terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Paul R. Lawrence, o gigante do comportamento organizacional

Paul R. Lawrence foi um professor amado por seus alunos, colegas de trabalho e contribuiu para lançar as bases sobre os estudos acerca do aspecto humano das organizações. Seus estudos mudaram a forma como se encara o comportamento organizacional e jogou luz sobre o tema em uma época em que as relações de trabalho mudavam rapidamente, assim como acontece hoje.

Além de um grande teórico, estudioso e professor, Lawrence foi também amigo, companheiro e mentor dos seus alunos, um caso raro de sucesso na vida privada e profissional. Lawrence se tornou uma inspiração enquanto ser humano para todos que tiveram o privilégio de conviver com ele.

A sua trajetória profissional foi marcada especialmente por sua presença nas universidades, em especial em Harvard, onde fez um MBA e ganhou o grau de PhD. Contudo, Lawrence não se contentou em ficar apenas na academia - o que já seria muito - e também atuou na direção de grandes empresas, como diretor da Millipore Corporation, de 1975 a 1993 , e de 1991 a 1995 diretor da Hollingsworth & Vose Paper. Dessa maneira mostrou como unir suas pesquisas e estudos sobre comportamento organizacional com a prática.

Sua principal teoria diz respeito à ideia de que não existe receita única ou fórmula mágica quando se trata de cultura organizacional eficiente. Partindo desse pressuposto, cada estrutura vai encontrar sua melhor forma, apesar de que alguns processos possam ser comuns a muitas organizações.

Para entender melhor sobre Lawrence e suas principais ideias, vamos à sua vida e obra que valem a pena ser conhecidas. 

Quem foi Paul R. Lawrence? 

Paul R. Lawrence nasceu em 26 de abril de 1922, em New Rochelle, Illinois, Estados Unidos, porém muito novo migrou para Grand Rapids, onde passou parte da infância juventude. Desde muito cedo Lawrence se destacou nos estudos e passou a desenvolver suas potencialidades dentro do meio acadêmico.

Lawrence contou com o exemplo do seu pai, um empenhado funcionário público que cujo trabalho contribuiu para reequilibrar as contas dos bancos de Michigan durante a Grande Depressão. Dentro de casa, seus pais lhe passaram valores humanos como generosidade, altruísmo e humildade que Lawrence levou por toda sua vida.

Conta-se que durante a juventude presenciou uma série de conflitos entre os trabalhadores e a indústria automobilística, esse contexto o levou a questionar como poderia contribuir para a solução desses conflitos que que não se restringiam às fábricas de automóveis. A busca por uma resposta para os confrontos que presenciou nortearam seus estudos durante toda a vida. Assim, a tentativa de encontrar uma solução para este dilema o levou a ser um dos pioneiros no desenvolvimento das teorias sobre as relações de trabalho e construção de culturas organizacionais fortes e sadias que são estudadas até hoje.

Já na Universidade, sua formação acadêmica começou na Albion College, quando se formou bacharel em 1943. Poucos anos depois Lawrence dava início a sua longeva e bem sucedida carreira de estudos e pesquisas na Universidade de Harvard, inicialmente com o MBA em 1947, o doutorado em ciência comercial foi obtido em 1950, também pela Harvard Business School.

A carreira de Lawrence em Harvard como professor andou rápido e logo após concluir o MBA em 1947 ingressou nos quadros da universidade como professor, ao mesmo tempo em que estudava como doutorando. Em 1950 foi promovido a professor assistente e no ano de 1956 a professor associado. Lawrence foi por fim promovido a professor titular em 1960. Lawrence se destacou por suas teorias e sua extensa produção acadêmica, ao longo dos anos escreveu 26 livros e dezenas de artigos. Alguns de seus livros e artigos ganharam prêmios e seus estudos compõem a grade curricular de cursos de gestão, administração e pós-graduações.

Em que pese seu perfil eminentemente acadêmico, Lawrence não negligenciou a importância da prática para um aprendizado mais completo, assim, ele sabia que tinha diante de si uma excelente oportunidade de campo, quando conseguiu um emprego na Chevrolet Gear and Axle, na linha de montagem.

Na visão de Lawrence essa era a oportunidade perfeita para o desenvolvimento dos seus estudos sobre o comportamento das organizações, pois estava inserido dentro de um contexto “chão de fábrica”. 

Principais teorias de Paul Lawrence 

Em 1967 Lawrence lançou em conjunto o livro Organization and Environment, que até hoje é considerado por muitos uma pérola da gestão administrativa uma vez que fundamentou as bases das teorias sobre o comportamento das organizações.

Nesse estudo, Paul Lawrence e Jay Lorsch desenvolveram a teoria de que não existe receita pronta quando se trata de dar vida ao funcionamento de uma organização. Para Lawrence, as organizações mais bem sucedidas se organizam levando em consideração o mercado, a tecnologia a disposição e a natureza da sua atividade.

Aqui temos um importante ensinamento: cada organização deve buscar conhecer-se para encontrar as formas que funcionam melhor para elas. Apesar de parecer óbvio, muitos líderes buscam fórmulas mágicas para o sucesso de suas organizações, espelhando modelos que em nada tem a ver com as estruturas que administram.

Ao longo dos anos, Lawrence desenvolveu estudos e pesquisas nas mais diversas áreas. Seus estudos abordaram temas complexos como a questão racial e de governança urbana, assistência médica e gestão de pesquisa. Com seu colega Stanley Davis desenvolveu o trabalho sobre organizações matriciais e, juntamente com Arthur Turner, abriu espaço para as pesquisas sobre design de cargos e equipes de trabalho.

Na década de 80, os esforços de Lawrence o direcionaram a entender outras formas de organização comportamental fora dos Estados Unidos, assim, escreveu em 1983 Renewing American Industry, quando fez pesquisas para entender a metodologia de trabalho japonesa que estava deixando a indústria americana para trás.

Em 1987, foi a vez de focar na indústria soviética por ocasião da Glasnost que proporcionou uma visão interna de suas práticas. Lawrence e Charalambos Vlachoutsicos realizaram um estudo comparado das práticas americanas e soviéticas, como o consequência, o estudo possibilitou que gerentes americanos e russos pudessem compreender melhor um ao outro, bem como lançou as bases para que fosse possível desenvolver empreendimentos comerciais entre os dois lados.

Um ponto marcante durante a trajetória de Lawrence dentro da academia diz respeito à forma como realizava suas pesquisas. Para Lawrence toda pesquisa deveria ter como fundamento responder a um problema relevante e importante dentro da área de estudo. Esse aspecto nos revela uma mentalidade bastante prática e conectada às demais cotidianas.

Quando já passava dos 80 anos, Lawrence desenvolveu a sua última teoria, a respeito da unificação do comportamento humano, para o trabalho que resultou no livro Driven: How Human Nature Shapes Our Choices, escrito em parceria com Nitin Nohria, Lawrence resgatou ensinamentos e teses das obras de Charles Darwin.

Paul R. Lawrence foi um intelectual, professor produtivo e bondoso para todos que procuraram seus conselhos e melhor entendimento sobre suas teorias. A seguir veremos um pouco mais do legado deixado por Lawrence. 

O legado de Lawrence 

Para nós, a característica mais marcante de Paul Lawrence foi ter sido uma pessoa que buscava a excelência em todos os aspectos da sua vida. Lawrence não apenas foi um professor e teórico entre os melhores que já passaram pela Harvard Business School, como também foi alguém notavelmente humilde e generoso com amigos e alunos.

Por toda sua trajetória de vida profissional e pessoal é de se esperar que Lawrence tenha ganho prêmios e reconhecimentos ao longo da sua vida, alguns deles merecem destaque: 

  • 18 anos seguidos lecionando no MBA da HBS; 

  • Lawrence foi presidente do programa de MBA do programa de Gestão Avançada e chefe da Unidade de Comportamento Organizacional; 

  • Autor e coautor de mais de 50 estudos de casos;

  • Foi nomeado como Distinguished Contributor pela North American Case Research Association;

  • Foi membro da Academy of Management;  - Foi nomeado professor Wallace Brett Donham Professor of Organizational Behavior. 

Em um mundo cada vez mais mutante e após a pandemia do COVID-19, que chacoalhou a forma como as empresas produzem e as modalidades de trabalho, os estudos de Lawrence sobre as formas como as empresas se organizam para executar suas funções se tornou ainda mais relevante. Visto isso, é inegável que Paul R. Lawrence será para muitas gerações de alunos lembrado como um professor genial e humilde, sempre disposto a contribuir com a formação das pessoas. As futuras gerações poderão voltar ao seu legado para seguir construindo organizações que reflitam o espírito do homem moderno. Bom trabalho e grande abraço. Prof. Adm. Rafael José Pôncio


terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Princípio de Pareto: como a regra 80/20 pode ser aplicada nos negócios

O Princípio de Pareto afirma que 80% dos resultados são gerados por apenas 20% das causas. Descubra como utilizar essa ferramenta na sua empresa.

O Princípio de Pareto ou Regra 80/20 é uma ferramenta criada a partir da tendência que 80% dos resultados são gerados por apenas 20% das causas.

Essa regra pode ser aplicada nos negócios para melhorar diversos fatores como a gestão, a produtividade, a qualidade e até as ações de marketing e vendas.

Continue a leitura e descubra como o Princípio de Pareto pode melhorar o dia a dia da sua empresa.

A História do Princípio de Pareto

Embora seja bastante aplicado na administração e gestão de negócios, o Princípio de Pareto ou Regra 80/20 surgiu a partir de um estudo feito pelo sociólogo, teórico político e economista italiano Vilfredo Pareto.

Em seu estudo, Vilfredo Pareto identificou que a distribuição de renda e riqueza seguia um padrão onde a maioria dos bens (80%) se concentrava em uma pequena parte da população (20%).

Com o aprofundamento da pesquisa, Pareto percebeu que essa relação estava presente também em outros campos como nas plantações de ervilha, notando que apenas 20% das vagens produziam cerca de 80% das ervilhas.

Tendo como base os estudos feitos por Vilfredo Pareto, o consultor de negócios, Joseph M. Juran estabeleceu o Princípio de Pareto ou Regra 80/20, afirmando que "80% das consequências advém de 20% das causas”. Para facilitar a compreensão seguem alguns exemplos:

  •  80% do faturamento é resultado de 20% dos produtos;

  •  80% dos resultados são gerados por 20% do investimento;

  • 80% das reclamações são feitas por 20% dos clientes.

É claro que nem sempre a proporcionalidade é exatamente a mesma, no entanto, o mais importante a se considerar é que uma pequena parte das ações é responsável pela maioria dos resultados, então se você concentrar os esforços nas tarefas principais você acabará obtendo mais ganhos.

Aplicações do Princípio de Pareto

A Regra 80/20 pode ser utilizada em vários aspectos da vida profissional e pessoal, contribuindo para a identificação das prioridades e benefícios.

A forma mais simples de colocar em prática o Princípio de Pareto é seguindo essas etapas:

  • Estabeleça um objetivo: para conseguir priorizar as atividades é fundamental ter claro qual é o propósito do seu negócio.

  • Faça uma lista: agora você faz elenca todas as atividades que você precisa fazer.

  • Organize a lista em ordem decrescente: ou seja, coloque no topo o que é mais relevante e no final o que é menos relevante.

Uma forma bem simples de trabalhar com o Princípio de Pareto é reservar os primeiros minutos do dia para estabelecer as atividades mais importantes do dia.

Desta maneira além de ser mais produtivo, você não ficará com a sensação de que “trabalhou demais” sem chegar a lugar algum. Seguem outros exemplos de utilidades para a Regra 80/20 no seu negócio:

Aumento da produtividade

Uma das maiores utilizações do Princípio de Pareto é para aumentar a produtividade, concentrando-se mais nas atividades essenciais e deixando menos tempo, ou delegando para outras pessoas as atividades secundárias.

Por exemplo: você acabou de iniciar um negócio e percebe que gasta bastante tempo fazendo relatórios, enviando e-mails, arquivando documentos. Estas tarefas contribuem muito pouco para os lucros da empresa.

Ao notar isso, você pode contratar outra pessoa para cuidar dessas tarefas ou até descartar algumas atividades. 

Também é importante ter em mente que embora apenas 20% das tarefas tragam 80% dos resultados, o restante das atividades não deve ser ignorado, afinal eles também contribuem para o desenvolvimento da empresa.

Auxílio na tomada de decisão

Tomar as melhores decisões é um grande desafio para a maioria dos gestores, afinal uma escolha equivocada pode prejudicar a empresa ou piorar ainda mais um problema.

O Princípio de Pareto pode ajudar a encontrar o problema principal e a melhor solução para ele, uma forma de chegar a essa conclusão e fazendo as seguintes etapas:

  1.  Faça um levantamento dos problemas que o negócio está enfrentando;

  2. Identifique as principais causas desses problemas;

  3.  Agrupe os problemas em categorias semelhantes;

  4.  Defina o impacto que cada uma das dificuldades apontadas tem na empresa;

  5.  Desenvolva uma solução focada nos 20% problemas principais.

Por exemplo: você está começando um negócio e percebe que mesmo trabalhando muitas horas por dia você e sua equipe não conseguem dar conta das demandas.

Aplicando o Princípio de Pareto você nota que o atendimento ao cliente está consumindo muito tempo dos colaboradores sem impactar nos lucros do negócio. São muitos e-mails e ligações para tirar dúvidas iniciais das pessoas que entram em contato.

Com esse resultado você decide contratar uma ferramenta de automação para responder essas primeiras dúvidas e otimizar o atendimento ao cliente.

Melhorar os resultados das ações de marketing

Outro campo que você pode utilizar essa metodologia é o setor de marketing, principalmente no meio digital, onde é possível mensurar diversos resultados.

Adotando a Regra 80/20 para a coleta e análise dos dados é possível planejar novas ações e desenvolver campanhas mais assertivas.

Por exemplo: partindo da ideia de que 80% do tráfego gerado no seu site é causado por 20% dos conteúdos, há uma grande oportunidade de melhorar os resultados das suas ações.

Uma das maneiras é mapeando quais os canais (blogs, redes sociais, e-mails marketing) e identificar quais estão gerando os melhores resultados e quais são os conteúdos que tiveram números mais positivos.

Também com base na premissa que 80% do faturamento é resultante de 20% dos clientes, você pode criar ações exclusivas para esse público, aumentando as suas chances de sucesso.

Qualidade com o Diagrama de Pareto

Diagrama de Pareto é uma das 7 ferramentas da qualidade, sendo muito utilizado na qualidade como uma ferramenta visual para indicar quais são as prioridades.

O diagrama é composto por barras e uma linha que o percorre. Nas barras são colocadas as causas, atividades ou itens responsáveis pelos resultados organizados de maneira decrescente. Já a linha representa a porcentagem acumuladas das causas, conforme exemplo abaixo:

 

O Diagrama de Pareto é mais utilizado quando se está trabalhando em diversas causas, pois facilita a visualização dos elementos. Também é utilizado para quantificar as categorias, mas para isso é necessário ter todos os dados para uma análise mais precisa.

A forma de construir esse gráfico é:

  1. Estabelecer quais serão os elementos comparados no gráfico;

  2. Coletar as informações necessárias;

  3. Determinar a medida de comparação (frequência, tempo, custo);

  4. Categorizar os dados;

  5. Listar os elementos dos mais frequentes para os menos frequentes e desenhar as barras em ordem decrescente;

  6. Traçar a linha que representa o percentual acumulado;

  7. Analisar o diagrama identificando quais são as prioridades.

Desta maneira você terá ainda mais resultados com a ajuda do Princípio de Pareto.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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terça-feira, 9 de janeiro de 2024

Max Weber e a sociologia moderna


Conhecido como o pai da sociologia moderna, Max Weber, personalidade que estudaremos hoje, foi além da sociologia. Seu campo de estudos abrangeu da economia à teologia, na busca por compreender as ações humanas, suas motivações e, por conseguinte, a formação da sociedade pós-industrial como conhecemos hoje.
A trajetória de vida de Max Weber foi bastante comum. Passou por altos e baixos na esfera pessoal e profissional, como acontece com todos nós. Sem nenhum ponto de maior destaque na vida pessoal, de Weber destaca-se sua produção acadêmica que segue viva 100 anos após o seu falecimento, em 1920, sendo objeto de estudo para milhares ao redor do mundo.
Weber foi um pesquisador e teórico acadêmico por excelência, dedicou boa parte da sua vida aos estudos e pesquisas acerca das motivações dos indivíduos, o que posteriormente chamou de Teoria dos Tipos Ideais. Sua metodologia se diferenciava das metodologias tradicionais das ciências exatas por considerar aspectos subjetivos, como consciência, vontade e as motivações dos indivíduos.
O contexto em que Weber estava inserido foi decisivo para os rumos dos seus estudos. Weber presenciou a unificação da Alemanha promovida por Otto Von Bismarck, além do processo de industrialização da Europa. Foi influenciado por grandes nomes como Immanuel Kant e Benjamin Franklin. A seguir, veremos como todos esses fatores contribuíram para tornar Max Weber um dos grandes nomes do século XX.

Quem foi Max Weber?

O personagem da vez é Max Weber ou Karl Emil Maximilian Weber, como ele foi registrado. Weber nasceu na cidade de Efurt, na Alemanha, no dia 21 de abril de 1864. Filho de um advogado de sucesso, Weber trilhou os caminhos do pai ao cursar Direito, porém os seus estudos o levaram à pesquisa acadêmica e não para a advocacia. 
Como mencionado, Weber nasceu no auge do desenvolvimento da Revolução Industrial e surgimento das grandes fábricas e urbanização da Europa. Além disso, o seu país, a Alemanha, estava sendo formada sob a influência do protestantismo, o que também foi objeto de estudo de Weber. 
A Alemanha, acompanhada dos Países Baixos, Inglaterra, França e partes da Itália, ditavam o ritmo da Revolução Industrial na Europa. Nesse contexto foram desenvolvidos diversos estudos acerca das relações de produção, empregado e empregador, encabeçados por Marx. Décadas antes, a corrente positivista capitaneada por Auguste Comte dava força ao empirismo metodológico, vertente oposta à desenvolvida por Weber em seus estudos, os quais consideravam elementos subjetivos, como a consciência e a vontade. 
Em relação à sua infância, Weber teve uma educação rígida com foco nos estudos, e com forte influência da religião protestante, da sua família. O incentivo na infância levou Weber a iniciar os estudos no curso de Direito da Universidade de Heidelberg, em 1882. Ressalta-se que em paralelo aos estudos jurídicos Weber estudou teologia, economia e sociologia, ramo que o consagrou.
Com apenas 25 anos Weber recebeu o título de PhD. em Direito pela Universidade de Berlin, e foi nomeado professor da Universidade de Freiburg, em 1893.
O começo da carreira de Weber lhe trouxe momentos de angústia, pois, na condição de estudante, dependia financeiramente do seu pai, o que lhe desagradava. Além disso, teve que adiar os planos de casamento com Marianne Schnitger, escritora e feminista, que só se realizou em 1894, quando Weber conseguiu um emprego estável. 
Curiosamente, essa situação se tornou potencialmente traumática para Weber, pois anos antes um dos seus amigos havia pedido Marianne em casamento, mesmo após Weber ter demonstrado intenções de se relacionar com ela. Weber e Marianne casaram e permaneceram juntos até o falecimento de Weber, em 1920.
Após o falecimento de Weber, Marianne com quem era casado, ficou responsável por preservar a sua obra. Foi ela que realizou as publicações póstumas das obras: "Economia e sociedade” em 1921, “A metodologia das ciências sociais”, no ano de 1922, e no ano seguinte, em 1923, a obra “História econômica geral”. Graças a Marianne o legado de Weber foi melhor preservado e algumas das suas ideias puderam vir a público após sua morte.
Ainda no aspecto pessoal, a trajetória de Weber conta com períodos de depressão após o falecimento do seu pai. Os relatos da época dão conta do grande incômodo de Weber em não conseguir produzir em função do seu estado emocional, tendo, inclusive, se afastado das suas funções enquanto professor.
Apesar das dificuldades em lidar com a perda do pai, Weber recebe apoio da Universidade de Heidelberg que o declara professor honorário, dando-lhe condições especiais de retorno ao trabalho de forma gradual, para que pudesse se restabelecer emocionalmente.
Os esforços da sua universidade dão certo e paulatinamente Weber retorna às atividades na universidade. Neste momento, Weber começa a escrever de forma vigorosa. A sua mais famosa obra “A ética protestante e o espírito do capitalismo” foi publicada em 1905.
No âmbito da política, destaca-se o posicionamento de Weber em relação à Primeira Guerra Mundial. Weber era contrário ao plano expansionista alemão. Por seu posicionamento foi convidado ao fim da guerra para representar a Alemanha nas conferências que antecederam o Tratado de Versailles.
Após o fim da guerra, Weber foi convidado para atuar como membro da comissão que escreveu a Constituição de Weimar. O documento oficializou o começo do período republicado da Alemanha, chamado de República de Weimar.
Weber faleceria no mesmo ano em 1920, com 56 anos, vítima de uma pneumonia.

As teorias e estudos de Weber

Weber desenvolveu seus estudos na sociologia abarcando o capitalismo e o protestantismo. Para Weber existia uma forte relação entre o maior desenvolvimento industrial e econômico dos países que tinham como religião principal o protestantismo, por exemplo os Estados Unidos, a Inglaterra e a própria Alemanha.
Para Weber, o método capitalista teria sido aperfeiçoado pelo protestantismo. Assim, os seus estudos buscam entender como a prática da ética protestante impacta as relações na sociedade em que foram absorvidas, em especial na forma como essas sociedades produzem e geram riquezas.
Como já citado, Weber desenvolveu a teoria que chamou de “Teoria da Ação Social”. Para Weber as ações dos indivíduos deveriam ser consideradas na sua individualidade, portanto, aspectos subjetivos deveriam ser considerados.
Weber classifica as ações sociais em 4 categorias, são elas:
1. Ação social racional com relação a fins: É o tipo de ação pensada e voltado para se atingir a uma finalidade;
2. Ação social racional com relação a valores: Visa atingir algum tipo de valor moral, aquilo que a moral entende por correto;
3. Ação social tradicional: é o tipo de ação condicionada pelos costumes sociais. Não é necessariamente racional;
4. Ação social afetiva: não é racional. Segue os comandos da afetividade e das emoções e sentimentos.
Max Weber ainda desenvolveu estudos nas linhas da sociologia política, o que seria natural em função da sua formação jurídica. No ramo da política Weber fala da “Teoria da Dominação”, o que corresponde aos modos do poder existir. Ele cita a dominação legal, a dominação tradicional e a dominação carismática. 

O legado de Weber na história

Apesar de ser mais conhecido como o pai da sociologia moderna, Max Weber deixou um legado que extrapola os limites da sociologia, além de estudar as relações entre o capitalismo e o protestantismo, também desenvolveu aspectos da metodologia considerando o sujeito enquanto indivíduo.
Não poderíamos terminar sem citar as obras escritas por Weber, foram elas: 
- "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" (1905); 
- "Economia e sociedade” (1910);
- “A ciência como vocação” (1917); 
- “Economia e sociedade’, segundo volume, obra póstuma (1921); 
- “A metodologia das ciências sociais”, obra póstuma, (1922), e; 
- “História econômica geral”, obra póstuma, (1923).
O mais provável é que as futuras gerações sigam estudando Weber, na busca por aprender com suas teorias sociológicas e políticas que ajudaram a entender a formação da sociedade ocidental, industrial e protestante.
Bom trabalho e grande abraço.
Prof. Adm. Rafael José Pôncio


  Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte. 

domingo, 31 de dezembro de 2023

Passo a passo para fazer um Diagrama de Árvore

Deseja tomar decisões mais assertivas para o seu negócio? Conheça o Diagrama de Árvore, suas vantagens e como colocá-lo em prática.

Em um mundo em constante transformação, muitas vezes temos que tomar decisões cada vez mais complexas em um curto espaço de tempo, neste sentido o Diagrama de Árvore pode ser um grande aliado.

Com essa ferramenta é possível analisar a fundo problemas e possibilidades, e assim tomar as melhores decisões para o seu negócio. Continue a leitura, descubra como funciona o Diagrama de Árvore e como colocá-lo em prática.

Boa leitura!

O que é o Diagrama de Árvore?

O Diagrama de Árvore é uma ferramenta de gestão da qualidade que auxilia na tomada de decisões. Para isso ele vai desmembrando um problema ou os objetivos sistematicamente até chegar na melhor solução.

Esses desdobramentos vão até a “raiz do problema” ou de uma ideia e lembram as ramificações de uma árvore, o que explica a origem do nome, conforme ilustrado abaixo:


Fonte: Professor Annibal Affonso

Para facilitar a compreensão segue um exemplo prático. Uma fábrica de roupas está com um alto índice de defeitos nas camisetas, para identificar o motivo deste problema é utilizado o Diagrama de Árvore.

Ao se aprofundar no problema passando por cada uma das etapas foi constatado que havia uma falha em uma das máquinas de costura da fábrica, logo a solução seria fazer a manutenção da máquina.

O Diagrama de Árvore faz parte da estratégia criada por Jiro Kawakita, um naturalista japonês que criou esta técnica para resumir e organizar os dados obtidos em sua pesquisa de campo e a partir disso estudar o comportamento dos povos.

Por que utilizar essa ferramenta?

Confira agora as vantagens que utilizar o Diagrama de Árvore trarão para o seu negócio.

  • Identificar problemas: para saber quais tipos de adversidades podem surgir ao longo de um projeto ou atividade da empresa, facilitando a antecipação e a resolução das falhas.

  • Escolhas mais assertivas: o modelo permite analisar para quais rumos cada decisão levará, do que traz mais embasamento para a escolha correta.

  • Facilidade de apresentação: o formato é muito simples e fácil de visualizar então todos os membros da equipe podem utilizá-los e expor as suas considerações.

  • Trabalho dividido em etapas: depois do diagrama montado, há várias ações que podem ser tomadas, então a empresa pode escolher a que faz mais sentido para aquele momento.

Tipos de Diagrama de Árvore

Esta ferramenta pode ser utilizada em diferentes situações, necessitando apenas de algumas adaptações. Separei os 3 principais tipos de diagrama e como desenvolver cada um deles.

Diagrama de Análise

Este modelo é utilizado para analisar problemas ou para auxiliar em decisões, pois através dele são montados possíveis cenários para encontrar as melhores ações para o seu negócio.

Por exemplo, se você está em dúvida se lança ou não um novo produto para o seu negócio pode utilizar essa ferramenta para montar os possíveis cenários, incluindo tanto a melhor situação, que seria o produto ser um sucesso, quanto o pior, sendo um fracasso.

Com essas duas opções em mãos você pode avaliar a viabilidade do projeto e além disso, se preparar para eventuais falhas e problemas que possam surgir durante o percurso.

Diagrama para Solução de Problemas

Uma das aplicações mais utilizadas para o Diagrama de Árvore, como o nome já indica, é para resolver ou se preparar para as adversidades que acontecerem na empresa.

Neste caso, na base da árvore será o problema, vale destacar que mesmo que a empresa tenha várias dificuldades a serem resolvidas é importante tratar cada problema de forma singular.

Por exemplo: se uma empresa está com dificuldades nas vendas, a princípio pressupõe-se que seja uma falha da equipe de vendas, no entanto, analisando com o Diagrama de Árvore é possível verificar que podem haver outras causas como: atrasos nas entregas, baixa qualidade de produtos, poucas opções de pagamentos, etc.

Diagrama de Planejamento

Este modelo é aplicado quando a empresa já planeja fazer uma ação e precisa analisar quais ações serão necessárias para colocá-la em prática.

Fazendo um paralelo com o exemplo citado no diagrama de análise, caso a decisão tomada for criar o novo produto, a próxima etapa seria o diagrama de planejamento para definir as ações necessárias.

Como montar o seu diagrama

Após definir o tipo de Diagrama de Árvore que melhor se adequa às necessidades da sua empresa, é hora de reunir a equipe e elaborar o seu através dos 3 passos a seguir:

1. Definir o problema ou objetivo

Quando pensamos em qual será o objeto de análise do diagrama é muito importante saber delimitá-lo para assim chegar aos melhores resultados, afinal se o problema ou objetivo for muito abrangente não será possível chegar a lugar algum.

Por exemplo: se o problema for a “insatisfação dos clientes”, em vez de deixá-lo apenas desta forma, é possível focar em apenas um segmento como “insatisfação dos clientes com o tempo de resposta nos e-mails”. Assim, será muito mais fácil criar ações para solucionar aquele problema em específico.

2. Identifique as causas primárias e secundárias

Depois de definir o problema é hora de pensar nas causas mais prováveis para que ele esteja acontecendo, para facilitar o raciocínio uma dica é perguntar “por quê?” e quando se trata do Diagrama de Árvore do tipo planejamento “como?”.

Seguindo o exemplo dos clientes insatisfeitos com o tempo de resposta nos e-mails algumas possíveis causas primárias seriam:

  • Atendentes sobrecarregados;

  • Falta de um sistema de atendimento adequado.

Desmembrando a primeira causa citadas possíveis respostas para os porquês seriam:

  • Falta de uma política clara de priorização;

  • Falta de treinamento adequado para equipe;

  • Poucos membros na equipe.

Vale destacar que dependendo da complexidade da situação pode ser necessário incluir também uma causa terciária ao Diagrama de Árvore e assim, chegar às tarefas necessárias para a execução.

3. Estabelecer as tarefas e tomar as decisões

Com o problema bem desdobrado fica mais fácil pensar em quais ações serão tomadas a partir dos resultados objetivos, conforme exemplo:

  • Falta de uma política clara de priorização – Criar uma política de priorização dos e-mails pela hora de chegada e pelo tipo de cliente.

  • Falta de treinamento adequado para equipe – Fazer um treinamento com todos os colaboradores do setor de atendimento para que eles aprendam a utilizar o sistema de relacionamento da empresa.

  • Poucos membros na equipe – Contratar mais uma pessoa para compor o time de atendimento.

Com as possíveis ações pré-definidas é possível tomar a melhor decisão, afinal pode ser que a empresa não tenha condições de contratar um novo colaborador.

Contudo, criar uma política clara de priorização não é algo que demandará um alto custo financeiro e poderá ser uma solução mais fácil de ser aplicada para resolver o problema.

Agora que você já conhece todos os benefícios de utilizar o Diagrama de Árvore para tomar as melhores decisões para o seu negócio.

Bom trabalho e grande abraço.

Autor: Prof. Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em: 23 de setembro de 2023
Especial: artigos no Jornal da Tribuna
Link fonte: 
https://jornaltribuna.com.br/2023/10/passo-a-passo-para-fazer-um-diagrama-de-arvore/



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