terça-feira, 24 de outubro de 2023

Os princípios e aplicações Just in Time

Descubra o que é o Just in Time, quais são as suas vantagens desta metodologia e quais pontos considerar antes de aplicar no seu negócio.

Just in Time é um termo em inglês cuja tradução seria “na hora certa”, ou seja, produzir no momento correto e na quantidade exata.

Esta filosofia surgiu na década de 70 e até hoje é utilizada por muitas empresas, principalmente na área industrial, alguns exemplos são: Harley Davidson, Votorantim, Unilever e Avon.

Continue a leitura e aprenda os princípios desta metodologia e dicas para aplicá-lo dentro do seu negócio.

O que é Just in Time?

Just in Time é uma estratégia de gestão com o objetivo de aumentar a eficiência, reduzindo os custos e dando mais agilidade aos processos. Neste sistema a empresa compra e produz somente a quantidade certa de itens para entregar aos clientes no prazo.

Este modelo surgiu na montadora de carros Toyota Motor Company, visando manter a competitividade da empresa frente ao crescimento do mercado norte-americano.

O sistema funcionou tão bem que hoje é utilizado por outros tipos de negócios, o que levou a uma ampliação do termo, sendo que hoje o Just in Time é considerado uma filosofia para o gerenciamento de materiais, qualidade, gestão da equipe e produto. 

Por que escolher o Just in Time?

Seguem as principais vantagens que escolher a metodologia para gerenciar a sua empresa oferecerá para o seu negócio. 

Redução dos custos

Como na filosofia Just in Time as demandas são o que impulsiona a produção, não há o risco de produzir mais itens do que o necessário, reduzindo assim os custos com matérias-primas e com a própria execução dos processos.

 Mais qualidade dos produtos

Por trabalhar com um estoque pequeno e com a produção sob demanda, é possível dar mais atenção nos detalhes e eliminar o máximo de problemas que possam surgir, diminuindo o desperdício e buscando a melhoria contínua.

Otimização dos processos

No Just in Time existe muito pouco espaço para erros e mudanças de última hora. Logo, é importante que os processos sejam muito bem mapeados e se tornem cada vez mais rápidos, trazendo agilidade para a produção.

Personalização dos produtos

Como nesta estratégia, os itens são fabricados a partir das demandas e não feitos com antecedência, assim é possível personalizar os produtos conforme a necessidade dos clientes. O que é um grande diferencial das empresas que trabalham com exclusividade.

Cuidados ao utilizar a estratégia

Antes de aplicar o Just in Time é fundamental analisar se ele faz sentido para o seu negócio, uma vez que ele não é a melhor estratégia para todas as empresas.

O planejamento é um ponto essencial no Just in Time, afinal, os processos precisam estar muito bem alinhados para não haver atrasos.

O monitoramento e o controle de qualidade constante também fazem parte do dia a dia da empresa que aplica o Just in Time. Pois desta maneira a equipe conseguirá identificar pontos de melhora ou os ajustes.

Além disso, esta metodologia não há abertura para aguardar os melhores preços nas matérias-primas. O que mostra a importância de fornecedores confiáveis e comprometidos.

Será que posso utilizar a metodologia?

Como já disse, o Just in Time não funciona em qualquer tipo de negócio. Por exemplo: empreendimentos com pouca previsibilidade de demanda ou que precisam ter um estoque disponível não encontram nesta metodologia a melhor opção.

Para você descobrir se o seu negócio pode aplicar esta metodologia segue 3 perguntas que você deve fazer antes de implementar a filosofia.

  1. Conheço todas as oscilações do mercado e as necessidades dos meus clientes?

  2. A empresa tem a capacidade de fabricar e entregar para o cliente de forma rápida?

  3. Meu fornecedor é ágil o suficiente para entregar a matéria-prima necessária? 

Um grande exemplo de empresas que podem utilizar esta filosofia para melhorar os resultados do seu negócio são os que trabalham com itens personalizados como: brindes, roupas sob medida, acessórios exclusivos, etc.

 Como aplicar o Just in Time

Agora que você já compreende a metodologia, vamos conhecer como o Just in Time funciona dentro do Sistema Toyota de Produção:

  1. Quando um pedido de veículo é recebido, as instruções de produção devem ser emitidas para o início da linha de produção o mais rápido possível;

  2. A linha de montagem deve estar abastecida com o número necessário de todas as peças para que qualquer tipo de veículo encomendado possa ser montado;

  3. As peças utilizadas são substituídas para que a linha de montagem tenha o mesmo número de itens de antes do início da produção;

  4. Um pequeno número de todos os tipos de peças deve ser estocado para apenas para recuperar o que foi utilizado.

Com estes pontos já é possível ter uma noção básica de como a metodologia é aplicada no dia a dia. Agora você só precisa adaptar a realidade do seu negócio.

Dicas para utilizar na sua empresa

Separei os pontos essenciais para que a operação da Just in Time no seu empreendimento traga os melhores resultados possíveis.

Planeje todas as mudanças necessárias

Antes de aplicar a filosofia é importante organizar todos os pontos que serão necessários para operá-lo como:

  • Definir as metas e objetivos e metas que devem ser alcançados;

  • Estimar a demanda exata do que precisa ser produzido;

  • Saber os prazos de produção e entrega;

  • Pensar no treinamento necessário para a equipe;

  • Analisar os fornecedores ideais;

  • Definir a qualidade esperada em cada etapa do processo. 

Repense a sua estrutura

Para que o Just in Time funcione da melhor forma possível é preciso que a empresa esteja estruturada de uma maneira que otimize os espaços e facilite o fluxo do trabalho, desde a chegada da matéria-prima até o transporte do produto.

Desta forma a equipe terá todas as condições necessárias para conseguir entregar os produtos com a qualidade esperada.

Defina e alinhe com os seus fornecedores

Como já havia comentado, ter os fornecedores certos é parte fundamental do sucesso da metodologia. Por isso, trabalhar com parceiros que cumpram todos os prazos e entreguem itens de alta qualidade é um ponto essencial.

Então, reforce com os fornecedores o cuidado e a responsabilidade com as datas. Afinal, se uma entrega acabar atrasando por qualquer motivo, toda a cadeia produtiva será afetada. 

Comunique-se e treine a equipe

Com tantas mudanças ocorrendo na empresa, é importante que as equipes sejam informadas e que cada colaborador compreenda a sua importância dentro do processo.

Treinamentos periódicos também devem fazer parte do dia a dia da empresa, seja no processo de adaptação ou para agir de maneira rápida e eficiente caso surja algum problema.

Agora que você já conhece o Just in Time e pode identificar se ele é a melhor solução para a sua empresa, resta colocá-lo em prática e melhorar os resultados do seu negócio.

Bom trabalho e grande abraço.

Autor: Prof. Adm. Rafael José Pôncio Publicado em: 27 de janeiro de 2023
Especial: artigos no portal Administradores.com
Link fonte: https://administradores.com.br/artigos/os-principios-e-aplicacoes-just-in-time


  Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte. 

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Lawrence A. Appley e a boa convivência como fórmula de uma grande administração

Criar uma boa relação dentro do ambiente de trabalho é uma das principais tarefas de um bom gestor. Durante muito tempo, porém, as relações humanas foram ignoradas no ambiente de trabalho, principalmente quando falamos das primeiras gerações de administradores que foram fortemente influenciados pela administração científica de Henri Fayol e Frederick Taylor. Focados em conseguir retirar o máximo da produção a partir da exploração da força de trabalho dos colaboradores, a administração científica estava pautada no rígido controle dos colaboradores e sua eficácia no ambiente de trabalho. 

Com o tempo, porém, novas teorias surgiram. A administração humanística de Elton Mayo, por exemplo, foi responsável por comprovar que elementos subjetivos influenciam diretamente na produção de uma empresa. Manter uma relação amigável com os seus funcionários, além de evitar grandes cargas de estresse, têm um efeito excelente para os colaboradores e sua capacidade produtiva.

Em meio a disputa entre essas duas maneiras distintas de enxergar a administração, uma nova geração de estudiosos surgiu com métodos inovadores de soluções para empresas com problemas de gestão. Estamos falando da escola empírica e seu foco na experiência de outras empresas como fórmula para novas e boas práticas de administração.

Um dos pilares dessa nova geração foi Lawrence A. Appley e hoje conheceremos um pouco mais sobre a vida desse grande pai da administração.

Os primeiros anos de Appley

A história de Lawrence A. Appley começa no início do século XX, precisamente em 1904. Durante os primeiros anos de sua vida, a família de Lawrence viajou por diversos estados americanos. Nascido em Nyack, Nova York, o jovem Lawrence conheceu ainda a Pensilvânia, Ohio e diversas localidades dos Estados Unidos. A causa dessa série de mudanças em poucos anos era o trabalho do seu pai, que era pastor da Igreja Metodista americana. Devido ao seu cargo, muitas vezes foi necessário para a família mudar-se para acompanhar a função religiosa de Joseph Appley (o pai de Lawrence Appley).

Esse é, certamente, o fato mais marcante dos seus primeiros anos. O fato de não estarem fixados em um único local fez com que a família Appley não somente conhecesse outras partes - e realidades - do seu próprio país, mas também criasse uma série de boas relações, principalmente com outros frequentadores da Igreja Metodista. Fala-se, inclusive, que foi graças a essas conexões que Lawrence Appley conseguiu entrar no ensino superior, na Universidade Wesleyana de Ohio, uma vez que a família não possuía recursos para financiar os estudos de maneira integral na instituição. 

Esse é outro ponto que podemos apontar como marcante na infância de Lawrence. O fato de sua família ter raízes humildes, assim como milhares de pessoas ao redor do mundo, levou o jovem Lawrence a dividir seu tempo entre os estudos e o trabalho. Durante toda sua faculdade essa foi sua realidade: entre trabalhos de meio período e sua formação acadêmica. Desse modo, Lawrence em seus anos de graduação fez um pouco de tudo: desde vendedor de máquinas de lavar até motorista de táxi.

Se valendo do esforço e dedicação, aos poucos Lawrence foi crescendo no mundo do trabalho. Após formar-se, Appley passou alguns anos atuando como professor em escolas secundárias. Somente em 1929, aos 25 anos, sua carreira voltou-se para a administração. 

A carreira como administrador e teórico

Após realizar uma pós-graduação em administração pública, Appley abriu seus horizontes. O fatídico ano de 1929 e a queda da economia global poderia apontar para qualquer jovem da época que uma carreira em administração fosse um futuro instável, visto as grandes perdas que uma empresa poderia sofrer. Porém, para Lawrence esse não foi um impeditivo para se apaixonar pela gestão de empreendimentos.

Logo após sua pós-graduação Appley começou a trabalhar na Standard Oil, fundada pelo magnata do petróleo Rockefeller. Sua carreira como administrador só alçou voos a partir desse momento. Entre 1931 e 1948 a vida de Lawrence foi dedicada a diversas empresas como a Vicks Chemical Company e a Montgomery Ward & Company. Em todas Appley teve cargos importantes, o que lhe permitiu aprender de maneira empírica os conhecimentos que lhe foram transmitidos na academia.

A vivência dentro do ambiente corporativo lhe deu a base para suas principais teorias, principalmente por atestar sua eficácia aplicando-a em diversos cenários. Não por acaso, seu prestígio lhe permitiu chegar ao cargo de presidente da Associação Americana de Administração (AMA) e lá permaneceu por vinte anos, de 1948 a 1968. Durante esse período, Appley aportou positivamente para mais de 35 companhias, fazendo parte de conselhos internos, dando consultorias e se tornando uma parte essencial da história da administração americana no último século.

Enquanto teórico da administração, Lawrence aportou para o desenvolvimento da escola empírica. Sua prática nas empresas e a busca por soluções a partir do que já havia sido testado em outras experiências corporativas o fez perceber que a gestão é, antes de tudo, um trabalho de motivação e liderança. Nesse sentido, a qualidade dos gestores implica não em saber dar ordens e conhecer os números da empresa, mas em conseguir motivar e tirar o melhor de cada colaborador.

Sua experiência pessoal comprovou que a direção deve, antes de tudo, criar um ambiente de trabalho saudável e harmônico e assim gerar motivação para o cumprimento das metas. Um funcionário dedicado e motivado a crescer faz, naturalmente, sua produção subir e a qualidade da empresa também. Para isso ocorrer, porém, Appley afirma que é preciso que o funcionário saiba exatamente o que fazer, qual posição ocupa dentro da estrutura empresarial e como lidam com as relações com outros colegas de trabalho.

Sendo assim, Appley estabeleceu que o trabalho dos gestores é garantir uma hierarquia clara através do uso de organogramas, uma ferramenta que auxilia de forma visual a enxergar os setores de uma empresa e seus responsáveis. É função do gestor fazer com que sua equipe consiga atingir suas metas, motivando-os e colocando metas racionais e que possam ser atingidas dentro da realidade da empresa e do prazo estabelecido.

Em resumo, basicamente todas as ideias que aplicamos em nossos empreendimentos e na gestão de pessoas saíram, de forma direta ou indireta, da vivência e prática de Appley e da escola empírica, uma das vertentes mais utilizadas nas empresas atualmente.

Conclusão

Dito isso, é notável perceber que a carreira e a vida de Lawrence Appley são uma prova de como o esforço, quando bem direcionado, é mais eficaz que a sorte ou o talento. Lawrence não teve uma vida fácil e cheia de recursos desde o começo, mas sua tenacidade e persistência foram, enfim, suas principais armas para chegar ao sucesso. E como um vitorioso, em 1997 esse grande pilar da administração deixou a vida. Sua partida foi tranquila, aos 93 anos.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




Conheça também:

George Elton Mayo, o humanista da administração



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terça-feira, 17 de outubro de 2023

"Jim Collins" (James C. Collins) e a escalada para o sucesso

Há mais de 2.400 anos Sócrates deixou seu mais notável ensinamento: “Só sei que nada sei”. No primeiro momento a expressão pode parecer simplista demais, mas traz um grande aprendizado sobre a humildade. Ora, somente quem reconhece suas falhas é capaz de mudar. Como alterar a rota de um navio quando o comandante considera estar certo? Orgulho e vaidade já afundaram grandes embarcações, e por embarcações entenda-se: empresas e negócios. O pai da administração de hoje é James C. Collins - prefere ser chamado de Jim - um executivo de sucesso cujo traço da humildade é marcante. 

A trajetória profissional de Jim Collins, entretanto, não é inspiradora apenas por seus cases de sucesso nas empresas em que atuou. Jim é inspirador pela forma de atuar e conduzir sua vida e os seus negócios. Os valores internos que o movimentam, como a humildade, é fonte de inspiração para todos que buscam prosperar em qualquer esfera de atuação. Veremos a seguir um pouco mais da sua trajetória pessoal e profissional, logo, entenderemos o porquê de todo sucesso. 

Quem foi James C. Collins ou simplesmente Jim? 

James C. Collins, mais conhecido como Jim Collins, nasceu em 25 de janeiro de 1958 na cidade de Aurora, no Colorado. Jim Collins recebeu seu nome como homenagem ao seu avô, que assim como o seu pai era alpinista. Jim seguiu os passos do pai e avô e também se tornou um alpinista profissional antes dos 20 anos. O alpinismo motivou Jim a sempre buscar o tempo e ensinar a ter determinação para superar as adversidades. Segundo Jerry I. Porras, seu então professor do MBA em Stanford, o seu histórico de escalada o fez um profissional único, disposto a assumir riscos e tomar decisões difíceis. 

Jim Collins passou a sua infância na cosmopolita São Francisco, sendo um dos poucos alunos brancos da sua classe. Anos mais tarde, ele disse que o episódio o ensinou sobre a necessidade de se adaptar às diferentes culturas e formas de ser do outro. Certamente mais uma regra de ouro no mundo dos negócios. Com tantas variáveis, culturas e formas de ser dos gestores e empresas, o consultor Jim precisa estar aberto para ajudar aqueles que buscam sua experiência. 

A escalada de Jim Collins rumo ao topo começou com a graduação em Ciências Matemáticas na prestigiada Universidade de Stanford, em 1976. Em seguida concluiu o MBA na Escola de Negócios, também em Stanford. Jim é doutor honorário pela Universidade do Colorado e pela Universidade de Claremont. Ao fim dessa primeira fase de estudos, Jim trabalhou como consultor da McKinsey & Company por 18 meses e depois foi gerente de produtos da Hewlett-Packard. Como pesquisador e professor recebeu o prêmio Distinguished Teaching em 1992, quando ensinou em Stanford. Em 1995 fundou o laboratório de gestão em Boulder no Colorado, onde conduz pesquisas e compartilha seus aprendizados com CEOs e líderes sêniores.

Ao longo de sua carreira, Jim Collins escreveu livros que servem de inspiração para milhares de empreendedores e estudantes. Alguns de seus livros se tornaram best-sellers passando várias semanas como os mais vendidos nos Estados Unidos. “Good to Great”, que em português foi traduzido para Empresas Feitas para Vencer, foi publicado pela primeira vez em 2001, e ainda hoje é um dos livros mais vendidos de negócios no Brasil e no Mundo. São livros escritos por Jim: 

● Good to Great, (2001); 

● Built to Last, (1994); 

● Great by Choice, (2011); 

● How the Mighty Fall, (2009); 

● Beyond Entrepreneurship, (2020). 

Outro livro que obteve bastante sucesso em número de vendas foi How the Mighty Fall, em português, Como os Gigantes Caem. Na obra, Jim Collins faz uma análise do que leva grandes empresas - algumas inclusive apontadas por ele como cases de sucesso - a falirem. Talvez esse seja o maior ensinamento de Jim:

a humildade ao questionar os próprios conceitos e teorias, reavaliar o que estava posto e propor novas hipóteses. Jim Collins é um executivo incansável pelo aprimoramento, para alguém assim, a virtude da humildade caminha ao lado do prazer dos novos aprendizados e conquistas. 

Além das aulas como professor e pesquisador, uma das principais atividades realizadas por Jim foi ter guiado empresas para o sucesso. Jim atuou por anos como consultor de grandes empresas, algumas delas brasileiras, como é o caso da AMBEV. O empresário brasileiro, Jorge Paulo Lemann, atual homem mais rico do Brasil e segundo mais rico da Suíça, conta com Jim para crescer e garantir a saúde financeira dos seus negócios. Outro empresário brasileiro e fã do americano é Abílio Diniz, fundador do Grupo Pão de Açúcar. Abílio Diniz convocou todos os colaboradores que atuavam em cargos de liderança para participar da reunião com Jim. 

O legado de Jim Collins vai além dos negócios 

Buscar o topo requer esforço e Jim Collins sabe disso. Jim levou para a vida profissional o que aprendeu como alpinista e sabe que na busca pelo topo se exige força, concentração, espera, às vezes estagnação, porém não se pode perder o foco onde se quer chegar. Juntamente com Joanne Ernst, sua esposa desde 1980, ex-triatleta e vencedora do Hawaii Ironman Triathlon em 1985, formou uma dupla de sucesso. 

Vale ressaltar ainda que Jim Collins fomenta de diversas formas o desenvolvimento humano. Seja aprendendo e ensinando em projetos sociais nas áreas da educação, saúde, para organizações religiosas, ou para empreendedores sociais e organizações sem fins lucrativos. Mais recentemente, em 2017, a Forbes selecionou Jim como uma das 100 Greatest Living Business Minds. Não é de admirar a escalada de sucesso de Jim, iniciada anos atrás como alpinista. Para nós ficam as lições de humildade, perseverança e esforço, marcas do sucesso de Jim, inspiração para todos os demais. 

Bom trabalho e grande abraço! 

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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sexta-feira, 13 de outubro de 2023

Ernest Dale, o pai da teoria empírica da administração

Muitas mãos escreveram - e ainda escrevem - a história da administração, disso todos nós sabemos. Cada geração contribui para essa ciência a partir de suas experiências, teorias e principalmente com o desejo de ampliar os horizontes da gestão empresarial. Frente a isso, poucos têm contribuído de maneira tão essencial quanto Ernest Dale, o pai da estrutura organizacional.

Dale foi autor de diversos livros sobre o assunto, além de ter marcado a história da administração com novas abordagens que aproximavam gestores e funcionários, dando uma maior dinamicidade e harmonia dentro dos processos de produção. Além disso, sua função como consultor de diversas empresas multinacionais proporcionou uma experiência completa dentro da administração, passando não somente pela teoria, mas vivenciando a prática em empreendimentos locais, nacionais e internacionais. Nesse aspecto, as teorias de Dale não somente comprovaram sua eficácia, mas o eternizaram nesta área do conhecimento. Por isso, hoje vamos conhecer um pouco mais sobre sua vida e obra.

O início da jornada de Ernest Dale

A caminhada de Ernest Dale começou em 4 de fevereiro de 1917, em Hamburgo, na Alemanha. O período é marcado pela Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918) e durante sua infância temos poucas informações sobre como era a vida de Dale. Porém, não é difícil imaginarmos que, assim como todo o povo alemão no período, houve momentos de forte pressão econômica. A República de Weimar, iniciada logo após o fim do conflito bélico, sofreu durante a década de 1920 para superar as condições impostas pelo Tratado de Versalhes e poder reestruturar sua economia.

Em um cenário de uma grave instabilidade política e econômica, não podemos encarar com surpresa o fato de Dale, aos 17 anos, decidir migrar para os Estados Unidos para finalizar seus estudos. A mudança para a América foi motivada principalmente por ingressar na universidade de Yale, no qual formou-se e seguiu uma brilhante carreira acadêmica como professor no curso de administração em Columbia. Porém estamos nos adiantando.

Uma perspectiva global para a economia e a administração

Desde cedo seu principal foco quando voltava-se para a economia e administração estava na relação das empresas com a economia global. Talvez por crescer em um país que sofreu fortemente com a intervenção de outras nações ou por ter vivido a crise de 1929 e vendo sua repercussão na maior economia global - Os Estados Unidos - o fato é que Dale passou a investigar como essas flutuações econômicas poderiam ser previstas e amenizadas no âmbito empresarial.

Após se formar em Yale, Dale passou a trabalhar como consultor para algumas empresas. Como consultor podemos destacar trabalhos importantes de Dale para a IBM e a Du Pont, duas gigantes no mercado de tecnologia.

Somente nos anos 1950, após quase três décadas de serviço para a administração, a carreira de Dale ganhou projeção mundial com seus livros. Até então suas teorias eram utilizadas apenas em seu ambiente de trabalho, mas pelo excelente trabalho sua fama já corria o mundo mesmo sem nenhum livro publicado. Talvez isso explique o grande sucesso quase imediato de seus livros, que rapidamente ganharam lugar nos cursos de administração.

Sobre suas obras, devemos destacar seus dois maiores sucessos, nos quais suas principais teorias são apresentadas: Planejamento e desenvolvimento da estrutura organizacional de uma empresa e Administração: teoria e prática. As duas obras são do final dos anos 1950 e início dos anos 1960 e demarcam uma transição entre o modelo científico construído pelo Taylorismo e a escola humanista de Mayo. Nas duas obras de Dale podemos encontrar uma estrutura administrativa diferente desses modelos, fugindo do aspecto teórico e sendo comprovada a partir de estudos de casos, realizando assim uma abordagem mais prática e próxima da realidade das empresas.

Uma administração prática

Um dos grandes diferenciais da abordagem de Ernest Dale está na praticidade e foco em casos reais para solução de problemas nas empresas. Por sua vasta experiência como consultor, Dale desenvolveu métodos que buscam achar soluções que estão dentro das possibilidades e contexto de cada empreendimento, utilizando experiências feitas em outras organizações como meio de encontrar uma resposta para os problemas de uma gestão. Nesse sentido, trata-se de sair da teoria especulativa e investir diretamente no empirismo. Por essa abordagem Dale ficou conhecido como “o pai da teoria empírica da administração.” 

Nos dias atuais a escola empírica está na vanguarda da administração tendo como principal representante Peter Drucker. Junto a Drucker, Dale lançou as bases para essa nova forma de pensar a administração, diferindo fortemente da administração científica de Fayol e Taylor. O empirismo defendido por Dale não somente busca soluções plausíveis, mas leva em conta o fator humano que é fundamental em toda organização, afinal, em toda empresa há trabalhadores humanos e suas necessidades são demasiadamente humanas. 

Dito isso, aspectos como liderança e incentivo a boas práticas na política de gestão foram um dos focos de Ernest Dale. Para ele esses dois fatores ajudavam não apenas no crescimento individual do colaborador, dando-lhe motivação e criando um vínculo positivo com a empresa, mas esse efeito causado em cada indivíduo tinha uma repercussão direta na produção e resultados da empresa.

Outra abordagem comum na teoria empírica de Dale era a de dividir a empresa em diversos setores. A descentralização aparente dentro da estrutura organizacional tem diversos benefícios como uma maior especialização do trabalho, assim como é possível mapear os problemas da empresa por setor e tentar resolvê-lo de forma mais eficaz. Aliado a isso, Dale apontou que não bastava apenas dividir a empresa em diferentes partes, mas que cada gestor dessas pequenas organizações deveria trabalhar junto com suas equipes. Além de aproximar gestores e colaboradores, essa iniciativa permitia aos gestores observar mais de perto e reconhecer os pontos positivos e negativos de cada funcionário. Trazendo uma avaliação individual para cada pessoa era possível corrigir e melhorar a produção da equipe e, consequentemente, da empresa.

Os anos finais de Dale

Pode-se dizer que Ernest Dale trabalhou até os últimos dias de vida. Mesmo com uma idade avançada sua produção acadêmica não estava encerrada, dando ainda valiosas contribuições para a administração. Entretanto, um aneurisma cerebral o levou à morte. Dale faleceu em 16 de agosto de 1996, em Nova York, aos 79 anos.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 10 de outubro de 2023

Frederic Tudor e uma nova Era do Gelo


Frederic Tudor foi um norte-americano que nasceu para mudar a história do gelo. Isso mesmo, gelo. Nascido em 1783 em Massachusetts, tornou-se dono de uma companhia internacional de comércio de gelo, fazendo rotas para o Caribe, Europa, Índia e até mesmo Hong Kong. Não só isso, mas inventou um mercado que até então era inexistente, mas que hoje não conseguiríamos imaginar a rede de alimentos e bebidas sem ele. Tudor com sua inovação e visão de negócio, faz jus ao nome de empreendedor.

O que aparentemente começou como uma brincadeira com seu irmão, ainda crianças, num lago congelado, se tornou uma ideia de negócio. Com apenas 23 anos, o jovem dá início à sua primeira tentativa de comercializar, mandando gelo para Martinica, região caribenha nas Antilhas. Logo começaram suas primeiras adversidades quando 50% da carga derreteu e o levou a um prejuízo, na época, em torno de U$5.000. Algumas fontes inclusive relatam que Frederic chegou a ser preso por não conseguir pagar sua dívida.

Mas como sempre vemos na história dos grandes empreendedores, os desafios os fortalecem. Alguns anos depois, Tudor deu a volta por cima, ao melhor, deu a volta ao mundo, e conseguiu levar seu comércio para Cuba e Índia, ganhando assim o nome de “Rei do Gelo”.

Tudor faleceu aos 80 anos, em 1864, deixando uma fortuna para sua família e seu nome para a história do empreendedorismo. Se hoje você vai a um restaurante e pede água, suco ou refrigerante num copo com gelo, você deve um agradecimento a este jovem sonhador norte-americano do século XVIII.

Como tudo começou para Frederic Tudor

Tudor nasceu no dia 4 de setembro de 1783, sendo o terceiro filho do casal William e Delia Tudor. Um fato curioso sobre sua vida é que o jovem possuía todas as condições para uma educação completa, mas abriu mão, se dedicando a trabalhar desde os 13 anos. Algumas versões relatam que a família estava num piquenique, outras que Tudor e seu irmão brincavam, quando seu irmão falou que queria vender gelo para as Índias e enriquecer com isto. Tudor levou a brincadeira a sério e decidiu montar o negócio.


Outras versões afirmam que Tudor teve a ideia a partir de uma viagem para o Caribe. De uma forma ou de outra, sabemos que ele fez sua primeira tentativa em 1806, removendo gelo de um lago congelado da propriedade da família em Nova Inglaterra em direção à ilha francesa Martinica. O empreendimento começou como um fracasso total.


Há também divergências nas fontes com relação a este ‘fracasso’. Parte afirma que metade do gelo derreteu no percurso, e outra parte afirma que ao chegar no local, não houve interesse de compra, deixando-o num débito que levou alguns anos para se recompor. Não estaríamos falando de empreendedorismo se não falássemos também sobre desafios, erros e acertos. Quanto mais genialidade, maior o problema a ser resolvido. E neste caso não foi diferente, Frederic estava iniciando um produto que até então não existia, nem o seu consumo nem sua comercialização. E hoje, apenas 2 séculos depois, é até difícil considerar uma época em que o gelo não era servido nas bebidas ou usado para resfriar produtos.


Quando o cenário mudou para Tudor


Apesar do início com várias adversidades, Frederic Tudor apresentava uma das grandes virtudes de um empreendedor: a criatividade. Imagine que você tem a ideia de vender um produto que o custo de sua produção é ZERO. Isso mesmo… ele simplesmente coletava blocos de gelo produzidos no inverno norte-americano. Há o custo da mão de obra para cortar o gelo, mas assim vemos uma grande margem para lucro não é mesmo?


Tudor seguiu com suas tentativas e erros no processo de envio até 1815, ainda com algumas dívidas e sem margem de lucro. Mas isso não foi motivo para desistência, afinal um verdadeiro empreendedor e líder sempre demonstra perseverança em seus investimentos e criações. Ele decide criar ‘casas’ para receber o gelo, icehouses, na tentativa de melhorar o fluxo da mercadoria, com a primeira delas em Cuba. Até mesmo faz o serviço de levar frutas de Cuba para Nova York, porém também mal sucedidas.


Seu sucesso ocorreu em torno de 1825 e em 1833 o Rei do gelo fazia negócios com a Índia. Nos 20 anos que vieram depois, Calcutá tornou-se o destino mais lucrativo para Tudor, que construiu suas casas de gelo também em Madras e Bombai. Em 1840, o gelo era enviado para diversas áreas do mundo e em 1845 uma casa de gelo foi aberta em Hong Kong.


Novas possibilidades para Tudor


Foi através de suas experiências que Frederic abriu os caminhos para uma série de máquinas de refrigeração que usufruímos tanto nos dias de hoje. A criação da máquina de gelo, ar-condicionado e geladeira foram todas influenciadas pelo Rei do gelo. 


Um bom empreendedor não deve ser medido apenas pelo seu lucro ou preço de mercado, mas também pelas possibilidades que gera a partir de seu trabalho, e claro, pelas pegadas que deixa na sociedade. É por este motivo que podemos considerar Frederic Tudor como um empreendedor que mudou a história. 


Tudor fez uma fortuna a partir do comércio de gelo antes de existir qualquer tipo de sistema de refrigeração no mundo. Ele contratou inventores para produzir polias e guinchos mais eficazes para a coleta do gelo e fez negócio com o mundo tropical. O jovem audacioso e sonhador casou-se com Euphemia Fenno, teve dois filhos e faleceu aos 80 anos em sua casa, em fevereiro de 1864. 


Devemos aprender através de sua trajetória a não desanimar diante das adversidades. Ser um verdadeiro empreendedor envolve confiança na sua visão, persistência e vontade de aperfeiçoar. Tudor não descansou enquanto não tornou o processo de obtenção e comercialização do gelo mais eficaz, não desistiu durante os diversos prejuízos e sempre se esforçou. Aprendemos aqui mais um caso de que a boa vontade e trabalho árduo são duas ferramentas que potencializam o ser humano a alcançar seus sonhos. 


Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio




        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.