terça-feira, 10 de outubro de 2023

Frederic Tudor e uma nova Era do Gelo


Frederic Tudor foi um norte-americano que nasceu para mudar a história do gelo. Isso mesmo, gelo. Nascido em 1783 em Massachusetts, tornou-se dono de uma companhia internacional de comércio de gelo, fazendo rotas para o Caribe, Europa, Índia e até mesmo Hong Kong. Não só isso, mas inventou um mercado que até então era inexistente, mas que hoje não conseguiríamos imaginar a rede de alimentos e bebidas sem ele. Tudor com sua inovação e visão de negócio, faz jus ao nome de empreendedor.

O que aparentemente começou como uma brincadeira com seu irmão, ainda crianças, num lago congelado, se tornou uma ideia de negócio. Com apenas 23 anos, o jovem dá início à sua primeira tentativa de comercializar, mandando gelo para Martinica, região caribenha nas Antilhas. Logo começaram suas primeiras adversidades quando 50% da carga derreteu e o levou a um prejuízo, na época, em torno de U$5.000. Algumas fontes inclusive relatam que Frederic chegou a ser preso por não conseguir pagar sua dívida.

Mas como sempre vemos na história dos grandes empreendedores, os desafios os fortalecem. Alguns anos depois, Tudor deu a volta por cima, ao melhor, deu a volta ao mundo, e conseguiu levar seu comércio para Cuba e Índia, ganhando assim o nome de “Rei do Gelo”.

Tudor faleceu aos 80 anos, em 1864, deixando uma fortuna para sua família e seu nome para a história do empreendedorismo. Se hoje você vai a um restaurante e pede água, suco ou refrigerante num copo com gelo, você deve um agradecimento a este jovem sonhador norte-americano do século XVIII.

Como tudo começou para Frederic Tudor

Tudor nasceu no dia 4 de setembro de 1783, sendo o terceiro filho do casal William e Delia Tudor. Um fato curioso sobre sua vida é que o jovem possuía todas as condições para uma educação completa, mas abriu mão, se dedicando a trabalhar desde os 13 anos. Algumas versões relatam que a família estava num piquenique, outras que Tudor e seu irmão brincavam, quando seu irmão falou que queria vender gelo para as Índias e enriquecer com isto. Tudor levou a brincadeira a sério e decidiu montar o negócio.


Outras versões afirmam que Tudor teve a ideia a partir de uma viagem para o Caribe. De uma forma ou de outra, sabemos que ele fez sua primeira tentativa em 1806, removendo gelo de um lago congelado da propriedade da família em Nova Inglaterra em direção à ilha francesa Martinica. O empreendimento começou como um fracasso total.


Há também divergências nas fontes com relação a este ‘fracasso’. Parte afirma que metade do gelo derreteu no percurso, e outra parte afirma que ao chegar no local, não houve interesse de compra, deixando-o num débito que levou alguns anos para se recompor. Não estaríamos falando de empreendedorismo se não falássemos também sobre desafios, erros e acertos. Quanto mais genialidade, maior o problema a ser resolvido. E neste caso não foi diferente, Frederic estava iniciando um produto que até então não existia, nem o seu consumo nem sua comercialização. E hoje, apenas 2 séculos depois, é até difícil considerar uma época em que o gelo não era servido nas bebidas ou usado para resfriar produtos.


Quando o cenário mudou para Tudor


Apesar do início com várias adversidades, Frederic Tudor apresentava uma das grandes virtudes de um empreendedor: a criatividade. Imagine que você tem a ideia de vender um produto que o custo de sua produção é ZERO. Isso mesmo… ele simplesmente coletava blocos de gelo produzidos no inverno norte-americano. Há o custo da mão de obra para cortar o gelo, mas assim vemos uma grande margem para lucro não é mesmo?


Tudor seguiu com suas tentativas e erros no processo de envio até 1815, ainda com algumas dívidas e sem margem de lucro. Mas isso não foi motivo para desistência, afinal um verdadeiro empreendedor e líder sempre demonstra perseverança em seus investimentos e criações. Ele decide criar ‘casas’ para receber o gelo, icehouses, na tentativa de melhorar o fluxo da mercadoria, com a primeira delas em Cuba. Até mesmo faz o serviço de levar frutas de Cuba para Nova York, porém também mal sucedidas.


Seu sucesso ocorreu em torno de 1825 e em 1833 o Rei do gelo fazia negócios com a Índia. Nos 20 anos que vieram depois, Calcutá tornou-se o destino mais lucrativo para Tudor, que construiu suas casas de gelo também em Madras e Bombai. Em 1840, o gelo era enviado para diversas áreas do mundo e em 1845 uma casa de gelo foi aberta em Hong Kong.


Novas possibilidades para Tudor


Foi através de suas experiências que Frederic abriu os caminhos para uma série de máquinas de refrigeração que usufruímos tanto nos dias de hoje. A criação da máquina de gelo, ar-condicionado e geladeira foram todas influenciadas pelo Rei do gelo. 


Um bom empreendedor não deve ser medido apenas pelo seu lucro ou preço de mercado, mas também pelas possibilidades que gera a partir de seu trabalho, e claro, pelas pegadas que deixa na sociedade. É por este motivo que podemos considerar Frederic Tudor como um empreendedor que mudou a história. 


Tudor fez uma fortuna a partir do comércio de gelo antes de existir qualquer tipo de sistema de refrigeração no mundo. Ele contratou inventores para produzir polias e guinchos mais eficazes para a coleta do gelo e fez negócio com o mundo tropical. O jovem audacioso e sonhador casou-se com Euphemia Fenno, teve dois filhos e faleceu aos 80 anos em sua casa, em fevereiro de 1864. 


Devemos aprender através de sua trajetória a não desanimar diante das adversidades. Ser um verdadeiro empreendedor envolve confiança na sua visão, persistência e vontade de aperfeiçoar. Tudor não descansou enquanto não tornou o processo de obtenção e comercialização do gelo mais eficaz, não desistiu durante os diversos prejuízos e sempre se esforçou. Aprendemos aqui mais um caso de que a boa vontade e trabalho árduo são duas ferramentas que potencializam o ser humano a alcançar seus sonhos. 


Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio




        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

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