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sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Gabrielle “Coco” Chanel, a maior empreendedora da moda


Uma das principais características de um empreendedor é a inovação. Conseguir colocar uma nova perspectiva no mundo, seja em qual segmento for, certamente lhe colocará no seleto grupo de pessoas que marcaram a história. Falamos isso porque o ser humano busca, quase instintivamente, acomodar-se quando o meio ao seu redor é seguro e confortável, assim, tende-se a fazer pouco esforço - para não dizer quase nenhum - para mudar o status quo de uma sociedade. Por isso poucos são os que mudam a história, mas muitos os que a confirmam.


Frente a isso, quando falamos do mundo da moda, poucos nomes conseguem ser tão brilhantes quanto o de Coco Chanel, talvez a maior empreendedora da história da moda. Sua história está repleta de superação e inovação, o que por si só já garantiria em sua trajetória o status de “empreendedora”, porém, Gabrielle "Coco" Chanel, conseguiu ir muito além e por isso é, sem dúvida, uma das pessoas mais marcantes da história do empreendedorismo.


Os primeiros anos da humilde Gabrielle Chanel 


Os primeiros anos da vida de Coco Chanel não foram fáceis, e para contar sua história precisamos voltar para a França do final do século XIX. Nascida em 1883, Gabrielle Bonheur Chanel viveu sua infância em Saumur, uma pequena cidade francesa. Ela era a segunda filha de Jeanne Devolle, uma lavadeira, e Albert Chanel, um vendedor ambulante. A condição financeira da família Chanel nunca foi boa, visto o pouco recurso que seus pais geravam e isso marcou a infância de Gabrielle. Devido à profissão do seu pai, a criação dos filhos ficou sob responsabilidade de Jeanne, mas o impulso para o empreendedorismo e o comércio é possível que tenha vindo a partir da inspiração do seu pai. 


Ainda assim, a história da família Chanel torna-se mais trágica do que os problemas financeiros que enfrentavam. Com apenas 12 anos Gabrielle perde sua mãe, que era o eixo fundamental da família, e seu pai, sem condição de criar os filhos devido o seu trabalho e o pouco dinheiro que ganhava,decide por deixar suas filhas em um orfanato para serem criadas como órfãos. Não resta dúvida que esses eventos marcaram profundamente a vida de Chanel, que desde cedo precisou aprender a “vencer” na vida por uma questão de pura sobrevivência e de ajudar suas irmãs. 


Conta-se que foi dentro do orfanato que Chanel começou a se interessar pelo mundo da moda. Em sua biografia fala-se que o vestuário das freiras, muito simples e prático para as suas funções, chamava atenção da jovem e que buscaria, no futuro, aplicar os mesmos conceitos para as peças que em sua imaginação já eram uma realidade. 


Ao completar 18 anos, Coco Chanel tornou-se uma adulta e já não poderia continuar no orfanato. Deixou a instituição e começou a trabalhar como costureira em uma loja de chapéus. Esse foi o começo de sua carreira na moda que, como a grande maioria dos empreendedores, passam alguns anos vivendo como empregados até tornarem-se o que realmente são. Engana-se, porém, quem acha que a inserção no mundo do trabalho desta maneira foi negativa para a grande empreendedora da moda. Entender o processo de fabricação desde sua base foi fundamental para Chanel compreender as nuances que envolvem o mundo da moda e como se constitui a dinâmica de uma empresa desse segmento. 


Ao costurar chapéus, Coco demonstrou um talento natural para o design, pois suas criações versavam pela simplicidade e elegância, elementos novos para a moda do início do século XX. Sua capacidade em combinar simplicidade com sofisticação geravam beleza não passou despercebido nas vitrines. De modo relativamente “rápido”, em torno de 9 anos, (devemos lembrar que estamos falando do mundo há um século), a jovem estilista ganhou experiência e começou a sonhar com voos maiores, chegando até a capital francesa. Paris era - e ainda é - o epicentro do mundo da moda e por estar inserida no “olho do furacção”, Chanel passou a viver sob a influência do que havia de mais moderno para a sua época. Assim, quase que de modo natural, Coco quis estar na vanguarda de sua geração e, como um “passe de mágica”, a jovem começou a ganhar notoriedade como designer de moda. 


Percebendo o sucesso dos seus projetos de moda, Coco Chanel começou a trilhar a carreira pensando em lançar sua própria loja e construir um novo conceito, voltado para o novo tempo que começava a surgir. Assim, a jovem humilde e sonhadora dava os primeiros passos para tornar palpável os modelos que existiam apenas em sua mente. 


Coco Chanel e a revolução na moda 


Em 1910 Coco Chanel abriu sua primeira loja. Nesse momento a empreendedora tinha 27 anos e há quase uma década estava inserida no mundo do trabalho. Não por acaso, sua primeira loja tinha como produto principal o chapéu, pois sua experiência de moda até então abarcava praticamente essa única peça. Porém, para ser uma empreendedora de sucesso é preciso mais do que uma boa ideia. Um dos pontos de acerto no primeiro empreendimento de Coco Chanel foi a escolha da localização da loja. A Rue Cambon, onde estava a loja, era uma das áreas mais elegantes da cidade, no coração da cena da moda parisiense. Estar posicionada nessa rua prestigiada garantiu à loja de Chanel uma visibilidade imediata e atraiu uma clientela influente. 


Vale lembrar que Coco Chanel viveu o período de transição entre a Belle époque francesa e o modernismo, o que certamente a influenciou ao longo da sua carreira. O estilo luxuoso da Belle époque, sinal de riqueza e dos “bons tempos” era extremamente chamativo, o que contrasta fortemente com a busca pela simplicidade nos modelos de Chanel. Se por um lado a moda da época buscava um estilo voltado para a aparência e que tornava pouco prática a vida das mulheres, Chanel revolucionou seu tempo ao construir peças cada vez mais simples e funcionais. 


Se tornando um contraponto da Belle époque do século XIX, Chanel foi uma das primeiras a abrir as portas da vanguarda modernista e por isso que a inovação é, sem dúvida, uma das suas principais características. Desse modo, Chanel construiu não somente uma estética nova, voltada para os anseios e mentalidade de um novo tempo,

mas ao mesmo tempo fez com que sua marca fosse sinônimo do novo, do criativo e, em última instância, do mais moderno que a moda poderia produzir. 


Esses adjetivos não são à toa, pois a Chanel, tanto como marca como a empreendedora, nunca pararam no tempo. Mostrando uma habilidade singular para os negócios, Coco Chanel nunca deixou de inovar, pois sabia que a moda precisava acompanhar o tempo. Assim, em um mundo de guerras e com mudanças tão drásticas no estilo de vida, era preciso manter-se sempre na “crista da onda”, sendo o motor da moda, controlando seus rumos. 


Para isso era preciso estar sempre criando peças novas e, principalmente, entrando em novos segmentos. Se a primeira loja de Coco Chanel estava limitada aos chapéus, podemos perceber que nos dias atuais a marca abrange praticamente todos os itens de luxo que a moda alcança. Essa evolução ocorreu ao longo de décadas, com uma visão estratégica e que buscava levar as qualidades da marca para a peça. Assim, Chanel não virou somente um item dentro de um grande vestuário, mas sim o próprio vestuário completo e chegando até produtos de casa. 


Esse processo, porém, não foi rápido, visto o contexto de guerras mundiais, tanto no começo de sua carreira com a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), quanto na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945). Sobre este segundo momento, a invasão da Alemanha nazista na francesa fez com que Chanel fechasse sua Maison. Apesar do prejuízo financeiro, alega-se que a empreendedora parou sua produção como um protesto pela guerra. Há ainda quem afirme que Coco Chanel manteve relações estreitas com oficiais alemães, porém há informações limitadas sobre esse aspecto. O fato é que até 1960 sabe-se que muitos difamadores tentam associá-la ao nazismo como uma colaboradora do regime na França. 


Apesar da polêmica infundada, Chanel conseguiu mostrar que seus produtos já superaram sua criadora e por isso continuaram a vender mesmo com os constantes ataques à empreendedora. Sabemos que nessas circunstâncias não é fácil manter os negócios, principalmente quando a propaganda negativa afeta diretamente os ânimos dos consumidores, porém essa é uma prova incontestável do valor dos produtos Chanel, visto que a empresa continuou a crescer mesmo nesses períodos de crise.


O legado de Coco Chanel


Como todos os grandes empreendedores, Coco Chanel tornou-se “pequena” perto de sua obra, pois a marca ganhou proporções globais. Sem dúvida essa é uma das maiores realizações de um empreendedor: ver suas ideias ganhando o mundo, tocando pessoas das mais variadas culturas e sentir que, de certo modo, está em todos os lugares do mundo.


Durante os anos 1960 e 1970 a marca Chanel expandiu seus horizontes. Além das inovações que já apontamos, grande parte do esforço de Coco Chanel foi o de retomar atividades de alta costura, negócio que foi afetado fortemente pelos anos de guerra. Aqui encontramos outro aspecto em que muitos empreendedores convergem: o do trabalho incansável. Coco Chanel já estava com seus 80 anos e ainda assim dedicava-se ao trabalho. Sua direção na Maison Chanel seguiu até o seu falecimento, em 1971, aos 87 anos. Como podemos pensar em descansar quando observamos exemplos como este? Só podemos entender a ânsia pelo trabalho se considerarmos que um verdadeiro empreendedor tem em seu modus operandi a incansável busca pela inovação.


Todo esforço não é em vão. O sucesso não é obra do acaso, muito menos uma conjunção matemática de fatores, mas sim o fruto do espírito empreendedor sobre as circunstâncias. A menina que sonhava com a moda em um orfanato conseguiu fazer com que o mundo vestisse aquilo que outrora apenas existia em sua mente. Esse exemplo de superação, vontade e realização de sonhos é, acima de qualquer dado ou estatística, o verdadeiro legado humano que Coco Chanel deixou para a humanidade. Que possamos, portanto, nos inspirar com sua história de vida para que cheguemos a alçar voos tão grandiosos quanto os que essa grande empreendedora alcançou. 


Bom trabalho e grande abraço!


Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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Método Kaizen: uma filosofia prática que melhora a competitividade



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Levi Strauss, o empreendedor do jeans

Entrar para a história não é uma tarefa simples. A grande maioria das pessoas, infelizmente, será esquecida após duas ou três gerações. Outras, entretanto, superaram o tempo e jamais serão esquecidas, pois marcaram o tempo em que viveram e, de forma direta ou indireta, ainda participam de nossa vida. Visto isso, talvez seja até difícil para nós que vivemos em um tempo “líquido”, que praticamente nada consegue manter-se fiel às mudanças e a velocidade em que estas ocorrem, imaginar como é o gosto da eternidade. 
Hoje conheceremos a trajetória de um empreendedor que conseguiu essa façanha, pois mesmo que já não esteja fisicamente entre nós, seu legado ecoa pelo mundo há séculos. Nascido no horizonte do século XIX, em uma pequena vila na Baviera, Alemanha, esse empreendedor teve seu destino entrelaçado com a história e a moda de uma nação. Estamos falando de Levi Strauss, um nome que ressoa através do tempo e que emergiu como um empreendedor visionário, cuja jornada nos levou das estradas poeirentas da Califórnia até os corações de milhões de pessoas em todo o mundo. Sua vida é um exemplo de como um empreendedor de visão, inovação e resiliência é capaz de fazer grandes mudanças no mundo. Vamos conhecer um pouco mais sobre sua história? 

Os primeiros anos  de Levi Strauss

Levi Strauss nasceu em 26 de fevereiro de 1829, em Buttenheim, uma pacífica vila na Baviera, Alemanha. Para entendermos a dimensão do local em que Lei Strauss nasceu basta observarmos os dados populacionais de Butternheim hoje. Essa pequena cidade tem atualmente pouco mais de 3 mil habitantes, o que demonstra sua simplicidade frente às demais metrópoles alemães. Agora imaginem como essa vila era há quase dois séculos. Seria improvável que em um ambiente com tão poucas pessoas, fomentando uma vida simples e camponesa, surgisse um dos maiores empreendedores do ramo de moda do mundo. Porém, mesmo cultivando o estilo de vida simples de uma cidade pequena, Levi Strauss desde cedo buscaria novos rumos para si. 
Levi Strauss veio ao mundo em uma família de origem judaica, filho de Hirsch Strauss e Rebecca Haas Strauss. Levi era o quarto de seis irmãos, e sua infância foi moldada pelas tradições e valores de sua família. Desde cedo, entretanto, o jovem Strauss demonstrou uma curiosidade inquieta e um desejo de explorar horizontes além das fronteiras da vila onde nasceu. Curioso para conhecer o mundo e enxergar novas possibilidades, a vida que levou ao longo dos seus primeiros 18 anos era sufocante, apesar de ter lhe garantido uma sólida educação de valores. Ainda assim, no quesito sobre sua educação formal - que hoje chamamos de “escolar” - mostra-se que foi pouco desenvolvida. Numa condição limitada, Strauss aprendeu muito mais na prática diária do que com os livros. 
Mesmo com poucos recursos nesse sentido, Levi Strauss sempre demonstrou uma grande capacidade investigativa e uma curiosidade que é própria de uma pessoa que deseja expandir seus horizontes. Sua mente ávida para aprender foi guiada pelo espírito empreendedor que eventualmente o levaria a conquistar o oeste selvagem dos Estados Unidos. 
Aos 18 anos, em 1847, Levi tomou a decisão que mudaria o curso de sua vida para sempre: Ele deixou a Alemanha e embarcou em uma jornada audaciosa em direção à América, a terra das oportunidades e dos sonhos. Com a bagagem repleta de esperança e determinação, ele desembarcou no porto de Nova York, um lugar repleto de promessas, mas também de desafios. Motivado pelo desenvolvimento econômico dos Estados Unidos, a esperança de Levi Strauss era reinventar-se no Novo Mundo. Vale lembrar que a escolha pelos Estados Unidos não era por acaso, pois desde o início do século XIX o crescimento econômico, fruto do investimento na área industrial e a busca por novos territórios, o que se mostrava como uma terra de novas oportunidades. 
Além da famosa corrida pelo ouro, que influenciou diretamente na vida de Strauss, outros aspectos da vida na América apontavam este país como o celeiro de oportunidades que já não era visto na Europa. Assim, o pequeno camponês da Baviera lançou-se em sua aventura em busca de encontrar o seu lugar ao sol. Logo após sua chegada, Levi começou a trabalhar como comerciante de produtos secos, uma profissão que, embora modesta, lhe proporcionou um valioso aprendizado sobre o comércio e os costumes americanos. Nesse momento o jovem pôde aperfeiçoar seu idioma, entender a cultura local e, ao mesmo tempo, perceber as oportunidades e inovações que surgiam na América. Movido por sua ambição e desejo de conhecer o mundo, Levi partiu para a Califórnia e assim começou sua própria corrida em direção ao sucesso.
Na década de 1850 a Corrida do Ouro na Califórnia estava em pleno andamento, atraindo aventureiros de todos os cantos do mundo em busca de riqueza nas encostas das montanhas e rios repletos de pepitas de ouro. Foi então que Levi, em 1853, guiado por seu espírito empreendedor e pelo desejo de uma vida melhor, embarcou na jornada oeste, onde novas oportunidades o aguardavam. Sua chegada à cidade de San Francisco marcou o início de uma nova era em sua vida, pois tudo que conhecia até então começaria a mudar. Ao lado de pessoas que também ambicionavam o sucesso, Levi Strauss estava prestes a se tornar um dos pioneiros da indústria de vestuário nos Estados Unidos, e sua visão empreendedora o conduziria a uma criação que transcenderia gerações: os lendários jeans Levi 's. 

A Invenção dos Jeans: o grande empreendimento de Strauss

Após vinte anos na Califórnia, Levi Strauss viu a oportunidade de ouro à sua frente. Nesse momento da vida o imigrante alemão já tinha conseguido um relativo sucesso em seu comércio de produtos secos, porém isso não se comparava aos desejos que Strauss almejava. Assim, essa “virada na vida” aconteceu quando o comerciante se associou a Jacob Davis, um alfaiate local, em 1872. Jacob havia desenvolvido uma técnica de reforço de roupas com rebites de metal nas áreas de maior desgaste, como os bolsos e a parte da frente das calças. Ele viu o potencial dessa técnica para criar calças duráveis, ideais para os trabalhadores das minas da Califórnia, que necessitavam de roupas resistentes para suportar as condições adversas e as atividades árduas. 
Juntos, eles desenvolveram um novo tipo de calça resistente, projetada para os mineradores da região, que estavam em busca de ouro. Essas calças eram feitas de lona de algodão pesada e tinham rebites de metal nas áreas de maior desgaste, tornando-as incrivelmente duráveis. A lona de algodão era fornecida por Levi Strauss através do seu comércio, enquanto o acréscimo dos rebites era feito por Jacob, que tinha a técnica de costura. 
O sucesso do Jeans de Levi Strauss fica claro quando colocamos sua invenção dentro do contexto em que foi produzida. Como sabemos, trabalhos pesados e que lidam com materiais duros e pesados, como metais e rochas, por exemplo, tendem a rasgar e desgastar-se muito mais rápido que uma roupa social. Desse modo, roupas comuns de algodão duravam muito pouco, o que acarretava em um grande custo para os trabalhadores e seus patrões que, de modo geral, eram quem pagavam pelas vestimentas. Ao desenvolver um produto mais resistente, além de ajudar na manutenção do vestuário dos trabalhadores, Levi e Jacob também conseguiram reduzir o custo dos empresários. 
Assim, o produto inovador de Levi e Jacob teve, desde o seu início, uma adesão massiva do público. Não apenas dos mineradores, mas outras profissões que também lidavam com o desgaste de roupas como agricultores e pedreiros, por exemplo, adotaram rapidamente a nova moda do jeans. Assim surgia o jeans. 

O Sucesso da Levi Strauss & Co 

O primeiro par de calças jeans Levi's foi patenteado em 20 de maio de 1873. Essa patente marcou o nascimento oficial dos jeans Levi's, que eram originalmente chamados de "calças de lona de Nimes" e, mais tarde, simplificados para "jeans". O nome "Levi's" veio mais tarde, quando a marca ganhou reconhecimento e fama. A empresa já nasceu com uma forte adesão do público, o que explica o sucesso imediato, porém, podemos entender que esse sucesso só ocorreu porque Levi Strauss e Jacob Davis observaram uma necessidade de sua época e atuaram sobre ela. Desse modo, solucionando um dilema que afetava tanto empregados como empregadores, o jeans se tornou uma febre nos Estados Unidos e não levaria tanto tempo até ganhar o mundo. 
Frente a isso, a Levi Strauss & Co. rapidamente ganhou reputação por fabricar jeans de alta qualidade, e a marca Levi's tornou-se sinônimo de jeans. A empresa expandiu-se ao longo dos anos e continuou a inovar em termos de design e materiais. Sendo a inventora e por muito tempo a líder nesse tipo de fabricação, o jeans tornou-se um padrão global e hoje é produzido em praticamente todo o mundo. 
Observando de maneira mais objetiva, podemos dizer que o grande diferencial do empreendimento de Levi Strauss foi a inovação, mas apenas esse ponto não poderia sustentar uma empresa centenária. O sucesso de Levi Strauss se deu em grande parte por conseguir expandir sua empresa e tornar sua marca global à medida que o jeans ganhava mais território no mundo da moda. 

Filantropia e Legado 

Levi Strauss não foi apenas um empresário de sucesso, mas também um filantropo generoso. Ao longo de sua vida empresarial, o empreendedor ajudou diversas instituições dos mais diferentes tipos. Entendendo que a riqueza deveria sempre ser compartilhada, grande parte dos seus lucros foi destinada para instituições educacionais, de saúde e caridade de uma maneira geral. Esse traço em sua vida foi tão marcante que a Levi’s Strauss Co. continuou a exercer a filantropia mesmo após a sua morte, em 1902, mostrando assim o valor que este homem tinha na ajuda pelo próximo. 
Vale ressaltar que um dos seus gestos filantrópicos foi o de ajudar instituições voltadas para a causa imigrante, afinal, ele sabia que começar a vida em um novo país não é fácil. Assim, podemos notar que sua ambição não estava apenas em ganhar dinheiro e mudar a sua vida, mas também a de ser capaz de expandir essa transformação para o máximo de pessoas. Seu exemplo é essencial para entendermos a verdadeira função social de um empreendedor: a de mudar a vida de todos ao seu redor, seja através dos seus produtos, serviços ou mesmo financiando uma causa. 
Não por acaso, Levi Strauss é lembrado como um dos empreendedores mais influentes da história, responsável por criar uma das marcas de moda mais reconhecidas e amadas em todo o mundo. Sua inovação na indústria de roupas mudou para sempre o cenário da moda e deixou um legado duradouro que perdura até hoje. 
A história de Levi Strauss é, por fim, uma lição de que, com visão, trabalho árduo e um toque de inovação, é possível deixar um impacto na história. Sua jornada é uma inspiração para todos nós, pois nos faz lembrar que os sonhos podem se tornar realidade quando seguimos nossas ambições e abraçamos as oportunidades que a vida nos apresenta. Levi Strauss, portanto, segue vivo em nossos armários, corações e mentes.
Bom trabalho e grande abraço.
Prof. Adm. Rafael José Pôncio

        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Frederic Tudor e uma nova Era do Gelo


Frederic Tudor foi um norte-americano que nasceu para mudar a história do gelo. Isso mesmo, gelo. Nascido em 1783 em Massachusetts, tornou-se dono de uma companhia internacional de comércio de gelo, fazendo rotas para o Caribe, Europa, Índia e até mesmo Hong Kong. Não só isso, mas inventou um mercado que até então era inexistente, mas que hoje não conseguiríamos imaginar a rede de alimentos e bebidas sem ele. Tudor com sua inovação e visão de negócio, faz jus ao nome de empreendedor.

O que aparentemente começou como uma brincadeira com seu irmão, ainda crianças, num lago congelado, se tornou uma ideia de negócio. Com apenas 23 anos, o jovem dá início à sua primeira tentativa de comercializar, mandando gelo para Martinica, região caribenha nas Antilhas. Logo começaram suas primeiras adversidades quando 50% da carga derreteu e o levou a um prejuízo, na época, em torno de U$5.000. Algumas fontes inclusive relatam que Frederic chegou a ser preso por não conseguir pagar sua dívida.

Mas como sempre vemos na história dos grandes empreendedores, os desafios os fortalecem. Alguns anos depois, Tudor deu a volta por cima, ao melhor, deu a volta ao mundo, e conseguiu levar seu comércio para Cuba e Índia, ganhando assim o nome de “Rei do Gelo”.

Tudor faleceu aos 80 anos, em 1864, deixando uma fortuna para sua família e seu nome para a história do empreendedorismo. Se hoje você vai a um restaurante e pede água, suco ou refrigerante num copo com gelo, você deve um agradecimento a este jovem sonhador norte-americano do século XVIII.

Como tudo começou para Frederic Tudor

Tudor nasceu no dia 4 de setembro de 1783, sendo o terceiro filho do casal William e Delia Tudor. Um fato curioso sobre sua vida é que o jovem possuía todas as condições para uma educação completa, mas abriu mão, se dedicando a trabalhar desde os 13 anos. Algumas versões relatam que a família estava num piquenique, outras que Tudor e seu irmão brincavam, quando seu irmão falou que queria vender gelo para as Índias e enriquecer com isto. Tudor levou a brincadeira a sério e decidiu montar o negócio.


Outras versões afirmam que Tudor teve a ideia a partir de uma viagem para o Caribe. De uma forma ou de outra, sabemos que ele fez sua primeira tentativa em 1806, removendo gelo de um lago congelado da propriedade da família em Nova Inglaterra em direção à ilha francesa Martinica. O empreendimento começou como um fracasso total.


Há também divergências nas fontes com relação a este ‘fracasso’. Parte afirma que metade do gelo derreteu no percurso, e outra parte afirma que ao chegar no local, não houve interesse de compra, deixando-o num débito que levou alguns anos para se recompor. Não estaríamos falando de empreendedorismo se não falássemos também sobre desafios, erros e acertos. Quanto mais genialidade, maior o problema a ser resolvido. E neste caso não foi diferente, Frederic estava iniciando um produto que até então não existia, nem o seu consumo nem sua comercialização. E hoje, apenas 2 séculos depois, é até difícil considerar uma época em que o gelo não era servido nas bebidas ou usado para resfriar produtos.


Quando o cenário mudou para Tudor


Apesar do início com várias adversidades, Frederic Tudor apresentava uma das grandes virtudes de um empreendedor: a criatividade. Imagine que você tem a ideia de vender um produto que o custo de sua produção é ZERO. Isso mesmo… ele simplesmente coletava blocos de gelo produzidos no inverno norte-americano. Há o custo da mão de obra para cortar o gelo, mas assim vemos uma grande margem para lucro não é mesmo?


Tudor seguiu com suas tentativas e erros no processo de envio até 1815, ainda com algumas dívidas e sem margem de lucro. Mas isso não foi motivo para desistência, afinal um verdadeiro empreendedor e líder sempre demonstra perseverança em seus investimentos e criações. Ele decide criar ‘casas’ para receber o gelo, icehouses, na tentativa de melhorar o fluxo da mercadoria, com a primeira delas em Cuba. Até mesmo faz o serviço de levar frutas de Cuba para Nova York, porém também mal sucedidas.


Seu sucesso ocorreu em torno de 1825 e em 1833 o Rei do gelo fazia negócios com a Índia. Nos 20 anos que vieram depois, Calcutá tornou-se o destino mais lucrativo para Tudor, que construiu suas casas de gelo também em Madras e Bombai. Em 1840, o gelo era enviado para diversas áreas do mundo e em 1845 uma casa de gelo foi aberta em Hong Kong.


Novas possibilidades para Tudor


Foi através de suas experiências que Frederic abriu os caminhos para uma série de máquinas de refrigeração que usufruímos tanto nos dias de hoje. A criação da máquina de gelo, ar-condicionado e geladeira foram todas influenciadas pelo Rei do gelo. 


Um bom empreendedor não deve ser medido apenas pelo seu lucro ou preço de mercado, mas também pelas possibilidades que gera a partir de seu trabalho, e claro, pelas pegadas que deixa na sociedade. É por este motivo que podemos considerar Frederic Tudor como um empreendedor que mudou a história. 


Tudor fez uma fortuna a partir do comércio de gelo antes de existir qualquer tipo de sistema de refrigeração no mundo. Ele contratou inventores para produzir polias e guinchos mais eficazes para a coleta do gelo e fez negócio com o mundo tropical. O jovem audacioso e sonhador casou-se com Euphemia Fenno, teve dois filhos e faleceu aos 80 anos em sua casa, em fevereiro de 1864. 


Devemos aprender através de sua trajetória a não desanimar diante das adversidades. Ser um verdadeiro empreendedor envolve confiança na sua visão, persistência e vontade de aperfeiçoar. Tudor não descansou enquanto não tornou o processo de obtenção e comercialização do gelo mais eficaz, não desistiu durante os diversos prejuízos e sempre se esforçou. Aprendemos aqui mais um caso de que a boa vontade e trabalho árduo são duas ferramentas que potencializam o ser humano a alcançar seus sonhos. 


Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio




        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Larry Ellison, o gigante da internet

Larry Ellison é um norte-americano, empresário e diretor da Oracle Corporation. Hoje, com 78 anos, é considerado pela Forbes um dos homens mais ricos do mundo, ao lado de grandes nomes como Bill Gates e Ellon Musk. Sua trajetória começou com estudos e seguiu com inovação e empreendedorismo, história similar a de Steve Jobs. 

Atualmente, a Oracle Corporation é uma multinacional de tecnologia e informática, sendo considerada como uma das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Especializada em desenvolvimento, comercialização de hardware, software e banco de dados, num mundo onde esse tipo de informação é mais valioso do que ouro, literalmente, a empresa de Larry só tende a crescer, mas não foi sempre assim. 

Durante seus inícios, a Oracle passou por sérias adversidades, chegando próximo à falência. Demorou em torno de 2 anos para que pudessem se reerguer e retomar os negócios. Como Larry conseguiu ter essa visão sobre internet e tecnologia nos anos 60 e 70 e projetar este crescimento até os dias de hoje é o que vamos aprender no texto hoje. 

Como tudo começou para Larry Ellison - o gigante da internet

Seu nome é Lawrence Joseph Ellison e nasceu em Nova York em 17 de agosto de 1944. Filho de uma mãe muito jovem e inexperiente, aos 9 meses de idade devido a uma grave pneumonia, passou a morar com seus tios em Chicago. Estudou em Illinois e finalizou o ensino médio com destaque nas matérias de matemática e ciências, demonstrando aptidão nas áreas básicas da informática. 

Larry chegou a cursar universidade em dois momentos diferentes, mas desistiu de ambos. Apesar da desistência, o jovem aprendeu sobre informática o suficiente para conseguir trabalhar na área, apesar de ficar trocando de empregos. Nos anos 70, começou a trabalhar na Amdahl Corporation e meses depois na Ampex Corporation, que foi quando tudo mudou. 

Na Ampex, Larry desenvolveu um banco de dados para nada menos do que a CIA, o qual chamou de Oracle e foi aí que seu sonho começou a se tornar realidade. Em 1977, ele se juntou com Robert Miner, que era seu supervisor na Ampex, e tornaram-se sócios. Juntos fundaram a empresa Software Development Labs que constava com uma base de dados compatível com centrais de computadores e diversos terminais em simultâneo. Grande diferencial na época, levando-os a ter clientes como a força aérea norte-americana e a CIA. Neste momento, eles mudam o nome da empresa para Oracle.

O caminho do sucesso de Larry Ellison 

Como bem sabemos ao estudar a vida dos grandes empreendedores, nunca o caminho é só de flores. Sempre há momentos de adversidades, falência e prejuízos até que seus investimentos alcancem o sucesso. E podemos dizer o mesmo de Larry Ellison. Um grande empreendedor não é alguém que se tornou rico, não é alguém que acumulou uma fortuna ou tornou-se famoso. 

Um empreendedor de verdade é aquele que nos apresenta uma capacidade de pensar fora da caixa, de enxergar uma necessidade até então desconhecida pelos demais. Ele tem um potencial diferenciador. E com esta visão, ele gera um negócio, um produto, uma ação, que o torna famoso ou rico, etc. 

Após o surgimento da Oracle, tudo ia de vento em popa. Durante sete anos a empresa duplicou suas vendas e entrou para a bolsa de valores.Porém, também teve seu momento de crise, nos anos 90, chegando muito próximo da falência. Como um bom visionário, Larry usou da adversidade para se reestruturar e sair mais forte dela: substituiu diversos funcionários mais jovens por alguns mais experientes, criaram um novo sistema de base de dados e voltaram ao sucesso. 

A Oracle chega nos anos 2000, auge da internet, com todo seu poder. Aumentando a cartela de clientes e seu capital, em 2009 adquire a empresa Sun Microsystems, que fabrica computadores e softwares, e isso era só o começo de sua expansão. A Oracle chegou a ser líder mundial do mercado de software de gestão de informação e em segundo lugar na lista de empresas independentes de software. 

Em 2014, Elisson com os seus 70 anos abre mão do seu cargo de CEO, embora ainda atue como diretor. Mas não se engane, apesar da idade, Larry não pretendia se aposentar. Os que o conhecem referem-se a ele como ‘incansável’ devido a sua rotina de exercícios físicos diários Fã da prática de esportes, ele faz iatismo, tênis e tem até licença para pilotar aviões! Esta é outra certeza que podemos aprender com os empreendedores, não há espaço para preguiça. Não há desejo em querer parar, se aposentar ou descansar. Há quem diga que o que mais motiva Larry é a possibilidade de ‘brigar’ com os gigantes tais como Google e Amazon.

Alguns números… 

Pela estimativa de alguns estudiosos, quando a Oracle foi criada, o investimento inicial foi de 2 mil dólares. Quando a Oracle fez a compra da Sun Microsystems, a transação saiu em torno de 7,4 bilhões de dólares. 

Em 2016 Larry Ellison foi eleito pela revista Forbes como a quinta pessoa mais rica do planeta, com uma renda estimada em 50 bilhões de dólares. Em 2020 a Oracle foi relacionada pelo Great Place to Work Institute na lista das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Em 2018 o faturamento anual da Oracle foi de 39,8 bilhões de dólares. 

Em 2020 a empresa contava com 135 mil funcionários espalhados pelo mundo. Em 2022, com um patrimônio de US$ 101 bilhões Larry se posicionou em quarto lugar na lista da Forbes dos 400 americanos mais ricos. E neste ano de 2023, ele continua no ranking dos 5 mais ricos com estimativa de U$107 bilhões. 

Atualmente, a Oracle conta com 138 mil funcionários em todo o mundo e uma receita anual de US$ 40 bilhões. 

Estes altos números, além de nos impressionar, também servem de símbolo. Símbolo de inspiração. Larry hoje pode ser um homem inacessível para a maioria de nós, mas podemos ver através de sua trajetória que ele chegou até esse ponto graças a sua perseverança, busca pelo aperfeiçoamento e reconhecimento do trabalho. Imagine se ele tivesse se contentado com o software criado, imagine se ele não tivesse adquirido a Sun em 2009? O verdadeiro empreendedor se alimenta de movimento, trabalho e crescimento. Não só crescimento financeiro, mas interno também, ele cresce como pessoa à medida que vive as experiências profissionais. 

Larry fez diversas doações de milhões de dólares para pesquisas contra câncer e instituições carentes, demonstrando um lado humano e empático dentro dele. Se você busca ser um empreendedor, não se inspire apenas na riqueza destes personagens, se inspire em suas virtudes. Os dólares, a bolsa, o mercado, tudo isso pode mudar da noite para o dia, mas as virtudes não. Um ser humano com valores morais consegue enfrentar qualquer desafio que encontrar e sair ainda mais forte para trilhar seu caminho de sucesso.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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