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sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Lawrence A. Appley e a boa convivência como fórmula de uma grande administração

Criar uma boa relação dentro do ambiente de trabalho é uma das principais tarefas de um bom gestor. Durante muito tempo, porém, as relações humanas foram ignoradas no ambiente de trabalho, principalmente quando falamos das primeiras gerações de administradores que foram fortemente influenciados pela administração científica de Henri Fayol e Frederick Taylor. Focados em conseguir retirar o máximo da produção a partir da exploração da força de trabalho dos colaboradores, a administração científica estava pautada no rígido controle dos colaboradores e sua eficácia no ambiente de trabalho. 

Com o tempo, porém, novas teorias surgiram. A administração humanística de Elton Mayo, por exemplo, foi responsável por comprovar que elementos subjetivos influenciam diretamente na produção de uma empresa. Manter uma relação amigável com os seus funcionários, além de evitar grandes cargas de estresse, têm um efeito excelente para os colaboradores e sua capacidade produtiva.

Em meio a disputa entre essas duas maneiras distintas de enxergar a administração, uma nova geração de estudiosos surgiu com métodos inovadores de soluções para empresas com problemas de gestão. Estamos falando da escola empírica e seu foco na experiência de outras empresas como fórmula para novas e boas práticas de administração.

Um dos pilares dessa nova geração foi Lawrence A. Appley e hoje conheceremos um pouco mais sobre a vida desse grande pai da administração.

Os primeiros anos de Appley

A história de Lawrence A. Appley começa no início do século XX, precisamente em 1904. Durante os primeiros anos de sua vida, a família de Lawrence viajou por diversos estados americanos. Nascido em Nyack, Nova York, o jovem Lawrence conheceu ainda a Pensilvânia, Ohio e diversas localidades dos Estados Unidos. A causa dessa série de mudanças em poucos anos era o trabalho do seu pai, que era pastor da Igreja Metodista americana. Devido ao seu cargo, muitas vezes foi necessário para a família mudar-se para acompanhar a função religiosa de Joseph Appley (o pai de Lawrence Appley).

Esse é, certamente, o fato mais marcante dos seus primeiros anos. O fato de não estarem fixados em um único local fez com que a família Appley não somente conhecesse outras partes - e realidades - do seu próprio país, mas também criasse uma série de boas relações, principalmente com outros frequentadores da Igreja Metodista. Fala-se, inclusive, que foi graças a essas conexões que Lawrence Appley conseguiu entrar no ensino superior, na Universidade Wesleyana de Ohio, uma vez que a família não possuía recursos para financiar os estudos de maneira integral na instituição. 

Esse é outro ponto que podemos apontar como marcante na infância de Lawrence. O fato de sua família ter raízes humildes, assim como milhares de pessoas ao redor do mundo, levou o jovem Lawrence a dividir seu tempo entre os estudos e o trabalho. Durante toda sua faculdade essa foi sua realidade: entre trabalhos de meio período e sua formação acadêmica. Desse modo, Lawrence em seus anos de graduação fez um pouco de tudo: desde vendedor de máquinas de lavar até motorista de táxi.

Se valendo do esforço e dedicação, aos poucos Lawrence foi crescendo no mundo do trabalho. Após formar-se, Appley passou alguns anos atuando como professor em escolas secundárias. Somente em 1929, aos 25 anos, sua carreira voltou-se para a administração. 

A carreira como administrador e teórico

Após realizar uma pós-graduação em administração pública, Appley abriu seus horizontes. O fatídico ano de 1929 e a queda da economia global poderia apontar para qualquer jovem da época que uma carreira em administração fosse um futuro instável, visto as grandes perdas que uma empresa poderia sofrer. Porém, para Lawrence esse não foi um impeditivo para se apaixonar pela gestão de empreendimentos.

Logo após sua pós-graduação Appley começou a trabalhar na Standard Oil, fundada pelo magnata do petróleo Rockefeller. Sua carreira como administrador só alçou voos a partir desse momento. Entre 1931 e 1948 a vida de Lawrence foi dedicada a diversas empresas como a Vicks Chemical Company e a Montgomery Ward & Company. Em todas Appley teve cargos importantes, o que lhe permitiu aprender de maneira empírica os conhecimentos que lhe foram transmitidos na academia.

A vivência dentro do ambiente corporativo lhe deu a base para suas principais teorias, principalmente por atestar sua eficácia aplicando-a em diversos cenários. Não por acaso, seu prestígio lhe permitiu chegar ao cargo de presidente da Associação Americana de Administração (AMA) e lá permaneceu por vinte anos, de 1948 a 1968. Durante esse período, Appley aportou positivamente para mais de 35 companhias, fazendo parte de conselhos internos, dando consultorias e se tornando uma parte essencial da história da administração americana no último século.

Enquanto teórico da administração, Lawrence aportou para o desenvolvimento da escola empírica. Sua prática nas empresas e a busca por soluções a partir do que já havia sido testado em outras experiências corporativas o fez perceber que a gestão é, antes de tudo, um trabalho de motivação e liderança. Nesse sentido, a qualidade dos gestores implica não em saber dar ordens e conhecer os números da empresa, mas em conseguir motivar e tirar o melhor de cada colaborador.

Sua experiência pessoal comprovou que a direção deve, antes de tudo, criar um ambiente de trabalho saudável e harmônico e assim gerar motivação para o cumprimento das metas. Um funcionário dedicado e motivado a crescer faz, naturalmente, sua produção subir e a qualidade da empresa também. Para isso ocorrer, porém, Appley afirma que é preciso que o funcionário saiba exatamente o que fazer, qual posição ocupa dentro da estrutura empresarial e como lidam com as relações com outros colegas de trabalho.

Sendo assim, Appley estabeleceu que o trabalho dos gestores é garantir uma hierarquia clara através do uso de organogramas, uma ferramenta que auxilia de forma visual a enxergar os setores de uma empresa e seus responsáveis. É função do gestor fazer com que sua equipe consiga atingir suas metas, motivando-os e colocando metas racionais e que possam ser atingidas dentro da realidade da empresa e do prazo estabelecido.

Em resumo, basicamente todas as ideias que aplicamos em nossos empreendimentos e na gestão de pessoas saíram, de forma direta ou indireta, da vivência e prática de Appley e da escola empírica, uma das vertentes mais utilizadas nas empresas atualmente.

Conclusão

Dito isso, é notável perceber que a carreira e a vida de Lawrence Appley são uma prova de como o esforço, quando bem direcionado, é mais eficaz que a sorte ou o talento. Lawrence não teve uma vida fácil e cheia de recursos desde o começo, mas sua tenacidade e persistência foram, enfim, suas principais armas para chegar ao sucesso. E como um vitorioso, em 1997 esse grande pilar da administração deixou a vida. Sua partida foi tranquila, aos 93 anos.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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