terça-feira, 21 de novembro de 2023

Alfred Sloan e o case de sucesso da General Motors

É bem provável que você já tenha se locomovido em algum veículo produzido pela General Motors (GM), no Brasil, mais conhecida por Chevrolet. Hoje, iremos apresentar Alfred Sloan um dos responsáveis pela General Motors ser a gigante automobilística que é hoje.

Diferente de muitos perfis que vemos por aqui, Alfred Sloan não foi um teórico acadêmico e não lançou teorias para melhorar a gestão de empresas. Seu perfil prático o levou para a linha de frente nas indústrias em que atuou, esteve a maior parte do tempo próximo dos colaboradores, de forma a garantir os melhores processos e resultados. 

Apenas na General Motors foram 23 anos como Chief Executive Officer (CEO), período de grande crescimento da empresa. Porém, contada a partir do final, a história de Sloan pode parecer obra do acaso ou sorte, o que não é verdade. Sua trajetória como gestor de sucesso começou antes de ingressar na GM, atuando em companhias menores, nas quais pode aprender para enfrentar desafios maiores. 

Fique conosco e conheça a inspiradora trajetória de Alfred Sloan que em muitos momentos se confunde com a história da GM.

A primeira marcha da vida de Alfred Sloan

Desde o princípio, a vida parecia encaminhar Alfred Pritchard Sloan Jr. para o ramo automobilístico, o seu pai trabalhou como mecânico e com certeza, a aproximação de Sloan com o universo dos carros desde a infância o influenciou na sua trajetória profissional. Como veremos a seguir, a maior parte da vida profissional de Sloan foi dedicada à indústria automobilística e na General Motors. 

Sloan nasceu em 23 de maio de 1875, na cidade de New Haven, Connecticut, Estados Unidos, sendo o irmão mais velho dos 5 filhos dos seus pais. Desde muito novo Sloan se destacou nos estudos e demonstrava bom desempenho nas escolas em que estudou, vindo a concluir o colegial, hoje, ensino médio na Escola Politécnica do Brooklin. 

A precocidade e genialidade de Sloan não demoraram a aparecer, e aos 17 anos, sendo o mais novo da sua turma, ele se graduou em Engenharia Elétrica, no Instituto de Tecnologia da Massachusetts, o prestigiado MIT, em 1982. Conforme dito acima, Sloan não seguiu uma carreira acadêmica, ao contrário, dirigiu-se ao mercado de trabalho e deu início a carreira profissional como desenhista industrial, na Hyatt Roller Bearing.

Após algum tempo, tornou-se presidente da Hyatt, período em que a empresa experimentou grande crescimento. No ano de 1916 a Hyatt se fundiu com a United Motors Corporation, da qual Sloan se tornou presidente. Após dois anos a empresa foi comprada pela General Motors (GM), fazendo com que Sloan se tornasse vice-presidente. 


Segunda marcha: Sloan na General Motors

Ao ingressar na GM, Sloan se viu diante de enormes desafios. Atribui-se a Sloan a invenção da arte de administrar uma grande empresa, porque foi exatamente isso que ele teve que fazer. A situação da GM na época da chegada de Sloan era caótica. Como vice-presidente, Sloan encarou a missão de colocar ordem na casa, estabelecer os processos, solucionar as questões financeiras e unificar os interesses da empresa. 

Os esforços de Sloan em sua missão de reorganizar a GM deu resultado e, como consequência disso, ele passou 23 anos da sua carreira na empresa. Nesse período a GM expandiu suas fronteiras e viu sua participação crescer consideravelmente em todos os mercados em que atuou. 

Resumidamente, o que Sloan fez foi ter instituído e normatizado uma série de procedimentos para todas as áreas da empresa. Sloan dividiu a GM em unidades autônomas, sem perder de vista que a empresa é um todo, portanto, todos os setores, como orçamento, vendas, contratos, recursos humanos e afins deveriam ter visão da empresa enquanto uma unidade funcional. 

Em termos práticos, os seus executivos de nível corporativo não precisavam se preocupar com detalhes dos centros de lucro, mas sim buscar resultados. Portanto, todos os setores, como orçamento, vendas, contratos, recursos humanos e afins deveriam ter visão da empresa enquanto uma unidade funcional. 

Sloan atuou à nível estratégico em todas as áreas. Atribui-se a ele a criação do sistema de obsolescência programada, em 1920, que consiste na decisão do produtor de forma intencional desenvolver um produto de forma que se torne obsoleto ou mesmo pare de funcionar, forçando assim o consumidor a adquirir um novo produto. Atrelado a isso, era necessário educar o consumidor sobre a necessidade de atualização dos seus produtos, dava-se o pontapé no marketing de desejo pelo novo. 

O resultado das práticas acima é que as vendas aumentam ano após ano. A obsolescência programada é hoje amplamente adotada pela indústria de tecnologia, eletrodomésticos, na moda e em muitos outros segmentos. 

Ainda em relação à adoção de estratégias comerciais e de marketing, destaca-se o slogan criado por Sloan “Para cada bolso e propósito”, vejamos que poderoso. Dessa forma, Sloan comunicava com todos ao dizer que a GM oferecia veículos para todos os públicos, na época eram comercializados Cadillacs para a elite e também modelos Chevrolet, para as classes mais baixas. Em relação ao propósito, novamente, abria-se um leque enorme de possibilidades com veículos urbanos, para o comércio ou uso rural.

O resultado das práticas acima: já em 1940 a GM assumiu a liderança do mercado automobilístico nos Estados Unidos, com 47,5% das vendas. Com Sloan, a GM saiu da posição de estar à beira da falência para entrar no rol das grandes montadoras mundiais. 


Passando a terceira marcha: o legado de Sloan 

O legado de Sloan vai muito além dos seus feitos realizados na GM. Alguns diriam que ele foi um servidor dedicado à empresa, mas buscando a justiça, Sloan foi um devocionário ao trabalho, e isso pode ser constatado por sua atuação antes de ingressar na GM. 

As boas práticas de Sloan são hoje reconhecidas e adotadas por empresas de todo o mundo. Como mencionado, Sloan foi um dos pioneiros a ter sucesso na gestão de empresas de grande porte, como a General Motors. Para isso, desenvolveu o modelo de gestão com divisões descentralizadas, cada uma encarregada de produzir determinados componentes e cada divisão deveria se tornar um centro de lucro. 

Sloan foi também um filantropo e humanista, no ano de 1934 criou a Fundação Alfred P. Sloan, com ela pretendia que as suas realizações pessoais, o seu legado e ensinamento pudesse ser passado adiante por meio dos projetos sociais abarcados pela fundação. Alfred Sloan faleceu em 1966 e deixou como maior exemplo o próprio exemplo de vida. 

Para aqueles que desejam conhecer mais sobre a vida e obra de Sloan, recomendamos o seu livro com caráter bibliográfico “Meus anos com a General Motors”, publicado na década de 60.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       


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