A imaginação dos seres humanos é um campo infinito de possibilidades. Em nossas mentes
criamos as mais diversas histórias, personagens e situações. Graças a essa capacidade
somos os únicos seres da natureza que conseguem produzir arte, construir edifícios e
implementar novas percepções em nossas vidas. A imaginação é, como bem sabemos,
uma das ferramentas mais úteis para um empreendedor. É graças à possibilidade de criar
algo novo que podemos avançar em nossos negócios e levar nossas ideias para o mundo
concreto. Desse modo, a imaginação não é um pré-requisito apenas dos artistas, mas
também de toda pessoa que pretende ser bem sucedida em suas inovações.
Dentro do mundo do empreendedorismo hoje falaremos de um homem que foi, sem
dúvidas, um dos que mais soube utilizar-se da imaginação ao seu favor. Não apenas para
criar personagens, histórias ou mesmo universos distintos, mas trazê-los para a vida real e
mostrar que a arte, quando bem realizada, é capaz de ser um campo extremamente
lucrativo. Estamos falando de Walter Elias Disney, ou simplesmente Walt Disney, o homem
que fez da magia um negócio.
Biografia Walt Disney
Para os que conhecem Walt Disney apenas pelas suas obras e grandes empreendimentos
não imaginam as dificuldades que esse grande artista passou. Nascido em 1901, Walt
Disney, ao contrário do que pensamos, vem de uma família humilde no interior do Missouri
e grande parte de sua infância esteve entre os severos castigos do seu pai e o trabalho na
fazenda em que vivia. Esses dois aspectos dos primeiros anos do criador da Disneylândia
foram difíceis, pois não existia um momento para que o pequeno Walter fosse o que deveria
ser: uma criança. É notável como nossas origens definem, para o bem ou para o mal, nossa
maneira de conduzir a vida. Dizemos isso porque o fato de não poder viver externamente
seu lado infantil, momento em que aprendemos sobre contos de fadas e demais
brincadeiras próprias do mundo de uma criança, fez com que essa parte “reprimida” de Walt
Disney fosse aflorada com o tempo.
Tal como uma represa que não dá vazão às suas águas tende a arrebentar, a infância
severa vivida por Walt Disney fez com que ele tivesse uma péssima relação com seu pai,
porém, também fez com que a imaginação e a vontade de viver esse mundo encantado
fosse colocado para fora somente em outro momento de sua vida. Não por acaso, ao
chegar à maioridade sua principal escolha foi ingressar em uma escola de artes, a Kansas
City Arts School. Todo o aspecto criativo contido no jovem Walter começou a ser bem
direcionado nesse momento e, inevitavelmente, sua atenção voltou-se para as animações
infantis, algo pouco relevante e quase desconhecido naquele momento.
Devemos lembrar que o período em que Walt Disney começou seus trabalhos, os anos
1920, o que hoje chamamos de “infância” era pouco reconhecido. As crianças não
raramente eram vistas como mini adultos e o trabalho na mais tenra idade era algo comum.
Assim, existia pouco espaço para uma programação de arte voltada para os pequeninos,
mas foi justamente nesse vácuo do entretenimento que a capacidade de inovação e visão
de Walt Disney tornou-se notável
Tornando sonhos em realidade
Após trabalhar em algumas agências de publicidade, Walter e seu irmão abriram sua
própria produtora de animações, a “Laugh O-gram”. Nela os irmãos animavam contos de
fada, ou seja, davam vida e movimento às antigas histórias e narrativas, trazendo a magia
destas histórias para as telas. As animações eram exibidas no cinema antes dos
longa-metragens e passou a fazer enorme sucesso. O primeiro público de Walt Disney,
portanto, não foram as crianças, mas sim os adultos.
O sucesso das suas primeiras animações impulsionou o sonho de Walter, mas a sua
empresa acabou falindo Porém a experiência foi necessária para que ele encontrasse seu
verdadeiro caminho, pois ao invés de desistir dos seus sonhos o jovem Walt Disney decidiu
arriscar-se ainda mais. Junto com seu irmão foram até Hollywood, principal centro de
produção de entretenimento dos EUA e iniciaram uma nova empresa: a Disney Brothers
Animation Studios. Lá desenvolveram novas produções junto a uma distribuidora de filmes,
porém, nem tudo foram flores. Após um enorme sucesso com duas animações, chamadas
“Alice” e “Oswald, o coelho sortudo”, a vida trouxe um revés para os planos de Walter e
seus parceiros. A distribuidora das animações conseguiu na justiça os direitos autorais das
obras, tirando-lhes assim a propriedade intelectual dos desenhos e, além disso, os lucros
destas.
Para qualquer negócio em ascensão esse é um duro golpe a ser absorvido. De repente a
receita da Disney despencou, além de não poder mais veicular seus principais produtos.
Um empreendedor comum certamente entraria em desespero - e com certa razão -, mas
não foi o caso de Walter Elias Disney. Ao saber da trágica decisão judicial, ele apenas disse
ao seu irmão que ficasse calmo, pois já tinha em mente um personagem de desenho
animado que superaria qualquer outra. Esse personagem seria, de fato, a marca de toda a
Disney: o Mickey Mouse.
Esse é o poder da imaginação: a partir dela podemos criar novos cenários e construir portas
quando nos encontramos em becos sem saída. Imaginação, desse ponto de vista, não
trata-se apenas de pensar em algo mirabolante, mas construir um cenário futuro e os
passos necessários para se alcançar um objetivo. No caso de Walt Disney, o fato dele
perceber que sua criatividade não poderia ser comprada, ou melhor, roubada, garantiu que
ele encontrasse um meio de superar os seus problemas nos negócios. Tomando-o como
exemplo, desenvolver essa habilidade de conseguir projetar soluções é uma característica
importante para qualquer pessoa que pretende desenvolver um negócio, afinal, empreender
também é saber solucionar problemas.
Atingindo novos patamares
Ao criar seu mais famoso personagem, Walt Disney fez com que a popularidade da Disney
disparasse. Junto a isso, acompanhando as inovações do cinema, suas animações contam
a própria história da sétima arte: os studios Disney foram os primeiros a trazer animações
com som - antes todas seguiam o padrão do cinema mudo - além de serem as primeiras a
usarem imagens coloridas. Desse modo, Walt Disney mostrou-se sempre na vanguarda das
animações, o que lhe garantia uma qualidade superior aos dos estúdios concorrentes,
inclusive daquele que roubou-lhe os seus primeiros personagens.
Mais uma vez a imaginação andava lado a lado com a inovação. Depois de décadas
liderando as produções, Walt Disney realizou o seu maior sonho e, sem dúvida, a sua obra
mais impactante: A Disneylândia. Cravado na memória coletiva do mundo Ocidental, a
Disneylândia tornou-se muito mais do que um parque de diversões com os personagens do
estúdio de Walt Disney. Ela é, de fato, a plasmação de um mundo mágico e fantástico
dentro do mundo real que vivemos. Assim, a obra de Walt Disney saiu das telas e ganhou o
mundo físico, sendo uma verdadeira obra de um mago. O maior parque temático do mundo
arrasta milhões de pessoas todos os anos em suas atividades em seus 6 parques ao redor
do mundo.
Assim, a Disney atingiu um patamar poucas vezes visto na história. Deixou de ser um
negócio, uma simples empresa que presta um serviço ao mundo, mas passou a ser um
modo de enxergar a vida, um ideal. Ao fundar a Disneylândia, Walt Disney fez a seguinte
dedicatória:
“Para todos aqueles que vêm para este local feliz: Bem-vindo. A
Disneyland é sua terra. Aqui, a idade revive as memórias do
passado e a juventude pode saborear o desafio e a promessa do
futuro. A Disneyland é dedicada aos ideais, sonhos e a dura
realidade que criaram a América, com a esperança de que ela seria
uma fonte de alegria e inspiração para todo o mundo.”
Em poucas palavras, esse é o sonho de qualquer empreendedor: mudar a realidade em que
vive. Como sabemos, há diferentes modos de fazermos isso e também diferentes níveis.
Podemos mudar uma realidade social a partir da economia, dos espaços físicos e de
prestar um novo e bom serviço às pessoas. Porém, talvez a mudança mais profunda seja
esta: a de manter vivo os sonhos das pessoas, mostrá-las que a magia desse mundo
fantástico não está apenas nos contos de fadas ou nas telas, mas que elas podem
vivenciá-las em sua forma de encarar a vida.
Dito isso, os mais de 30 prêmios recebidos por Walt Disney e sua fortuna são quase
irrelevantes (apesar de importantes) frente à sua capacidade de fazer as pessoas voltarem
a sonhar. Esse, sem dúvida, é o maior dos seus méritos. Por isso e muito mais ele não
poderia deixar de constar nessa seleta lista de Grandes Empreendedores da História.
Bom trabalho e grande abraço.
Prof. Adm. Rafael José Pôncio
Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.
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