terça-feira, 19 de setembro de 2023

Philip Kotler, o pai do marketing

O que faz um empreendedor ganhar a alcunha de “guru”? Ao redor do mundo são milhares de empreendedores buscando desenvolver seus negócios e alavancar suas carreiras e no Brasil não é diferente. Nosso país figura entre os maiores em número de empreendedores, porém são poucos os que podemos chamar de gurus, aquele líder visionário que emerge e aponta um caminho para os demais. No caso de Philip Kotler a alcunha de “guru” se soma ao predicado na escola de administração do “pai do marketing”, ou seja, aquele que deu nascimento ao marketing como o conhecemos hoje e segue gerando novos filhos por meio de novos conceitos e teorias, atualizados constantemente.

O grande legado de Philip Kotler, em linhas gerais, foi ter posicionado o marketing no centro estratégico dos negócios, passando a ser fator decisivo de toda organização que pretende não apenas crescer mas também deixar uma marca na história como fazem hoje as grandes marcas, como o Mcdonald's, a Apple ou a Nike. A ideia de Kotler colocou o marketing como parte principal das estratégias das empresas. A partir dessa nova perspectiva, foi possível desenhar uma nova forma de pensar dos gestores de todas as áreas das organizações. Assim, o marketing passou a fazer parte de todas as equipes, não sendo mais assunto apenas dos setores comercial e vendas.

Conheceremos um pouco mais sobre Philip Kotler. Os seus ensinamentos atemporais sobre o marketing vem perdurando ao longo das décadas e seguem influenciando todos aqueles que buscam deixar um legado com seus produtos e serviços. Um bom exemplo disso é o seu livro Administração de Marketing, uma das principais obras de Philip Kotler, de 1962, tantas vezes reeditado e atualizado, mas conhecido como a Bíblia do Marketing. 


O pai do marketing: quem é Philip Kotler?

A impressionante trajetória do pai do marketing, o professor Philip Kotler, começou quando em 1917 os seus pais emigraram da Ucrânia para os Estados Unidos. Eles se estabeleceram na cidade de Chicago, onde Kotler nasceu em 27 de maio de 1931 e passou sua infância e juventude, hoje Kotler tem 92 anos de idade. Em 1951, aos vinte anos, Kotler começou os seus estudos na Universidade de DePaul, também em Chicago, na qual permaneceu por apenas 2 anos, quando ingressou no programa de mestrado da Universidade de Chicago, o que foi considerado um feito para muitos, uma vez que Kotler não havia terminado a graduação.

No ano de 1956 Kotler recebeu o título de Phd em Economia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em seguida veio a receber o título de pós-doutor em matemática pela Universidade de Harvard. Vale ressaltar que durante a primeira fase de sua formação acadêmica Kotler vivenciou um ambiente rico não só em aprendizados teóricos, mas também compartilhou da mesma atmosfera de inovação e empreendedorismo em que estiveram presentes Paul Samuelson, Robert Solow e Milton Friedman. Todos os três posteriormente ganharam o Prêmio Nobel de Economia e Kotler, não menos, a alcunha de pai do marketing, como o conhecemos.  A sede por aprender e ensinar de Kotler é uma marca da sua trajetória profissional, dessa busca incessante por desenvolver novas teorias e aprimorar teorias já existentes. Kotler nos apresentou os conceitos de Marketing 1.0, 2.0, 3.0, 4.0 até o atual Marketing 5.0. Entretanto, para entender a visão de Marketing de Kotler é preciso compreender algumas premissas chaves que funcionam como princípios norteadores do seu entendimento sobre o que significa fazer marketing.

O primeiro e talvez o maior ensinamento de Kotler foi ter associado o Marketing ao bem estar do consumidor, ou seja:
Kotler inovou ao trazer para o centro da discussão que o consumidor não deseja apenas ter seu problema resolvido com a compra do produto, ele precisa também se sentir realizado em esferas íntimas: sentir-se bem, sentir que está fazendo o certo e que sua compra é útil também para os demais.
A partir daí começaram uma série de mudanças na forma como as empresas passaram a enxergar o marketing e a sua importância dentro de uma estratégia de comunicação das empresas com a sociedade.

O marketing passou, portanto, do escanteio para o centro do campo das empresas. Sendo pensado e testado não apenas pelo setor de publicidade, mas também pelo comercial, vendas e atendimento ao cliente, em todas as esferas se buscou agregar valor ao cliente para que ele se sentisse bem, seguro e socialmente responsável com a sua decisão de compra. 


Philip Kotler então nos apresentou os estágios do marketing que evoluiu do marketing 1.0 quando as empresas detinham todo poder da informação sobre os produtos e isso lhe dava um grande poder na relação com os consumidores até chegar ao marketing 5.0, hoje, totalmente inserido e influenciado pela internet, aplicativos de mensagens e redes sociais, agora o consumidor tem voz e poder e isso influenciou na forma como as marcas produzem, comunicam e vendem. Vale ressaltar também os ensinamentos sobre responsabilidade social trazidos por Kotler para as estratégias de marketing. Na atualidade os consumidores não desejam apenas comprar soluções ou dar vazão aos seus desejos, mais do que isso, os consumidores buscam estar alinhados à agenda global de proteção ao meio ambiente, ao combate à discriminação e redução das desigualdades, e cobram das empresas a mesma responsabilidade social. Portanto, para Kotler a agenda socioambiental também deve estar no centro das discussões de todos os setores das empresas.

Philip Kotler segue hoje e estará presente no futuro

Sendo hoje conhecido como pai do marketing por todos os ensinamentos e inovações trazidas para o mercado, é bem possível que em alguns anos tenhamos que vir a chamar Philip Kotler, hoje com 92 anos, de “avô do marketing”, pois certamente seus ensinamentos continuarão a ser ensinados e seguidos por milhares de estudantes e empreendedores nos quatro cantos do mundo.

Como pai do marketing, inovador e profissional bastante ativo e produtivo, Kotler escreveu mais de 150 artigos e publicou 55 livros sobre diversos temas que tocam o universo da administração e empreendedorismo, em especial, o marketing, desde 1962 atua como professor de marketing na escola Kellogg School of Management, da Universidade de Northwestern, cargo que ocupa há 6 décadas. Vale pontuar que Kotler também atuou como consultor para empresas de grande renome, como: Michelin, IBM, Bank of America, entre outras.

Philip Kotler contribuiu e seguirá contribuindo para o desenvolvimento do marketing e com todos aqueles profissionais e amantes do marketing que buscam se desenvolver em um cenário cada vez mais competitivo e mutável. Na busca por assegurar sucesso, recomenda-se seguir os conselhos do guru, neste caso o pai do marketing - o professor Philip Kotler.


A ideia aqui na série Os Pais da Administração é trazer mais nomes importantes da escola moderna de administração e no próximo artigo irei falar sobre Daniel Goleman.
Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Stephen Covey e a vida em alto desempenho


Produtividade, resultados e eficiência, são palavras de ordem dentro na maioria das organizações, não importa o tamanho. Contudo, não são ideias novas, Stephen Covey, o “pai da administração” de hoje já as estudava décadas atrás, quando estava na academia. Stephen se diferenciou de muitos teóricos por enxergar o profissional como um ser humano integral.

Nas suas obras ele ampliou a importância da eficácia do âmbito profissional para todos os aspectos da vida da pessoa. Seus livros abordam a importância da família, da liderança pessoal e da autorrealização, fundamental para que a pessoa também desempenhasse bem suas funções enquanto profissional.

Outra ideia vanguardista de Covey diz respeito a primazia especial que ele dava ao caráter em relação à técnica. Na atualidade, é bastante comum nos depararmos com postagens nas redes sociais que reforçam a ideia de que a técnica pode ser ensinada, mas quando falta o caráter é muito mais sentido e prejudicial para a organização. Portanto, não é de se admirar que Stephen Covey tenha trazido questões éticas para dentro do ambiente acadêmico.

Stephen Covey se destacou como orador, empresário e consultor de políticos famosos, além disso, ficou mundialmente conhecido por sua obra mais famosa Os Sete Hábitos de Pessoas Altamente Eficazes, publicada em 1989 e que vendeu mais de 25 milhões de cópias. Chegou a hora de conhecer um pouco mais sobre Covey e suas principais ideias que o tornaram um ser humano eficaz em tudo que fazia.

Os primeiros passos de Stephen Covey


Stephen Richards Covey, nascido em 24 de outubro de 1932, na cidade de Salt Lake City. A sua família desempenhou um papel importante na história da sociedade norte-americana daquela época. Covey teve uma educação disciplinadora e religiosa, o que foi determinante para a sua trajetória de vida profissional e pessoal.

Quando jovem, Covey demonstrou aptidão para os esportes, o seu porte atlético o levava a crer que poderia ir longe como atleta. Porém, ele desenvolveu um distúrbio no quadril conhecido como epífise femoral capital, o que freou sua jornada no esporte ainda na adolescência.

Em relação aos estudos, Covey já se destacava no meio acadêmico ainda no ensino médio, onde ficou conhecido pelos debates calorosos que tinha com outros colegas. A faculdade em administração foi realizada na Universidade de Utah.

A sua carreira como professor universitário teve início na Universidade de Harvard após ter obtido um MBA, na área de negócios. O doutorado teve como foco a religião, muito em função da cultura do seu estado e família. Com o título de doutor em mãos, Covey passou a lecionar na Universidade Brigham Young.

Abordagem holística da vida e do trabalho


As obras de Covey fizeram muito sucesso e venderam milhões de exemplares ao redor do mundo. Acredita-se que um dos principais fatores para o sucesso tenha sido a forma como ele uniu temas fundamentais para os seres humanos: o trabalho, a família, a espiritualidade, e a busca por resultados. Para Covey todas essas ideias e muitas outras estavam correlacionadas.

As suas obras abordam temas diversos, como: o poder transformador dos princípios observados nas chamadas leis naturais, a relação dessas leis com a eficácia humana e das organizações; Covey exaltou a capacidade das pessoas em adaptar todos os aspectos da vida de acordo com princípios universais. Também falou sobre liderança efetiva e empoderamento, em uma época em que os termos ainda não eram popularizados.

A sua obra de maior destaque é sem dúvida Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazesleitura é recomendada para todas as pessoas e não apenas gerentes. Adultos, jovens, atletas, pessoas da área médica, enfim, não há restrição para leitura por se tratar de uma obra escrita por um estudioso de negócios.

O livro traz reflexões importantes sobre comportamentos pré-estabelecidos e suposições sociais que funcionam como travas para o desenvolvimento das pessoas.

Para escrever o livro, Covey se baseou no conceito fundamental da busca humana pela independência. O processo de desenvolvimento pessoal começa na infância, quando somos dependentes, ele adverte que muitas pessoas passam para a fase adulta com as mesmas dependências emocionais e ideológicas que tinham quando crianças.

Na adolescência começa o processo de independência. Quando a educação é voltada para libertar as pessoas das próprias amarras e cultura da sociedade, se dá o processo de independência. Nesse momento, abre-se a possibilidade para o desenvolvimento da autoconfiança, da personalidade, de uma atitude positiva e das ideias próprias.

Covey chamou a fase seguinte de interdependência. A ideia consiste em que o resultado ideal de um projeto ou trabalho em equipe, acontece com o compromisso de cada envolvido em dar o seu melhor.

A obra lançada em 1989 segue sendo revisada por estudiosos e pessoas comuns ao redor do mundo. Vamos conhecer agora as sugestões de Stephen Covey para desenvolver uma atitude eficaz na vida.

Estímulo à Cooperação


De acordo com Barnard, os gestores devem estimular a cooperação dentro de uma equipe, por entender que cada indivíduo tem a capacidade de somar positivamente com o tempo. Um bom gestor assumiria o papel de coordenar a relação de cooperação entre a empresa e os colaboradores, extraindo o melhor de cada parte, direcionando para o interesse do todo.

Ao estabelecer uma cooperação, empresas e colaboradores podem, juntos, chegar aos seus objetivos. Barnard foi um dos pioneiros em enxergar os colaboradores como um recurso essencial para as empresas se desenvolverem de forma sustentável, por meio da cooperação.

Essa teoria de Barnard se comunica com os ensinamentos de Covey sobre eficácia e eficiência, diferentemente do que se entende por padrão, para ele, uma empresa atinge a eficiência quando é capaz de atender satisfatoriamente às necessidades dos colaboradores, como consequência, esses farão o mesmo pela empresa, havendo a perfeita cooperação entre ambos. Mas, vejamos os sete hábitos abordados sistematicamente por Stephen Covey:

#01 Hábito: Seja proativo


Covey diz que pessoas proativas são responsáveis por suas próprias vidas e pelo o que lhes acontece. Isso dá a essas pessoas mais liberdade, autoconfiança e autonomia. Ao contrário, pessoas reativas culpam cenários e terceiros pelo mal que lhes acomete sem possibilidade de atuação para amenizar os problemas. Covey entende que pessoas proativas reconhecem os próprios erros, corrigem e, o mais importante, aprendem com eles.

#02 Hábito: Comece com o fim em mente


Um bom líder tem a visão clara de qual direção seguir. Sabe dividir um grande projeto em partes sem perder a essência. Para Covey a clareza de visão é fundamental para ter eficácia. Para identificar o fim e formular uma rota ou estratégia para chegar a esse fim, Covey mantém a necessidade de uma base centrada nos princípios norteadores para todos os aspectos da vida.

#03 Hábito: Coloque as primeiras coisas em primeiro lugar

Em se tratando do uso do tempo, Covey é categórico quando ensina que as coisas mais importantes devem ser feitas primeiro. Ele apontou que um erro bastante comum é realizar várias tarefas por gosto pessoal, quando apenas uma tarefa que deveria ser feita pelo dever, deixou de ser realizada. Para Covey, a administração do tempo e suas prioridades é fundamental para chegar aos objetivos pretendidos.

#04 Hábito: Pense em ganhar/vencer

A palavra chave para Covey é a cooperação, em detrimento da competição. Essa ideia é válida para o ambiente familiar ou escritórios, como ele exemplificou em sua obra. Ele defende o fomento de uma mentalidade de abundância para reconhecer as possibilidades ilimitadas de crescimento, sempre celebrar o sucesso e buscar o entendimento entre as partes, ou seja, o ganha/ganha.

#05 Hábito: Procure primeiro compreender, depois ser compreendido


A escuta ativa, outro conceito tão enfatizado hoje, também foi objeto de estudo por Covey. Para ele, se quisermos realmente entender alguém, não basta olhar para os fatos externos, é preciso escutar e buscar entender as causas da atitude dessa pessoa. Ele diz que é preciso desenvolver uma escuta empática.

#06 Hábito: Sinergize


A sinergia se dá na correta confluência de energias entre as pessoas. Na visão de Covey ninguém ganha sozinho, todos somos interdependentes e precisamos coordenar harmoniosamente nossas ações para atingir os objetivos do grupo.

#07 Hábito: Afie a serra


Na concepção de Covey a renovação é parte fundamental do processo. Os aspectos físicos, emocionais, mentais, financeiros e recursos precisam se renovar. Covey recomenda exercícios físicos e hobbies de acordo com o gosto e costume de cada pessoa que possibilite renovar mente e corpo.

Stephen Covey foi sinônimo de alto desempenho


Em suma, Stephen Covey foi um escritor de sucesso, professor universitário e consultor de grandes empresas e políticos. Atuou como consultor pessoal dos ex-presidentes Bill Clinton dos EUA, Vicente Fox do México, e do sul-coreano Kim Dae Jung e de CEOs de grandes empresas. Foi um entusiasta por desenvolver o ser humano de forma integral e acreditava que isso beneficia diretamente os resultados nas empresas.

Ele também fundou a Covey Leadership Center e da Franklin Covey Corporation, consultoria que ajuda empresas a gerir melhor seus negócios. No aspecto pessoal, Covey teve 9 filhos e 52 netos. O seu falecimento em 2012 se deu em função de uma hemorragia cerebral, ocasionada por uma queda de bicicleta.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 12 de setembro de 2023

Larry Ellison, o gigante da internet

Larry Ellison é um norte-americano, empresário e diretor da Oracle Corporation. Hoje, com 78 anos, é considerado pela Forbes um dos homens mais ricos do mundo, ao lado de grandes nomes como Bill Gates e Ellon Musk. Sua trajetória começou com estudos e seguiu com inovação e empreendedorismo, história similar a de Steve Jobs. 

Atualmente, a Oracle Corporation é uma multinacional de tecnologia e informática, sendo considerada como uma das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Especializada em desenvolvimento, comercialização de hardware, software e banco de dados, num mundo onde esse tipo de informação é mais valioso do que ouro, literalmente, a empresa de Larry só tende a crescer, mas não foi sempre assim. 

Durante seus inícios, a Oracle passou por sérias adversidades, chegando próximo à falência. Demorou em torno de 2 anos para que pudessem se reerguer e retomar os negócios. Como Larry conseguiu ter essa visão sobre internet e tecnologia nos anos 60 e 70 e projetar este crescimento até os dias de hoje é o que vamos aprender no texto hoje. 

Como tudo começou para Larry Ellison - o gigante da internet

Seu nome é Lawrence Joseph Ellison e nasceu em Nova York em 17 de agosto de 1944. Filho de uma mãe muito jovem e inexperiente, aos 9 meses de idade devido a uma grave pneumonia, passou a morar com seus tios em Chicago. Estudou em Illinois e finalizou o ensino médio com destaque nas matérias de matemática e ciências, demonstrando aptidão nas áreas básicas da informática. 

Larry chegou a cursar universidade em dois momentos diferentes, mas desistiu de ambos. Apesar da desistência, o jovem aprendeu sobre informática o suficiente para conseguir trabalhar na área, apesar de ficar trocando de empregos. Nos anos 70, começou a trabalhar na Amdahl Corporation e meses depois na Ampex Corporation, que foi quando tudo mudou. 

Na Ampex, Larry desenvolveu um banco de dados para nada menos do que a CIA, o qual chamou de Oracle e foi aí que seu sonho começou a se tornar realidade. Em 1977, ele se juntou com Robert Miner, que era seu supervisor na Ampex, e tornaram-se sócios. Juntos fundaram a empresa Software Development Labs que constava com uma base de dados compatível com centrais de computadores e diversos terminais em simultâneo. Grande diferencial na época, levando-os a ter clientes como a força aérea norte-americana e a CIA. Neste momento, eles mudam o nome da empresa para Oracle.

O caminho do sucesso de Larry Ellison 

Como bem sabemos ao estudar a vida dos grandes empreendedores, nunca o caminho é só de flores. Sempre há momentos de adversidades, falência e prejuízos até que seus investimentos alcancem o sucesso. E podemos dizer o mesmo de Larry Ellison. Um grande empreendedor não é alguém que se tornou rico, não é alguém que acumulou uma fortuna ou tornou-se famoso. 

Um empreendedor de verdade é aquele que nos apresenta uma capacidade de pensar fora da caixa, de enxergar uma necessidade até então desconhecida pelos demais. Ele tem um potencial diferenciador. E com esta visão, ele gera um negócio, um produto, uma ação, que o torna famoso ou rico, etc. 

Após o surgimento da Oracle, tudo ia de vento em popa. Durante sete anos a empresa duplicou suas vendas e entrou para a bolsa de valores.Porém, também teve seu momento de crise, nos anos 90, chegando muito próximo da falência. Como um bom visionário, Larry usou da adversidade para se reestruturar e sair mais forte dela: substituiu diversos funcionários mais jovens por alguns mais experientes, criaram um novo sistema de base de dados e voltaram ao sucesso. 

A Oracle chega nos anos 2000, auge da internet, com todo seu poder. Aumentando a cartela de clientes e seu capital, em 2009 adquire a empresa Sun Microsystems, que fabrica computadores e softwares, e isso era só o começo de sua expansão. A Oracle chegou a ser líder mundial do mercado de software de gestão de informação e em segundo lugar na lista de empresas independentes de software. 

Em 2014, Elisson com os seus 70 anos abre mão do seu cargo de CEO, embora ainda atue como diretor. Mas não se engane, apesar da idade, Larry não pretendia se aposentar. Os que o conhecem referem-se a ele como ‘incansável’ devido a sua rotina de exercícios físicos diários Fã da prática de esportes, ele faz iatismo, tênis e tem até licença para pilotar aviões! Esta é outra certeza que podemos aprender com os empreendedores, não há espaço para preguiça. Não há desejo em querer parar, se aposentar ou descansar. Há quem diga que o que mais motiva Larry é a possibilidade de ‘brigar’ com os gigantes tais como Google e Amazon.

Alguns números… 

Pela estimativa de alguns estudiosos, quando a Oracle foi criada, o investimento inicial foi de 2 mil dólares. Quando a Oracle fez a compra da Sun Microsystems, a transação saiu em torno de 7,4 bilhões de dólares. 

Em 2016 Larry Ellison foi eleito pela revista Forbes como a quinta pessoa mais rica do planeta, com uma renda estimada em 50 bilhões de dólares. Em 2020 a Oracle foi relacionada pelo Great Place to Work Institute na lista das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil. Em 2018 o faturamento anual da Oracle foi de 39,8 bilhões de dólares. 

Em 2020 a empresa contava com 135 mil funcionários espalhados pelo mundo. Em 2022, com um patrimônio de US$ 101 bilhões Larry se posicionou em quarto lugar na lista da Forbes dos 400 americanos mais ricos. E neste ano de 2023, ele continua no ranking dos 5 mais ricos com estimativa de U$107 bilhões. 

Atualmente, a Oracle conta com 138 mil funcionários em todo o mundo e uma receita anual de US$ 40 bilhões. 

Estes altos números, além de nos impressionar, também servem de símbolo. Símbolo de inspiração. Larry hoje pode ser um homem inacessível para a maioria de nós, mas podemos ver através de sua trajetória que ele chegou até esse ponto graças a sua perseverança, busca pelo aperfeiçoamento e reconhecimento do trabalho. Imagine se ele tivesse se contentado com o software criado, imagine se ele não tivesse adquirido a Sun em 2009? O verdadeiro empreendedor se alimenta de movimento, trabalho e crescimento. Não só crescimento financeiro, mas interno também, ele cresce como pessoa à medida que vive as experiências profissionais. 

Larry fez diversas doações de milhões de dólares para pesquisas contra câncer e instituições carentes, demonstrando um lado humano e empático dentro dele. Se você busca ser um empreendedor, não se inspire apenas na riqueza destes personagens, se inspire em suas virtudes. Os dólares, a bolsa, o mercado, tudo isso pode mudar da noite para o dia, mas as virtudes não. Um ser humano com valores morais consegue enfrentar qualquer desafio que encontrar e sair ainda mais forte para trilhar seu caminho de sucesso.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Henry Mintzberg, o pai da teoria do processo não linear e desestruturado

Henry Mintzberg segue como um dos mais influentes teóricos da administração, com uma carreira de mais de cinco décadas de estudos sobre a gestão de organizações. Ao longo de sua carreira, Mintzberg contribuiu significativamente para a teoria e prática da administração, destacando-se por sua abordagem crítica e inovadora sobre o gerenciamento de projetos. 

Uma das teorias mais famosas de Mintzberg sugere que o trabalho desenvolvido pelos gerentes, de qualquer organização, é muito mais desestruturado, ou seja, não linear, do que as teorias tradicionais da administração sugerem. 

Em uma de suas obras mais famosa, o livro The Nature of Managerial Work (1973), ele examina o trabalho diário dos gerentes e argumenta que a gestão não pode ser vista como um conjunto de atividades isoladas, mas sim como um processo contínuo que envolve tomada de decisão, coordenação e comunicação. 

No artigo de hoje, conheceremos um pouco mais sobre a carreira acadêmica, profissional e as principais teorias desenvolvidas por Henry Mintzberg, um dos maiores pensadores da administração no século XX. 

Os primeiros passos de Mintzberg 

Nascido em Montreal, Canadá, em 1939, ele cresceu em uma família de classe média. Frequentou a McGill University, onde se formou em Engenharia em 1961 e posteriormente obteve seu doutorado em Administração de Empresas na Sloan School of Management do MIT em 1968. 

Ele cresceu em um ambiente familiar que valorizava muito a educação e o pensamento crítico. Seus pais eram imigrantes judeus que haviam se estabelecido em Montreal, e ambos trabalhavam como professores. Desde cedo, Mintzberg foi incentivado a ler e questionar o mundo ao seu redor, o que contribuiu para seu interesse em estudar as organizações e a forma como atuam. 

Outro aspecto importante da infância de Mintzberg foi sua formação religiosa. Ele cresceu frequentando a sinagoga e estudando a Torá, livro sagrado para o povo judeu, o que o levou a se interessar pela ética e moralidade na vida empresarial. Essas preocupações com a responsabilidade social e a justiça também influenciaram sua pesquisa acadêmica.


Trajetória acadêmica de Mintzberg 

Após concluir sua graduação em Engenharia na McGill University, Mintzberg trabalhou como engenheiro em uma empresa têxtil por alguns anos antes de retornar à academia. Ele então retornou à McGill para obter o título de mestre em Administração de Empresas, e foi lá que teve seu primeiro contato com as teorias que desenvolveu no decorrer da sua carreira. 

Após concluir seu mestrado, Mintzberg foi para o MIT fazer o doutorado. Foi lá que ele se envolveu em sua primeira grande pesquisa sobre gerentes e suas atividades diárias. Este estudo foi um divisor de águas em sua carreira, já que o levou a desenvolver sua teoria da gestão como um processo não linear e desestruturado. 

Depois de concluir seu doutorado, Mintzberg trabalhou como professor de administração na McGill University, onde passou a maior parte de sua carreira acadêmica. Durante esse tempo, ele escreveu vários livros influentes sobre gestão, incluindo "The Nature of Managerial Work" (1973) e "Structure in Fives" (1983), que ajudaram a estabelecer sua reputação como um dos principais teóricos da administração. 

Principais teorias de Mintzberg 

No decorrer da sua extensa trajetória profissional e acadêmica, Mintzberg elaborou teorias que revolucionaram a forma como as pessoas pensam a administração e fazem a gestão de negócios, pessoas e projetos. A seguir, traremos as três principais ideias que foram objetos de estudo de Mintzberg e uma breve explicação sobre cada uma delas. 

Gestão como um Processo Não Linear e Desestruturado 

Uma das principais ideias de Mintzberg é a teoria da gestão como um processo não linear e desestruturado. Segundo ele, todo tipo de gestão, não pode ser vista como um conjunto de atividades isoladas, mas sim como um processo contínuo que envolve tomada de decisão, coordenação e comunicação. 

Para Mintzberg, a gestão não é uma ciência exata, mas sim uma prática social complexa que é moldada pelas normas, valores e cultura da organização. Dessa forma, a gestão passou a ser estudada como um processo dinâmico que envolve a interação constante entre as pessoas e os sistemas dentro da organização.

Ele ainda argumenta que a gestão é muito mais do que simplesmente planejar, organizar, dirigir e controlar. Mintzberg afirma que a gestão é uma prática que envolve a solução de problemas, a tomada de decisões e a comunicação constante com outras pessoas das empresas. 

Estrutura Organizacional

Outra ideia central de Mintzberg é sobre como as empresas se organizam estruturalmente. Ele acredita que a estrutura de uma organização pode afetar significativamente sua eficácia e sucesso. Mintzberg argumenta que a estrutura de uma organização deve ser projetada de forma a permitir a coordenação efetiva das atividades e dos recursos, e que a estrutura organizacional deve ser adaptada às necessidades da organização. 

Mintzberg também defende que a estrutura de uma organização deve ser flexível o suficiente para permitir mudanças e adaptações conforme necessário. Ele argumenta que uma estrutura rígida pode limitar a capacidade de uma organização de se adaptar a mudanças no ambiente e nos mercados em que atua e, em alguns casos, a rigidez pode ser o começo da decadência do negócio. 

Responsabilidade Social Corporativa 

Outra ideia importante de Mintzberg é sobre a responsabilidade social corporativa. Ele acredita que as empresas devem assumir um papel mais ativo na sociedade e considerar não apenas o lucro, mas também as consequências sociais e ambientais de suas atividades. 

Hoje em dia, essas ideias estão em alta e são abarcadas pela sigla ESG, Environmental, Social and Governance. Para Mintzberg, a responsabilidade social corporativa é uma questão ética e moral, e as empresas têm a obrigação de considerar os impactos de suas atividades em todos os seus stakeholders

Mintzberg argumenta que as empresas têm a responsabilidade de contribuir para o desenvolvimento sustentável e promover a justiça social. Ele acredita que as empresas podem fazer isso adotando práticas de negócios éticas e sustentáveis, apoiando iniciativas sociais e ambientais e considerando os impactos de suas atividades em toda a cadeia de valor. 

Para Mintzberg, a responsabilidade social corporativa não é apenas uma questão de ética, mas também de longo prazo, uma vez que as empresas que adotam práticas sustentáveis tendem a ser mais bem-sucedidas e agentes transformadores na sociedade. 

Conclusão 

A carreira de Herzberg foi amplamente marcada pelo reconhecimento, tendo ganhado prêmios e honrarias de destaque. Alguns dos prêmios mais importantes que ele recebeu são: 

Prêmio McKinsey, em 1973. 

Prêmio Irwin Educator, em 1995. 

Prêmio Richard D. Irwin, em 2000. 

Prêmio Lifetime Achievement, em 2005. 

Por fim, Mintzberg, foi nomeado Oficial da Ordem do Canadá, no ano de 1999, a mais alta honraria civil do país, por sua contribuição para a teoria e prática da administração.

Mintzberg se casou com Sasha Sadilova em 1965, e juntos tiveram dois filhos, Susie e Ben. Sasha foi uma grande apoiadora da carreira de Mintzberg e colaborou com ele em muitos de seus projetos de pesquisa e escrita. Eles permaneceram casados até a morte de Sasha em 2018, após 53 anos de união. 

Em 2021, Mintzberg faleceu aos 81 anos, após uma longa batalha contra o câncer. Sua morte foi lamentada por muitos colegas e estudiosos da administração e gestão de organizações em todo o mundo, que reconheceram sua grande contribuição para a área e seu impacto duradouro no pensamento empresarial. 

Bom trabalho e grande abraço!

Prof. Adm. Rafael José Pôncio





Conheça também:

Stephen Covey e a vida em alto desempenho


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.