou empresas de sucesso a fim de se inspirar e fazer melhorias no seu negócio.

Embora muitas vezes o Benchmarking aconteça de maneira natural. Por exemplo: um dono de restaurante visitando outra cidade, encontra uma lanchonete com um cardápio temático e decide adotar esta estratégia no próprio estabelecimento.

Para que a análise de mercado seja feita de maneira eficiente e traga os melhores resultados, um trabalho de pesquisa e a definição de boas métricas é essencial.

A ideia do Benchmarking não é fazer uma cópia do que funciona nos concorrentes, mas sim encontrar as características que adaptadas à sua realidade, podem aumentar o sucesso do seu empreendimento.

Tipos de Benchmarking

Conheça as principais formas de buscar referências:

1.   Benchmarking interno

Nesta estratégia são analisadas as práticas que acontecem na própria empresa, entre filiais ou outros setores.

Por exemplo: o departamento financeiro desenvolve um método mais simples e rápido para armazenar e identificar documentos que também pode ser aplicado no RH.

A grande vantagem deste tipo é que os custos são menores e a implementação é mais fácil. Por isso, esta é a melhor tática para começar.

2.   Benchmarking de cooperação

Acontece quando duas ou mais empresas fazem uma parceria compartilhando estratégias e boas práticas.

Nesta técnica é comum que empresas já consolidadas no mercado abram as suas portas para negócios que estão começando. Contudo, nada impede que dois empreendimentos de sucesso se reuniam para trocar ideias.

3.    Benchmarking competitivo

No formato competitivo, você faz uma comparação da sua empresa com o seu concorrente direto.

No método você avalia as semelhanças e diferenças de produtos, preços, serviços, processos e a forma com que ele se posiciona no mercado.

Um dos fatores que mais impactam no Benchmarking competitivo é a questão ética, pois a maioria das empresas não divulga abertamente estas informações.

4.   Benchmarking funcional

Já neste caso a comparação acontece com empresas de diferentes segmentos, mas que tenha algo que possa ser adaptado para o seu negócio.

Por exemplo: uma loja de móveis pode se beneficiar do mesmo software para controle de estoque que uma loja de eletrodomésticos.

No entanto, para que essa análise seja feita de forma adequada é importante considerar as diferenças entre os dois empreendimentos, de modo a não implementar ideias que, embora sejam boas, não são compatíveis com a sua realidade.

5.   Benchmarking genérico

Muito parecido com o funcional, o Benchmarking genérico recebe este nome por observar as outras empresas de maneira ampla, sendo concorrentes ou não.

Mas nesta situação é importante ter alguma similaridade que baseie a comparação.

Por exemplo: uma empresa deseja investir na humanização da marca e por isso, analisa o caso da Lu da Magalu, assistente virtual da Magazine Luiza.

6.   Benchmarking internacional

Como o nome já diz, neste método, para se destacar no mercado nacional, você busca referências em empresas que estão no exterior.

Por ser em outro país, você pode encontrar mais dificuldades para conseguir as informações e fazer os estudos, entretanto, é uma ótima oportunidade para descobrir ideias inovadoras.

Como buscar as referências

Com o surgimento da internet, estudar a concorrência é bem mais fácil e rápido. Entretanto, para você tirar ótimas ideias da pesquisa é importante traçar uma rota.  Por isso, segue um exemplo:

Faça uma análise interna

Como já disse anteriormente o Benchmarking interno é o mais simples de fazer e o mais fácil de implementar, afinal já está na cultura da empresa.

Por isso, a ideia é começar analisando os processos e práticas do próprio negócio.

Esta etapa, além de possibilitar o encontro de cases de sucesso internos, te mostrará quais pontos o seu empreendimento precisa melhorar.

Escolha quais empresas irá estudar

Agora é o momento de escolher em quais empreendimentos você irá buscar inspiração. O ideal é que você comece pelas empresas que são referência no seu mercado.

Decida quais respostas você busca

Antes de iniciar a pesquisa em si, é fundamental que você estabeleça os indicadores que vão nortear a sua análise.

Por exemplo: você deseja melhorar o seu marketing digital, então elementos para avaliar os concorrentes são:

  • Como eles interagem com o público?

  • Quais canais mais utilizam?

  • O tipo de linguagem (formal, informal, etc.).

  • Quais são os números (inscritos, curtidas, visualizações…).

Capture os dados

Com o planejamento montado é hora de ir atrás das informações. Existem ferramentas que podem te auxiliar nesta jornada.

O Google Analytics, por exemplo, permite que você obtenha informações sobre o tráfego dos sites de concorrentes.

Além desta etapa online, você pode utilizar outras estratégias como:

  • Participar de eventos: além de fazer networking os eventos são ótimos espaços para trocar informações com outras empresas e para conhecer as tendências do mercado.

  • Visitas presenciais: essa com certeza é a melhor maneira de conseguir informações valiosas, por isso, é fundamental estabelecer parcerias até com os concorrentes.

  • Mentorias: muitos empreendedores contam como foi a sua experiência e os seus aprendizados nas mentorias.

Analise e compare as informações

Com os dados em mãos é o momento de fazer as comparações e identificar o que é interessante incluir no seu empreendimento.

Faça um relatório

Este será o documento em que você descreverá a sua pesquisa e também as ideias levantadas durante este processo.

Nele, é importante conter tanto o que você identificou como positivo quanto o negativo. Desta maneira, não irá repetir as falhas do concorrente, mas sim utilizar as melhores estratégias como base para ações futuras.

Cuidados ao fazer o Benchmarking

Mesmo que seja uma estratégia simples, o Benchmarking deve ser feito com muita cautela, pois uma análise realizada de forma equivocada pode causar prejuízos graves para o negócio.

Por isso, seguem 3 pontos para você prestar atenção durante o processo:

Não faça cópia

Lembre-se: o Benchmarking é utilizado para buscar referências e não simplesmente fazer um “copiar e colar” das estratégias.

Afinal, mesmo que a empresa estudada seja do mesmo segmento que o seu, isso não significa que se você fizer exatamente a mesma tática, irá funcionar.

Não perca a identidade

Ao utilizar referências de outras empresas, tome cuidado para que os diferenciais do seu negócio não se percam durante o processo. Então, fazer uma investigação interna e estabelecer objetivos claros irá ajudar neste ponto.

Coloque a estratégia em prática

É fundamental que você não fique apenas no campo da análise, mas sim, utilize os dados e ideias que surgirem durante o Benchmarking nas suas próximas ações.

Então, me diga o que achou desta estratégia? Está disposto a aplicá-la?

Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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