terça-feira, 28 de junho de 2022

Madam C. J. Walker, a primeira milionária dos Estados Unidos

Ser um empreendedor de sucesso não é uma tarefa fácil. O mundo dos negócios pode ser um campo intenso para aqueles que não demonstram talento ou esforço para gerir seus empreendimentos por maior que seja o recurso disponível para investir. Dizemos isso porque o senso comum aponta que para alguém ser bem sucedido nos negócios é porque, em grande parte, nunca precisou se preocupar em gerenciar bem seus recursos. Esse frágil argumento, porém, é facilmente refutado quando olhamos para a própria história de alguns empreendedores. 

Nascidos em lares humildes, esses empreendedores precisaram começar sozinhos a acreditar em seus negócios e a fazê-los funcionar. Não por acaso são chamados de “Self-made men” e os conhecemos a partir dos seus legados, que são a prova de que qualquer um pode se tornar um empreendedor, desde que esteja disposto a sacrificar-se em prol da sua ideia. 

Para derrubar definitivamente a falsa ideia de que somente os “bem nascidos”, hoje trouxemos uma das maiores empreendedoras da história dos Estados Unidos, uma mulher que enfrentou quase todas as barreiras sociais para conseguir lançar-se no mundo do empreendedorismo e tornar-se uma das mais poderosas damas da América. Estamos falando de Sarah Breedlove, mais conhecida como madame C. J. Walker, a primeira mulher americana a se tornar milionária.

De Sarah Breedlove a madame C. J Walker

Façamos, por alguns segundos, o seguinte exercício: imaginemos uma mulher afro-descendente nos Estados Unidos pós guerra civil. Nascida dois anos após o fim da guerra de secessão, em 1867, Sarah Breedlove nasceu livre de correntes, sendo a primeira de sua família a ter esse benefício. Seus pais, irmãos e irmãs mais velhas foram escravos e esse fato tornou-se marcante não apenas no início da vida da nossa empreendedora, mas também ao longo de toda a sua vida. Não por acaso, Sarah se tornou uma ativista dos direitos sociais em uma luta que somente décadas após a sua morte se concretizaria.

Porém estamos nos adiantando. Voltemos ao século XIX, no Estado da Louisiana. Conhecido por ser um dos principais centros escravistas dos Estados Unidos, a segregação racial não foi uma chaga extirpada tão facilmente por lá, logo, não é difícil imaginar as dificuldades passadas por Sarah e seus familiares.

Ainda na infância, com apenas 7 anos, a jovem Breedlove precisou encarar a morte de seus pais. Essa experiência fez com que a infante muda-se para os cuidados de sua irmã mais velha, servindo-a como empregada em sua casa. Assim inicia-se a carreira de Sarah: servindo a sua irmã em troca de moradia e comida. Essa situação manteve-se até os seus 14 anos, quando casou-se pela primeira vez e tornou-se mãe pouco tempo depois. Infelizmente, seu casamento não durou muito tempo devido ao falecimento do seu marido, em 1887. 

Desse modo, nem o mais otimista dos analistas diriam que Sarah tornar-se-ia uma empreendedora de sucesso, pois não nasceu rica, muito menos frequentou as universidades e era uma jovem viúva com uma filha pequena para cuidar. A situação de Breedlove, como podemos imaginar, não era nem um pouco confortável e para um espectador comum a jovem filha de ex-escravos jamais se tornaria uma mulher de negócios.

Entretanto, a vida não é tão simples de prever. No país da liberdade, mesmo sob a forte rejeição social que sofria por ser uma mulher afro-descendente, Sarah conseguiu o seu lugar ao sol. Tudo começou com um problema muito comum nos dias de hoje: a queda de cabelo. Como conta a história, Breedlove sofria de diversos problemas capilares devido aos produtos que usava, a má alimentação e o pouco cuidado (natural para a época) com o cabelo. A lista das suas enfermidades é enorme, mas os mais severos certamente envolviam inflamações no couro cabeludo, caspas e uma forte queda dos fios. Lembremos ainda que à época pouco se sabia sobre produtos para cabelo, ainda mais para um tipo tão discriminado como o dela.

Desse modo, o seu problema pessoal a fez refletir sobre as razões pela qual estava passando por aquele sofrimento. Como síntese, Sarah voltou determinada a encontrar uma solução para o seu dilema. Um primeiro passo foi notar a incompatibilidade com os produtos que usava e o seu cabelo. Junto a isso Sarah começou a investigar um pouco mais sobre o mundo dos capilares a partir dos seus irmãos mais velhos. Todos eram barbeiros e puderam dar as primeiras dicas do que viria a ser a mais brilhante das ideias de Sarah: fabricar produtos cosméticos para pessoas afro-descendentes.

Porém, sabemos que ideias só podem ser validadas quando saem do papel. Desse modo, Sarah criou um plano interessante para si. Começou, inicialmente, vendendo produtos de beleza para os seus irmãos, mergulhando no mundo da barbearia americana. Nesse meio Breedlove acabou conhecendo Annie Malone, uma empreendedora que vendia produtos capilares para mulheres com queda de cabelo. O diferencial de Malone é que ela vendia os produtos especializados para mulheres afro-descendentes, ou seja, executava a ideia que Sarah teve.

Pensemos um minuto quanto a isso. Em geral, quando sentimos que alguém “roubou” nossa ideia ficamos arrasados. Em nossa mente a inovadora ideia já havia sido vislumbrada por outro e isso, de certo modo, nos tira energia enquanto empreendedores. Acima disso, entretanto, devemos sempre retirar o melhor das experiências que a vida nos mostra. Sendo assim, nesses casos podemos aprender muito com o que a madame C. J. walker fez: ao invés de amaldiçoar Malone por ter tido a brilhante ideia antes dela, Sarah aproveitou para aproximar-se dela e entender os resultados que os produtos de Malone conseguiam.

A perspicácia de Sarah Breedlove foi muito impressionante, mostrando assim uma grande adaptabilidade às situações. Ainda hoje há certa polêmica quanto a essa atitude, pois muitos dizem que a empreendedora dos cosméticos roubou as ideias de Malone. Entretanto, nunca foi provado o roubo da fórmula, muito menos qualquer outro furto. O fato é que madame C. J. Walker viu uma oportunidade de aprender como vender o que ela esteve desejando por muito tempo. Sua visão fez com que não apenas aprendesse, mas também elevasse para um outro patamar o seu pequeno negócio.

Junto a isso, Sarah ainda contava com a ajuda do seu segundo marido, C. J Walker (daí o nome de Sarah ser visto como “senhora C. J Walker, traduzindo para a nossa língua) que era um brilhante publicitário em seu tempo. Assim, Sarah lançou-se à feroz competição com Malone para conquistar o mercado de cosméticos.

Tornando-se a primeira mulher milionária dos EUA

A estratégia da madame C. J Walker em conquistar o mercado foi simples e objetiva. Apresentando-se como uma cabeleireira e revendedora de cosméticos, ela atuava nos dois ramos e conseguia não somente captar possíveis clientes, mas fidelizá-los. Além disso, o investimento em fábrica e no treinamento de funcionários fez a diferença na popularização dos seus tratamentos e produtos. O famoso “sistema Walker” garantia que você conseguisse resultados para a queda de cabelo em pouco tempo, se tornando assim um sucesso.

Graças ao bom marketing e seu eterno reinvestimento na própria empresa, madame C. J. Walker expandiu seus negócios para outros Estados. Até então em Indianápolis, a madame C. J. Walker Manufacturing Company fez filiais em Nova York e Pittsburgh. Em seu auge, por volta de 1917, mais de 20 mil funcionários trabalhavam à serviço de suas fábricas, mantendo sua produção sempre em alta e com forte demanda. Assim, próximo de sua morte, em 1926, a empreendedora chegou à casa dos milhões.

Talvez esse número não seja tão relevante nos dias atuais, apesar de ser uma grande quantia de dinheiro. Porém, não podemos deixar de considerar o histórico duro em que Sarah Breedlove cresceu. Assim, a jovem de Louisiana demonstrou não apenas seu talento para os negócios, mas uma força tremenda, capaz de mover montanhas. Mesmo com os duros golpes que a vida lhe lançou, madame C. J. Walker conseguiu resistir e avançar seus empreendimentos para um novo patamar.

Pela sua resiliência e capacidade de superação é que a coloco como uma das maiores empreendedoras da história, pois seu exemplo é uma prova cabal de que um empreendedor não nasce apenas ao ter ideias ou dinheiro, mas principalmente a partir da vontade de tornar o mundo e da vida das outras pessoas um pouco melhor.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio
 


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 21 de junho de 2022

Inovação frugal a partir do empreendedorismo


Inovação frugal: como essa vertente de empreendedorismo pode trazer soluções simples, criativas e sustentáveis


Muitas vezes, quando se fala em inovação, as pessoas logo associam às grandes empresas de tecnologia, com os seus dispositivos capazes de revolucionar o digital, o mercado e transformar a dinâmica das nossas relações e o nosso cotidiano.


Entretanto, a inovação é muito mais do que isso. Existe muita inovação em soluções simples e criativas que geram grande impacto social, tecnologias essas que também podem fazer a diferença na vida de milhares de pessoas. Esse tipo de inovação é denominada inovação frugal e pode surgir a partir da identificação de alguma demanda ou necessidade da chamada base da pirâmide. 


No empreendedorismo, sabemos que entender as necessidades dos clientes para lançar uma ideia ou produto inovador garante que os resultados de um negócio tenham mais chances de ser positivos. Com a inovação frugal, há a possibilidade de se resolver problemas complexos e proporcionar soluções para atender demandas de diversas realidades.


E ela pode acontecer em qualquer lugar, basta disposição de fazer mais com poucos recursos e muita criatividade. Saiba mais sobre esse conceito, que é a cara do empreendedor brasileiro!

O conceito de inovação frugal

Já aqui no passado sobre as características do empreendedor frugal, que tem um comportamento baseado no significado de frugalidade, ou seja, nos pilares da simplicidade, da prudência, do uso racional de recursos, evitando desperdícios e gastos desnecessários.


Mas, e a inovação frugal? Tem a ver com isso? Tem sim. Como destaquei anteriormente, esse tipo de inovação busca o desenvolvimento de tecnologias descomplicadas de baixo custo, a partir de poucos recursos, apostando na criatividade para criar soluções inovadoras e disruptivas para problemas que atingem pessoas com pouco acesso aos meios mais sofisticados. Pode estar aliada a uma preocupação com o meio-ambiente, priorizando o desenvolvimento de soluções sustentáveis, ou à alguma causa social.

Quando o empreendedorismo aposta na simplicidade e na criatividade para provocar mudanças

Nesse sentido, é importante destacar que a inovação frugal nada tem a ver com “gambiarra” — que geralmente ocorre no improviso, não dá atenção às questões legais, e não prioriza normas técnicas e de segurança. A inovação frugal aposta na simplicidade, mas busca se pautar em processos bem estabelecidos e no desenvolvimento de tecnologias que sejam duráveis e gerem impacto socioambiental a longo prazo.


E muitas dessas tecnologias inovadoras são desenvolvidas a partir de um cenário de escassez, que, sem dúvida, é um fator que estimula a criatividade. Muitos exemplos de inovação frugal são de países de baixa renda, em que a necessidade fez pesquisadores e empreendedores se atentarem para o desenvolvimento de uma tecnologia frugal para solucionar algo.

Os exemplos de inovação frugal no Brasil e no mundo

Com base nessa vertente, veja a seguir alguns exemplos interessantes de tecnologias e soluções desenvolvidas que se enquadram nesse conceito de inovação frugal. Entenda como o potencial de inovação pode estar em todo lugar. Todo empreendedor precisa ficar atento a isso!

Tanquinho de lavar roupas

O tanquinho de lavar roupas foi uma inovação brasileira. Trata-se de um equipamento simples e barato para bater e lavar roupas sujas que, além de ser uma alternativa para famílias que não têm condição de comprar uma máquina de lavar, também contribui para o reaproveitamento de água. 

Calçada de Açaí

Pesquisadores da Universidade da Amazônia (UNAMA) conseguiram resolver alguns problemas ao incorporar a semente do açaí à massa de cimento. O concreto feito com o caroço in natura da fruta torna o material mais permeável e ajuda a drenar a água, evitando alagamentos. Além de diminuir o custo do calçamento em 15%, essa também foi uma solução para o lixo gerado pelo alto consumo do açaí na região do Pará, já que só a polpa tem valor comercial e o caroço, portanto, era descartado. Agora ele é insumo, pode ser comercializado e gerar renda. 

Carro Tata Nano

Esse, que é um exemplo de inovação frugal no setor automobilístico, foi um carro criado na Índia com o objetivo de ser o mais barato do mundo (custava cerca de 2.500 dólares). A ideia era que ele atendesse às classes mais populares do país. 

Sistema de serpentinas para reaproveitar o calor do chuveiro

Também chamado como Recuperador de Calor para Chuveiro Elétrico, esse sistema pode reduzir em até 44% o gasto com energia elétrica. Ele consegue “reciclar” o calor através de uma plataforma de plástico reforçado que pode ser instalado no chão do banheiro, tornando o chuveiro elétrico mais econômico. 

Geladeira sem eletricidade

Essa inovação também foi desenvolvida na Índia, onde a geladeira não é acessível para muitas famílias. Criada pelo artesão Mansukhbai Prajapati, a MittiCool é uma geladeira feita de cerâmica que não requer eletricidade para funcionar e é capaz de deixar alimentos frescos a uma temperatura de 8 °C. O resfriamento ocorre devido a uma câmara de água em que a água evapora e resfria o equipamento.

Eletrocardiograma portátil

A redução do peso do equipamento, priorizando funcionalidades essenciais, o deixou mais leve e permitiu a portabilidade. Além disso, foi possível reduzir o custo do aparelho e, consequentemente, de exames, fazendo com que fossem mais acessíveis aos pacientes.  

Cisternas de concreto

No interior da Bahia, um agricultor sergipano analfabeto criou uma solução para armazenar água da chuva no Nordeste: as cisternas de concreto. A inspiração veio das piscinas da cidade grande. Após uma temporada em São Paulo na década de 50 para trabalhar na construção civil, ele voltou com a ideia para o sertão baiano e passou a construir cisternas para armazenar 16 mil litros de água. O projeto inspirou um programa do governo, ajudou a empregar mão de obra e a movimentar o comércio local de materiais de construção. 



Como podemos ver, o empreendedorismo tem várias camadas e há a possibilidade de encontrarmos soluções simples e criativas nas mais diversas áreas e setores. A inovação frugal nos mostra o outro aspecto da inovação, em que é possível romper padrões e fazer a diferença com poucos recursos, a partir da disposição de querer fazer a diferença e gerar melhorias sociais e ambientais. Acredito que seja importante que empresários e futuros empreendedores estejam conscientes dessa vertente dos rumos da inovação.


Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 14 de junho de 2022

Como ter uma comunicação assertiva sem ameaçar a liberdade do interlocutor


Provavelmente, você, como gestor, já deve estar ciente da importância de se ter uma comunicação assertiva no âmbito de trabalho, seja com clientes, fornecedores ou colaboradores. A comunicação é uma habilidade essencial para quem trabalha com administração de empresas, e buscar aprimorá-la cada vez mais é imprescindível caso você acredite ter dificuldades em ser assertivo ao se comunicar.

Mas o que é a assertividade na comunicação, afinal? A realidade é que muita gente faz confusão com o que é a comunicação assertiva na prática, tomando-a como uma comunicação agressiva, em que ideias e pensamentos são impostos a qualquer custo, de forma opressora, podendo colocar em xeque até a liberdade do interlocutor. Que fique claro: isso não é comunicação assertiva.

Na leitura a seguir, pretendo esclarecer em que consiste a comunicação assertiva e mostrar as diferenças entre esse tipo de comunicação e a comunicação com agressividade, que nada tem a ver com a habilidade fundamental para qualquer líder ou gestor de negócios da atualidade. Além disso, também vou listar algumas sugestões de como desenvolver uma comunicação mais assertiva. Vamos lá?

O que significa ter uma comunicação assertiva


O conceito de comunicação assertiva consiste na habilidade de passar informações com clareza e objetividade, se expressando com firmeza e segurança, mas sempre de maneira respeitosa e empática. Comunicar-se com assertividade pressupõe inteligência emocional e racionalidade para expor seus argumentos com calma, sem exceder na agressividade ou passividade.

A assertividade advém de um processo de construção, ela pode ser desenvolvida. Pessoas assertivas desenvolvem uma linha de raciocínio com clareza, se comunicam bem, com autoconfiança, além de sempre agir com diplomacia, prezando pela pacificidade.

Outro ponto importante na comunicação assertiva é a sinceridade. Nesse sentido, podemos afirmar que nem toda pessoa sincera é necessariamente assertiva, porém, toda pessoa assertiva é sincera. 

Vantagens de ser uma pessoa assertiva

Quem tem a habilidade da comunicação assertiva bem desenvolvida demonstra comportamentos como sinceridade, honestidade e autoconfiança. Essa pessoa tem uma capacidade emocional de conseguir o que deseja sem precisar dominar, humilhar ou insultar o outro. Sabe se posicionar de maneira coerente, usando a argumentação como principal ferramenta, respeitando sempre os seus valores e o interlocutor. Entre as vantagens de ser uma pessoa assertiva, estão:
  • maior segurança;
  • autoconfiança e boa autoestima;
  • franqueza e sinceridade na maneira de se expressar;
  • causa admiração e respeito nos outros;
  • consegue controlar melhor a ansiedade e as emoções;
  • tem clareza no antagonismo;
  • melhor capacidade de comunicação;
  • maior facilidade em estabelecer relações sociais.
Além disso, a comunicação assertiva tem muito valor no ambiente dos negócios. O estímulo do desenvolvimento dessa habilidade em uma empresa, por exemplo, contribui para:
  • estimular o diálogo;
  • melhorar a comunicação;
  • aumentar o engajamento e o alinhamento da equipe.

Comunicação assertiva x Comunicação agressiva


Como eu destaquei, não se pode confundir comunicação assertiva com comunicação agressiva. Muita gente acredita que para ser assertivo é só chegar falando um pouco mais forte, impondo a sua opinião. Não poderia estar mais equivocado.

Enquanto na comunicação agressiva não há respeito com o interlocutor, existe julgamento, falta de empatia, ideias são impostas e a escuta do outro sequer é considerada, cerceando a sua liberdade de se expressar, na comunicação assertiva o diálogo tem espaço, existe clareza, argumentação com embasamento, troca de ideias, disposição em ouvir o outro e empatia, não há opressão. 

Dicas para ter uma comunicação mais assertiva no ambiente profissional


Pensando na construção de uma comunicação assertiva no espaço de trabalho, listo a seguir algumas sugestões para você desenvolvê-la enquanto líder e gestor.

Regra de ouro: respeito e empatia em 1º lugar


A falta de respeito inviabiliza qualquer possibilidade de diálogo. Portanto, tenha sempre em mente a necessidade de respeitar o outro e exercite também a capacidade de se colocar em seu lugar, ou seja, demonstre empatia e tente verdadeiramente compreendê-lo para estabelecer um canal de comunicação compreensivo, fundamental para a assertividade.

Aprenda a ouvir e se comprometa a entender o outro


Saiba ouvir e praticar uma escuta ativa, independentemente de como o interlocutor se expressa. As pessoas têm várias formas de se comunicar, gestos também podem dizer muito sobre o outro. Esse entendimento só vai contribuir para melhorar a sua habilidade de se comunicar.

Não faça pré-julgamentos


Temos essa tendência de assumir posições e opiniões baseados em suposições e percepções. Isso dificulta a comunicação. Pare de fazer pré-julgamentos e avaliações prévias do outro. Expresse sua opinião com base em fatos.

Cuidado com a postura corporal e o tom de voz


O corpo fala. Já ouviu essa expressão? Pois bem, ela é verdadeira. Muito da nossa comunicação é feita de forma não verbal, por meio de gestos, olhares e postura. Se quer passar segurança, por exemplo, é preciso estar atento a isso. Preste atenção também ao seu tom de voz. Muitas vezes você deseja passar uma impressão de assertividade na sua comunicação, mas seu corpo e o tom de sua voz dizem exatamente o contrário.

Escolha bem as palavras e a hora certa de falar


Principalmente no ambiente corporativo, é importante ter a sensibilidade de escolher o momento certo de falar. Caso contrário, a comunicação não será eficiente, muito menos assertiva. Certos momentos não são convenientes para uma conversa e podem até constranger ou comprometer o interlocutor. Em algumas situações, a opção mais inteligente pode ser não falar nada.


Demonstre humildade, sinceridade e flexibilidade


Ninguém ganha nada querendo ser o dono da verdade, isso só afasta as pessoas. Portanto, tenha humildade em reconhecer que não sabe algo e está disposto a aprender, seja sincero ao admitir seus erros e falhas e demonstre flexibilidade no sentido de estar aberto a opiniões divergentes da sua, esteja disposto a mudar de ideia.

Argumente com firmeza e embasamento, de forma clara e objetiva


Ao argumentar, não fique fazendo rodeios e vá direto ao ponto, seja objetivo e se expresse com clareza. Além disso, é fundamental ter compreensão do assunto ou tema sobre o qual você está falando para de fato argumentar com embasamento. É quase impossível ser assertivo se suas opiniões são superficiais e seus argumentos podem ser derrubados facilmente.


Assuma o papel de intermediador


A comunicação assertiva também tem o objetivo de agregar, e esse é um dos principais papéis do gestor, não é mesmo? Portanto, é importante desenvolver essa habilidade para assumir essa função de intermediador e ser uma referência para a sua equipe, um exemplo de comunicação assertiva a ser seguido.


A comunicação assertiva é uma das principais competências dos profissionais de sucesso. Mais do que saber se expressar bem ou saber deixar claro o seu ponto, é essencial ter a consciência da importância de se ter inteligência social e emocional e a habilidade de, verdadeiramente, se relacionar com o outro, abrindo sempre espaço para o diálogo.

Bom trabalho e grande abraço.

Autor: Prof. Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em: 26 abril de 2022 Especial: artigos no Espaço Opinião CRA-RJ Link fonte: https://espacoopiniao.adm.br/como-ter-uma-comunicacao-assertiva-sem-ameacar-a-liberdade-do-interlocutor/




Conheça também:

Método FCA: encontre a raiz do problema e o solucione!



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 7 de junho de 2022

FIFO: um guia rápido para a gestão do estoque


FIFO

Se você está buscando um sistema de gerenciamento do estoque, o FIFO pode ser a solução.

Escolher o método de armazenagem ideal para o seu negócio é um passo importante para os empreendedores, pois o sistema inadequado causa muita dor de cabeça e prejuízos.

Assim, para te ajudar a tomar esta decisão, segue um texto sobre uma das metodologias mais utilizadas.

O que significa FIFO?

A palavra FIFO é a sigla em inglês para “first in, first out”, ou seja, o primeiro a entrar é o primeiro a sair. No Brasil ele também é chamado PEPS.

Esta estratégia de gerenciamento do estoque prioriza os produtos segundo a ordem de chegada no estoque. Os mais antigos são os que vão embora primeiro.

Segue exemplos:

Em uma distribuidora de doces, os produtos mais antigos são colocados em prateleiras que fiquem mais visíveis para os clientes.

Já em grandes armazéns utilizam prateleiras em que de um lado é feito o abastecimento com os produtos que acabaram de chegar, e no outro é realizada a retirada dos produtos.

Assim, os produtos vão “deslizando” pela prateleira, respeitando a regra do FIFO, o primeiro a entrar é o primeiro a sair.

Princípios básicos do FIFO

Para que o FIFO funcione de forma correta existem duas regras fundamentais:

1.   Nenhum produto pode ultrapassar o outro

Manter o fluxo dos materiais é essencial para o FIFO, pois se essa fluidez não é respeitada, há confusão nos demais processos.

Por exemplo: você entra em uma lanchonete, faz o seu pedido e aguarda na mesa, você calcula que 2 pessoas chegaram antes de você e receberão o lanche primeiro.

Porém, um grupo de 3 pessoas que fizeram o pedido antes de você, são atendidas primeiro.

Neste caso, você fica frustrado e o pedido demora tanto para ser entregue que o seu hambúrguer chega frio.

Com o fluxo do estoque é a mesma coisa, se um produto é colocado na frente dos demais, atrapalha a fluidez e ocasiona uma sucessão de erros como: demora na entrega e desperdício de produtos em virtude da validade.

2. Deve haver uma capacidade máxima

Seguindo com o exemplo da lanchonete, para agilizar o atendimento, os cozinheiros já fazem mais lanches do que os pedidos.

No entanto, ao final do dia nem todos os lanches foram vendidos, então 3 hambúrgueres tiveram que ser descartados.

Esta mesma lógica é utilizada no contexto do FIFO, se há uma superprodução, o processo de entrada e saída ficará mais lento, abrindo margem para os desperdícios.

Por isso, é fundamental estabelecer uma capacidade máxima de produtos para ter em estoque.

Além destes 2 princípios ao aplicar o FIFO é importante definir normas para entrada dos produtos.

Por exemplo: se um item tem validade de até 1 ano, receber com no mínimo 50% da sua validade.

Estas regras são estabelecidas calculando a média de tempo que os produtos ficam no estoque.

Quais as vantagens do FIFO?

Veja os benefícios que aplicar o FIFO na gestão do armazém trarão para a sua empresa:

Menos custos e menos desperdícios

O FIFO é ideal para empresas que possuem pouco espaço de armazenamento.

Porque o fluxo contínuo de entrada e saída diminui a necessidade de grandes estoques. Com isso, os custos de locação de espaço e funcionários reduzem.

Também desde que respeitados os princípios e regras, não há riscos de alguma mercadoria ser esquecida, levando ao desperdício.

Maior agilidade e eficiência

Com o estoque enxuto e a simplicidade do FIFO, a circulação de pessoas e mercadorias acontece de maneira rápida.

O que reflete na eficiência, uma vez que um armazém menor é mais fácil de gerenciar do que um grande.

Mais lucro

Com a implementação do FIFO o desperdício e as perdas diminuem, então o lucro automaticamente aumenta.

Também a precificação fica mais fácil, pois os produtos não ficam muito tempo parados, logo não sofrem tanto com mudanças de preço.

Quando utilizar o FIFO?

O uso do FIFO é mais indicado para negócios que possuem rotatividade e produtos com um tempo médio de validade. Pois, antes do produto estragar é possível tomar uma medida.

Um exemplo clássico são os supermercados, neles é comum que os itens sejam organizados conforme a ordem de chegada, sendo que os primeiros ficam mais acessíveis ao consumidor.

Podemos ver isso também nos produtos em oferta (que geralmente estão perto da validade), eles são os primeiros que encontramos ao entrar em um supermercado.

Empresas que comercializem produtos que não possuem validade e tem um estoque pequeno podem se beneficiar deste método, como uma loja de eletrônicos.

Como implementar o FIFO?

Veja 2 modelos frequentemente utilizados na aplicação do FIFO:

Flow rack

Flow rack (fluxo de prateleira) é um sistema que utiliza a força da gravidade para operacionalizar o FIFO.

Neste sistema, as estantes ou prateleiras são projetadas de uma forma que fiquem levemente inclinadas.

Na parte mais alta são colocados os produtos (geralmente em caixas) que acabaram de chegar, com a força da gravidade elas deslizam até a parte baixa.

As caixas para uso são retiradas da parte baixa, assim quando uma é retirada, outra ocupa o seu lugar.

O benefício do flow rack é a praticidade, já que a preocupação é somente com a entrada dos produtos, as saídas já estão em ordem.

Também é ótimo para proteger os produtos, pois diminui os riscos de quedas e colisões.

Quadros FIFO

Eles funcionam como tabelas de gerenciamento do estoque. Com ele é possível ter uma visão global dos produtos em depósito, quais itens devem sair e onde colocar os novos.

Este sistema é mais simples que o flow rack, mas exige um comprometimento maior da equipe, pois o quadro precisa ser atualizado constantemente.

Dicas para otimizar o FIFO

Mesmo que o FIFO seja um sistema eficiente, ele sozinho não resolve todos os problemas de gerenciamento e logística.

Então para otimizar o fluxo, veja estas dicas:

Facilite a visualização

Para garantir a fluidez no trabalho e que um produto não venha antes do outro é importante desenvolver um sistema de identificação.

Uma maneira simples é utilizar etiquetas coloridas.

Funciona sim para cada mês você define uma cor, por exemplo:

  • Janeiro: branco

  • Fevereiro: azul

  • Março: vermelho

Assim que chegar as encomendas no estoque, você coloca a etiqueta conforme a data de entrada do produto.

Manter um controle de validade

Mesmo que não seja o foco principal do FIFO, é fundamental que exista um sistema de controle, para que se um produto chegue próximo à validade alguma atitude possa ser tomada.

E os inventários periódicos podem ser a solução, por isso os faça regularmente.

O que achou do sistema FIFO? Acredita que ele é a melhor decisão para a sua empresa? Diga nos comentários.

Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio



Conheça também: 

Como ter mais eficiência? Saiba como entregar melhores resultados no trabalho


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.