Bem vindos a mais um texto da série “os pais da administração”. Hoje conheceremos mais um dos grandes teóricos que ajudaram não apenas a desenvolver um modelo científico para a gestão de empresas, processos e pessoas, mas que foi um dos principais assistentes de Frederick Taylor. Estamos falando de Henry Gantt, o homem que demonstrou a eficácia do gerenciamento de projetos.
Bem vindos a mais um texto da série “os pais da administração”. Hoje conheceremos mais um dos grandes teóricos que ajudaram não apenas a desenvolver um modelo científico para a gestão de empresas, processos e pessoas, mas que foi um dos principais assistentes de Frederick Taylor. Estamos falando de Henry Gantt, o homem que demonstrou a eficácia do gerenciamento de projetos.
Introdução: Henry Laurence Gantt da fazenda em Maryland à engenharia
A história de Gantt começa nos Estados Unidos da segunda metade do século XIX. Nascido no ano de 1861, sua família era proprietária de uma lucrativa fazenda em Maryland. No mesmo ano em que Henry nasceu eclodiu a Guerra de Secessão (1861 - 1865), evento este que afetou drasticamente o destino de sua família, uma vez que a mão de obra escrava era largamente utilizada pela família Gantt. Com o fim da guerra civil americana e a libertação dos escravos, os pais de Henry precisaram reinventar-se em seu modo de ganhar dinheiro e, notadamente, adaptar-se ao novo modelo social que começava a tentar estabelecer-se nos Estados Unidos.
É difícil (e muitas vezes arriscado) estipular o que poderia ter sido da vida de Henry Gantt caso não houvesse ocorrido a guerra. Não podemos garantir que ele seguiria a carreira do seu pai como fazendeiro, muito menos que manteria o sistema escravocrata aceito por lei ao longo de dois séculos nos EUA. Apesar de não podermos afirmar tais questões, o fato é que desde sua infância Gantt foi levado para outra área em sua formação escolar. Ao invés de ser um homem da terra, debruçou-se sobre as máquinas que cada vez mais faziam sucesso nas cidades em todo o mundo. Desse modo, sua carreira foi voltada para a indústria, tornando-se engenheiro mecânico.
O fiel escudeiro de Frederick Taylor
Em 1884, com 23 anos, formou-se engenheiro mecânico e a partir daí descobriria um universo a ser explorado. Como um homem racional, versado nas leis da física e na exatidão da matemática, Gantt rapidamente caiu nas graças de um outro engenheiro mecânico, que conheceu em 1887 em Midvale Steel: Frederick Taylor.
Taylor, o pai da administração científica no qual já falamos em nossa série, trabalhava na Midvale Steel, uma companhia siderúrgica especializada em aço, desde 1878 e já aplicava sua forma de administração racional no setor de engenharia.
Assim, o encontro entre os dois foi inevitável e, ao mesmo tempo, fundamental para a ciência da administração. Gantt chegou a tornar-se o auxiliar direto de Taylor, sendo seu braço direito na gestão do setor de engenharia da Midvale Steel. Com o pai da administração científica Gantt aprendeu não só os princípios racionais para uma boa gestão, mas também deu valiosas contribuições para o modelo que hoje chamamos de Taylorismo.
A ligação de Henry Gantt com Frederick Taylor era tamanha que mesmo após a saída de Taylor da Midvale Steel, Gantt o acompanhou nas outras empresas que trabalhou. Os dois mostravam-se apaixonados pela forma de trabalho em que se dispunham e juntos, não por acaso, dividem seis patentes. Por pensarem de forma similar, habitualmente falamos que Gantt é um fiel seguidor do Taylorismo, não apenas por implementar suas técnicas, mas principalmente por ajudar ativamente no seu desenvolvimento e disseminação. Porém, apenas seguir as ideias do pai da administração científica não faria de Gantt um dos pais da administração. Por isso precisamos conhecer suas contribuições para esse campo do conhecimento.
Taylor, o pai da administração científica no qual já falamos em nossa série, trabalhava na Midvale Steel, uma companhia siderúrgica especializada em aço, desde 1878 e já aplicava sua forma de administração racional no setor de engenharia.
As contribuições de Henry L. Gantt para a administração
Henry Gantt, como um homem que buscava resultados na ciência, desenvolveu métodos eficazes para planejamento e execução de tarefas. Sua busca pela eficiência na produção o tornou um excelente consultor de gestão, tarefa que fazia com esmero. Uma das suas técnicas mais conhecidas para conseguir melhorar o controle da produção é o diagrama de Gantt. Desenvolvido entre os anos 1910 a 1915, esse diagrama define uma relação entre as tarefas (ou etapas) a serem executadas em um projeto e o tempo que elas levam até sua finalização. parece algo simplório, porém lembremos que há cem anos não existia ainda na administração de empresas uma mentalidade voltada para mensurar e projetar com precisão tais elementos.
Desse modo, Gantt conseguia entender o quanto de recurso deveria ser investido em cada etapa de um projeto e acompanhava o seu progresso. Quando o cronograma não atendia ao esperado dever-se-ia localizar onde o erro estava. O diagrama de Gantt, portanto, se tornou uma maneira didática dos gestores conseguirem localizar os problemas em suas produções e poderem atuar frente a eles. Em geral, a grande parte dos atrasos ocorria, como constatou Henry, pela ineficiência dos trabalhadores que, na grande maioria das vezes, não sentiam-se valorizados pelo seu labor.
Assim, Henry Gantt achou um modelo de motivação para o trabalhador que até hoje ainda se utiliza: a lógica do bônus. O modelo aplicado por Gantt para a classe operária era, em síntese, bem simples: se o trabalhador vende sua força de trabalho em troca de um salário, então se existir uma oferta a mais, ele irá se esforçar não somente para bater suas metas, mas ultrapassar seus limites e produzir acima do esperado.
A teoria, ao ser testada, mostrou-se verdadeira. Os gráficos de Gantt comprovaram que a recompensa estimula os trabalhadores a serem mais eficazes, garantindo que os projetos e suas etapas não apenas fossem concluídos no prazo estipulado, mas muitas vezes terminando de forma adiantada. Gantt percebeu, naturalmente, que o sistema capitalista, ao qual todos buscam obter dinheiro, seja por meio do lucro ou por meio da sua força de trabalho, era a moeda de troca perfeita para garantir a boa execução da produção. Essa ideia, porém, nem sempre foi bem aceita no meio empresarial, mas o tempo provou estar ao lado do discípulo de Taylor.
O principal motivo ao qual os empresários contrários ao método de recompensa alegavam era o de aumentar as despesas com os trabalhadores. Entretanto, na prática, o excedente da produção garantia ainda mais lucro aos empresários, afinal, o bônus oferecido não se comparava ao lucro dado pelo sobre esforço feito. Como o próprio Gantt disse certa vez:
“Entre todos os problemas da administração, o elemento humano é o mais importante”.
Essa visão humanista, no sentido de considerar o aspecto humano no trabalho e não apenas a sua força de produção, o diferenciou dos demais adeptos do Taylorismo, que buscavam a eficiência a qualquer preço. Assim, não se permitia aplicar a justa medida nos seus comandados, mesmo prezando pela eficiência do sistema produtivo. Tal qual um relógio de engrenagens, ao qual todas as peças deveriam executar seu movimento perfeitamente para que a máquina funcionasse, também em qualquer cadeia produtiva era essencial cada trabalhador executar aquilo que seu trabalho designava. Quando isso deixava de ocorrer, por ociosidade, falta de logística ou qualquer outra falha, era preciso que ocorressem os devidos ajustes.
Desse modo, Gantt seguiu trabalhando até o último dos seus dias. Ele ainda ajudou os Estados Unidos na I Grande Guerra Mundial (1914 - 1918) dando consultoria na fabricação de armamento, gerenciando cadeias de produção da maneira mais eficiente possível. Assim, um ano após o fim do conflito, Gantt deixaria a vida aos 58 anos e entraria para a história através do seu legado no mundo da administração.
Bom trabalho e grande abraço.
Prof. Adm. Rafael José Pôncio
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