Atualmente falamos muito sobre empreendedorismo no Brasil. É fato que uma grande
parcela da nossa sociedade deseja começar um negócio, seja devido a crise econômica em
que vivemos ou por esse ser um sonho antigo. Mas para além disso, o que faz com que
queiramos inovar e nos arriscar nesse mundo? O empreender seria uma necessidade
nossa enquanto espécie ou uma saída individual para superar momentos economicamente
difíceis?
Antes de entrarmos no assunto, é preciso retomar um pouco a história e entender como
nasce o empreendedorismo e qual seu significado.
Ao buscar a sua etimologia, notamos que a palavra “empreendedor” deriva da palavra
francesa entrepreneur, que significa “aquele que assume riscos e começa algo
novo”. Essa, por sua vez, tem sua origem no latim e vem da palavra Emprehendere, que
significa “segurar diante de si”. Partindo disso, podemos deduzir que o empreendedor é
aquele que assume riscos e aproveita as oportunidades que surgem à sua frente.
Interessante, não é?
A origem do empreendedorismo como necessidade humana
Levando em consideração o significado de empreendedor, podemos dizer que nós
enquanto espécie temos uma necessidade de exercer o empreendedorismo. Pensemos
juntos: somos o único ser autoconsciente do planeta, isso significa dizer que não tomamos
nossas decisões baseadas somente por instinto, como é o caso dos outros animais. Os
seres humanos podem escolher seu modo de ação no mundo, o que lhe garante a
capacidade de assumir riscos, necessários ou não.
Graças a essa capacidade de escolha fomos capazes de fabricar ferramentas, aprender
novas técnicas de manipulação do solo e construir monumentos que perduram até os dias
atuais. A inovação e a busca por melhorias foi o que nos tirou das cavernas e nos fez criar
pirâmides, civilizações e nos levar à lua.
Portanto, a evolução da nossa sociedade só pôde ocorrer graças àqueles que assumiram
riscos e ousaram criar algo novo. E ainda somos assim, visto que inovação é um dos
pilares da nossa sociedade. Estamos sempre buscando novos meios e produtos para
melhorar nossa qualidade de vida, o que torna o empreendedorismo uma atividade
essencial para nossa dinâmica social.
Ao contrário do que diz o senso comum, o empreendedor não é alguém que busca
vantagens econômicas e ganhar a qualquer preço. Acima do lucro, há uma mentalidade,
uma postura de vida que o impulsiona e que, em algum grau, há em todos nós. Estamos
certos que nem todos nós somos tão inovadores quanto Bill Gates, Steve Jobs ou o Barão
de Mauá, mas ainda assim reside em nós essa semente do empreendedorismo.
O Empreendedorismo e o Século XVIII: quando o assunto
chegou aos livros.
Durante muito tempo as teorias econômicas não levaram em consideração o papel do
empreendedor. Isso porque, nos modelos tradicionais, a criatividade e subjetividade acerca
da inovação não eram fatores mensuráveis para a elaboração de teses. Ao tratar de seus
modelos econômicos eram necessários dados sólidos e que pudessem ser medidos,
analisados e comprovados.
Apesar de estar inicialmente fora desses modelos, é no turbulento século XVIII que o
empreendedor vai ganhar destaque nos livros de economia. A primeira menção à figura do
empreendedor se faz por Richard Cantillon, economista francês considerado o “pai da
economia empresarial”. Cantillon vai diferenciar o empreendedor do capitalista dizendo
que o primeiro é aquele que assume riscos, enquanto que o segundo nada mais é do
que aquele que financia-o a partir do capital.
Colocando em exemplos, lembremos da história de Marco Pólo. Em sua jornada até a
China ele foi financiado por diversos banqueiros, que lhe deram os meios para que o
aventureiro conseguisse chegar até a corte de Kublai Khan.
Nesse caso Marco Polo era o empreendedor, pois buscou encontrar uma nova rede
comercial e seu sucesso permitiu a entrada de diversos artigos orientais, até então pouco
conhecidos pelos europeus da Idade Média. O mercador também estava pensando em
obter lucro e sucesso, porém sua identidade está na construção de novos caminhos e na
inovação dessas rotas comerciais.
Esse exemplo deixa claro que empreender está para além de buscar capitalizar a partir
da criação de novos produtos e que o empreendedor diferencia-se e muito do
capitalista. Se hoje confundimos esses dois papéis é por não sabermos definir as
atribuições e perspectivas de cada um.
O que caracteriza, afinal, um empreendedor?
Não há dúvidas de que ser um empreendedor exige diversas habilidades. Algumas pessoas
desde cedo já demonstram certo talento para assumir riscos, entretanto, esses não são os
fatores principais para um empreendedor de sucesso. A maior parte das ferramentas que
tornam uma pessoa um empreendedor pode ser desenvolvida ao longo da vida através de
esforço e dedicação.
Aqui estão quatro características fundamentais para quem pretende lançar-se no
mundo do empreendedorismo:
1. Iniciativa
Empreendedores são pessoas que lançam-se ao futuro e buscam inovações. Para isso é
preciso iniciativa. Muitas vezes, frente a situações cotidianas, nos colocamos em uma
situação passiva, ou seja, esperamos que outra pessoa venha e resolva o nosso problema.
O empreendedor deve estar sempre em busca de tomar ações, essa característica garante
estar a frente dos seus concorrentes.
2. Adaptação
Nosso mundo está em constante transformação. Todos os dias ocorrem mudanças
tecnológicas, políticas e sociais que afetam a nossa vida. Portanto, tal como a seleção
natural de Charles Darwin, precisamos nos adaptar.Um amante do empreendedorismo deve
ser capaz de enxergar o cenário em que vive e perceber não apenas a mudança, mas seus
efeitos e direção.
3. Organização e disciplina
Geralmente achamos que aventurar-se a fazer algo novo é fruto de uma impulsividade.
Entretanto, um bom empreendedor nunca é levado apenas por seus impulsos, mas sim
constrói, de maneira ordenada e eficaz, o seu caminho. Às vezes ter uma ideia boa não é o
bastante, é preciso disciplina e foco para alcançar metas e tornar o sonho realidade.
4. Assumir riscos e lidar com falhas
Nem tudo são flores quando se trata de empreender. É preciso, antes de mais nada, saber
lidar com as frustrações e resultados negativos. Por isso não basta apenas assumir riscos e
lançar-se no desafio, mas compreender que as falhas fazem parte do jogo. Se você
considera esses fatores e aprende a lidar com eles, você estará num bom caminho para
realizar seus sonhos no mundo do empreendedorismo.
Para saber mais sobre aprender a lidar com erros e superar seus medos, indicamos nosso
artigo “empreendedorismo tem tudo a ver com superar obstáculos”.
Bom Trabalho e Grande Abraço!
Autor: Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em: 14 de junho de 2021
Especial: Artigos no Jornal da Tribuna
Link: https://jornaltribuna.com.br/2021/06/como-nasceu-o-empreendedorismo/
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