Acredito que, independente da área de sua formação, você já
deve ter ouvido falar diversas vezes na importância da comunicação em nossos
relacionamentos e o quanto é imprescindível aos bons profissionais saberem se
comunicar com clareza e de forma efetiva.
É de extrema importância a comunicação na gestão de equipes, afinal, as
teorias foram desenvolvidas para serem amplamente disseminadas com o intuito de
contribuírem para que nos tornemos pessoas e profissionais melhores.
Então, segundo Cherry apud Oliveira
(2010, p. 308), a comunicação é “o estabelecimento de uma unidade
social entre seres humanos pelo uso de signos de linguagem”.
Tal reflexão nos leva a questionarmos: o que seriam esses signos de
linguagem? São os símbolos utilizados para nos comunicarmos e vão desde a
linguagem escrita, à oral, aos desenhos, às músicas, enfim, quaisquer
representações que contribuam para que repassemos uma mensagem a outra pessoa
ou grupo delas.
Nossas relações com outros indivíduos exigem que saibamos nos comunicar,
portanto o uso desses signos faz parte de nossas vidas desde sempre. Oliveira (2010, p. 308)
ressalta que “a comunicação interpessoal (aquela que se dá entre duas
pessoas ou mais) tem a finalidade de estabelecer, entre essas pessoas uma
associação ou ligação, um entendimento ou identificação, ainda que momentâneo”.
Mais uma vez, fica evidente que somos seres grupais, que precisam do bando
para alcançar nossos objetivos e nos tornarmos mais fortes. Nesse processo, o
uso correto da comunicação faz toda diferença.
Ao estudarmos a comunicação e seus efeitos na vida das pessoas, deparamo-nos
com diversas teorias que foram desenvolvidas em épocas diferentes e muito
importantes da nossa história. Porém, como a proposta é conhecer o resultado
dessa comunicação no trabalho em equipe, vamos nos ater a apenas algumas
teorias que nos ajudam a compreender melhor como se dá esse processo e a
maneira como ele deve ocorrer no ambiente profissional.
Teoria Hipodérmica, cujos estudos
iniciaram em 1920 e ocorreram no período entre as duas guerras mundiais, porém
a década de 30 é considerada a época de ouro dessa teoria.
Segundo Wolf apud Araújo (2007, p. 67), “ao
se centrar nos efeitos, essa teoria demonstra que estímulos e respostas seriam
capazes de descrever o comportamento”. O autor continua
explicando que “esse modelo defendia uma relação direta
entre a exposição às mensagens e o comportamento. Nesse caso, a pessoa, ao se
deparar com a propaganda, poderia ser manipulada e/ou controlada por ela”
(p. 68).
Assim, percebemos que a Teoria Hipodérmica pregava que as pessoas seriam
facilmente influenciadas pelas mensagens recebidas pelos meios de comunicação,
sem criticar ou se importar com os efeitos dela em suas vidas cotidianas.
Porém, em 1948, Harold D. Lasswell propôs um modelo de comunicação que
superou a Teoria Hipodérmica. Wolf apud Araújo (2007,
p. 68) afirma que “a pesquisa de Laswell mostra que uma
forma adequada para se descrever um ato de comunicação é responder: Quem? Diz o
quê? Por meio de qual canal? Com que efeito? As perguntas correspondem,
respectivamente, ao emissor, à mensagem, ao meio e ao resultado”.
O modelo de Lasswell continua atual, por isso é importante conhecê-lo para
que saibamos que o ato da comunicação, para ser eficiente, deve seguir esse
modelo e responder seus questionamentos.
Mas a comunicação desenvolvido por Laswell, ainda perdura nos dias atuais? Afinal,
vivemos na era da informação, em que a multiplicidade de meios de comunicação,
a velocidade de circulação de informações e a interatividade estão cada vez
mais presentes em nosso cotidiano; já que todas as regras e convenções parecem
ter sido deixadas de lado, será que, para nos comunicarmos, ainda precisamos
seguir regras formais?
Mas, no
mundo organizacional, sim. Vejamos o que afirmam Tonet et al. (2009, p.
101): No plano organizacional, estudos
revelam que o uso adequado da comunicação no mundo dos negócios é sinônimo de
sucesso. Ela proporciona significativos ganhos de produtividade decorrentes da
redução de custos operacionais, da eliminação de funções que não agregam valor
e do incremento na rapidez e precisão das decisões.
Vemos, então, que o ato de se comunicar e se comunicar bem é imprescindível
para qualquer profissional, principalmente para o gestor, pois cabe a ele
repassar, de forma precisa, as mensagens à equipe, visando alcançar os
resultados esperados.
O gestor gasta a maior parte do seu dia se comunicando, seja com membros da
sua equipe ou outros profissionais, e essa comunicação se dá não apenas de
forma verbal, mas também ao redigir e-mails, grupos de mensagerias, memorandos e outros documentos, ou
mesmo em entrevistas de candidatos, reuniões, enfim, sua rotina é repleta de
momentos em que ele precisará se fazer entender, a fim de que as mensagens
sejam entregues e recebidas com o menor número de ruídos possível.
É evidente que o gestor não é o único que precisa saber se comunicar de
maneira eficiente. Os demais membros da equipe também estão a todo tempo
recebendo e enviando mensagens e a maneira como isso acontece é fundamental
para o sucesso ou não dos objetivos propostos.
Tonet et
al. (2009, p. 105) reforçam que: Ao analisarmos o processo de comunicação
para podermos aprimorar ou desenvolver nossas habilidades, devemos começar
respondendo: o que desejamos e esperamos que aconteça como resultado da
mensagem que vamos transmitir? A resposta a esta questão é o nosso objetivo de
comunicação.
A definição do objetivo contribui para que se mantenha o foco, pois, como já
foi dito, as equipes estão à mercê de inúmeras mensagens que são recebidas e
enviadas pelos mais diversos canais e, caso o foco não esteja em mente, essa
rede pode acabar influenciando e causando prejuízos ao processo comunicacional
que se pretende atingir.
Tendo estabelecido o objetivo e com o foco claro, o que se espera é que as
informações sejam repassadas da maneira mais fiel possível e, por fidelidade,
entende-se que o emissor expressará perfeitamente o que ele pretende e o
receptor compreenderá a mensagem com exatidão (Tonet
et al., 2009, p. 105).
Acredito que você na sua área profissional, já deve ter
recebido ou dado feedback ao menos uma vez, não é verdade?
Essa ferramenta é fundamental nas relações de trabalho, pois, com ela, o
gestor consegue passar aos membros da equipe sua percepção sobre o trabalho
deles e estes conseguem compreender se sua postura está adequada ou se algo
precisa ser melhorado visando alcançar um melhor desempenho profissional.
Sabemos que o feedback não é um momento fácil e que é necessário um preparo
antes, tanto por parte do gestor quanto por parte do liderado. Emoções,
sentimentos e impressões precisam ser deixados de lado para que a comunicação
aconteça de forma assertiva.
Tonet et al. (2009, p. 114) afirmam que o
feedback “é um excelente instrumento de gestão. Antes de fornecer um
feedback é importante que o gestor esteja atento aos seguintes aspectos:
imparcialidade, aplicabilidade, especificidade, oportunidade e diretiva”.
Ou seja, esse momento pode ser crucial para a melhoria (ou não) do trabalho da
equipe, por isso é importante que não haja julgamentos e que informe com
exatidão a mensagem pretendida, sempre tendo como foco a aplicação da mensagem
para o alcance dos resultados propostos.
Devemos ter em mente que o processo do feedback pode contribuir muito para o
bom desempenho do indivíduo. Por isso, cabe ao gestor assumir uma postura ética
e imparcial, como já foi dito, e preparar-se tendo clareza da importância desse
momento para a vida profissional do seu liderado.
Segundo Oliveira (2010, p. 314): Nos processos de comunicação interpessoal propriamente
ditos, é muito importante que o feedback seja fornecido ao colaborador pelo
gestor. Isso é particularmente importante quando o colaborador tem pouca chance
de constatar por si mesmo o resultado de seu desempenho, ou quando esse
desempenho é especialmente relevante ou significativo.
Vemos, então, que é importante que o gestor esteja sempre dando feedback aos
membros de sua equipe, independentemente de a empresa disponibilizar uma data
formal ou não para que isso ocorra, pois nem sempre os indivíduos conseguem ter
a percepção sobre como está o andamento do seu trabalho e se o que se espera
deles está sendo atendido.
Outro fator importante é que o feedback não deve se resumir apenas a fazer
elogios ou críticas ao trabalho. Esse momento deve ser usado para descrever o
comportamento do outro, sem interpretar suas razões ou julgá-lo por esse
comportamento, mas ajudá-lo a tomar conhecimento de algo que, muitas vezes, ele
próprio não percebeu sobre seu comportamento ou desempenho (OLIVEIRA, 2010, p. 314).
Com isso, compreendemos que o gestor pode fazer uso do feedback como sendo
um grande aliado no processo de comunicação com sua equipe, mas, para isso, é
preciso que, antes, ele próprio esteja preparado e com objetivos bem traçados
para que essa ferramenta possa ser utilizada de forma eficiente.
Bom trabalho e grande abraço.
Autor: Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em: 02 de setembro de 2017
Especial: artigos no portal Administradores.com
Link fonte: https://administradores.com.br/artigos/a-comunicacao-no-trabalho-em-equipe
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