sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Curva de Aprendizagem: como ela funciona e como aprimorá-la

O que você sabe sobre o conceito de curva de aprendizagem? Achou estranho o meu questionamento? Muito bem, você certamente deve estar pensando: “que relação essa teoria tem com os negócios?”

Na realidade, é importantíssimo mapear e visualizar como as pessoas aprendem para medir desempenhos, testar a eficácia de métodos e processos e traçar estratégias para a melhoria da produtividade. Portanto, como gestor, entender o conceito de curva de aprendizagem e aplicá-lo no ambiente empresarial é fundamental para gerar maior eficiência produtiva, melhorar performances e até aumentar a motivação da equipe, uma vez que a própria consciência dos colaboradores em relação aos seus processos de aprendizado já ajuda a manter um engajamento.


E como fazer isso? A partir da leitura deste artigo você vai conhecer um pouco mais sobre a teoria da curva de aprendizagem, seu histórico, aplicação e encontrará estratégias para aprimorá-la e tornar o processo de aprendizagem mais eficaz. Além disso, quero fazer ainda um paralelo entre o empreendedorismo e o processo de aprendizado proveniente da dinâmica de tentativas e erros, característico de movimentos de inovação. Bom proveito!

O que é a curva de aprendizagem e como a teoria surgiu

O conceito de curva de aprendizagem foi desenvolvido pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, em 1885, e representa a progressão do desempenho de uma atividade executada por uma pessoa. A representação gráfica dessa curva é geralmente acentuada no início e depois ela se equilibra com o passar do tempo. 


O que isso quer dizer? Isso significa que há mais esforço para cumprir determinada tarefa nos primeiros momentos do processo de aprendizagem e esse esforço diminui ao longo do tempo. Da mesma forma, quanto maior a prática, maior é a eficiência. É o que acontece com um colaborador mais experiente. A tendência é que ele execute as atividades com mais facilidade, agilidade e qualidade. Ele já não tem dúvidas, aprendeu com os erros e desenvolveu maneiras de ser mais produtivo. 


Outro modo de compreendermos a teoria da curva de aprendizagem é observarmos a forma como adquirimos conhecimento quando aprendemos algo novo. Geralmente, despendemos um enorme esforço no início do processo de aprendizagem para assimilarmos o conteúdo e as informações. Após certo tempo, há uma estabilidade e a energia gasta para gerar entendimento do assunto em questão é menor, pois o conhecimento já foi absorvido. 

Como ela pode ser aplicada nos negócios

Como expliquei, o entendimento e a aplicação da curva de aprendizagem no ambiente de trabalho, como uma ferramenta de gerenciamento, são relevantes a medida em que a curva pode auxiliar em diversos aspectos. Ela pode, por exemplo, ajudar a estimar prazos para a realização de tarefas, servir como um indicador de produtividade, identificar a necessidade de treinamentos e ajudar a entender quando há problemas no processo de onboarding (que prepara o colaborador para início do trabalho na empresa).

Maneiras de aprimorar a curva de aprendizagem em uma empresa

Confira, a seguir, algumas formas de acelerar a curva de aprendizagem e usá-la a seu favor como um recurso de gestão. 

1) Estruture o processo de onboarding

O processo de integração de um novo colaborador à empresa é extremamente importante e precisa ser estruturado com cuidado para que ele entenda e aprenda de forma eficaz como deve executar a sua função. 

2) Invista em treinamentos

Já destaquei que a busca por conhecimento deve ser contínua, por isso, o investimento em treinamentos também, por mais experientes que sejam os funcionários. Uma outra curiosidade da curva de aprendizagem é que quando ela se estabiliza, fica difícil aumentar a produtividade ou a eficiência e temos a sensação de que não estamos aprendendo mais nada. No entanto, quando promovemos mudanças e investimos em novas formas de aprendizado, uma nova curva se inicia.

3) Melhore as lideranças

Ter boas lideranças que inspirem e incentivem o aprendizado dos seus liderados é fundamental para promover a motivação e influenciar a curva de aprendizagem. Líderes ruins não têm mecanismos para desenvolver sua equipe e tornam o processo de aprendizagem muito mais difícil, gerando um ambiente improdutivo e desmotivador. 

4) Desenvolva e estimule mentorias 

As mentorias são formas de traçar uma rota de aprendizagem personalizada e estimular uma maior autonomia no processo de aprendizado. Trata-se de uma estratégia bastante eficaz para aprimorar a curva de aprendizagem, tanto de colaboradores novos, quanto de colaboradores mais antigos. 

5) Alinhe expectativas e metas de aprendizagem e produtividade

É importante ter a consciência de que cada pessoa tem um tempo para aprender e assimilar conhecimento. Por isso, é essencial compreender as necessidades e expectativas do colaborador para então traçar metas de aprendizagem e produtividade.  

Empreendedorismo e a curva de aprendizagem: o que podemos aprender com os erros e o fracasso

Nesse contexto de aquisição de conhecimento e aprendizado a partir do conceito de curva de aprendizagem que exploramos neste texto, gostaria de ir um pouco além e trazer o empreendedorismo para esta roda, relacionando-o ao processo. 


A questão é que precisamos mudar a nossa relação com o fracasso, a exemplo do modelo do empreendedorismo americano. O erro tende a nos paralisar, em vez de servir como experiência e fazer parte do processo de aprendizado. 


Para o empreendedor brasileiro, o erro tende a ser um desmotivador, algo definitivo e um atestado de incompetência. Já para os empreendedores do Vale do Silício, por exemplo, o fracasso tem outro significado: é compreendido como resultado de um risco assumido de algo que tinha probabilidade de dar errado e que gerou experiência e aprendizado. Não tem, necessariamente, a conotação de erro do empreendedor. Nesse sentido, um ambiente que prioriza a inovação, como é o caso do Vale do Silício, a busca pela aprendizagem é priorizada.


É claro, no entanto, que a questão da aprendizagem por si só não deve servir como desculpa ou justificativa para todos os erros e fracassos. Nos casos em que o empreendedor não aprende com a experiência e continua insistindo em um mesmo erro, ou quando se acomoda na ideia de estar sempre aprendendo e não faz avanços, não se compromete ou assume riscos, a experiência não está acrescentando nada e nem gerando nenhum aprendizado. Aí sim o fracasso pode ser fatal. 


Em resumo, o que fica de lição é a capacidade de mudar a perspectiva em relação ao erro e transformar os fracassos em aprendizado. É ter a consciência que o erro faz parte do processo e a experiência vai ajudá-lo a compreender melhor o seu negócio. Fazendo um paralelo com a teoria da curva de aprendizagem, o processo no início demandará bastante esforço e resiliência, mas com o tempo são esses percalços que farão diferença em sua trajetória, pois vão gerar conhecimento e experiência.


Independentemente da maneira em que usará o conceito da curva de aprendizagem na sua vivência profissional, espero que esse entendimento o ajude a desenvolver estratégias para melhorar sua capacidade de aprendizado e ir além, alcançando todo o seu potencial!


Bom trabalho e grande abraço.

Rafael José Pôncio




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