terça-feira, 20 de junho de 2023

Kiichiro Toyoda, a inovação em primeiro lugar

Quando a inovação faz parte do DNA, a perseverança leva, paulatinamente, ao sucesso. Podemos, dessa forma, fazer um recorte da trajetória de sucesso de Kiichiro Toyoda, empreendedor por trás da Toyota. Como a frase sugere, Kichiro trás consigo o DNA empreendedor, e vai além, aprende com o seu pai Sakichi Toyoda, que começou a empreender com uma fábrica de tear antes de fundar o que hoje veio a se tornar a Toyota, a mais eficiente montadora de automóveis do mundo.

É atribuída a Kiichiro e ao seu pai Sakichi a seguinte frase:

"Antes de dizer que não pode fazer algo, experimente fazer”.

A frase em questão é mais do que uma frase de efeito. Representa uma conduta de Kichiro diante da vida, especialmente diante dos desafios. Na série “Grandes Empreendedores da História” de hoje, veremos que não foram poucos os momentos em que Kiichiro pôde colocar à prova o seu próprio ensinamento. Foram muitos os desafios e aprendizados necessários para que Kiichiro, juntamente com seu pai, a partir de uma fábrica de tear manual, passasse ao que hoje é a montadora Toyota. Com certeza houveram fracassos, falhas, reajustes de rotas e, em especial, houve muitos experimentos na busca pelos acertos.

A trajetória empreendedora e corajosa de Kichiro é sem dúvidas uma inspiração para todos nós, empresários de sucesso ou iniciantes, pois mostrou que fora da zona de conforto existem maravilhosas conquistas a serem realizadas. Kichiro nunca esteve na zona de conforto, apesar de já contar com um negócio familiar em andamento, ousou querer mais e conquistou. É hora de nos inspirar com a história de sucesso de Kiichiro Toyoda.

Os primeiros passos de Kiichiro Toyoda

A trajetória de sucesso de Kiichiro deu início antes do seu nascimento em 1894, na cidade de Kosai, no Japão. Tudo começou quando seu pai, Sakichi Toyoda, ao observar a sua mãe tecer em teares manuais de madeiras, buscou formas de tornar o seu trabalho mais fácil e produtivo. Em 1896 Sakichi desenvolveu o primeiro tear mecânico do Japão e seguiu aprimorando a técnica, até que em 1924, já com o auxílio de Kiichiro, desenvolveram o tear mecânico de alta velocidade. Um ponto alto do processo foi ter desenvolvido uma máquina que não desperdiçava matéria prima, pois o tear de alta velocidade parava de tecer caso o fio rompesse.

Aqui identificamos uma importante regra da família Toyoda: a eficiência deve caminhar ao lado do não desperdício. A filosofia da eficiência que previne o não desperdício que encontra-se no processo de produção da Toyota começou ainda na indústria de tear da família. Vale ressaltar que essa filosofia de produção, enquanto ideia, pode ser adaptada para todo e qualquer negócio. O aprimoramento, a busca por otimização dos processos produtivos deve levar a máxima eficiência. Não apenas para proteger os recursos materiais, pois a agenda socioambiental pede esta responsabilidade, mas também que a eficiência previna o desperdício de tempo e retrabalho.

De volta aos passos de Kiichiro, destaca-se a viagem que realizou à Nova Iorque no ano de 1922. A visita aos Estados Unidos foi um ponto de virada para Kiichiro, pois foi quando ele percebeu a importância do automóvel para as pessoas. A partir daquele momento ele vislumbrou que aquele era um mercado em franco crescimento e que precisava agir rápido. Kichiro acreditava que o Japão precisava se modernizar rápido ou iria ficar para trás em relação às potências ocidentais.

De volta ao Japão, Kiichiro convenceu o seu pai a criar uma divisão na indústria de tear para a produção de automóveis e em 1930 desenvolveu o primeiro motor a gasolina, ainda para a fábrica de tear. É interessante constatar a trajetória linear, mas não óbvia de Kiichiro. Buscando desenvolver um carro, construiu um motor à gasolina para o tear de sua família. Kiichiro sabia que a evolução não dá saltos e que são dos pequenos passos que se chega às grandes conquistas. Em setembro de 1934 o empreendedor desenvolveu o primeiro protótipo de motor para carros, o tipo A, e no ano seguinte, em 1935, o protótipo do primeiro carro, o AA. Em 1936 o primeiro carro ficou pronto.  

Como Toyoda mudou para Toyota 


Kiichiro seguiu inovando, sem deixar de lado suas raízes e a cultura japonesa. Em 1937 a divisão de automóveis foi definitivamente separada da fábrica de tear e a Toyoda passou a se chamar Toyota. O nome mudou pois em japonês “Toyoda” é escrito com dez traços, enquanto que “Toyota” tem oito traços. Na cultura japonesa, o número oito é um símbolo de prosperidade.

Hoje a Toyota está presente em mais de 160 países e é reconhecida como a montadora mais eficiente da atualidade, com milhões de carros produzidos e comercializados. Como disse, o caminho para chegar ao topo foi longo. É importante citar o modelo de produção adaptado do fordismo desenvolvido por Kiichiro em 1938, conhecido como TPS (Toyota Production System). O sistema de TPS trouxe consigo a metodologia de produção Just-in-time, que consistia em produzir apenas o necessário quando for necessário, para, assim, evitar desperdícios.

Quando a crise do petróleo estourou em 1973, todas as montadoras sofreram o impacto. A Toyota, contudo, conseguiu responder mais rapidamente ao cenário em função do seu sistema de produção, o TPS. O TPS passou por muitos aperfeiçoamentos ao longo das décadas e hoje segue sendo estudado nas universidades ao redor do mundo.

Kichiro construiu as bases

O grande empreendedor de hoje, Kiichiro, faleceu no ano de 1952 e não chegou a ver a Toyota se tornar o sucesso que é hoje. Contudo, Kiichiro criou as bases para o crescimento que viria nos anos seguintes. Por “dar as bases”, devemos entender que Kiichiro foi o fomentador da inovação sem abrir mão dos métodos e da cultura japonesa, assim pôde aperfeiçoar aquilo que aprendia nas suas viagens às fábricas da Europa e Estados Unidos.

Kiichiro nos deixa, portanto, uma poderosa lição: podemos aprender uma técnica com o outro, mas podemos dar a nossa forma de condução, impregnar com o nosso jeito de ser aquilo que estamos fazendo. Sendo que somos, do jeito que somos, podemos fazer coisas incríveis. Kiichiro fez algo incrível e o seu legado é a Toyota, que com a sua morte passou a ser dirigida pelo seu primo, Eiji Toyoda, hoje a Toyota é uma das líderes do mercado e parece que não deixará o topo tão cedo, e, inclusive pode-se dizer que desta companhia é lugar que muito contribuiu para a escola de administração no mundo.

Bom trabalho e grande abraço! 

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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