terça-feira, 26 de setembro de 2023

Programa 5s: como funciona, benefícios e desafios

Descubra como o Programa 5S é na prática, quais as vantagens para o seu negócio e as principais dificuldades para a sua implementação.

O Programa 5s é uma técnica de gestão criada no Japão muito conhecida para melhorar a organização dos espaços para manter a fluidez das tarefas. Podendo ser utilizada tanto no mundo corporativo quanto na vida pessoal, ela funciona como um guia com boas práticas para trazer mais eficiência no dia a dia.

Continue a leitura e descubra como essa metodologia funciona, como é possível utilizá-la nas empresas para obter benefícios e quais são os principais desafios da sua implementação.

O que significa cada S do sistema

O Programa 5s é baseado em cinco palavras de origem japonesa que guiam cada etapa do funcionamento da ferramenta para trazer mais eficiência e controle para as empresas.

Seiri (Senso de utilização)

O primeiro “S” diz respeito à necessidade dos objetos no local de trabalho, afinal muitas vezes a equipe acaba acumulando materiais que nem sempre são utilizados no dia a dia.

Nesta etapa, deve-se olhar para os equipamentos, materiais e documentos para avaliar a frequência de uso e se é realmente necessário mantê-los ali.

Desta maneira você aumenta a concentração e produtividade da equipe, pois retira tudo que pode causar distração e ainda otimiza o ambiente.

Seiton (Senso de ordenação)

Agora que os itens já foram separados, é hora de organizar o local de trabalho, a ideia é deixar “a mão” apenas os materiais que são utilizados com mais frequência, guardar o que é usado de forma esporádica e descartar o que não é inútil. Então, é hora de arrumar a mesa, organizar os documentos e pastas do computador.

Vale destacar que o senso de ordenação do Programa 5S deve estar presente também no dia a dia da empresa para evitar que os itens voltem a se acumular.

Seiso (Senso de limpeza)

Além de manter o ambiente organizado é fundamental que ele também fique limpo, assim os colaboradores terão um espaço mais agradável, produtivo e saudável.

Para que essa etapa seja realizada é muito importante despertar o senso de compromisso nos funcionários, assim cada um faça a sua parte para que o local de trabalho fique bem cuidado.

Nesta fase também é feito conserto de equipamentos estragados ou que causem desconforto para os colaboradores,  como uma impressora que não está funcionando adequadamente ou uma cadeira que está com problemas no ajuste do assento.

Seiketsu (Senso de padronização)

Para que o Programa 5S se torne de fato uma rotina dentro da empresa foi criada esta etapa. Como o nome indica, o objetivo é padronizar o que já foi feito nas fases anteriores para que elas façam parte da rotina do negócio.

Por isso, são definidas as pessoas que ficarão responsáveis para manter a continuidade da técnica e motivar os demais membros da equipe para cuidar do ambiente de trabalho conforme o que foi feito antes.

Shitsuke (Senso de autodisciplina)

A última etapa está relacionada à disciplina indispensável para prosseguir com a aplicação do Programa 5S e torná-lo parte da cultura da empresa, sem que sejam necessários estímulos dos gestores.

Para chegar a este resultado é importante capacitar os colaboradores para que eles possam praticar as fases anteriores proativamente, pois desta forma ela se tornará parte da empresa e todos poderão colher os frutos de um ambiente de trabalho mais organizado e agradável.

Vantagens do Programa 5S

Executar a metodologia trará diversos benefícios para a sua empresa que ajudarão a atingir excelentes resultados. Conheça agora quais são elas:

Organizar o ambiente de trabalho

A dificuldade de manter o local de trabalho organizado pode provocar muitos problemas como a perda de documentos importantes, desperdício de tempo e até levar a acidentes de trabalho.

Mas colocando o Programa 5S em prática, só haverá espaço para o essencial tornando o ambiente mais agradável e saudável.

Aumentar a produtividade dos colaboradores

Este com certeza é uma das maiores vantagens do 5S para as empresas, pois com a sua aplicação os funcionários ficam mais focados nas suas atividades sem perder tempo à procura de documentos ou instrumentos de trabalho, por exemplo.

Além disso, como está tudo limpo e organizado, o local de trabalho passa a ser um ambiente propício para a produtividade e favorável a construção de ideias já que os colaboradores não precisam se preocupar tanto com o que não é essencial.

Reduzir os custos

A falta de organização pode levar ao desperdício e acúmulo, o que por sua vez, gera despesas desnecessárias. Quando o Programa 5S é aplicado, os gestores conseguem identificar o que é realmente fundamental para a empresa, reduzindo os custos.

A metodologia também possibilita um melhor gerenciamento do tempo e do espaço físico utilizado pelos colaboradores, otimizando ainda mais o uso dos recursos disponíveis.

Melhorar na qualidade de produtos e serviços

Além de contribuir para o bem-estar dos colaboradores, o Programa 5S também pode aprimorar as mercadorias da empresa, pois com a padronização é possível evitar erros e manter a consistência na entrega dos produtos e serviços do negócio.

Facilidade de implementação

Como já comentamos, essa técnica pode ser utilizada em qualquer tipo de empresa, em órgãos públicos e até na sua vida pessoal, melhorando relacionamentos e também a maneira de lidar com a rotina diária.

Outro motivo que facilita a aplicação do Programa 5S é que são necessários poucos recursos para colocá-lo em prática, de fato, o que mais faz a maior diferença para que ele seja um sucesso, é o compromisso das pessoas.

Favorece a aplicação de outras metodologias

Ao implementar a metodologia cria-se um ambiente favorável para a utilização de outras ferramentas como o 5W2H, o Kaizen e o Diagrama de Ishikawa.

Desafios que podem surgir na implementação do Programa 5S

Durante as mudanças dos processos em um negócio é natural que surjam dificuldades. Pensando nisso, trouxe alguns eventuais desafios que podem aparecer durante a aplicação da metodologia para você se preparar.

Manter o engajamento da equipe

Como já pontuamos, um dos fatores essenciais para que o Programa 5S atinja os resultados é o compromisso da equipe. Então times com uma rotatividade alta e com dificuldades de engajamento podem comprometer bastante o sucesso da implementação.

Falta de compreensão dos conceitos

Quando cada etapa não é compreendida, será mais difícil alcançar os resultados esperados. Por exemplo: confundir o Seiso com uma simples limpeza. Por isso, pesquisar as melhores formas de apresentar e treinar a equipe é essencial para a implementação e manutenção do Programa 5S.

Resistência às mudanças

A aversão às mudanças é algo natural nos seres humanos e pode dificultar a implementação do Programa 5S. Uma maneira de minimizar este aspecto é deixar claro os benefícios que os colaboradores terão com a aplicação da técnica. Também começar de forma lenta, sem grandes transformações, pode diminuir os conflitos.

Ausência da promoção contínua do Programa 5S

Muitas vezes as empresas limitam o uso da técnica a apenas um período, no começo do ano e no final, geralmente. Porém para chegar ao nível de excelência com o 5S é importante garantir a continuidade do programa e a perseverança do novo modelo de atuação.

Agora que você já conhece o Programa 5S, as suas vantagens e desafios,  está disposto a aplicá-lo no seu negócio?

Bom trabalho e grande abraço.,

Autor: Prof. Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em: 02 de setembro de 2023 Especial: artigos no Jornal Tribuna
Link fonte: https://jornaltribuna.com.br/2023/09/programa-5s-como-funciona-beneficios-e-desafios




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sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Daniel Goleman é o pai da inteligência emocional

O mundo passou por muitas mudanças nos últimos dois séculos. A revolução industrial em meados do século 19 acelerou uma série de modificações na sociedade, como: a forma de produzir, consumir, se relacionar, trabalhar e adquirir conhecimento. 

Em relação à capacidade de crescer profissionalmente, durante muito tempo se acreditou que o mais apto à função ou mais inteligente seria aquele que fosse capaz de armazenar mais dados, basicamente, reter mais informações, será que isso é suficiente? 

O que muitos empreendedores já sabem há algum, é que o conhecimento técnico não é o único responsável por fazer de uma pessoa um bom líder ou colaborador. Na atualidade está popularizado o conceito de inteligência emocional, que seria a capacidade da pessoa de desenvolver suas emoções e sentimentos, sabendo responder adequadamente a cada situação da vida. 

O que nem todos sabem, é quem foi o responsável por trazer à tona o debate acerca da inteligência emocional. Dessa forma, apresentamos Daniel Goleman, o “pai da administração” de hoje. 

Goleman ficou mundialmente conhecido com o seu livro mais famoso Inteligência Emocional, publicado em 1995, após anos de estudos e produção de matérias jornalísticas de cunho científico sobre a mente, o desenvolvimento humano e a psicologia.

Os primeiros passos de Daniel Goleman

Daniel Goleman, nasceu em 7 de março de 1946, na cidade californiana de Stockton. Ele é filho de pais professores universitários, tendo, portanto, crescido em um ambiente onde o estímulo à pesquisa e os estudos era natural. O seu pai, Irving Goleman, lecionava na área de humanidade e também latim. A biblioteca da faculdade comunitária San Joaquim Delta leva o seu nome. 
A sua mãe, Fay Goleman, teve uma vida longeva e participou de importantes acontecimentos sociais, no decorrer dos seus 99 anos. Fay se tornou mestre em Serviço Social pelo Smith College, quando em seguida passou a também ministrar aulas, no departamento de sociologia da atual Universidade do Pacífico. 
Para Goleman foi marcante ter na mesma casa, pai e mãe que trabalham fora de casa, na década de 50 nos EUA. Ele se considera muito grato pela família, educação e formação que seus pais lhe deram.
O desempenho de Goleman no meio acadêmico começou a dar resultados ainda no ensino médio. Por ter sido presidente do grêmio estudantil da sua escola, ele recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Alfred P. Sloan, para estudar no Amherst College. Pouco tempo depois, aproveitando a oportunidade de fazer um intercâmbio universitário, ele se transferiu para a Universidade da Califórnia de Berkeley, e retornou para Amherst para se sua formatura.
Na Universidade de Berkeley, Goleman encontrou a atmosfera perfeita para o seu desenvolvimento acadêmico. Na universidade, ele pode conhecer professores notáveis que foram fundamentais para a sua formação. É o caso do sociólogo Erving Goffman que o influenciou a escrever seu trabalho de conclusão de curso sobre saúde mental na perspectiva histórica, antropológica e sociais. 
Em seguida, ele se tornou aluno de Harvard após a Fundação Ford lhe ter concedido uma bolsa de estudos. Goleman então se inscreveu no programa de psicologia clínica, quando passou a estudar a mente humana a partir de uma perspectiva interdisciplinar. 
Foi nessa época que Goleman conheceu o seu principal mentor na academia, o professor McClelland que o ajudou a conseguir, mais uma vez, uma bolsa de estudos itinerante de pré-doutorado em Harvard, para estudar na Índia. 
Na Ásia, o foco de estudo de Goleman se deu nos antigos sistemas de psicologia e as práticas de meditação associadas às religiões asiáticas. A partir dessa experiência ele integrou a meditação dentro da sua rotina, como uma prática para busca de maior equilíbrio da mente e pensamentos. 
Goleman teve uma nova experiência de estudos na Ásia, dessa vez no Sri Lanka, para o pós-doutorado do Social Science Research Council. Nessa época ele escreveu o seu primeiro livro, com o título The Meditative Mind.

Goleman, de professor à escritor

Na volta para Harvard atuou como professor visitante, porém, em pouco tempo recebeu uma proposta de trabalho que mudou a sua perspectivas de vida. O seu mentor, o professor McClellend o recomendou para trabalhar em uma grande revista da época, a Psychology Today. Foi o primeiro passo de Goleman no mundo da escrita, que o conquistou. 

No ano de 1984, Goleman começou a trabalhar no New York Times, para cobrir a área de psicologia e ciências afins. Foram 12 anos de muitos aprendizados, pesquisas e artigos publicados no período. Nesse período ele pode conhecer pessoas e ganhar uma enorme visibilidade, porém, nem sempre o que o jornal queria que ele publicasse era do interesse de estudo de Goleman.

O livro: Inteligência Emocional

A obra mais famosa de Daniel Goleman nasceu no ano de 1995, contudo, foi gestada durante toda a sua carreira como professor, escritor e, acima de tudo, estudioso da mente e psique humana.
O livro trouxe vários insights sobre o tema e transformou a forma como enxergamos a inteligência. Para Goleman, o que chamamos de inteligência não pode ser encarado apenas pelo QI (quoeficiente de inteligência), o qual é responsável por apenas 20% das aptidões necessárias para se tornar uma pessoa bem sucedida. 
Os outros 80% são os aspectos relacionados à inteligência emocional, o que para o autor são bem mais determinantes para a formação do ser humano. 
O autor destaca 4 pilares fundamentais que atuam junto na formação do campo emocional das pessoas. Os quatro fatores são interligados e complementares, são eles: autoconhecimento, gestão das emoções, empatia e sociabilidade. Vejamos um pouco sobre cada um deles. 

Autoconhecimento

Para desenvolver respostas emocionais maduras e responsáveis no trabalho e para a vida, é preciso primeiro se conhecer bem. Para Goleman é possível desenvolver o autoconhecimento a partir de exercícios práticos, como escrever um Diários de Emoções. Nele, a pessoa deve descrever como lidou com as emoções ao longo do dia, e descrever situações limites ou pontos de observação, buscando identificar o que nos fez agir de uma forma ou de outra.

Gestão das Emoções 

A proposta aqui é aprender a dar respostas às situações cotidianas emocionalmente inteligentes. Na maioria das vezes o que acontece é darmos respostas automáticas a tudo que nos acontece na vida. Esse tipo de reação é a responsável pela maior parte dos problemas nos relacionamentos quando são gerados por nós mesmos. 
Segundo Goleman, para dar respostas mais inteligentes, é preciso entender as nossas motivações e os nossos estados emocionais interiores. Para isso, é possível aproveitar o diário de emoções e identificar os porquês dos conflitos, ruídos na comunicação e desgastes. 

Empatia


Para o pai da administração da vez, a empatia vai muito além da capacidade de se colocar no lugar do outro. Essa é uma frase simples que não traduz todo o esforço necessário para gerar relações mais harmoniosas e felizes.

Na busca pelo desenvolvimento de atitudes mais empáticas, ele recomenda 3 ações: praticar verdadeiramente a escuta ativa, não fazer julgamentos e sempre buscar o entendimento e as causas de determinada ação das pessoas. 

Sociabilidade 

O aspecto da Sociabilidade acontece como resultado de todas as habilidades anteriores são desenvolvidas. Um sujeito emocionalmente inteligente é aquele que consegue equilibrar o manejo das emoções com a razão e construir, assim, relações maduras dentro e fora do trabalho. 

Goleman é sinônimo de Inteligência para a vida

Os estudos sobre a mente e o comportamento dentro da esfera do trabalho, teve grande impulso com a obra mais famosa de Goleman sobre a inteligência emocional. E ele não parou por aí, escreveu mais uma série de livros aprofundando sobre a temática que hoje, não é mais novidade dentro dos RHs e do LinkedIN. 

Confira outras obras de Goleman que mostram a importância da inteligência emocional para alcançar voos maiores na carreira: 

  • Trabalhando com a inteligência emocional (1998); 
  • Emoções Destrutivas e como dominá-las: um diálogo com Dalai Lama (2005);
  • Inteligência social: o poder das relações humanas (2006); 
  • Inteligência ecológica: o impacto do que consumimos e as mudanças que podem melhorar o planeta (2009); 
  • Foco (2013); 
  • Liderança (2015). 

Você já deve ter ouvido falar que empreender no Brasil não é tarefa simples, portanto, desenvolver a inteligência emocional é fundamental para construir uma carreira de sucesso. Sem deixar as emoções de lado, as empresas cada vez mais entendem que o ser humano é um indivíduo completo. Todos têm necessidade físicas, emocionais e sede de ideias - hoje entendidos como propósitos - as organizações que melhor conseguirem conjugar os fatores e contribuir para a formação integral dos colaboradores irá reter os melhores talentos, eficazes no cumprimento das atividades com estabilidade emocional. 

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 19 de setembro de 2023

Philip Kotler, o pai do marketing

O que faz um empreendedor ganhar a alcunha de “guru”? Ao redor do mundo são milhares de empreendedores buscando desenvolver seus negócios e alavancar suas carreiras e no Brasil não é diferente. Nosso país figura entre os maiores em número de empreendedores, porém são poucos os que podemos chamar de gurus, aquele líder visionário que emerge e aponta um caminho para os demais. No caso de Philip Kotler a alcunha de “guru” se soma ao predicado na escola de administração do “pai do marketing”, ou seja, aquele que deu nascimento ao marketing como o conhecemos hoje e segue gerando novos filhos por meio de novos conceitos e teorias, atualizados constantemente.

O grande legado de Philip Kotler, em linhas gerais, foi ter posicionado o marketing no centro estratégico dos negócios, passando a ser fator decisivo de toda organização que pretende não apenas crescer mas também deixar uma marca na história como fazem hoje as grandes marcas, como o Mcdonald's, a Apple ou a Nike. A ideia de Kotler colocou o marketing como parte principal das estratégias das empresas. A partir dessa nova perspectiva, foi possível desenhar uma nova forma de pensar dos gestores de todas as áreas das organizações. Assim, o marketing passou a fazer parte de todas as equipes, não sendo mais assunto apenas dos setores comercial e vendas.

Conheceremos um pouco mais sobre Philip Kotler. Os seus ensinamentos atemporais sobre o marketing vem perdurando ao longo das décadas e seguem influenciando todos aqueles que buscam deixar um legado com seus produtos e serviços. Um bom exemplo disso é o seu livro Administração de Marketing, uma das principais obras de Philip Kotler, de 1962, tantas vezes reeditado e atualizado, mas conhecido como a Bíblia do Marketing. 


O pai do marketing: quem é Philip Kotler?

A impressionante trajetória do pai do marketing, o professor Philip Kotler, começou quando em 1917 os seus pais emigraram da Ucrânia para os Estados Unidos. Eles se estabeleceram na cidade de Chicago, onde Kotler nasceu em 27 de maio de 1931 e passou sua infância e juventude, hoje Kotler tem 92 anos de idade. Em 1951, aos vinte anos, Kotler começou os seus estudos na Universidade de DePaul, também em Chicago, na qual permaneceu por apenas 2 anos, quando ingressou no programa de mestrado da Universidade de Chicago, o que foi considerado um feito para muitos, uma vez que Kotler não havia terminado a graduação.

No ano de 1956 Kotler recebeu o título de Phd em Economia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em seguida veio a receber o título de pós-doutor em matemática pela Universidade de Harvard. Vale ressaltar que durante a primeira fase de sua formação acadêmica Kotler vivenciou um ambiente rico não só em aprendizados teóricos, mas também compartilhou da mesma atmosfera de inovação e empreendedorismo em que estiveram presentes Paul Samuelson, Robert Solow e Milton Friedman. Todos os três posteriormente ganharam o Prêmio Nobel de Economia e Kotler, não menos, a alcunha de pai do marketing, como o conhecemos.  A sede por aprender e ensinar de Kotler é uma marca da sua trajetória profissional, dessa busca incessante por desenvolver novas teorias e aprimorar teorias já existentes. Kotler nos apresentou os conceitos de Marketing 1.0, 2.0, 3.0, 4.0 até o atual Marketing 5.0. Entretanto, para entender a visão de Marketing de Kotler é preciso compreender algumas premissas chaves que funcionam como princípios norteadores do seu entendimento sobre o que significa fazer marketing.

O primeiro e talvez o maior ensinamento de Kotler foi ter associado o Marketing ao bem estar do consumidor, ou seja:
Kotler inovou ao trazer para o centro da discussão que o consumidor não deseja apenas ter seu problema resolvido com a compra do produto, ele precisa também se sentir realizado em esferas íntimas: sentir-se bem, sentir que está fazendo o certo e que sua compra é útil também para os demais.
A partir daí começaram uma série de mudanças na forma como as empresas passaram a enxergar o marketing e a sua importância dentro de uma estratégia de comunicação das empresas com a sociedade.

O marketing passou, portanto, do escanteio para o centro do campo das empresas. Sendo pensado e testado não apenas pelo setor de publicidade, mas também pelo comercial, vendas e atendimento ao cliente, em todas as esferas se buscou agregar valor ao cliente para que ele se sentisse bem, seguro e socialmente responsável com a sua decisão de compra. 


Philip Kotler então nos apresentou os estágios do marketing que evoluiu do marketing 1.0 quando as empresas detinham todo poder da informação sobre os produtos e isso lhe dava um grande poder na relação com os consumidores até chegar ao marketing 5.0, hoje, totalmente inserido e influenciado pela internet, aplicativos de mensagens e redes sociais, agora o consumidor tem voz e poder e isso influenciou na forma como as marcas produzem, comunicam e vendem. Vale ressaltar também os ensinamentos sobre responsabilidade social trazidos por Kotler para as estratégias de marketing. Na atualidade os consumidores não desejam apenas comprar soluções ou dar vazão aos seus desejos, mais do que isso, os consumidores buscam estar alinhados à agenda global de proteção ao meio ambiente, ao combate à discriminação e redução das desigualdades, e cobram das empresas a mesma responsabilidade social. Portanto, para Kotler a agenda socioambiental também deve estar no centro das discussões de todos os setores das empresas.

Philip Kotler segue hoje e estará presente no futuro

Sendo hoje conhecido como pai do marketing por todos os ensinamentos e inovações trazidas para o mercado, é bem possível que em alguns anos tenhamos que vir a chamar Philip Kotler, hoje com 92 anos, de “avô do marketing”, pois certamente seus ensinamentos continuarão a ser ensinados e seguidos por milhares de estudantes e empreendedores nos quatro cantos do mundo.

Como pai do marketing, inovador e profissional bastante ativo e produtivo, Kotler escreveu mais de 150 artigos e publicou 55 livros sobre diversos temas que tocam o universo da administração e empreendedorismo, em especial, o marketing, desde 1962 atua como professor de marketing na escola Kellogg School of Management, da Universidade de Northwestern, cargo que ocupa há 6 décadas. Vale pontuar que Kotler também atuou como consultor para empresas de grande renome, como: Michelin, IBM, Bank of America, entre outras.

Philip Kotler contribuiu e seguirá contribuindo para o desenvolvimento do marketing e com todos aqueles profissionais e amantes do marketing que buscam se desenvolver em um cenário cada vez mais competitivo e mutável. Na busca por assegurar sucesso, recomenda-se seguir os conselhos do guru, neste caso o pai do marketing - o professor Philip Kotler.


A ideia aqui na série Os Pais da Administração é trazer mais nomes importantes da escola moderna de administração e no próximo artigo irei falar sobre Daniel Goleman.
Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Stephen Covey e a vida em alto desempenho


Produtividade, resultados e eficiência, são palavras de ordem dentro na maioria das organizações, não importa o tamanho. Contudo, não são ideias novas, Stephen Covey, o “pai da administração” de hoje já as estudava décadas atrás, quando estava na academia. Stephen se diferenciou de muitos teóricos por enxergar o profissional como um ser humano integral.

Nas suas obras ele ampliou a importância da eficácia do âmbito profissional para todos os aspectos da vida da pessoa. Seus livros abordam a importância da família, da liderança pessoal e da autorrealização, fundamental para que a pessoa também desempenhasse bem suas funções enquanto profissional.

Outra ideia vanguardista de Covey diz respeito a primazia especial que ele dava ao caráter em relação à técnica. Na atualidade, é bastante comum nos depararmos com postagens nas redes sociais que reforçam a ideia de que a técnica pode ser ensinada, mas quando falta o caráter é muito mais sentido e prejudicial para a organização. Portanto, não é de se admirar que Stephen Covey tenha trazido questões éticas para dentro do ambiente acadêmico.

Stephen Covey se destacou como orador, empresário e consultor de políticos famosos, além disso, ficou mundialmente conhecido por sua obra mais famosa Os Sete Hábitos de Pessoas Altamente Eficazes, publicada em 1989 e que vendeu mais de 25 milhões de cópias. Chegou a hora de conhecer um pouco mais sobre Covey e suas principais ideias que o tornaram um ser humano eficaz em tudo que fazia.

Os primeiros passos de Stephen Covey


Stephen Richards Covey, nascido em 24 de outubro de 1932, na cidade de Salt Lake City. A sua família desempenhou um papel importante na história da sociedade norte-americana daquela época. Covey teve uma educação disciplinadora e religiosa, o que foi determinante para a sua trajetória de vida profissional e pessoal.

Quando jovem, Covey demonstrou aptidão para os esportes, o seu porte atlético o levava a crer que poderia ir longe como atleta. Porém, ele desenvolveu um distúrbio no quadril conhecido como epífise femoral capital, o que freou sua jornada no esporte ainda na adolescência.

Em relação aos estudos, Covey já se destacava no meio acadêmico ainda no ensino médio, onde ficou conhecido pelos debates calorosos que tinha com outros colegas. A faculdade em administração foi realizada na Universidade de Utah.

A sua carreira como professor universitário teve início na Universidade de Harvard após ter obtido um MBA, na área de negócios. O doutorado teve como foco a religião, muito em função da cultura do seu estado e família. Com o título de doutor em mãos, Covey passou a lecionar na Universidade Brigham Young.

Abordagem holística da vida e do trabalho


As obras de Covey fizeram muito sucesso e venderam milhões de exemplares ao redor do mundo. Acredita-se que um dos principais fatores para o sucesso tenha sido a forma como ele uniu temas fundamentais para os seres humanos: o trabalho, a família, a espiritualidade, e a busca por resultados. Para Covey todas essas ideias e muitas outras estavam correlacionadas.

As suas obras abordam temas diversos, como: o poder transformador dos princípios observados nas chamadas leis naturais, a relação dessas leis com a eficácia humana e das organizações; Covey exaltou a capacidade das pessoas em adaptar todos os aspectos da vida de acordo com princípios universais. Também falou sobre liderança efetiva e empoderamento, em uma época em que os termos ainda não eram popularizados.

A sua obra de maior destaque é sem dúvida Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazesleitura é recomendada para todas as pessoas e não apenas gerentes. Adultos, jovens, atletas, pessoas da área médica, enfim, não há restrição para leitura por se tratar de uma obra escrita por um estudioso de negócios.

O livro traz reflexões importantes sobre comportamentos pré-estabelecidos e suposições sociais que funcionam como travas para o desenvolvimento das pessoas.

Para escrever o livro, Covey se baseou no conceito fundamental da busca humana pela independência. O processo de desenvolvimento pessoal começa na infância, quando somos dependentes, ele adverte que muitas pessoas passam para a fase adulta com as mesmas dependências emocionais e ideológicas que tinham quando crianças.

Na adolescência começa o processo de independência. Quando a educação é voltada para libertar as pessoas das próprias amarras e cultura da sociedade, se dá o processo de independência. Nesse momento, abre-se a possibilidade para o desenvolvimento da autoconfiança, da personalidade, de uma atitude positiva e das ideias próprias.

Covey chamou a fase seguinte de interdependência. A ideia consiste em que o resultado ideal de um projeto ou trabalho em equipe, acontece com o compromisso de cada envolvido em dar o seu melhor.

A obra lançada em 1989 segue sendo revisada por estudiosos e pessoas comuns ao redor do mundo. Vamos conhecer agora as sugestões de Stephen Covey para desenvolver uma atitude eficaz na vida.

Estímulo à Cooperação


De acordo com Barnard, os gestores devem estimular a cooperação dentro de uma equipe, por entender que cada indivíduo tem a capacidade de somar positivamente com o tempo. Um bom gestor assumiria o papel de coordenar a relação de cooperação entre a empresa e os colaboradores, extraindo o melhor de cada parte, direcionando para o interesse do todo.

Ao estabelecer uma cooperação, empresas e colaboradores podem, juntos, chegar aos seus objetivos. Barnard foi um dos pioneiros em enxergar os colaboradores como um recurso essencial para as empresas se desenvolverem de forma sustentável, por meio da cooperação.

Essa teoria de Barnard se comunica com os ensinamentos de Covey sobre eficácia e eficiência, diferentemente do que se entende por padrão, para ele, uma empresa atinge a eficiência quando é capaz de atender satisfatoriamente às necessidades dos colaboradores, como consequência, esses farão o mesmo pela empresa, havendo a perfeita cooperação entre ambos. Mas, vejamos os sete hábitos abordados sistematicamente por Stephen Covey:

#01 Hábito: Seja proativo


Covey diz que pessoas proativas são responsáveis por suas próprias vidas e pelo o que lhes acontece. Isso dá a essas pessoas mais liberdade, autoconfiança e autonomia. Ao contrário, pessoas reativas culpam cenários e terceiros pelo mal que lhes acomete sem possibilidade de atuação para amenizar os problemas. Covey entende que pessoas proativas reconhecem os próprios erros, corrigem e, o mais importante, aprendem com eles.

#02 Hábito: Comece com o fim em mente


Um bom líder tem a visão clara de qual direção seguir. Sabe dividir um grande projeto em partes sem perder a essência. Para Covey a clareza de visão é fundamental para ter eficácia. Para identificar o fim e formular uma rota ou estratégia para chegar a esse fim, Covey mantém a necessidade de uma base centrada nos princípios norteadores para todos os aspectos da vida.

#03 Hábito: Coloque as primeiras coisas em primeiro lugar

Em se tratando do uso do tempo, Covey é categórico quando ensina que as coisas mais importantes devem ser feitas primeiro. Ele apontou que um erro bastante comum é realizar várias tarefas por gosto pessoal, quando apenas uma tarefa que deveria ser feita pelo dever, deixou de ser realizada. Para Covey, a administração do tempo e suas prioridades é fundamental para chegar aos objetivos pretendidos.

#04 Hábito: Pense em ganhar/vencer

A palavra chave para Covey é a cooperação, em detrimento da competição. Essa ideia é válida para o ambiente familiar ou escritórios, como ele exemplificou em sua obra. Ele defende o fomento de uma mentalidade de abundância para reconhecer as possibilidades ilimitadas de crescimento, sempre celebrar o sucesso e buscar o entendimento entre as partes, ou seja, o ganha/ganha.

#05 Hábito: Procure primeiro compreender, depois ser compreendido


A escuta ativa, outro conceito tão enfatizado hoje, também foi objeto de estudo por Covey. Para ele, se quisermos realmente entender alguém, não basta olhar para os fatos externos, é preciso escutar e buscar entender as causas da atitude dessa pessoa. Ele diz que é preciso desenvolver uma escuta empática.

#06 Hábito: Sinergize


A sinergia se dá na correta confluência de energias entre as pessoas. Na visão de Covey ninguém ganha sozinho, todos somos interdependentes e precisamos coordenar harmoniosamente nossas ações para atingir os objetivos do grupo.

#07 Hábito: Afie a serra


Na concepção de Covey a renovação é parte fundamental do processo. Os aspectos físicos, emocionais, mentais, financeiros e recursos precisam se renovar. Covey recomenda exercícios físicos e hobbies de acordo com o gosto e costume de cada pessoa que possibilite renovar mente e corpo.

Stephen Covey foi sinônimo de alto desempenho


Em suma, Stephen Covey foi um escritor de sucesso, professor universitário e consultor de grandes empresas e políticos. Atuou como consultor pessoal dos ex-presidentes Bill Clinton dos EUA, Vicente Fox do México, e do sul-coreano Kim Dae Jung e de CEOs de grandes empresas. Foi um entusiasta por desenvolver o ser humano de forma integral e acreditava que isso beneficia diretamente os resultados nas empresas.

Ele também fundou a Covey Leadership Center e da Franklin Covey Corporation, consultoria que ajuda empresas a gerir melhor seus negócios. No aspecto pessoal, Covey teve 9 filhos e 52 netos. O seu falecimento em 2012 se deu em função de uma hemorragia cerebral, ocasionada por uma queda de bicicleta.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.