terça-feira, 6 de setembro de 2022

Cálculo do Ebitda: um dado essencial para conseguir investimentos

Ebitda

O cálculo do Ebitda é um indicador utilizado na gestão financeira de um negócio, contribuindo nas decisões gerenciais. Além disso, ele é usado por investidores no mercado financeiro.

Saiba tudo o que você precisa para chegar ao Ebitda neste texto.

O que significa Ebitda?

Ebitda é a sigla para “earning before interest, taxes, depreciation and amortization” ou em português, Lajida “lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização”.

Este indicador surgiu nos anos 60/70 nos Estados Unidos. Nesta época os agentes do mercado financeiro buscavam uma maneira rápida e confiável de avaliar os negócios.

Neste cenário, a primeira métrica que surgiu foi o Ebit (earnings before interest and taxes) ou Lajir (lucro antes dos juros e impostos).

O Ebit calcula somente o lucro operacional da atividade fim de uma empresa, desconsiderando outras despesas como impostos ou receitas financeiras como juros sobre o capital próprio (JCP).

Por outro lado, o cálculo do Ebitda considera depreciação e amortização (vou explicar no próximo tópico) o que o torna mais preciso.

Assim o Ebitda é um indicador popular no mercado financeiro, sendo o primeiro dado analisado pelos investidores antes de decidir aplicar seu dinheiro em um negócio ou não.

Como fazer o cálculo do Ebitda?

O cálculo do Ebitda segue as normas estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2012.

As companhias podem fazer ajustes na contagem adequando a realidade do negócio, porém devem informar ambos os cálculos e como chegaram a este valor. 

A fórmula do Ebitda é:

EBITDA = lucro operacional líquido + depreciações + amortizações

Se você não sabe o que estes termos significam, fique tranquilo. Segue uma explicação sobre cada um deles:

Lucro operacional líquido

Como o nome já diz, o lucro operacional é o rendimento obtido através da operação de um negócio, ou como já citei, o Ebit.

Ele difere do lucro bruto porque este não considera despesas diretamente relacionadas às vendas e compras da empresa. A fórmula para descobrir o lucro bruto é:

Lucro bruto = receitas totais – custos

Já o custo operacional envolve outras variáveis como:

  • Despesas administrativas: salário dos funcionários; aluguel; compra de produtos.

  • Despesas comerciais: marketing e publicidade; manutenção dos pontos de venda.

  • Despesas diversas: que não se encaixam em nenhuma outra categoria.

Estas despesas são contabilizadas como despesas operacionais.

Outra variante que utilizada para chegar ao lucro operacional líquido são as receitas operacionais.

Para saber este valor basta somar todo o faturamento da empresa e subtrair os impostos, descontos e devoluções.

Assim é possível conseguir o resultado de um dos componentes do cálculo Ebitda:

Lucro operacional líquido = lucro bruto – despesas operacionais – receitas operacionais.

Depreciação

Tanto a depreciação quanto a amortização estão relacionados à desvalorização. Porém, o primeiro se refere a itens tangíveis e o segundo, intangíveis.

Na depreciação é avaliado o dano causado pelo tempo ou fim da vida útil.

Por exemplo: uma empresa compra 10 computadores por 10 mil reais, o tempo de vida destes equipamentos segundo o fabricante é de até 5 anos.

Devido à vida útil dos computadores, a Receita Federal não permite que o valor dos itens seja descontado totalmente no mesmo ano de aquisição, mas sim durante o período que estiver sendo utilizado, o que seria 2 mil reais por ano.

Vale destacar que a depreciação só cessa quando o ativo não apresenta condições de ser utilizado, isto é, se mesmo passado o tempo de vida o equipamento continua sendo usado, ele também continua depreciado.

Amortização

Como já dito a amortização também se refere à desvalorização de bens, mas que são imateriais.

Pode parecer meio confuso, mas é só lembrar que enquanto a depreciação está mais relacionada a perda pelo desgaste natural ou pelo uso,  a amortização tem a ver com a perda pela diminuição do tempo de um contrato ou concessão.

Por exemplo: uma empresa compra a licença para o uso de um software por 10 anos, no valor de 100 mil reais.

Assim como na depreciação este valor é diluído durante os 10 anos, logo durante cada ano serão considerados 10 mil reais de amortização pelo software.

Entendo estes conceitos o cálculo do Ebitda se tornará mais simples, afinal é basta contabilizar as variantes individualmente e depois aplicá-las na fórmula.

Segue exemplo:

Uma empresa chegou aos seguintes números:

  • Lucro bruto: R$4.000,00

  • Despesas operacionais: R$1.500,00

  • Receitas operacionais: R$1.000,00

  • Lucro operacional líquido = R$1.500,00

  • Depreciações: R$50,00

  • Amortizações: R$100,00

Aplicando no cálculo do Ebitda (lucro operacional líquido + depreciações + amortizações) seria:

R$1.500,00 + R$50,00 + R$100,00

Ebitda: R$1.650,00

 Imaginando que a receita operacional fosse R$10.000, 00 o Lajida representaria 16,5%.

Por que utilizar o Ebitda na minha empresa?

O principal objetivo do cálculo do Ebitda é medir o potencial de crescimento de um negócio. Por isso ele é calculado sem considerar impostos e financiamentos, fatores que pesam significativamente no orçamento.

Então, é uma forma simples de o empreendedor avaliar se mesmo com os encargos o seu negócio tem chances de crescer, pois, quando o Ebitda aumenta é um sinal que a empresa é produtiva e eficiente.

Mas mesmo quando os números não vão bem, o Ebitda é útil já que você pode compará-lo com outros dados da empresa e encontrar os gargalos.

Por exemplo: o seu Ebitda está alto, entretanto, o seu lucro real está abaixo do esperado.

Isso pode significar que alguns investimentos não trouxeram retorno ou uma mudança na legislação aumentou os tributos naquele ano.

Outra vantagem do Ebitda é que diferentes empresas o divulgam todos os anos, logo é possível comparar os seus resultados com os concorrentes, ou até negócios de outros países.

Também o cálculo do Ebitda dá uma ideia de como será o fluxo de caixa da empresa, permitindo que decisões estratégicas sejam tomadas com mais segurança e agilidade. 

Ainda você pode utilizar essa métrica para atrair novos investidores, já que é muito usada no mercado financeiro.

Cuidados ao utilizar o cálculo do Ebitda

Embora o Ebitda seja um dado confiável é fundamental entender as suas imperfeições.

A primeira delas é reconhecer que o cálculo Ebitda não representa o lucro real do negócio.

Por exemplo: uma farmácia faz um empréstimo para abrir mais uma filial. Com essa medida é natural que a receita aumente. 

No entanto, não podemos esquecer que o financiamento, mesmo não entrando no Ebitda, deve ser pago.

Também, ao comparar esta métrica com os dados de outras empresas, elementos como tempo de vida  e porte devem ser analisados, para não causar uma falsa impressão de que o negócio vai muito bem ou muito mal. 

Por essa razão, o cálculo Ebitda não pode ser usado como única medida para avaliar a sustentabilidade da sua empresa e sim, aliado a outros indicadores tão importantes quanto.

Mas mesmo que a sua empresa não esteja procurando novos acionistas, fazer o cálculo do Ebitda empresa é essencial para a saúde do negócio.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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