terça-feira, 16 de agosto de 2022

Frederick Winslow Taylor e a administração científica

A razão é a maior arma do ser humano. Através dela fomos capazes de desenvolver nossa mais refinada tecnologia, além de produzir grandes obras, sejam elas intelectuais ou mesmo construções que desafiam a natureza. Essa importante característica nos legou uma grande vantagem sobre as outras espécies do planeta, nos tornando assim o ser dominante e mais bem sucedido na corrida evolucionista.

Não por acaso, especialistas apontam que nossa espécie, o homo sapiens, conseguiu superar as vantagens físicas dos homo neanderthalensis graças ao seu pensamento lógico, capaz de traçar estratégias melhores para a coleta de alimentos e otimizar sua sobrevivência no inóspito cenário pré-histórico.

O uso da razão continuou em alta desde então em nossa espécie. Desde os filósofos da antiguidade até o advento do método científico, nossa capacidade de compreender os processos da vida e construir uma civilização ordenada só vem aumentando. Assim, para qualquer área do conhecimento em que os humanos busquem aprofundar-se haverá, necessariamente, um uso contínuo da razão e seus atributos. 

Na administração isso não foi diferente, pois um dos seus principais teóricos clássicos teve como base a busca de uma otimização dos resultados a partir da racionalidade e capacitação dos operários. Estamos falando de Frederick Winslow Taylor, o pai da administração científica.

Quem foi Frederick Taylor?

A história de um dos principais teóricos da administração começa em 1856, na Filadélfia. Taylor nasceu em uma família abastada e viveu parte da sua infância vendo a Guerra de Secessão (1860 - 1865) dividir seu país em um conflito civil. Seus pais, favoráveis ao fim da escravidão, atuaram fortemente nesta causa e educaram seu filho de igual modo. 

Entretanto, por ter condições financeiras, a vida estudantil do infante Taylor foi bem diversa: estudou em alguns países como França e Alemanha, além de chegar a cursar direito em Harvard, por volta dos anos 1873, com apenas 17 anos.

Porém, o que parecia uma vida “fácil” e bem desenhada desde cedo mudou seu rumo em pouco tempo. Enquanto cursava sua faculdade em Harvard, Taylor descobriu um problema em sua visão que o impedia de continuar sua carreira em direito.

Precisando se reinventar, o pai da administração encontrou em uma profissão alternativa o ofício que mudaria sua vida para sempre. Assim, o jovem Taylor ingressou como aprendiz de industrial em uma fábrica na Filadélfia e nunca mais voltou-se ao direito, pois mergulhou fundo no seu novo trabalho. 

Com o tempo, sua experiência em fábricas o levou a diversos setores: começou aprendendo sobre bombas hidráulicas, depois foi atuar diretamente em uma metalúrgica até galgar o cargo de engenheiro-chefe, que obteve após a finalização do seu curso de engenharia mecânica. Foi nesse cargo em que o pai da administração moderna começou a enxergar um pouco de sua visão para um modelo de gestão eficiente.

Alguns anos depois Taylor ganhou novos ares ao trabalhar com consultoria e gestão, buscando expandir suas ideias e testá-las nas diversas empresas que prestavam seus serviços. Esses anos de experiência o tornaram um excelente administrador, pois ao aplicar os princípios do racionalismo em seu modo de gerir as empresas e os processos nas fábricas - Taylor tornou-as verdadeiras potências quanto à produção.

Para relembrarmos, o racionalismo foi um movimento científico-filosófico do século XVII que dizia, em síntese, que o Ser Humano deveria sempre agir de acordo com a razão, pois era esta característica que nos diferenciava dos demais animais. 

Assim, a base do racionalismo está em uma fria matemática em que considera apenas a lógica como solução para conflitos e problemas. Percebendo essa ideia, Taylor buscou implementar os princípios do racionalismo em sua gestão. 

Desse modo, ao sistematizar de maneira racional o modo de produção fabril, Taylor desenvolveu um método que aumentava a eficácia e eficiência dos operários e, naturalmente, produzia-se mais: o Taylorismo.

O Taylorismo na Administração

O método empregado por Taylor tornou-se conhecido ao redor do mundo após o lançamento do seu livro "Os princípios da administração científica'', em 1911.

É necessário destacar a obra de Taylor pela sua relevância a história da administração e sobre isto cabe alguns comentários. O primeiro deles é de que, para a época, gerir uma empresa (ou qualquer outro empreendimento) mais aparentava ser uma atitude “intuitiva”, em geral sem estratégia e com pouca sistematização de processos. Entretanto, se considerarmos que apenas no século XIX a revolução Industrial, que começou na segunda metade do século XVIII, foi consolidada em diferentes partes do globo, não é de se espantar com a proposta revolucionária de Taylor.

Desse modo, os princípios fundamentais de sua teoria, assim como o próprio livro, são um marco fundamental na história da administração. É através das obras de Taylor que outros grandes nomes como Henri Fayol e Henry Gantt impulsionam suas ideias e também tornam-se destaques nos estudos da administração.

Mas afinal, o que sugere o Taylorismo?

A grosso modo, a abordagem de Frederick Taylor versa por uma maior eficiência no trabalho. Desse modo, um das suas ideias-base seria a divisão do trabalho, tópico central que seria utilizado mais tarde por Henry Ford em larga escala. 

A lógica usada por Taylor era a de que trabalhadores bem instruídos em seus serviços e concentrados nele poderiam ser mais eficientes do que uma produção em que ele atuaria em diversos ramos. 

Assim, gerando mão de obra especializada e treinada para executar as tarefas necessárias, a indústria não ganharia apenas em agilidade, mas também na qualidade dos seus produtos. 

Desse modo, o Taylorismo trouxe uma série de benefícios para empregadores e empregados, garantindo o desenvolvimento da indústria.

O legado de Frederick Taylor

Infelizmente, por mais um trágico infortúnio, a vida de Taylor se foi ainda muito cedo. O pai da administração científica morreu com apenas 59 anos, em 1915, tempo em que atuava lecionando aulas e trabalhando como gestor. 

Apesar da brusca interrupção de sua existência, Frederick Taylor entrou para a história como um dos principais fundadores da teoria geral da administração, sendo colocado ao lado de Fayol e Ford como um dos principais nomes da administração clássica.

Seus livros influenciaram gerações e seu método, ora amado por alguns e muitas vezes criticado por tantos outros, continua a ser referência, por mais que para os dias atuais haja modificações necessárias a serem feitas. De qualquer maneira, é inegável a contribuição deste grande administrador, o que o torna merecedor de estar entre os pais da administração.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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