Todos nós buscamos fechar um bom negócio. Imaginemos, por um instante, comprarmos um produto por 2.300 dólares e fazê-lo gerar uma receita de bilhões. Nada mal, não é mesmo? Agora imaginemos que esse produto é um tônico farmacêutico, produzido para curar dores de cabeça. Como transformá-lo na bebida mais consumida do mundo? Para responder essa pergunta precisamos conhecer sobre Asa Griggs Candler, o homem que levou a coca-cola para o mundo.
Nascido no próspero Estados Unidos em 1851, Candler foi estimulado desde cedo para a vida empresarial. Seu pai era um rico comerciante e agricultor do estado da Geórgia e desde cedo o ensinou - o valor do trabalho. Muito ligado à Igreja Metodista, Asa Griggs Candler não apenas era um excelente homem de negócios, mas um cristão devoto. Sua carreira teve início no ramo farmacêutico, no qual até 1887 se empenhava em fabricar medicamentos e acompanhar o mercado farmacológico. Porém, um encontro com outro farmacêutico mudou sua vida para sempre: John Pemberton.
Um produto, duas percepções
John era um veterano da guerra civil americana, mas antes de entrar para o combate formou-se como farmacêutico. Após a guerra acabou dedicando-se aos estudos e desenvolveu um tônico para curar dores de cabeça. Pemberton foi quem fundou, de fato, a Coca-cola, porém, seus negócios rapidamente desandaram. Faltava-lhe uma visão empresarial para fazer com que o empreendimento funcionasse. O encontro com Asa Griggs Candler lhe renderia um bom negócio para época, uma vez que precisava que alguém fabricasse seu remédio.
A patente desse misterioso tônico, ao qual fora nomeado Coca-Cola, foi vendida rapidamente para Candler por apenas 2.300 dólares. John Pemberton, porém, não viveu muito para ver a proporção que sua invenção tomaria, pois acabou falecendo no ano seguinte, em 1888.
Invenção versus Empreendedorismo
Frente a isso, aqui cabe diferenciarmos um inventor de um empreendedor. Se olharmos para a história poderemos perceber uma clara distinção entre esses dois “grupos” de pessoas, pois enquanto um é capaz de criar máquinas e soluções para a vida cotidiana, o outro tem a visão de transformar e tornar possível a utilização destas invenções em nossa vida prática.
Desse modo, a combinação de inventores e empreendedores trabalhando juntos é um campo rico para gerar oportunidades e bons negócios. Estamos, nesse contexto, falando de um aspecto puramente mercadológico e comercial, porém, esses aspectos distintos se manifestam nas mais diferentes formas da vida e, se estivermos atentos ao que acontece ao nosso redor, perceberemos a qual grupo pertencemos e como podemos atuar de forma benéfica para a construção de um empreendimento.
Seja na posição de um inventor ou de um dono de negócios, se soubermos retirar das nossas habilidades o melhor poderemos, certamente, contribuir para um próspero negócio.
Asa Griggs Candler entendia perfeitamente as nuances dessa distinção entre inventores e empreendedores. Enquanto John Pemberton imaginava seu produto apenas como mais um remédio entre tantos outros nas prateleiras de uma farmácia, Candler tinha planos mais audaciosos para o tônico: transformá-lo-ia em um item que seria a marca, décadas mais tarde, símbolo maior de um negócio bem sucedido.
Mas como foi possível fazer um produto para dor de cabeça ser vendido de maneira tão eficaz?
A propaganda é a alma do negócio
A resposta é simples: Marketing. Apesar de parecer tarefa simples, mas algo simples para os dias atuais, pensemos na vida no final do século XIX: não havia TV ou rádio para difundir propagandas e o jornal era o meio de comunicação mais confiável, além dos poucos existentes nesse período. Dessa forma, os comerciantes em geral vendiam seus produtos a base do tradicional “boca a boca” e buscando atender as necessidades do público.
Candler foi um dos primeiros a investir massivamente em propaganda nos jornais, gerando nos leitores o desejo de consumir seu produto. Assim, passou a inverter a lógica do mercado: o produto não mais atendia apenas ao interesse do consumidor, mas o consumidor era levado a desejar consumir o produto.
Para fidelizar seus clientes, Asa Griggs Candler começou, ao longo de alguns anos, campanhas de distribuição de cupons. Ao receber o cupom, o cliente poderia se dirigir a qualquer estabelecimento e ganhar de graça uma Coca-Cola. Uma vez provando o tônico e comprovando a sensação de frescor e sabor, o cliente tendia a retornar ao estabelecimento e passar a consumir o produto.
Tais estratégias, que podem parecer básicas a qualquer estudante de marketing, foram revolucionárias para a época. Com o tempo a empresa alcançou um novo patamar, aproveitando-se da lei seca norte americana. Como o consumo de álcool havia sido proibido, a Coca-Cola ganhou um lugar especial nas casas e restaurantes de todo o país.
A Busca de Oportunidade e Iniciativa
Refletindo sobre isso, podemos enxergar mais uma característica essencial de um grande empreendedor: a capacidade de adaptar-se aos cenários que a vida apresenta. Além de gerar a demanda e criar as bases para seu produto ser conhecido, ao enxergar o vácuo criado pela retirada de circulação de bebidas alcoólicas, Candler enxergou a oportunidade que foi cultivada por décadas em sua forma de fazer propaganda e tornar a Coca-Cola conhecida.
Ainda hoje, após tornar-se uma das dez maiores multinacionais do mundo, a Coca-Cola mantém seu marketing na vanguarda das campanhas de publicidade. Ela se tornou muito mais do que um simples refrigerante, sendo uma marca indelével do capital e de um estilo de vida consumido por bilhões de pessoas.
A visão de Candler, por fim, se concretizou. A patente comprada por 2.300 dólares hoje vale em torno de US$ 200 bilhões. Nos mais de 128 anos de existência a empresa já viveu altos e baixos, o que é natural dentro de qualquer negócio que está sujeito às mudanças do mundo. Apesar das crises, o status de uma bebida refrescante e que cai bem em qualquer situação nunca foi abalado. Assim, a propaganda foi, e ainda é, a alma deste negócio.
Bom trabalho e grande abraço.
Prof. Adm. Rafael José Pôncio
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