terça-feira, 30 de agosto de 2022

Arthur Davidson e William S. Harley, os jovens que inventaram uma lenda sobre rodas


Costuma-se dizer que é graças a necessidade que nos adaptamos às mais diferentes situações da vida. No caso dos empreendedores que menciono hoje isso é uma realidade inegável. Porém, a bem da verdade, basta analisarmos rapidamente qualquer grande empreendimento que perceberemos que estes são, de fato, filhos de uma necessidade do seu tempo. O empreendedor, em última instância, pode ser definido como alguém que enxerga essa lacuna em nossa vida e busca atuar sobre ela através do seu negócio, gerando solução para um problema antigo.

No caso de Arthur Davidson e William Harley, dois jovens americanos do início do século XX, foi a busca por uma comodidade que os fez criar uma das marcas mais lucrativas do mundo, símbolo de um estilo de vida próprio para os amantes de motocicletas: a Harley-Davidson.

A busca da comodidade dos jovens Harley e Davidson


Tudo começou em 1903, em Wisconsin, quando os amigos estavam cansados de pedalar até a universidade. Ambos eram estudantes de Artes, sendo um focado em escultura e o outro em desenho. Porém, a longa distância que percorriam diariamente tornava cansativa a vida de Davidson e Harley, até então com 20 e 21 anos respectivamente. Os jovens então tiveram uma ideia brilhante, mas que poderia ser igualmente inconsequente: decidiram instalar um motor em uma bicicleta para que não precisasse mais pedalar. De modo artesanal e com ajuda de Ole Evinrude, um motorista com experiência no mundo dos automóveis, os jovens artistas tentaram criar seu primeiro modelo de motocicleta.

Porém, não devemos confundir a criação dos amigos Harley e Davidson com a invenção da motocicleta. Esta fora inventada ainda no final do século XIX, em 1885, por GottliebDaimler, um inventor alemão que conseguiu fazer um motor a gasolina conectado a uma bicicleta de madeira. É provável que Harley e Davidson tenha criado seu protótipo baseado no princípio desenvolvido por Daimler, mas aí está uma grande diferença entre inventores e empreendedores.

Inventores geralmente buscam criar soluções para o nosso mundo, mas nem sempre conseguem reverter suas ideias brilhantes de modo a tornar-se comercial. No caso de Daimler, por exemplo, o inventor alemão não deu continuidade a fabricação de sua motocicleta, contentando-se apenas com o seu modelo inicial. 

Por outro lado, empreendedores conseguem tornar essas soluções ao alcance do público através da fabricação de produtos e/ou serviços. Assim, por mais que ambos estejam focados na resolução dos nossos pequenos dilemas cotidianos, sendo um agente facilitador da vida social, o empreendedor certamente atua com mais propriedade neste âmbito social. Para tanto, sabemos que fazer nascer e sustentar um negócio, seja em qual ramo for, exige desafios e muita persistência, pois os problemas e dificuldades sempre existirão.

Um exemplo claro dessa distinção está na forma de atuação dos jovens Harley e Davidson. O sucesso do primeiro modelo fabricado na garagem da família Davidson foi fruto de grande esforço e adaptações. A primeira delas foi a substituição do motor a ser utilizado, já que o primeiro não era potente o suficiente para fazer a moto andar. Assim, trocaram o motor e logo em seguida outro problema surgiu: a estrutura da moto não resistia à força gerada pelo motor e tornava a moto instável, impossível de guiar. Nada disso, como sabemos atualmente, impediu os jovens do seu objetivo. Ao fortalecer a estrutura da moto, fez com que harmonicamente funcionasse todas as peças da sua máquina.

Após a conclusão desse primeiro modelo, os universitários criaram três unidades iniciais para teste. Uma delas foi vendida para o irmão de Arthur Davidson, como teste para observar o desempenho da curiosa invenção. Quando ficou claro que o modelo funcionava, os jovens animaram-se em tentar vender o máximo possível das novas motocicletas, começando assim a Harley-Davidson Motor Company.

Da garagem de casa ao sonho americano


Mesmo com o sucesso inicial, os negócios da Harley-Davidson não deslancharam de início. Foi preciso ainda mais dois anos de trabalho para conseguir fazer com que o modelo dos jovens universitários alçasse novos voos. O fator diferencial foi um concurso realizado em Chicago no qual a moto dos empreendedores sagrou-se vencedora, tornando-a conhecida fora do estado de Wisconsin e aumentando a demanda. Naturalmente a garagem dos Davidsons precisou ser trocada por um armazém e aos poucos o aumento das vendas foi alcançando números interessantes.

Em 1907, quatro anos após a criação do primeiro modelo, mais de cem motocicletas eram vendidas por ano. Os empreendedores também conseguiram parcerias notáveis, como com o Estado de Detroit, fornecendo suas motos para a polícia local. Essa parceria dura até os dias atuais, um feito simplesmente notável.

Para além disso, a imagem criada pela Harley Davidson foi associada ao sonho americano, tornando-se muito mais do que um item de consumo, mas uma marca de valor. Após 1945, por exemplo, o uso dessas motos pelo exército e pela polícia davam um ar de masculinidade para seus pilotos, associando-os a imagem de virilidade. Com isso, a moto de Arthur Davidson e William Harley chegou a um patamar fundamental para qualquer marca de sucesso, que é o de estar no imaginário popular de toda a nação. A Harley-Davidson não era somente uma moto, mas sim um item de poder, que denota um valor social muito maior do que somente o seu uso comum, o de locomover-se. Esse valor social fez o faturamento da empresa elevar-se para um outro nível, muito além do esperado pelos jovens universitários de Wisconsin.

Um curiosidade hoje é que a marca Harley-Davidson é o logotipo empresarial mais tatuado do mundo, os amantes do clube dizem que é uma paixão e estilo de vida andar sobre rodas com esta marca e está muito além da aceitação ou status de poder.

Hoje a temos como a marca de motocicletas mais famosas que existe. Seu lucro, próximo da casa dos bilhões, é invejável por qualquer grande companhia, pois não trata-se apenas de números ou dinheiro, mas de se tornar um símbolo eternizado na cultura americana. Nesse sentido, o maior bem adquirido por Harley e Davidson está em serem eternizados graças ao seu experimento na garagem de uma casa. Desse modo, partindo de uma problemática individual, foram capazes de ganhar o mundo sob duas rodas e lançar-se na História.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 23 de agosto de 2022

Fé, metas e objetivos: entenda por que com essa combinação você está pronto para atingir o sucesso com o seu negócio

No empreendedorismo, em função dos percalços e dificuldades, muitas vezes somos estimulados a desacreditar no nosso propósito e a perder a fé nos nossos sonhos. Não é mesmo um caminho fácil, mas sem a observância para um melhor entendimento, a fé e a estratégia é mesmo muito provável que a conquista dos objetivos e o tão desejado sucesso fiquem cada vez mais distantes.

Na realidade, é a fé em si mesmo e no seu negócio que sustentam o sucesso, alimentando a resiliência diante dos desafios e de resultados desanimadores e a força para continuar o trabalho. 


Veja bem, geralmente só conhecemos as histórias de sucesso a partir da perspectiva de que tudo deu certo, sem termos acesso aos pequenos (e grandes!) fracassos que, porventura, também fizeram parte da trajetória. E, o que essas histórias têm em comum? Mesmo com as dificuldades, esses empreendedores de destaque acreditavam que poderiam dar a volta por cima e traçaram um plano para atingir seus objetivos. Isso é ter fé no seu propósito.


Com este artigo, quero contribuir para o seu entendimento de que ao alinhar fé, metas e objetivos é possível desenhar um caminho para se chegar aonde se espera e concretizar seus objetivos. Continue a leitura para saber mais!

A importância de empreender com fé, metas e objetivos


Pense comigo: ter uma boa ideia e um plano para tirá-la do papel é relevante se você deseja empreender. Porém, muitos fatores estão em jogo na hora de viabilizá-la. Um deles é a fé, ou seja, você precisa realmente acreditar na possibilidade de concretizar o seu negócio. Isso, claro, sempre com os pés no chão e um planejamento realista. Mas a questão é que somente um plano de negócio perfeito não vai garantir o sucesso da sua empresa.


Nesse sentido, é importante estabelecer metas e objetivos e confiar no processo, aprendendo também com a prática e adquirindo experiência. São elas, as descobertas práticas e a experiência, que guiam a nossa intuição e alimentam a nossa fé. Afinal, qual o sentido de trabalhar e batalhar por algo em que não se acredita que pode dar certo? Portanto, é essencial unir esses três pilares: planejamento, fé e ação – para aumentar as chances de ter sucesso.


Para acreditar, encontre o verdadeiro propósito do seu negócio


Seguindo esse raciocínio, acredito que para ter fé empreendendo é fundamental entender o propósito do seu negócio. Por qual razão você faz o que faz? Qual o motivo da sua empresa existir e do seu produto ou serviço ser criado? É uma motivação pessoal? Além do ganho financeiro, o seu negócio também tem o objetivo de contribuir para trazer soluções inovadoras para as demandas das pessoas e gerar um impacto na sociedade?


Para definir um propósito, é importante que você faça essas perguntas a si mesmo. Nesse contexto, o livro de Simon Sinek “Comece pelo porquê: como grandes líderes inspiram pessoas e equipes a agir”, é um bom ponto de partida para encontrar esse propósito ao empreender. Afinal, para elaborar e criar produtos e serviços com os quais as pessoas se identificam, é essencial descobrir por qual razão o seu negócio existe, para então estipular objetivos e pensar em qual caminho seguir.
 

Próximo passo: estabelecer objetivos e metas para alcançá-los


Após encontrar o propósito, é chegado o momento de estabelecer objetivos e fazer um planejamento estratégico para atingi-los por meio da definição de metas. São elas que irão ajudá-lo a chegar aonde deseja, a concretizar a sua ideia, o seu empreendimento.


Essa etapa de determinar as metas é importante para que você não se perca no meio do caminho e desanime diante do primeiro desafio. Assim, esse planejamento contribuirá para que você mantenha o foco, desenvolva um trabalho estratégico e promova um desenvolvimento gradual.

As 5 dicas para esse processo


1. Conheça bem o seu negócio

O processo de estabelecimento de metas passa pelo conhecimento que você tem do seu negócio, pois definir metas aleatórias e no escuro não vai te levar a lugar nenhum. Nesse sentido, compreenda o contexto em que o seu negócio está inserido, qual o posicionamento dele no mercado, entenda o público-alvo, analise os concorrentes e a proposta de valor.

2. Estipule metas realísticas

Essa questão de conhecer bem a sua empresa, produto ou serviço nos leva a outro ponto: é fundamental que as metas estabelecidas sejam reais e atingíveis. Entenda em que estágio o seu negócio está para não dar um passo maior que a perna e se frustrar, já que muito provavelmente, se as metas não forem possíveis de serem atingidas, você se desmotivará e perderá a fé no seu propósito.

3. Aprenda com as suas experiências e entenda o que pode ser melhorado

A partir dos resultados de ações implementadas você tem a oportunidade de fazer uma análise e, em caso de erro estratégico ou da identificação de que algo pode ser aprimorado, há a possibilidade de recalcular a rota e redefinir as metas.
 

4. Defina como irá monitorar suas metas

Um fator importante após o estabelecimento de metas é o acompanhamento das mesmas por meio de métricas e indicadores. Afinal, como você avaliará o desempenho do seu negócio e saberá se está próximo dos seus objetivos? O monitoramento de metas é interessante para trazer insights, identificar caminhos mais eficazes e evitar o desperdício de recursos.

5. Estabeleça prioridades e monte um plano de ação

É impossível fazer tudo ao mesmo tempo com o foco, a determinação e a disposição que cada meta demanda. Por isso, definir prioridades é essencial se você deseja ter sucesso em seu projeto. Não adianta atirar para todo lado. No fim, você acaba desmotivado sem conseguir finalizar e conquistar nada ou muito pouco. 


A partir desse entendimento do que é prioridade, monte um plano de ação, definindo as estratégias que irá utilizar para alcançar suas metas e assim visualizar de maneira mais clara a sua jornada rumo ao objetivo. 



Tirar uma ideia da cabeça e concretizá-la requer coragem, determinação, planejamento, trabalho árduo e uma dose extra de resiliência, ao não deixar de alimentar a confiança de que tudo dará certo. É preciso acreditar, ter fé no processo, ao mesmo tempo em que se mantém os pés no chão, traçando metas e objetivos possíveis.

Bom trabalho e grande abraço.

Autor: Prof. Adm. Rafael José Pôncio Publicado em: 24 de maio de 2022
Especial: artigos no Espaço Opinião CRA-RJ
Link fonte: https://espacoopiniao.adm.br/fe-metas-e-objetivos-entenda-por-que-com-essa-combinacao-voce-esta-pronto-para-atingir-o-sucesso-com-o-seu-negocio/


  Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte. 

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Frederick Winslow Taylor e a administração científica

A razão é a maior arma do ser humano. Através dela fomos capazes de desenvolver nossa mais refinada tecnologia, além de produzir grandes obras, sejam elas intelectuais ou mesmo construções que desafiam a natureza. Essa importante característica nos legou uma grande vantagem sobre as outras espécies do planeta, nos tornando assim o ser dominante e mais bem sucedido na corrida evolucionista.

Não por acaso, especialistas apontam que nossa espécie, o homo sapiens, conseguiu superar as vantagens físicas dos homo neanderthalensis graças ao seu pensamento lógico, capaz de traçar estratégias melhores para a coleta de alimentos e otimizar sua sobrevivência no inóspito cenário pré-histórico.

O uso da razão continuou em alta desde então em nossa espécie. Desde os filósofos da antiguidade até o advento do método científico, nossa capacidade de compreender os processos da vida e construir uma civilização ordenada só vem aumentando. Assim, para qualquer área do conhecimento em que os humanos busquem aprofundar-se haverá, necessariamente, um uso contínuo da razão e seus atributos. 

Na administração isso não foi diferente, pois um dos seus principais teóricos clássicos teve como base a busca de uma otimização dos resultados a partir da racionalidade e capacitação dos operários. Estamos falando de Frederick Winslow Taylor, o pai da administração científica.

Quem foi Frederick Taylor?

A história de um dos principais teóricos da administração começa em 1856, na Filadélfia. Taylor nasceu em uma família abastada e viveu parte da sua infância vendo a Guerra de Secessão (1860 - 1865) dividir seu país em um conflito civil. Seus pais, favoráveis ao fim da escravidão, atuaram fortemente nesta causa e educaram seu filho de igual modo. 

Entretanto, por ter condições financeiras, a vida estudantil do infante Taylor foi bem diversa: estudou em alguns países como França e Alemanha, além de chegar a cursar direito em Harvard, por volta dos anos 1873, com apenas 17 anos.

Porém, o que parecia uma vida “fácil” e bem desenhada desde cedo mudou seu rumo em pouco tempo. Enquanto cursava sua faculdade em Harvard, Taylor descobriu um problema em sua visão que o impedia de continuar sua carreira em direito.

Precisando se reinventar, o pai da administração encontrou em uma profissão alternativa o ofício que mudaria sua vida para sempre. Assim, o jovem Taylor ingressou como aprendiz de industrial em uma fábrica na Filadélfia e nunca mais voltou-se ao direito, pois mergulhou fundo no seu novo trabalho. 

Com o tempo, sua experiência em fábricas o levou a diversos setores: começou aprendendo sobre bombas hidráulicas, depois foi atuar diretamente em uma metalúrgica até galgar o cargo de engenheiro-chefe, que obteve após a finalização do seu curso de engenharia mecânica. Foi nesse cargo em que o pai da administração moderna começou a enxergar um pouco de sua visão para um modelo de gestão eficiente.

Alguns anos depois Taylor ganhou novos ares ao trabalhar com consultoria e gestão, buscando expandir suas ideias e testá-las nas diversas empresas que prestavam seus serviços. Esses anos de experiência o tornaram um excelente administrador, pois ao aplicar os princípios do racionalismo em seu modo de gerir as empresas e os processos nas fábricas - Taylor tornou-as verdadeiras potências quanto à produção.

Para relembrarmos, o racionalismo foi um movimento científico-filosófico do século XVII que dizia, em síntese, que o Ser Humano deveria sempre agir de acordo com a razão, pois era esta característica que nos diferenciava dos demais animais. 

Assim, a base do racionalismo está em uma fria matemática em que considera apenas a lógica como solução para conflitos e problemas. Percebendo essa ideia, Taylor buscou implementar os princípios do racionalismo em sua gestão. 

Desse modo, ao sistematizar de maneira racional o modo de produção fabril, Taylor desenvolveu um método que aumentava a eficácia e eficiência dos operários e, naturalmente, produzia-se mais: o Taylorismo.

O Taylorismo na Administração

O método empregado por Taylor tornou-se conhecido ao redor do mundo após o lançamento do seu livro "Os princípios da administração científica'', em 1911.

É necessário destacar a obra de Taylor pela sua relevância a história da administração e sobre isto cabe alguns comentários. O primeiro deles é de que, para a época, gerir uma empresa (ou qualquer outro empreendimento) mais aparentava ser uma atitude “intuitiva”, em geral sem estratégia e com pouca sistematização de processos. Entretanto, se considerarmos que apenas no século XIX a revolução Industrial, que começou na segunda metade do século XVIII, foi consolidada em diferentes partes do globo, não é de se espantar com a proposta revolucionária de Taylor.

Desse modo, os princípios fundamentais de sua teoria, assim como o próprio livro, são um marco fundamental na história da administração. É através das obras de Taylor que outros grandes nomes como Henri Fayol e Henry Gantt impulsionam suas ideias e também tornam-se destaques nos estudos da administração.

Mas afinal, o que sugere o Taylorismo?

A grosso modo, a abordagem de Frederick Taylor versa por uma maior eficiência no trabalho. Desse modo, um das suas ideias-base seria a divisão do trabalho, tópico central que seria utilizado mais tarde por Henry Ford em larga escala. 

A lógica usada por Taylor era a de que trabalhadores bem instruídos em seus serviços e concentrados nele poderiam ser mais eficientes do que uma produção em que ele atuaria em diversos ramos. 

Assim, gerando mão de obra especializada e treinada para executar as tarefas necessárias, a indústria não ganharia apenas em agilidade, mas também na qualidade dos seus produtos. 

Desse modo, o Taylorismo trouxe uma série de benefícios para empregadores e empregados, garantindo o desenvolvimento da indústria.

O legado de Frederick Taylor

Infelizmente, por mais um trágico infortúnio, a vida de Taylor se foi ainda muito cedo. O pai da administração científica morreu com apenas 59 anos, em 1915, tempo em que atuava lecionando aulas e trabalhando como gestor. 

Apesar da brusca interrupção de sua existência, Frederick Taylor entrou para a história como um dos principais fundadores da teoria geral da administração, sendo colocado ao lado de Fayol e Ford como um dos principais nomes da administração clássica.

Seus livros influenciaram gerações e seu método, ora amado por alguns e muitas vezes criticado por tantos outros, continua a ser referência, por mais que para os dias atuais haja modificações necessárias a serem feitas. De qualquer maneira, é inegável a contribuição deste grande administrador, o que o torna merecedor de estar entre os pais da administração.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 9 de agosto de 2022

Aprenda como fazer o Diagrama de Gantt


Conheça uma ferramenta que irá te ajudar a gerenciar os projetos da sua empresa e otimizar o tempo de execução, o Diagrama de Gantt

Saber a melhor forma de gerenciar projetos é sem dúvidas uma habilidade fundamental para os empreendedores, neste sentido ferramentas como o Diagrama de Gantt podem te ajudar.

Com ele é possível identificar tudo que precisa ser executado e organizar da melhor forma para colocar o projeto em prática.

Neste texto apresento a origem da ferramenta, os benefícios e como fazer o seu próprio Diagrama de Gantt.

O que é e como surgiu o Diagrama de Gantt?

O Diagrama de Gantt ou Gráfico de Gantt é um modelo visual para facilitar no gerenciamento de um projeto. Com ele é possível controlar as atividades a serem realizadas e o tempo necessário para executá-las.

A primeira versão da ferramenta foi desenvolvida pelo engenheiro polonês Karol Adamiecki em 1896 e era chamado de Harmonograma, que buscava criar equipes harmoniosas através da representação gráfica dos processos.

O engenheiro norte-americano Henry Gantt se inspirou no modelo criado por Karol Adamiecki para criar um gráfico de barras em 1903, que ilustrava como seria o cronograma de um projeto industrial.

Embora o Diagrama de Gantt tenha sido usado pelo governo dos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial para planejar a produção de veículos de guerra, armamentos e munições, foi só com o desenvolvimento da tecnologia que o modelo passou a ser utilizado com mais frequência.

Isso porque como os ajustes no gráfico precisavam ser feitos a mão, eles demandavam muito tempo para serem executados.

As vantagens do Gráfico de Gantt 

A ferramenta é uma ótima forma de criar e gerenciar projetos complexos, pois é fácil de compreender e visualizar, auxiliando na execução e monitoramento das atividades. Além disso, os outros benefícios são:

Distribuir as tarefas

Projetos grandes possuem várias tarefas conectadas umas às outras, com o Diagrama de Gantt é possível desmembrar as atividades em tarefas menores, simplificando a organização.

Também desta forma é mais fácil saber quem é responsável por cada tarefa e qual é o prazo de execução.

Atribuir responsáveis pelas atividades

No Diagrama de Gantt você pode incluir informações dos responsáveis por cada atividade, facilitando a comunicação entre os colaboradores e o gerenciamento do projeto.

Administrar a interdependência das atividades

Muitas vezes para começar uma tarefa, outra precisa ser concluída primeiro. Por exemplo: não é possível colocar o bolo para assar, antes de preparar a massa.

Por isso, é importante que o gestor tenha clara como as tarefas se relacionam para definir os prazos de início e término de cada uma.

Auxiliar na definição dos prazos de entrega

Como você tem uma listagem detalhada de todas as atividades que precisam ser executadas e a correlação entre elas, pode determinar quanto tempo será necessário para que cada tarefa seja realizada e até otimizar o trabalho, desenvolvendo duas tarefas que não estão relacionadas em simultâneo.

Facilitar o acompanhamento do projeto

Como o Diagrama de Gantt é uma ferramenta global, é mais simples que toda a equipe visualize o andamento do projeto e o gestor faça ajustes quando uma atividade demora mais tempo do que o planejado, por exemplo.

Quando utilizar a ferramenta?

Conheça as maneiras de aplicar o Diagrama de Gantt na gestão de atividades essenciais para qualquer empresa:

Lançamento de um novo produto

A visão global da ferramenta possibilita que você centralize todo o processo desde a criação até o lançamento do produto em um único lugar e tenha uma visão clara de como está o andamento.

Campanhas de marketing

Desenvolver uma campanha de marketing envolve várias atividades que necessitam de colaboração, coordenação e atenção aos detalhes. A aplicação da ferramenta neste caso contribui bastante na otimização e gerenciamento do processo.

Gerenciamento de custos

A ferramenta também pode ser utilizada para administrar os recursos da empresa ao longo do tempo. Neste caso, além das tarefas e a duração, também é contabilizado os gastos para a execução das atividades.

Como fazer um Diagrama de Gantt

Embora cada projeto tenha um gráfico distinto, existem algumas etapas necessárias para aplicar a ferramenta. Atualmente existem vários softwares que facilitam a criação, mas você pode utilizar o Excel e até papel e caneta.  

O Diagrama também recebe o nome de gráfico, pois ele é baseado em dois eixos, um vertical e outro horizontal. O primeiro é onde são colocadas as atividades e no segundo o tempo (dias, semanas, meses, etc.).

No meio do gráfico a partir do eixo vertical são inseridas as barras que representam as tarefas de acordo com o tempo de execução. Para saber quais atividades estão relacionadas com as outras são colocadas setas curvas, conforme exemplo a seguir:

Mas antes de montar o seu próprio Diagrama de Gantt, é importante desenvolver essas 5 atividades:

1.   Definir o tempo de duração

Para organizar o projeto é necessário saber qual será o tempo entre o início das atividades e a conclusão, logo, esse é o primeiro passo a ser dado.

2.   Liste as tarefas

Para preencher o gráfico você precisa das informações, certo?

Por isso, você deve listar todas as atividades necessárias para a finalização do projeto. Se houver atividades muito amplas, você deve dividi-las em tarefas menores.

3.   Identifique a relação entre elas

Agora é o momento de ordenar as tarefas. Se existem atividades que são interdependentes é fundamental que isso seja fácil de identificar na ferramenta.

Já atividades que não tem relação e podem ser executadas ao mesmo tempo, podem ser feitas em conjunto para diminuir o tempo de realização.

4.   Determine os prazos e responsáveis

Com as tarefas organizadas você pode definir os prazos de execução de cada uma. Para isso, é importante considerar a complexidade da atividade e o número de pessoas envolvidas.

 Por exemplo, se duas pessoas estão desempenhando a mesma tarefa, a tendência é que leve menos tempo que uma atividade individual.

Também é nesta etapa que é escolhido quem será o responsável, mesmo que seja uma atividade em grupo, é importante ter uma pessoa como referência.

5.   Identifique os marcos

Os marcos são pontos fixos que auxiliam a equipe a organizar as prioridades, utilizados para verificar o andamento do projeto e indicar a equipe o que deve ser priorizado. Por exemplo: a entrega da primeira versão do trabalho para o cliente.

Dicas para utilizar o Diagrama de Gantt

  • Defina o caminho crítico: são tarefas que se atrasarem comprometem a data de conclusão do projeto, por isso, requerem mais atenção.

  • Deixe espaço para imprevistos: durante a execução do projeto é natural que sejam necessários fazer alguns ajustes e correções, então é importante deixar uma “margem de erro” para estas situações.

  • Utilizar cores: uma forma de facilitar a visualização é trabalhar com um esquema de cores que destaque as tarefas ou os responsáveis.

  • Disponibilize para toda a equipe: é importante que os colaboradores envolvidos tenham acesso às informações e possam tirar dúvidas quando necessário.

Então, você acha que o Diagrama de Gantt é a ferramenta certa para você utilizar na sua empresa?

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 2 de agosto de 2022

LTV: tudo que você precisa para saber o valor dos seus clientes

LTV

Quanto vale o seu cliente? Esta resposta você consegue com o LTV, uma métrica que irá te mostrar se o seu negócio está no caminho certo. Continue a leitura e aprenda como chegar a este número.

Entenda o LTV

LTV é a sigla para em inglês para lifetime value (valor do tempo de vida do cliente) é um dado que revela qual o montante oferecido pelo cliente à empresa durante o seu vínculo.

Ele é muito usado pelas empresas de SaaS (software as a service, ou software como serviço), negócios que disponibilizam serviços eletrônicos de forma online, sem o cliente precisar de um hardware ou software. Exemplo: Netflix, Google Drive e LinkedIn.

Contudo, este índice KPI (key performance indicator ou indicador chave de desempenho) pode ser usado por qualquer empreendimento. Porque com ele em mãos é possível:

  • Estabelecer o valor máximo que pode ser investido em marketing para aquisição e retenção de clientes.

  • Antecipar as receitas dos próximos meses.

  • Ajudar a identificar quando e o motivo por que os clientes não estão comprando mais.

  • Contribuir para a descoberta de novas oportunidades.

O que devo saber antes de calcular o LTV?

Dependendo do tipo de negócio você pode medir “de cabeça” o LTV de um cliente.

Por exemplo:

Uma escola de música oferece 3 cursos de violão: iniciante; intermediário e avançado:

  • Iniciante: valor mensal de R$150,00 e duração de 3 meses.

  • Intermediário: valor mensal de R$225,00 e duração de 6 meses.

  • Avançado: valor mensal de R$300,00 e duração de 12 meses.

O João começou como iniciante, passou para intermediário e recentemente terminou o avançado.

Logo, o seu LTV é: 150 x 3 + 225 x 6 + 300 x 12 = R$5.400

Já Maria começou no iniciante, foi para o intermediário, mas fez apenas 5 meses do avançado.

LTV: 150 x 3 + 225 x 6 + 300 x 6 = R$3.600

Contudo, fazer isso com todos os clientes é algo inviável.

Por isso, antes de calcular o LTV outros dados precisam ser levantados: ticket médio, tempo de retenção dos clientes e CAC (custo de aquisição do cliente).

Como obter o ticket médio

O ticket médio representa o valor médio gasto pelos clientes. Ele pode ser calculado por compra ou por cliente.

Por exemplo: um restaurante delivery vende em média 100 marmitas por dia trabalhando de segunda a sexta. Logo o número de marmitas servidas no mês é 2.000 (100 x 20)

Supondo que o faturamento médio mensal é R$30.000. Dividindo o faturamento pelo número de vendas mensais, temos um ticket médio por compra de R$15,00.

O cálculo do ticket médio por cliente utiliza o faturamento total dividido pelo número de clientes.

Deduzindo que o restaurante atende 800 clientes por mês, o ticket médio por cliente é R$37,50 (30.000 x 800).

Como saber o tempo de retenção dos clientes

Para chegar a este número você precisa de ter um sistema que identifique quanto tempo o cliente continua comprando com a empresa.

Logo, dá um certo trabalho para chegar a ele.

Por exemplo: um plano de saúde teve 150 clientes que desistiram do serviço em 10 anos, destes:

  • 80 permaneceram 3 anos.

  • 20 permaneceram 5 anos.

  • 50 permaneceram 8 anos.

Para encontrar o tempo de retenção de clientes aplica-se esta fórmula:

[(nº clientes x período de permanência) + (nº clientes x período de permanência)] / total de clientes desistentes

Logo:

[(80 x 3) + (20 x 5) + (50 x 8)] /150

(240 + 100 + 400) / 150

Tempo de retenção dos clientes = 4,93 anos.

CAC (custo de aquisição por cliente)

Embora este dado não seja obrigatório para calcular o LTV (você pode usar somente o ticket médio x tempo de retenção) ele torna a informação mais precisa.

Afinal, dificilmente o cliente chegará até você sem que haja algum tipo de investimento, mas se ele for muito alto, prejudica a saúde financeira do negócio.

O CAC, como o nome já diz, é o valor aplicado para conseguir um cliente.

 Ele é contabilizado pela fórmula:

 Soma de investimento / nº de clientes adquiridos

Por exemplo, uma empresa investiu R$2.000,00 em campanhas publicitárias durante um mês e com isso adquiriu 7 clientes, logo:

R$2.000,00 / 7

CAC = R$285,71

Como medir o LTV?

Fazendo o dever de casa, chegar ao LTV é algo simples. Basta seguir a fórmula:

(ticket médio anual x tempo de retenção dos clientes em anos) – CAC

Por exemplo: uma empresa de consultoria tem os seguintes dados:

  • ticket médio anual = R$30.000,00

  • tempo de retenção dos clientes = 2 anos

  • CAC = R$5.000,00

LTV: 30.000 x 2 – 5.000

LTV: R$ 55.000,00

Quanto maior o valor do LTV melhor para o negócio, pois significa que os clientes estão gastando mais e permanecendo mais tempo com a empresa.

Então, o ideal é que este número cresça a cada nova avaliação.

Como elevar o LTV?

Conheça 5 táticas para aumentar o valor dos seus clientes.

1.   Invista em programas de fidelidade

Como diz Philip Kotler “conquistar um novo cliente custa entre 5 e 7 vezes mais do que manter um atual".

Então, manter o foco nos clientes que já compram os seus produtos é o primeiro passo para melhorar o LTV.

Uma estratégia clássica e funcional são os programas de fidelidade. Por exemplo: oferecer brindes diferenciados para clientes antigos.

2.   Aproveite o Marketing de Conteúdo

Marketing de Conteúdo é disponibilizar conteúdos relevantes para o seu público (artigos de blog, vídeos e posts em redes sociais) de forma estratégica, criando assim uma relação entre você e seu cliente, que se reflete em vendas.

A maioria das empresas já está no meio digital, entretanto, falta estratégia, estudo das ferramentas e métricas para atingir os objetivos.

Então, para conseguir resultados através do Marketing de Conteúdo e fidelizar os clientes, buscar conhecimento é fundamental.

3.   Dedique-se ao atendimento

Se você deseja que o cliente retorne, prestar um atendimento com excelência é fundamental.

Por isso, invista em treinamentos e prepare a sua equipe para dar o melhor suporte para o cliente, principalmente no pós-venda, que é um setor decisivo na fidelização.

4.   Escolha o cliente certo

Esta afirmação pode parecer contraditória, afinal quanto mais clientes, melhor, certo?

Nem sempre. 

Buscar clientes sem estratégia pode até aumentar o LTV num primeiro momento, mas a longo prazo, é bem provável que essa métrica caia.

Pois, se o cliente não se identifica com o produto ou a marca, ele não vai ficar por muito tempo.

Logo, traçar um perfil de cliente ideal e focar nele, é a melhor maneira de colher resultados no futuro.

5.   Crie uma escala de preços

Esta é uma estratégia que ajuda a captar mais clientes dentro do perfil desejado.

Também é possível aumentar o ticket médio por cliente o incentivando a migrar do plano básico para o premium, por exemplo.

E agora já consegue saber o valor do seu cliente? Diga nos comentários.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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