terça-feira, 18 de outubro de 2022

Henry Gantt e o gerenciamento de projetos


Bem vindos a mais um texto da série “os pais da administração”. Hoje conheceremos mais um dos grandes teóricos que ajudaram não apenas a desenvolver um modelo científico para a gestão de empresas, processos e pessoas, mas que foi um dos principais assistentes de Frederick Taylor. Estamos falando de Henry Gantt, o homem que demonstrou a eficácia do gerenciamento de projetos.

Introdução: Henry Laurence Gantt da fazenda em Maryland à engenharia


A história de Gantt começa nos Estados Unidos da segunda metade do século XIX. Nascido no ano de 1861, sua família era proprietária de uma lucrativa fazenda em Maryland. No mesmo ano em que Henry nasceu eclodiu a Guerra de Secessão (1861 - 1865), evento este que afetou drasticamente o destino de sua família, uma vez que a mão de obra escrava era largamente utilizada pela família Gantt. Com o fim da guerra civil americana e a libertação dos escravos, os pais de Henry precisaram reinventar-se em seu modo de ganhar dinheiro e, notadamente, adaptar-se ao novo modelo social que começava a tentar estabelecer-se nos Estados Unidos.

É difícil (e muitas vezes arriscado) estipular o que poderia ter sido da vida de Henry Gantt caso não houvesse ocorrido a guerra. Não podemos garantir que ele seguiria a carreira do seu pai como fazendeiro, muito menos que manteria o sistema escravocrata aceito por lei ao longo de dois séculos nos EUA. Apesar de não podermos afirmar tais questões, o fato é que desde sua infância Gantt foi levado para outra área em sua formação escolar. Ao invés de ser um homem da terra, debruçou-se sobre as máquinas que cada vez mais faziam sucesso nas cidades em todo o mundo. Desse modo, sua carreira foi voltada para a indústria, tornando-se engenheiro mecânico.

O fiel escudeiro de Frederick Taylor


Em 1884, com 23 anos, formou-se engenheiro mecânico e a partir daí descobriria um universo a ser explorado. Como um homem racional, versado nas leis da física e na exatidão da matemática, Gantt rapidamente caiu nas graças de um outro engenheiro mecânico, que conheceu em 1887 em Midvale Steel: Frederick Taylor.

Taylor, o pai da administração científica no qual já falamos em nossa série, trabalhava na Midvale Steel, uma companhia siderúrgica especializada em aço, desde 1878 e já aplicava sua forma de administração racional no setor de engenharia.

Assim, o encontro entre os dois foi inevitável e, ao mesmo tempo, fundamental para a ciência da administração. Gantt chegou a tornar-se o auxiliar direto de Taylor, sendo seu braço direito na gestão do setor de engenharia da Midvale Steel. Com o pai da administração científica Gantt aprendeu não só os princípios racionais para uma boa gestão, mas também deu valiosas contribuições para o modelo que hoje chamamos de Taylorismo.

A ligação de Henry Gantt com Frederick Taylor era tamanha que mesmo após a saída de Taylor da Midvale Steel, Gantt o acompanhou nas outras empresas que trabalhou. Os dois mostravam-se apaixonados pela forma de trabalho em que se dispunham e juntos, não por acaso, dividem seis patentes. Por pensarem de forma similar, habitualmente falamos que Gantt é um fiel seguidor do Taylorismo, não apenas por implementar suas técnicas, mas principalmente por ajudar ativamente no seu desenvolvimento e disseminação. Porém, apenas seguir as ideias do pai da administração científica não faria de Gantt um dos pais da administração. Por isso precisamos conhecer suas contribuições para esse campo do conhecimento.

As contribuições de Henry L. Gantt para a administração


Henry Gantt, como um homem que buscava resultados na ciência, desenvolveu métodos eficazes para planejamento e execução de tarefas. Sua busca pela eficiência na produção o tornou um excelente consultor de gestão, tarefa que fazia com esmero. Uma das suas técnicas mais conhecidas para conseguir melhorar o controle da produção é o diagrama de Gantt. Desenvolvido entre os anos 1910 a 1915, esse diagrama define uma relação entre as tarefas (ou etapas) a serem executadas em um projeto e o tempo que elas levam até sua finalização. parece algo simplório, porém lembremos que há cem anos não existia ainda na administração de empresas uma mentalidade voltada para mensurar e projetar com precisão tais elementos.

Desse modo, Gantt conseguia entender o quanto de recurso deveria ser investido em cada etapa de um projeto e acompanhava o seu progresso. Quando o cronograma não atendia ao esperado dever-se-ia localizar onde o erro estava. O diagrama de Gantt, portanto, se tornou uma maneira didática dos gestores conseguirem localizar os problemas em suas produções e poderem atuar frente a eles. Em geral, a grande parte dos atrasos ocorria, como constatou Henry, pela ineficiência dos trabalhadores que, na grande maioria das vezes, não sentiam-se valorizados pelo seu labor. 

Assim, Henry Gantt achou um modelo de motivação para o trabalhador que até hoje ainda se utiliza: a lógica do bônus. O modelo aplicado por Gantt para a classe operária era, em síntese, bem simples: se o trabalhador vende sua força de trabalho em troca de um salário, então se existir uma oferta a mais, ele irá se esforçar não somente para bater suas metas, mas ultrapassar seus limites e produzir acima do esperado.

A teoria, ao ser testada, mostrou-se verdadeira. Os gráficos de Gantt comprovaram que a recompensa estimula os trabalhadores a serem mais eficazes, garantindo que os projetos e suas etapas não apenas fossem concluídos no prazo estipulado, mas muitas vezes terminando de forma adiantada. Gantt percebeu, naturalmente, que o sistema capitalista, ao qual todos buscam obter dinheiro, seja por meio do lucro ou por meio da sua força de trabalho, era a moeda de troca perfeita para garantir a boa execução da produção. Essa ideia, porém, nem sempre foi bem aceita no meio empresarial, mas o tempo provou estar ao lado do discípulo de Taylor. 

O principal motivo ao qual os empresários contrários ao método de recompensa alegavam era o de aumentar as despesas com os trabalhadores. Entretanto, na prática, o excedente da produção garantia ainda mais lucro aos empresários, afinal, o bônus oferecido não se comparava ao lucro dado pelo sobre esforço feito. Como o próprio Gantt disse certa vez:

“Entre todos os problemas da administração, o elemento humano é o mais importante”.

Essa visão humanista, no sentido de considerar o aspecto humano no trabalho e não apenas a sua força de produção, o diferenciou dos demais adeptos do Taylorismo, que buscavam a eficiência a qualquer preço. Assim, não se permitia aplicar a justa medida nos seus comandados, mesmo prezando pela eficiência do sistema produtivo. Tal qual um relógio de engrenagens, ao qual todas as peças deveriam executar seu movimento perfeitamente para que a máquina funcionasse, também em qualquer cadeia produtiva era essencial cada trabalhador executar aquilo que seu trabalho designava. Quando isso deixava de ocorrer, por ociosidade, falta de logística ou qualquer outra falha, era preciso que ocorressem os devidos ajustes.

Desse modo, Gantt seguiu trabalhando até o último dos seus dias. Ele ainda ajudou os Estados Unidos na I Grande Guerra Mundial (1914 - 1918) dando consultoria na fabricação de armamento, gerenciando cadeias de produção da maneira mais eficiente possível. Assim, um ano após o fim do conflito, Gantt deixaria a vida aos 58 anos e entraria para a história através do seu legado no mundo da administração.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio
 



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terça-feira, 11 de outubro de 2022

Willem Usselincx, o holandês que navegou pelos mares do livre comércio

Muitos de nós entendemos que empreender envolve, em grande parte, arriscar-se. Nunca se sabe, mesmo com todos os cálculos e previsões, se os negócios irão ser bem sucedidos, visto que no jogo da economia há uma série de variáveis que não estão sob o nosso controle. Mesmo assim, as incertezas jamais foram capazes de parar os homens e mulheres com espírito empreendedor, uma vez que correr riscos faz parte de qualquer investimento.

Frente a isso, se considerarmos apenas esse elemento para procurarmos por grandes empreendedores ao longo da história, certamente nossos olhos se voltariam aos séculos XVI e XVII. Isso porque o momento histórico em que viveram estava imerso em um universo de transformações políticas, sociais, religiosas e econômicas. O nascente capitalismo mercantil, por exemplo, passava a ditar as regras dos recém formados reinos europeus, com nítida vantagem para Portugal e Espanha, que já lançavam-se ao “Novo Mundo” para conquistar os tesouros da América. Por outro lado, a reforma protestante fazia com que novos cristãos, advindos de uma perspectiva distinta da Igreja Católica, fossem obrigados a se aventurarem em uma nova terra, uma vez que fugiam da fogueira da Santa Inquisição.

Esse contexto histórico turbulento foi um campo fértil para a criação de novos empreendimentos. O espírito empreendedor, que por quase mil anos ficou adormecido nos feudos medievais, agora era obrigado a surgir como uma ferramenta de sobrevivência para estes refugiados. Era preciso, de fato, reinventar-se e inovar, tanto em sua própria vida como também nos negócios. É a partir dessa necessidade que surgem os investimentos privados, movidos por pessoas que não pretendiam ficar reféns das ordens e desmandos dos governantes.

Dentre os diversos casos que poderíamos acompanhar, certamente o que nos mais chama atenção do ponto de vista empresarial é a trajetória de Willem Usselincx, um holandês que viveu boa parte da sua vida como refugiado e construiu uma das maiores empresas privadas dos últimos quinhentos anos. Estamos falando do mercado externo comandado pela Companhia das índias Ocidentais, um dos maiores investimentos privados da História.

Biografia de Usselincx

Antes de mergulharmos nos investimentos de Willem Usselincx, porém, é necessário entender um pouco de sua vida. Assim, sua trajetória começa na cidade de Antuérpia, uma das mais ricas urbes do século XVI. O ano do seu nascimento data de 1567, apenas um ano antes da Guerra dos oitenta anos (1568 - 1648). Esse conflito ocorreu entre Holanda e Espanha, que brigavam pela influência no Novo Mundo, o vasto território das Américas que era uma mina de ouro para os exploradores. A Espanha, por sua vez, dominou por grande parte as regiões hoje denominadas “países baixos”, até que a revolta da população fez com que os espanhóis fossem expulsos. Porém, pouco tempo depois a Espanha voltou a conquistar todas as cidades da região, obrigando a população de outra fé (no caso, a protestante) a fugir.

Essa diáspora, ocorrida ao longo dos séculos em diversos países, obrigou desde cedo Willem Usselincx a lidar com adversidades, mesmo que com muito esforço. Foi nesse contexto, portanto, que nasceu o empreendedor. Willem Usselincx foi descendente de uma família de comerciantes que desde sua infância colocou-se à disposição do infante para ensinar tudo que precisava saber sobre as especiarias na Índia. Willem, porém, foi mais habilidoso com suas ações do que as palavras. O fato é que o empreendedor era capaz com seu carisma o que muitos não conseguem pela força. Desse modo, apesar de estar focado em estabelecer rotas comerciais para a nova Índia (atual América Central), Willem Usselincx foi o primeiro a lançar de maneira individual algo que pudesse concorrer com as empresas do Estado.

Assim, depois de 60 anos de existência, a base de Willem mostrou-se bastante resistente. Sua iniciativa privada mostrava que os lucros não precisavam estar concentrados apenas nas mãos do Estado, que não raramente gastava mais do que podia e fazia com que os recursos escorressem pelas mãos. A tarefa de Willem Usselincx, porém, não seria nada fácil, uma vez que seus concorrentes diretos eram a Espanha e Portugal, que concentravam todo domínio do Novo Mundo. Mesmo com essa adversidade, a empresa de Willem Usselincx, que funcionava em um formato similar à "Companhia holandesa das Índias Orientais”,a empresa holandesa que fazia o comércio com a Ásia, conseguiu estabelecer-se em 1621.

O lucrativo comércio das Índias Ocidentais

O empreendimento de Willem jogava luz ao monopólio de décadas da Espanha e Portugal nas regiões da América. Não por acaso, é nesse período que a Holanda domina o Nordeste do nosso país, estabelecendo-se por 20 anos em nosso território. A “nova Holanda”, como foi chamada a região conquistada, era parte de um projeto que visava o estabelecimento de colônias holandesas e a abertura de um novo mercado para o país de Willem. Assim, ao iniciar seu empreendimento e cruzar o Oceano Atlântico, Willem Usselincx conseguiu acesso ao transporte de recursos entre a América e a Europa. Um detalhe importante acerca da criação da Companhia das Índias Ocidentais é o fato de Willem, em acordo com seus sócios, não aceitarem transportar em seus navios homens e mulheres escravizados. Como bem sabemos, o comércio de escravos advindos da África até a América era um lucrativo negócio e, por mais terrível que fosse esse fato, ainda assim centenas de navios negreiros eram destinados para o Novo Mundo.

Porém, para alguém que várias vezes precisou reiventar-se por causa de guerras, discriminação religiosa e preconceitos, não seria fácil aceitar contribuir com um sistema que considerava desumano. Assim, Willem não perseguiu o lucro a qualquer preço, pois não podia abrir mão de sua ética. Mesmo com essa “desvantagem” frente aos seus concorrentes, a Companhia das Índias Ocidentais foi a empresa mais rentável de toda a América. Além disso, a Companhia das Índias Ocidentais foi responsável por trazer uma importante mão de obra para os locais em que a Holanda se estabelecia. Nomes como Maurício de Nassau, por exemplo, foram fundamentais para o desenvolvimento da região em que administrava, mostrando que o papel da empresa não estava somente no lucro, mas também em uma boa governança na região.

A Companhia das Índias Ocidentais funcionou de maneira privada até 1792 até ser tomada pelo Estado Holandês e dissolvida pouco tempo depois. Ainda assim, em seus 171 anos de existência, ela foi um dos principais meios de chegar até o Novo Mundo, sendo um elo importante no comércio internacional. Willem, que morreria 26 anos após a criação da empresa, conseguiu ver os frutos do seu empreendimento. Graças a ele foi possível, por exemplo, levar a experiência para outros países como a Suécia, na qual também fundou outras empresas com objetivo de colonizar novos territórios e desenvolver uma nova rota comercial.

Considerando toda sua trajetória, é inegável que Willem Usselincx foi um empreendedor de sucesso. Não apenas pelos seus lucros, mas principalmente por consegui-lo sem abrir mão do que é mais valioso para um Ser Humano: seus princípios.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 4 de outubro de 2022

MVP: descubra o que é e como fazer

MVP

Você pode até pensar que a sua ideia é a melhor do mundo, contudo você só vai saber se isso é verdade quando testá-la. Para isso existe o MVP.

Entenda como esta metodologia para desenvolvimento de produtos e serviços pode te ajudar a testar suas ideias.

O que é MVP?

MVP é a sigla em inglês para minimum viable product, ou mínimo produto viável em português, uma estratégia para colocar em prática uma ideia de produto ou serviço.

O MVP é aplicado principalmente por empresas inovadoras ou startups e funciona conforme este exemplo:

Uma casa de sucos, por exemplo, tem a ideia de criar sucos com misturas e produtos exóticos como: banana com gengibre e melancia com canela.

Contudo, como sabemos, lançar um novo produto não é uma coisa barata, já que há o investimento com a nova matéria-prima, publicidade, treinamentos da equipe... E ninguém quer sofrer prejuízos.

Então antes de colocar de fato as novas opções no mercado, o gestor da casa de sucos decidiu fazer um MVP, que nada mais é que uma versão teste de um novo produto.

Nesta versão é possível coletar feedbacks e identificar pontos que podem ser aprimorados antes do lançamento efetivo.

Por que criar (ou não) um?

Veja as vantagens e desvantagens de aplicar um MVP:

Validar uma hipótese

Mesmo que você já tenha um grande conhecimento do seu mercado, você só vai saber de fato se o público gosta ou não da sua ideia ela chegar até eles.  O MVP permite que você faça isso sem arriscar tanto.

Melhora a percepção dos clientes

Mesmo que o teste seja um completo fracasso ele ainda será proveitoso, pois trará informações importantes sobre comportamento dos clientes.

Aumenta as chances de sucesso

Com um produto testado, corrigido e aprovado, a probabilidade de ele ser um grande êxito aumenta significativamente.

 O custo para aplicação do teste

Mesmo que os benefícios do MVP sejam claros, ele tem um custo. Então é importante analisar se ele é realmente necessário para aquele produto ou serviço.

Atrasos no lançamento

Falando mais em startups, os negócios que mais utilizam MVP, fazer o lançamento no timing certo é crucial. Pois, se a solução demorar muito o seu concorrente pode sair na frente. 

9 Etapas para fazer um MVP

Veja agora o que a casa de sucos precisa fazer para criar um MVP eficiente:

1.   Monte uma equipe

O primeiro passo para ter um produto de sucesso é ter uma equipe capacitada para criá-lo certo?

Com o MVP não seria diferente, então escolher com cuidado os profissionais que irão desenvolver o produto e avaliar sua execução é fundamental.

As pessoas essenciais são:

  • Alguém para analisar a viabilidade financeira.

  • Alguém para pensar na usabilidade do item.

  • Alguém que saiba como produzir o produto ou oferecer o serviço.

2.   Escolha o público e o problema

Embora a empresa já tenha um público alvo definido, saber se a ideia condiz com ele é muito importante.

Também entender a dor dos clientes e descobrir como o produto irá aliviar este sofrimento. Para isso, algumas perguntas como:

  • Qual problema este produto/serviço irá resolver?

  • Como ele vai utilizá-lo?

  • Por que o cliente irá escolher o meu produto e não o do concorrente?

Devem ser respondidas nesta etapa.

 3.   Defina o produto

Agora que a equipe já fez os estudos necessários é o momento de desenvolver o produto em si.

A ideia é começar com uma solução simples que resolva a dor dos clientes de maneira rápida e com o tempo pensar nas melhorias.

Também é hora de definir as funcionalidades do produto de forma clara, determinando o que ele faz e o que não faz.

4.   Escolha o tipo de MVP

Como a ideia de produto ou serviço já está estruturada é hora de decidir como o teste será realizado.

Existem 5 modelos principais de MVP, são eles:

MVP Fumaça

Serve para avaliar o interesse dos clientes no novo produto, para isso é feita a divulgação, por uma landing page (página online para a captação de leads) ou um vídeo informativo.

Mensurando o interesse pela quantidade de pessoas que se cadastrarem para receber novidades, por exemplo.

MVP Concierge

 A proposta é fazer um experimento específico, com poucos clientes.

Por exemplo: uma desenvolvedora de aplicativos pode apresentar aos usuários um modelo simplificado, e utilizar os feedbacks para definir o layout e ferramentas de forma personalizada.

MVP Mágico de Oz

Embora o produto já esteja pronto, ele ainda não está 100% em funcionamento, pois precisa de alguns ajustes.

Neste caso, esperasse que os próprios clientes forneçam os insights para finalizar o projeto.

MVP Protótipo

É criado um protótipo teste para os clientes testarem e avaliarem.  Os feedbacks colhidos auxiliam no aprimoramento da ideia e construção do projeto final.

MVP Duplo

Quando são feitas duas versões de um produto ou serviço diferentes para os clientes avaliarem. Este sem dúvida trará mais resultados, porém o custo é maior.

5.   Estabeleça o tempo de teste

É fundamental analisar com cuidado o período de teste, pois se for pouco tempo pode não gerar feedbacks suficientes e se demorar muito pode comprometer o lançamento do produto final.

6.   Coloque em prática

É hora da validação! 

Para isso, você e sua equipe podem desenvolver, os testes em duas fases:

  • Fase Alpha: um público menor e controlado.

  • Fase Beta: um público mais amplo que corresponda melhor ao público alvo.

7.   Analise as respostas recebidas

Com o MVP já aplicado é o momento de sentar novamente com a equipe e avaliar as opiniões recebidas.

Nesta etapa é importante considerar apenas o que faz sentido e é viável para o negócio.

8.   Aplique as alterações e lance o produto/serviço

Agora é fazer os ajustes necessários e lançar o produto finalizado no mercado.

Se houver muitas alterações entre o MVP e o projeto final, é recomendável aplicar um novo teste.

9.   Melhore o seu produto

Mesmo que o produto seja bem aceito pelo público e traga bons resultados financeiros, é importante pensar em estratégias para melhorá-lo sempre que possível, e se for o caso, fazer um novo MVP.

Cuidados ao colocar a sua ideia em prática

Conheça os pontos que precisam de atenção:

O MVP é o seu produto/serviço finalizado

A ideia de fazer o teste é avaliar algo que já soluciona as dores dos clientes em uma versão menor e mais simples.

Por isso, não “jogue no mercado” algo que não é funcional, pois além de não trazer os resultados esperados, pode prejudicar a imagem do negócio.

Não demore demais nos testes

Temendo não errar no produto ou serviço, você pode acabar fazendo o oposto e gastando tempo e recursos em excesso na fase teste, prejudicando o lançamento do produto.

Este é o momento para avaliar os feedbacks e fazer as alterações necessárias.

Então você já tem uma ideia inovadora para aplicar o MVP? Diga nos comentários. 

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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terça-feira, 27 de setembro de 2022

Sam Walton, o homem que dominou o varejo

Benjamin Franklin, um dos pais fundadores dos Estados Unidos, disse certa vez que o trabalho dignifica o homem. De fato, apesar de alguns verem o labor como algo negativo, cansativo e, em grande parte, entediante, dedicar-se a um ofício é uma excelente forma de construção de virtudes. No trabalho, se estivermos atentos, poderemos desenvolver sobre disciplina, ordem, cortesia, eficiência e uma série de outros atributos que nos serão úteis para toda a vida, não somente em nossos expedientes.

Nesse sentido, o verdadeiro trabalhador não é apenas uma pessoa tecnicamente qualificada para realizar determinada tarefa, mas sim aquele que coloca suas habilidades à serviço de toda sociedade. Partindo destas ideias poderemos entender mais profundamente o que o pai fundador da América quis transmitir em sua sentença, pois podemos compreender o trabalho como uma ferramenta que está disponível para nossa própria evolução. 

Dito isso, não basta apenas encarar o labor, mas aprender com sua prática e tirar lições valiosas do seu cotidiano. Levando essa mesma perspectiva para o campo empresarial, podemos perceber que um empreendedor de sucesso será, naturalmente, aquele que consegue desfrutar do trabalho no sentido em que o colocamos. O grande erro ao se começar um negócio, por exemplo, é pensar que outras pessoas trabalharão por você e que, em contrapartida, você receberá os louros do sucesso e administrará, sem muito esforço, toda a gerência do seu negócio.

Como podemos notar, a realidade é bem diferente desta perspectiva. O empreendedor não só dedica-se quase exclusivamente ao seu ramo, como também precisa estar motivado a aprender, reinventar-se e entender profundamente sobre o seu negócio. Antes de tudo, saiba que:

O empreendedor é alguém que não tem medo do trabalho, mas o procura constantemente. 

Partindo dessas ideias gerais, poucas vezes na história do empreendedorismo conhecemos pessoas tão inspiradoras quanto Samuel Moore Walton, ou simplesmente Sam Walton. O criador da Wal-Mart, a maior rede de varejo do planeta, não se tornou um homem de sucesso à toa, ao ponto de sua família ser a mais rica do mundo atualmente. Mas estamos nos adiantando nessa história, portanto, vejamos ela do princípio para compreendermos o valor de homens como Sam Walton.

Crescendo na Grande Depressão dos EUA

Nascido em 1918, Samuel Moore Walton viveu seus primeiros anos em Oklahoma, em uma pequena propriedade rural da sua família. Apesar de possuir terras, a pequena produção da fazenda não era suficiente para o sustento familiar, o que muitas vezes tornou a infância de Sam Walton bem difícil. Devido ao problema financeiro, logo cedo Sam conheceu o trabalho, realizando tarefas simples como entregar o leite produzido na fazenda e, já na adolescência, trabalhava como entregador de jornais.

Com apenas 11 anos Sam Walton presenciou a queda da bolsa de valores, um evento traumático na história econômica mundial. Por mais que o jovem Sam não compreendesse naquele momento o que significa o crash de 1929, ele pôde sentir seus efeitos na pele. Durante a década de 1930, com todo o país mergulhado em uma séria crise, a produção e venda na fazenda da família Walton ficou ainda mais prejudicada. Devido a isso, toda a família mudou-se para várias cidades, sempre procurando empregos e sobrevivendo da melhor maneira que podia.

Porém, por mais difícil que fosse a situação dos Walton's, Sam jamais deixou de frequentar a escola. Isso porque seus pais, e o próprio Sam, sabiam que a educação seria uma das poucas formas de reverter o quadro pelo qual passavam. Junto a isso, ainda na adolescência Sam conseguiu apoio em uma importante instituição de formação de caráter: os escoteiros. Ele chegou a alcançar a condecoração máxima dentro da organização, sendo um exemplo tanto para os mais jovens como para os mais velhos.

Nota-se, portanto, que mesmo passando por momentos difíceis em sua jornada, Sam não deixou-se perder os valores cultivados em sua casa. Agarrado aos seus princípios, ao terminar a educação básica o nosso empreendedor resolveu ir à faculdade, a partir de uma parceria entre as Universidades dos Estados Unidos e as forças armadas do país. Assim, ao mesmo tempo em que ingressava na faculdade de economia, Sam Walton também tornou-se um soldado. Essa dupla função, que notadamente exigia muito tempo e esforço, foi recompensada com experiência e autonomia perante as dificuldades da vida. Sam ainda chegou a servir durante a II guerra mundial, sendo supervisor dos prisioneiros de guerra.

Abrindo caminho para os negócios no modelo San Walton

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Sam Walton passou a dedicar-se à experiência de empreender. Com o soldo adquirido da guerra, o fundador da Walmart abriu uma franquia de uma loja de utensílios. Com apenas 26 anos e aplicando seu conhecimento como economista, a estratégia de Walton se baseava em sempre oferecer os melhores preços. Para isso, o empreendedor buscava ao máximo enxugar seus gastos e diminuir sua margem de lucro, pois sabia que oferecendo melhores preços e um bom serviço a fidelidade da sua clientela estava garantida.

Como demonstrou em sua vida, Sam Walton mostrou que um plano de negócios a longo prazo tende, em diversos cenários, a ser a melhor opção. O jovem empreendedor sabia que a prosperidade não viria do dia para a noite e por isso não estava preocupado em ganhar toneladas de dinheiro rapidamente. Ao contrário, como aprendeu desde sua infância, sabia que o trabalho duro iria dar frutos ao seu tempo. Assim, em poucos anos, como previsto, seu lucro aumentou gradativamente, mostrando que sua estratégia funcionava.

Chegou a vez de abrir o Walmart

Com o tempo e adquirindo mais experiências com outras lojas, Sam Walton decidiu fundar sua própria loja, a qual tornaria seu nome marcado na história: o Walmart. O ano era 1962 quando a primeira loja foi criada. A estratégia de Walton seguia firme com a política de descontos, porém, seu grande diferencial foi principalmente na logística dos seus supermercados e na aplicação da psicologia organizacional.

Sobre a logística, Walton partiu de um princípio básico: ao entrar em um segmento tão competitivo quanto o varejo, não seria prudente investir seus esforços nas grandes cidades, já tomadas por um mercado consolidado e grandes empresas. Assim, Walton construiu suas lojas em pequenas cidades, no qual sua concorrência era extremamente limitada, o que lhe permitia dominar mais rapidamente o segmento naquela localidade. Assim, o império da Walmart foi sendo construído a partir de pequenos passos, mas sem perder nunca de vista o seu objetivo.

A estratégia dos preços mais baratos e descontos também foi amplamente utilizada, associada a uma política de entrega ágil. Junto a isso, a administração da Walmart com seus colaboradores foi um grande diferencial. Partindo do princípio que funcionários motivados são mais eficazes em suas funções, Walton atribuiu uma uma série de normas que fidelizava e mantinha seus colaboradores em grande estima. Uma delas era a política de participação dos lucros, fazendo com que a cada ano todos os funcionários recebem uma parcela do que era ganho. 

Uma outra política importante era a chamada “portas abertas”, ao qual mantinha-se um canal acessível de reclamações e queixas dos funcionários com seus chefes. Assim, os conflitos poderiam ser resolvidos de forma mais eficiente, além de estimular um ambiente mais cordial, afinal, ninguém gosta de receber reclamações.

Uma de suas frases mais emblemáticas expressa, em síntese, o seu modelo de negócio:

“Compre barato, venda barato, mantenha as prateleiras bem sortidas, trate os clientes com respeito, valorize seus colaboradores e preste muita atenção aos acertos da concorrência.”

O império do varejo: a Walmart nos dias atuais

Em números oficiais, é assombroso os rendimentos da Walmart: Existindo em mais de 50 países, ela gera um lucro líquido de 22 bilhões de dólares por ano (dados de 2011), além de possuir mais de 2,3 milhões de empregados e gerar ainda mais empregos de forma direta e indireta. Olhando para esses números é inimaginável pensar que a pequena loja dos anos 1960 tornou-se uma multinacional que dominou o mercado dos Estados Unidos e de muitos outros países. Esse feito heroico, digno de um livro, não poderia ser pensado por qualquer pessoa, mas certamente Sam Walton vislumbrou o tamanho do seu sucesso. 

Desse modo, Sam Walton não apenas provou que um bom empreendimento se mantém através de uma gestão eficiente como também comprovou que o trabalho bem canalizado sempre irá dar recompensas.

Frente a isso, o jovem Sam que enfrentou a Grande Depressão americana, que precisou trabalhar desde os sete anos de idade e que ingressou na Universidade graças a uma jornada dupla como estudante e soldado, finalmente colheu o que plantou. Em 5 de abril de 1992, após 74 anos de existência, Sam Walton deu seu último suspiro. Esse ano, portanto, completa-se 30 anos de sua partida, porém, não resta dúvidas que o seu legado é eterno. Não apenas para a sua família, que saiu da pobreza e hoje é tida como a mais rica do mundo, mas para todos os colaboradores da Walmart, que impactam diretamente na vida de milhões de pessoas ao redor do planeta. Por isso tudo é que Samuel Moore Walton está nessa lista dos empreendedores que mudaram a história.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 20 de setembro de 2022

Hugo Münsterberg, o pai da psicologia industrial


A nossa mente é, em última instância, nossa maior diferença entre os demais seres do planeta. Ela nos torna capazes de realizar grandes construções, desenvolver tecnologia, arte e uma série de outras atividades que, ao longo dos séculos, facilitaram a nossa vida. Junto com os sentimentos e emoções, o nosso lado racional constitui o que chamamos de “psique” e que é estudada constantemente por psicólogos e psiquiatras.

Nos dias atuais é inegável o valor de conhecer a nós mesmos nas mais distintas dimensões. Seja fisicamente ou psicologicamente, sabermos nossas potencialidades e debilidades nos deixam um passo à frente em qualquer competição e no mundo da administração isso não seria diferente. Porém, isso nem sempre foi uma realidade e hoje conheceremos o homem que deu os primeiros passos para desenvolver para uma série de conhecimentos que utilizamos todos os dias. Estamos falando do médico alemão Hugo Munsterberg, o homem que descobriu a psicologia industrial.

Hugo Munsterberg: um homem e seu tempo


Para entendermos a contribuição massiva de Munsterberg para a ciência devemos conhecer um pouco de sua história e do cenário em que encontrava-se o mundo. Nascido em Danzig (atual Gdansk) no Reino da Prússia, em 1863, Hugo Munsterberg cresceu em uma geração que vivia o cientificismo intensamente. O mundo encontrava-se admirado pelo sucesso da primeira e segunda revolução industrial, tendo a produtividade cada vez mais quebrando recordes. No campo social, a Europa estava vibrante com o avanço econômico e cada nação buscava expandir seus territórios para além do velho continente Europeu, assim ocorria a partilha da África e da Ásia e seus recursos naturais.

No meio de todos os “avanços” políticos, sociais e econômicos estava a ciência. O método científico tornou-se o principal meio de investigação da natureza e disciplinas como a biologia, química e física tiveram grandes avanços no período. A necessidade de desenvolver o cientificismo chegou ao ponto de alguns pensadores utilizarem conceitos próprios da biologia, como a evolução das espécies, em disciplinas como a história, filosofia e sociologia, que são bem distantes do estudo das ciências naturais.

Tendo tal contexto, não poder-se-ia esperar que o jovem Munsterberg, criado na elite prussiana, fosse tomar um destino diferente deste. Na verdade, isso quase aconteceu. Em seus primeiros doze anos seus pais o influenciaram a praticar música e escrever poesia, tendo na arte um grande ponto a ser estimulado. Assim, a busca pelas verdades científicas não seria, provavelmente, a escolha de carreira de Munsterberg. 

Infelizmente, um trágico infortúnio fez com que ainda jovem, por volta da adolescência, seus pais chegaram a falecer. Pouco sabemos sobre esse episódio na biografia de Hugo Munsterberg, mas os especialistas afirmam que sua guinada para a ciência e entrega a esse sacerdócio pela verdade inicia-se pouco depois da partida de sua família.

Levando esse fato em consideração não nos resta dúvida que esse tenha sido um evento traumático na vida do jovem Munsterberg e quem sabe, devido a esse forte impacto, ele tenha se voltado para a ciência, afinal, ela é um dos meios de descobrirmos os mistérios do mundo.

Seja como for, o fato continua e mesmo muito jovem ele conseguiu ingressar na faculdade de medicina, pois desde então preocupava-se em aprender uma das mais novas áreas na arte da cura: a psicologia. Porém, lembremos que este era o século XIX e a investigação acerca de problemas mentais era extremamente restrita. Os métodos “tradicionais” para os tratamentos de histeria, ansiedade e depressão, por exemplo, consistia em castigos físicos, até que o comportamento do paciente fosse o adequado. Percebendo esse vácuo no conhecimento, Hugo Munsterberg dedicou grande parte da sua vida a tornar essa uma ciência prática, levando-a a todas as esferas da sua vida.

Hugo Munsterberg, chegando nos Estados Unidos da América do Norte


O idealismo e a competência de Munsterberg o levou a trabalhar em diversas universidades, principalmente Harvard e Freiburg. Seus artigos científicos popularizaram-se nos EUA e isso o levou, em 1892, a assumir turmas para Harvard.

Além disso, é nesse momento em que ele depara-se com Frederick Taylor e passa a aprender sobre a administração científica. O tema rapidamente o capturou, uma vez que a proposta do Taylorismo é racionalizar uma prática que para a época era feita de forma “intuitiva”.

Mostrando (e provando) os resultados da teoria de Taylor em ação, Munsterberg passou a dedicar boa parte dos seus estudos a entender não somente a administração proposta por Taylor, mas também de otimizar a escolha dos candidatos e suas vagas.

Assim, Hugo Munsterberg foi o primeiro a aplicar o que hoje chamamos de “teste vocacional”, para encontrarmos nossos pontos fortes e fracos e decidir qual carreira seguir. Assim ele podia orientar profissionalmente os seus pacientes, ato esse que foi implementado em diversas áreas para ajudar não apenas empresas a acharem bons profissionais, mas também que bons trabalhadores possam saber em que função podem ser mais úteis.

Para além disso, ele desenvolveu a ideia de que uma empresa lucrativa é aquela que consegue harmonizar a psique dos seus funcionários em prol da produção. Desse modo, a teoria de Munsterberg anda de mãos dadas com o Taylorismo, uma vez que este também tem como interesse uma maior produtividade a partir de uma gestão racional. 

Para além da produtividade, Munsterberg foi o primeiro gestor a levar em consideração os impactos que os trabalhadores sofrem nas fábricas, algo raro e que, para a época, era completamente inovador, uma vez que a maioria dos donos de empresas não estavam preocupados com a saúde mental dos seus funcionários.

Hugo, portanto, percebeu algo interessante em sua estadia nos Estados Unidos: um gestor não prospera somente utilizando a força e coerção em sua equipe, mas principalmente quando consegue colocar seus trabalhadores de modo ordenado nas funções que lhe dão uma maior motivação ao trabalho. Dessa maneira, cada um estaria no seu lugar mais adequado. Essa ideia, que para nós é básica, iluminou não apenas a área da psicologia, até então sinônimo de “loucura”, mas o próprio entendimento dos chefes sobre como motivar corretamente seus funcionários.

Indo além da administração


Hugo Munsterberg também destacou-se em muitas outras áreas da psicologia, sendo um nome digno de lembrança às primeiras gerações de psicólogos que precisaram romper com a estrutura medieval com a qual lidavam com a saúde mental das pessoas. Além da psicologia, Munsterberg também desenvolveu uma série de teorias acerca do cinema, voltando-se à antiga paixão pela arte, que até sua maturidade estava adormecida.

Infelizmente o grande e atemporal legado de Munsterberg foi limitado devido sua morte súbita, em 1916. No mesmo ano Henri Fayol lançaria o seu famoso livro “Teoria clássica da administração”, que ampliaria o debate com Taylor acerca da melhor maneira de gerir uma empresa. Para o pai da psicologia industrial, ficou apenas o seu legado como um dos pioneiros acerca do estudo vocacional e a visão de que o melhor funcionário será aquele que estiver no lugar certo.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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sexta-feira, 9 de setembro de 2022

O Dia do Administrador - 09 de setembro: Homenagem a todos os administradores pelo DIA DO ADMINISTRADOR


Como ser um bom Administrador?


No dia 09 de setembro comemora-se o dia do administrador no Brasil. A data em questão refere-se ao dia em que a profissão do administrador foi regulamentada em nosso país, no dia 09 de setembro de 1965. Apesar de ser vista como uma profissão relativamente nova, fruto principalmente do final do século XIX e início do XX, o administrador é uma peça fundamental para qualquer negócio. Desde o mais simples dos empreendimentos até uma grande multinacional faz-se necessário gerir bem os recursos humanos, econômicos e lidar com diferentes áreas do conhecimento, a tudo isso cabe o administrador e sua equipe.

Mas como tornar-se um bom administrador? Para responder-lhe a essa pergunta é preciso saber as competências e o que espera-se que esta função execute no dia a dia de uma empresa. Por definição, o administrador é o responsável por sistematizar os processos que ocorrem dentro de uma empresa para que esta funcione de maneira eficaz. Partindo desta perspectiva é fundamental que um bom administrador domine não somente a teoria referente à administração, mas que também possua qualidades tal qual organização, gestão de conflitos e flexibilidade para adaptar-se a diferentes cenários que surgem ao longo da sua trajetória.

Para entendermos melhor como estas habilidades funcionam, pensemos em alguns aspectos que o administrador precisa lidar dentro de seu ofício. Inicialmente o administrador está, em geral, em uma posição de coordenação, uma vez que precisa gerir um ou mais setores dentro de uma empresa. Para isso é fundamental que este profissional seja capaz de lidar com pessoas dos mais diferentes tipos, afinal, grande parte do seu trabalho é desenvolvido junto com outros indivíduos. Por isso é imprescindível a qualquer administrador desenvolver não somente habilidades técnicas, mas principalmente habilidades sociais e humanas.

Saber comunicar-se de forma assertiva e respeitosa com superiores e funcionários, aprender a gerenciar conflitos e interesses dentro da própria instituição, desenvolver aspectos de liderança e tornar o ambiente de trabalho mais produtivo e harmonioso são algumas capacidades que um bom administrador precisa ter. Como podemos notar, para além dos recursos técnicos que são inerentes à sua profissão, o administrador tem por base uma série de habilidades sociais que precisam ser consideradas quando colocadas na vida prática deste profissional.

É por isso que ainda hoje é bastante comum existir uma divergência quanto à área do conhecimento ao qual encaixa-se a administração. Para alguns a administração estaria ligada à ciências humanas por desenvolver todos os aspectos que já citamos aqui. Por outro lado, é inegável que há na administração uma grande base das ciências exatas. Desde o uso de métodos de matemática financeira e contabilidade até mesmo a busca incessante de otimização dos processos para tornar uma empresa cada vez mais eficiente. Nesse sentido é nítida a influência de um pensamento puramente racional e que tende a eliminar variáveis.

Essa “divisão” da administração entre aspectos da área de Humanas e Exatas é tão viva que ao remontarmos ao início desta ciência notamos que alguns dos grandes pais da administração foram engenheiros, assim como outros importantes teóricos da administração eram psicólogos. Logo, podemos pensar que um bom administrador não é somente aquele que sabe lidar com números, planilhas e processos e muito menos aqueles que sabem perfeitamente gerenciar os desejos e expectativas dos seus funcionários e chefes.

Deixemos, por um instante, essa divisão entre “humanas” e “exatas” e passemos a pensar em um profissional completo, afinal, o bom administrador será justamente aquele que equilibra a balança de maneira a obter os resultados que necessita. Assim, por mais que busquemos encaixar essa profissão em uma ou outra área do conhecimento humano, devemos entender que somente podemos pensar na administração como uma área multidisciplinar, capaz de reunir diferentes saberes em torno de uma finalidade: a eficácia.

Todo administrador sonha em tornar sua empresa ou qualquer empreendimento que administre mais eficaz. Logo, todo conhecimento que adquire, seja na área que for, tem como finalidade sempre tornar-se melhor e mais competente em suas obrigações. Nesse aspecto, o administrador emula uma antiga frase dita por Sócrates, um dos maiores filósofos da humanidade, que nos ensina o seguinte: “só é útil o conhecimento que nos torna melhores”. Visto isso, talvez não seja por acaso que a formação em administração seja tão vasta ao ponto de existirem diversas pós-graduações nas mais diferentes ênfases da ciência da gestão. Nesse sentido, para um bom administrador é essencial nunca perder de vista a necessidade de aprimorar seus conhecimentos e nunca parar de buscá-lo.

Por fim, devemos entender que um administrador é muito mais do que um gestor de processos. Não se trata somente de tornar uma empresa eficaz, mas sim de formar pessoas para construção dessa eficácia. Por isso que o administrador nunca está só, pois ao seu redor orbitam tantas profissões e pessoas que seu trabalho, em grande parte do tempo, deixa de ser apenas burocrático e revela o valor humano dentro das relações de trabalho. No fundo o bom administrador será não somente aquele que tem todas essas competências e qualidades que citamos aqui, mas principalmente aquele que coloca-se enquanto Ser Humano em suas relações, buscando sempre tornar-se melhor, mais útil e necessário, tanto para sua empresa como para todas as pessoas ao seu redor. 

Sejamos, portanto, grandes gestores de nossa própria história! Feliz dia do administrador!

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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