terça-feira, 14 de junho de 2022

Como ter uma comunicação assertiva sem ameaçar a liberdade do interlocutor


Provavelmente, você, como gestor, já deve estar ciente da importância de se ter uma comunicação assertiva no âmbito de trabalho, seja com clientes, fornecedores ou colaboradores. A comunicação é uma habilidade essencial para quem trabalha com administração de empresas, e buscar aprimorá-la cada vez mais é imprescindível caso você acredite ter dificuldades em ser assertivo ao se comunicar.

Mas o que é a assertividade na comunicação, afinal? A realidade é que muita gente faz confusão com o que é a comunicação assertiva na prática, tomando-a como uma comunicação agressiva, em que ideias e pensamentos são impostos a qualquer custo, de forma opressora, podendo colocar em xeque até a liberdade do interlocutor. Que fique claro: isso não é comunicação assertiva.

Na leitura a seguir, pretendo esclarecer em que consiste a comunicação assertiva e mostrar as diferenças entre esse tipo de comunicação e a comunicação com agressividade, que nada tem a ver com a habilidade fundamental para qualquer líder ou gestor de negócios da atualidade. Além disso, também vou listar algumas sugestões de como desenvolver uma comunicação mais assertiva. Vamos lá?

O que significa ter uma comunicação assertiva


O conceito de comunicação assertiva consiste na habilidade de passar informações com clareza e objetividade, se expressando com firmeza e segurança, mas sempre de maneira respeitosa e empática. Comunicar-se com assertividade pressupõe inteligência emocional e racionalidade para expor seus argumentos com calma, sem exceder na agressividade ou passividade.

A assertividade advém de um processo de construção, ela pode ser desenvolvida. Pessoas assertivas desenvolvem uma linha de raciocínio com clareza, se comunicam bem, com autoconfiança, além de sempre agir com diplomacia, prezando pela pacificidade.

Outro ponto importante na comunicação assertiva é a sinceridade. Nesse sentido, podemos afirmar que nem toda pessoa sincera é necessariamente assertiva, porém, toda pessoa assertiva é sincera. 

Vantagens de ser uma pessoa assertiva

Quem tem a habilidade da comunicação assertiva bem desenvolvida demonstra comportamentos como sinceridade, honestidade e autoconfiança. Essa pessoa tem uma capacidade emocional de conseguir o que deseja sem precisar dominar, humilhar ou insultar o outro. Sabe se posicionar de maneira coerente, usando a argumentação como principal ferramenta, respeitando sempre os seus valores e o interlocutor. Entre as vantagens de ser uma pessoa assertiva, estão:
  • maior segurança;
  • autoconfiança e boa autoestima;
  • franqueza e sinceridade na maneira de se expressar;
  • causa admiração e respeito nos outros;
  • consegue controlar melhor a ansiedade e as emoções;
  • tem clareza no antagonismo;
  • melhor capacidade de comunicação;
  • maior facilidade em estabelecer relações sociais.
Além disso, a comunicação assertiva tem muito valor no ambiente dos negócios. O estímulo do desenvolvimento dessa habilidade em uma empresa, por exemplo, contribui para:
  • estimular o diálogo;
  • melhorar a comunicação;
  • aumentar o engajamento e o alinhamento da equipe.

Comunicação assertiva x Comunicação agressiva


Como eu destaquei, não se pode confundir comunicação assertiva com comunicação agressiva. Muita gente acredita que para ser assertivo é só chegar falando um pouco mais forte, impondo a sua opinião. Não poderia estar mais equivocado.

Enquanto na comunicação agressiva não há respeito com o interlocutor, existe julgamento, falta de empatia, ideias são impostas e a escuta do outro sequer é considerada, cerceando a sua liberdade de se expressar, na comunicação assertiva o diálogo tem espaço, existe clareza, argumentação com embasamento, troca de ideias, disposição em ouvir o outro e empatia, não há opressão. 

Dicas para ter uma comunicação mais assertiva no ambiente profissional


Pensando na construção de uma comunicação assertiva no espaço de trabalho, listo a seguir algumas sugestões para você desenvolvê-la enquanto líder e gestor.

Regra de ouro: respeito e empatia em 1º lugar


A falta de respeito inviabiliza qualquer possibilidade de diálogo. Portanto, tenha sempre em mente a necessidade de respeitar o outro e exercite também a capacidade de se colocar em seu lugar, ou seja, demonstre empatia e tente verdadeiramente compreendê-lo para estabelecer um canal de comunicação compreensivo, fundamental para a assertividade.

Aprenda a ouvir e se comprometa a entender o outro


Saiba ouvir e praticar uma escuta ativa, independentemente de como o interlocutor se expressa. As pessoas têm várias formas de se comunicar, gestos também podem dizer muito sobre o outro. Esse entendimento só vai contribuir para melhorar a sua habilidade de se comunicar.

Não faça pré-julgamentos


Temos essa tendência de assumir posições e opiniões baseados em suposições e percepções. Isso dificulta a comunicação. Pare de fazer pré-julgamentos e avaliações prévias do outro. Expresse sua opinião com base em fatos.

Cuidado com a postura corporal e o tom de voz


O corpo fala. Já ouviu essa expressão? Pois bem, ela é verdadeira. Muito da nossa comunicação é feita de forma não verbal, por meio de gestos, olhares e postura. Se quer passar segurança, por exemplo, é preciso estar atento a isso. Preste atenção também ao seu tom de voz. Muitas vezes você deseja passar uma impressão de assertividade na sua comunicação, mas seu corpo e o tom de sua voz dizem exatamente o contrário.

Escolha bem as palavras e a hora certa de falar


Principalmente no ambiente corporativo, é importante ter a sensibilidade de escolher o momento certo de falar. Caso contrário, a comunicação não será eficiente, muito menos assertiva. Certos momentos não são convenientes para uma conversa e podem até constranger ou comprometer o interlocutor. Em algumas situações, a opção mais inteligente pode ser não falar nada.


Demonstre humildade, sinceridade e flexibilidade


Ninguém ganha nada querendo ser o dono da verdade, isso só afasta as pessoas. Portanto, tenha humildade em reconhecer que não sabe algo e está disposto a aprender, seja sincero ao admitir seus erros e falhas e demonstre flexibilidade no sentido de estar aberto a opiniões divergentes da sua, esteja disposto a mudar de ideia.

Argumente com firmeza e embasamento, de forma clara e objetiva


Ao argumentar, não fique fazendo rodeios e vá direto ao ponto, seja objetivo e se expresse com clareza. Além disso, é fundamental ter compreensão do assunto ou tema sobre o qual você está falando para de fato argumentar com embasamento. É quase impossível ser assertivo se suas opiniões são superficiais e seus argumentos podem ser derrubados facilmente.


Assuma o papel de intermediador


A comunicação assertiva também tem o objetivo de agregar, e esse é um dos principais papéis do gestor, não é mesmo? Portanto, é importante desenvolver essa habilidade para assumir essa função de intermediador e ser uma referência para a sua equipe, um exemplo de comunicação assertiva a ser seguido.


A comunicação assertiva é uma das principais competências dos profissionais de sucesso. Mais do que saber se expressar bem ou saber deixar claro o seu ponto, é essencial ter a consciência da importância de se ter inteligência social e emocional e a habilidade de, verdadeiramente, se relacionar com o outro, abrindo sempre espaço para o diálogo.

Bom trabalho e grande abraço.

Autor: Prof. Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em: 26 abril de 2022 Especial: artigos no Espaço Opinião CRA-RJ Link fonte: https://espacoopiniao.adm.br/como-ter-uma-comunicacao-assertiva-sem-ameacar-a-liberdade-do-interlocutor/




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terça-feira, 7 de junho de 2022

FIFO: um guia rápido para a gestão do estoque


FIFO

Se você está buscando um sistema de gerenciamento do estoque, o FIFO pode ser a solução.

Escolher o método de armazenagem ideal para o seu negócio é um passo importante para os empreendedores, pois o sistema inadequado causa muita dor de cabeça e prejuízos.

Assim, para te ajudar a tomar esta decisão, segue um texto sobre uma das metodologias mais utilizadas.

O que significa FIFO?

A palavra FIFO é a sigla em inglês para “first in, first out”, ou seja, o primeiro a entrar é o primeiro a sair. No Brasil ele também é chamado PEPS.

Esta estratégia de gerenciamento do estoque prioriza os produtos segundo a ordem de chegada no estoque. Os mais antigos são os que vão embora primeiro.

Segue exemplos:

Em uma distribuidora de doces, os produtos mais antigos são colocados em prateleiras que fiquem mais visíveis para os clientes.

Já em grandes armazéns utilizam prateleiras em que de um lado é feito o abastecimento com os produtos que acabaram de chegar, e no outro é realizada a retirada dos produtos.

Assim, os produtos vão “deslizando” pela prateleira, respeitando a regra do FIFO, o primeiro a entrar é o primeiro a sair.

Princípios básicos do FIFO

Para que o FIFO funcione de forma correta existem duas regras fundamentais:

1.   Nenhum produto pode ultrapassar o outro

Manter o fluxo dos materiais é essencial para o FIFO, pois se essa fluidez não é respeitada, há confusão nos demais processos.

Por exemplo: você entra em uma lanchonete, faz o seu pedido e aguarda na mesa, você calcula que 2 pessoas chegaram antes de você e receberão o lanche primeiro.

Porém, um grupo de 3 pessoas que fizeram o pedido antes de você, são atendidas primeiro.

Neste caso, você fica frustrado e o pedido demora tanto para ser entregue que o seu hambúrguer chega frio.

Com o fluxo do estoque é a mesma coisa, se um produto é colocado na frente dos demais, atrapalha a fluidez e ocasiona uma sucessão de erros como: demora na entrega e desperdício de produtos em virtude da validade.

2. Deve haver uma capacidade máxima

Seguindo com o exemplo da lanchonete, para agilizar o atendimento, os cozinheiros já fazem mais lanches do que os pedidos.

No entanto, ao final do dia nem todos os lanches foram vendidos, então 3 hambúrgueres tiveram que ser descartados.

Esta mesma lógica é utilizada no contexto do FIFO, se há uma superprodução, o processo de entrada e saída ficará mais lento, abrindo margem para os desperdícios.

Por isso, é fundamental estabelecer uma capacidade máxima de produtos para ter em estoque.

Além destes 2 princípios ao aplicar o FIFO é importante definir normas para entrada dos produtos.

Por exemplo: se um item tem validade de até 1 ano, receber com no mínimo 50% da sua validade.

Estas regras são estabelecidas calculando a média de tempo que os produtos ficam no estoque.

Quais as vantagens do FIFO?

Veja os benefícios que aplicar o FIFO na gestão do armazém trarão para a sua empresa:

Menos custos e menos desperdícios

O FIFO é ideal para empresas que possuem pouco espaço de armazenamento.

Porque o fluxo contínuo de entrada e saída diminui a necessidade de grandes estoques. Com isso, os custos de locação de espaço e funcionários reduzem.

Também desde que respeitados os princípios e regras, não há riscos de alguma mercadoria ser esquecida, levando ao desperdício.

Maior agilidade e eficiência

Com o estoque enxuto e a simplicidade do FIFO, a circulação de pessoas e mercadorias acontece de maneira rápida.

O que reflete na eficiência, uma vez que um armazém menor é mais fácil de gerenciar do que um grande.

Mais lucro

Com a implementação do FIFO o desperdício e as perdas diminuem, então o lucro automaticamente aumenta.

Também a precificação fica mais fácil, pois os produtos não ficam muito tempo parados, logo não sofrem tanto com mudanças de preço.

Quando utilizar o FIFO?

O uso do FIFO é mais indicado para negócios que possuem rotatividade e produtos com um tempo médio de validade. Pois, antes do produto estragar é possível tomar uma medida.

Um exemplo clássico são os supermercados, neles é comum que os itens sejam organizados conforme a ordem de chegada, sendo que os primeiros ficam mais acessíveis ao consumidor.

Podemos ver isso também nos produtos em oferta (que geralmente estão perto da validade), eles são os primeiros que encontramos ao entrar em um supermercado.

Empresas que comercializem produtos que não possuem validade e tem um estoque pequeno podem se beneficiar deste método, como uma loja de eletrônicos.

Como implementar o FIFO?

Veja 2 modelos frequentemente utilizados na aplicação do FIFO:

Flow rack

Flow rack (fluxo de prateleira) é um sistema que utiliza a força da gravidade para operacionalizar o FIFO.

Neste sistema, as estantes ou prateleiras são projetadas de uma forma que fiquem levemente inclinadas.

Na parte mais alta são colocados os produtos (geralmente em caixas) que acabaram de chegar, com a força da gravidade elas deslizam até a parte baixa.

As caixas para uso são retiradas da parte baixa, assim quando uma é retirada, outra ocupa o seu lugar.

O benefício do flow rack é a praticidade, já que a preocupação é somente com a entrada dos produtos, as saídas já estão em ordem.

Também é ótimo para proteger os produtos, pois diminui os riscos de quedas e colisões.

Quadros FIFO

Eles funcionam como tabelas de gerenciamento do estoque. Com ele é possível ter uma visão global dos produtos em depósito, quais itens devem sair e onde colocar os novos.

Este sistema é mais simples que o flow rack, mas exige um comprometimento maior da equipe, pois o quadro precisa ser atualizado constantemente.

Dicas para otimizar o FIFO

Mesmo que o FIFO seja um sistema eficiente, ele sozinho não resolve todos os problemas de gerenciamento e logística.

Então para otimizar o fluxo, veja estas dicas:

Facilite a visualização

Para garantir a fluidez no trabalho e que um produto não venha antes do outro é importante desenvolver um sistema de identificação.

Uma maneira simples é utilizar etiquetas coloridas.

Funciona sim para cada mês você define uma cor, por exemplo:

  • Janeiro: branco

  • Fevereiro: azul

  • Março: vermelho

Assim que chegar as encomendas no estoque, você coloca a etiqueta conforme a data de entrada do produto.

Manter um controle de validade

Mesmo que não seja o foco principal do FIFO, é fundamental que exista um sistema de controle, para que se um produto chegue próximo à validade alguma atitude possa ser tomada.

E os inventários periódicos podem ser a solução, por isso os faça regularmente.

O que achou do sistema FIFO? Acredita que ele é a melhor decisão para a sua empresa? Diga nos comentários.

Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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terça-feira, 24 de maio de 2022

Como construir uma rede de contatos consistente


Como ter uma rede de contatos e estimular a colaboração podem potencializar a sua capacidade de liderar


O conceito de networking se popularizou há algum tempo e praticamente todo empreendedor hoje tem a consciência da relevância de se estabelecer e cultivar uma boa rede de contatos, ou seja, de investir em relacionamentos profissionais. 


Com o avanço da transformação digital e das consequentes mudanças provocadas nas dinâmicas sociais, ficou ainda mais latente essa necessidade de fazer conexões além do nosso círculo de relacionamento mais direto, da chamada “bolha”. 


Para os negócios, esse é um recurso que ajuda a gerar oportunidades, ter acesso aos profissionais relevantes do mercado e também pode melhorar a condução de projetos e aprimorar a capacidade de liderança.


Afinal, com todas essas constantes mudanças pelas quais passamos, é natural que a forma de liderar também precise de adaptações. E, atualmente, um ponto estratégico em comum das organizações de destaque é o foco nas pessoas, nas relações e no poder da colaboração para atingir objetivos e resultados. Confira mais sobre isso a seguir e saiba a melhor maneira de ampliar a sua rede de contatos!

A importância de cultivar relações profissionais 

Ser empreendedor e dono de negócio envolve equilibrar vários papéis. Um dos mais importantes, sem dúvidas, é manter relacionamentos e criar conexões profissionais, seja com outros empreendedores, fornecedores, concorrentes, colaboradores e parceiros. Essa é uma atividade importante para compartilhar ideias, encontrar condições favoráveis para o seu negócio e se inspirar. 


Além disso, o networking pode favorecer oportunidades de negócio e investimentos. Outro ponto pouco observado é que essa ação de cultivar relações pode ainda contribuir para aprimorar a sua capacidade de liderar e ser estratégica para atingir resultados e objetivos. Afinal, com uma rede de contatos abrangente é possível contar com a colaboração e a expertise de profissionais de diversas áreas, possibilitando a formação de uma equipe imbatível. 

A liderança que usa o networking para incentivar a cultura colaborativa e potencializar resultados

Como mencionei anteriormente, o foco em pessoas, na qualidade das relações e na priorização da cultura empreendedora colaborativa tem sido atualmente a grande aposta de grandes corporações e startups que deram a guinada, para gerar inovações, elevar os níveis de processos da gestão e manter o sucesso. 


Como líder contemporâneo, é preciso ter essa percepção de mudança de mindset e entender a importância de confiar e delegar e que, com a colaboração, todos saem ganhando. 


Assim, sai de cena aquele ambiente competitivo de outrora e entra em destaque o ambiente mais colaborativo, no qual se compreende que o relacionamento interpessoal e a colaboração podem ser ferramentas essenciais para a solução de problemas complexos e o desenvolvimento coletivo. 


É importante, portanto, se adaptar a essa nova liderança que estimula a cultura da colaboração. E, para isso, cultivar relacionamentos profissionais, e dedicar-se à manutenção dos mesmos é fundamental. 

Como construir uma rede de contatos consistente

Compreendida a importância do networking e como essa ferramenta pode contribuir na condução de um projeto, estabeleço a seguir algumas ações que podem ajudá-lo a construir a sua rede de contatos. Confira!

Identifique contatos que tenham interesses em comum, sejam estratégicos e realmente relevantes

Fazer networking não é simplesmente se conectar a uma quantidade enorme de pessoas, independentemente se a relação tem a ver com você ou com o seu negócio. É importante investir na qualidade e prezar pela capacidade de interação, entendendo se há interesses em comum para existir um relacionamento. A experiência precisa ser benéfica para ambos os lados, fazer sentido, ser verdadeira e pautada na confiança mútua. 

Compreenda qual a melhor forma de abordagem

Ao fazer um contato, planeje a abordagem de forma inteligente. Encontre pontos em comum no relacionamento, aborde assuntos interessantes e respeite o perfil de cada um, evitando ser inconveniente. Em "roma comporte-se e fale como os romanos", mas seja autêntico e honesto.

Construa relacionamentos a longo prazo e empenhe-se na manutenção dos mesmos

Um dos segredos do networking está justamente na manutenção da rede de contatos, mantendo-a sempre engajada, com constância nas ações para cultivar os relacionamentos estabelecidos. Interações e encontros esporádicos são importantes para que as pessoas sempre se lembrem de você. Caso contrário, de nada adianta uma lista cheia de contatos se não há relacionamento de fato. 


Dessa maneira, o ideal é investir em relacionamentos a longo prazo, buscando maneiras de sempre fortalecer o vínculo. As oportunidades que surgirão serão sempre consequência da dedicação às relações da sua rede de contatos. 

Esteja disposto a ajudar para ser ajudado

Ao oposto do que muitos acreditam, a base do networking não está na busca de relações de interesse, no famoso “toma lá, dá cá”. Nesse sentido, é importante ter sempre em mente o que você pode agregar para as pessoas, de que maneira pode contribuir, de forma genuína e com honestidade. Assim, esteja disposto a ajudar sem almejar nada em troca. Pode ter certeza de que quando se estabelece uma relação verdadeira e há o sentimento de confiança, a lei da reciprocidade não falhará, e a ajuda de hoje será retribuída no futuro. 

Seja interessado e compartilhe informação e conhecimento

Nesse mesmo contexto, lembre-se da importância da troca de experiências para um relacionamento profissional. Portanto, não hesite em compartilhar informações importantes e conhecimentos sobre o mercado, por exemplo, com a sua rede de relacionamentos. Dessa forma, você vai inspirar confiança e será lembrado na necessidade de uma indicação, o que pode gerar oportunidades de negócio. 

Participe de eventos da área e use as redes sociais

Eventos são ótimos locais para fazer contatos, conhecer gente da sua área e prospectar potenciais clientes. Fique por dentro do calendário, esteja sempre atualizado em relação às novidades do seu campo de atuação e entenda quem tem relevância para se conectar. 


Além disso, hoje temos ainda à nossa disposição importantes ferramentas de networking, que são as redes sociais. Fazer conexões pelo LinkedIn, por exemplo, pode ser uma boa estratégia para começar a ampliar a sua rede de contatos.  



Dito tudo isso, destaco que, para ter resultados efetivos, é essencial a constância nas ações e o investimento em conexões genuínas. Fazer networking e estabelecer uma rede de contatos é hoje uma habilidade primordial para qualquer gestor/empreendedor e, como vimos, os benefícios de cultivar boas relações profissionais vão muito além: a colaboração pode ser uma via para novas oportunidades; ademais, é também um novo rumo das organizações e pode ajudar a melhorar a sua capacidade de liderar.


Bom trabalho e grande abraço.


Prof. Adm. Rafael José Pôncio





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terça-feira, 10 de maio de 2022

Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin, a rainha do Champagne

Quando falamos sobre a história do empreendedorismo é comum nos referimos a homens. Sem dúvida, se analisarmos o nosso passado enquanto civilização é inegável as diferentes formas de tratamento dadas às mulheres, em geral designadas para o espaço doméstico e educação dos filhos. A construção desigual destes papéis sociais limitou por muito tempo a atuação feminina frente aos negócios. Nos choca, por exemplo, que há menos de cem anos atrás uma mulher seria mal vista ao tentar gerir um negócio por conta própria, principalmente se não viesse de uma classe abastada. 

Sendo assim, até o século XX foram raras as empreendedoras que obtiveram sucesso, mesmo sob as rígidas condições do seu tempo. Porém, apesar de poucas, as mulheres da época também deixaram sua marca indelével no mundo dos negócios. Hoje conhecemos uma destas damas que enfrentaram não apenas a concorrência em seus empreendimentos, mas também o preconceito de um mundo que não as aceitavam como empresárias. Retornemos então até a França do início do século XIX para sabermos um pouco mais sobre a Madame Barbe-Nicole Clicquot-Ponsardin, a viúva que se tornou a rainha do Champagne.

Do lar às adegas

Nossa grande empreendedora no ramo de vinhos nasceu em 1777, no norte da França. Advinda de uma família de posses - seu pai era um industrial têxtil - a jovem Barbe-Nicole teve a chance de estudar e adquirir uma excelente formação, algo raro para as mulheres da época e destinada apenas às que fossem bem nascidas. Seus pais, porém, apesar de acumularem uma fortuna considerável, viviam sob a sociedade do Antigo Regime e não desfrutavam de uma série de privilégios concedidos apenas à nobreza. Esse fato levou o pai de Barbe-Nicole a ser um personagem ativo no movimento que mudaria o rumo da Europa e da organização social de todo o Ocidente: a Revolução Francesa.

Barbe-Nicole nos anos da revolução era apenas uma menina e fora blindada dos episódios mais intensos dos dez anos que mudaram a história francesa. Porém, mesmo vivendo sob uma nova ordem social, muitos costumes mantiveram-se. Um deles, certamente, diz respeito ao papel da mulher na sociedade europeia que, em linhas gerais, estava estritamente submissa ao marido. Desse modo, ao fim dos anos de revolução Barbe-Nicole estava com um casamento marcado, tudo arranjado entre o seu pai e o seu futuro sogro.

Como bem sabemos, a prática de utilizar o casamento como uma maneira de construir alianças e fortalecer laços entre famílias é tão antiga quanto a própria história humana. Sendo assim, os pais da jovem Barbe-Nicole viram no casamento de sua filha uma oportunidade de ampliar seus negócios. Dessa maneira, em 1798, com 21 anos, a futura empresária do champagne casou-se com François Clicquot. Porém, a vida em família não seguiria para o “final feliz” que as antigas histórias nos contam.

Seis anos após o casamento do então François, que nesse momento tinha assumido a vinícola do seu pai e comandava um próspero comércio de vinhos, acabou morrendo precocemente de febre tifóide, em 1805. Assim a doença levou o casamento de Barbe-Nicole ao fim e isso representava, para a grande maioria das mulheres, uma vida marcada pela viuvez. 

Entretanto, por vezes são nos momentos de maior tensão e dor que revolucionamos a nossa própria vida. Com Barbe-Nicole isso aconteceu de maneira precisa, pois a jovem de 27 precisava não apenas garantir sua sobrevivência, mas também a dos seus filhos. Portanto, a necessidade a fez, em grande parte, sair do papel de esposa e dona de casa para tornar-se uma verdadeira empresária. Essa resiliência a tornou mais forte!

Entretanto, essa não foi uma jornada fácil. O primeiro desafio estava justamente em conseguir trabalhar. Graças a uma brecha na lei francesa, na qual afirmava que uma viúva poderia assumir os empreendimentos do seu falecido marido, Barbe-Nicole passou a ser a dona da vinícola Clicquot. Esse fato certamente chocou a sociedade francesa, uma vez que as mulheres eram proibidas não apenas de trabalhar, mas também não podiam votar, frequentar cursos superiores nem muito menos comandar de tão perto um empreendimento. Assim, com o apoio do seu sogro, a madame Clicquot passou a empreender e aumentar os lucros da vinícola, mas essa jornada estava longe do fim.

Madame Clicquot, superando as guerras

Outro grande empecilho enfrentado pela Madame Clicquot em sua vinícola foram as guerras napoleônicas. Como a história nos conta, após o golpe do 18 Brumário o general do exército francês Napoleão Bonaparte assumiu a França e estabeleceu o seu império. Suas pretensões e conquistas se estenderam até 1815, quando foi derrotado em Waterloo e foi aprisionado na ilha de Santa Helena. Mas qual a relação desse momento de disputas entre a França e a Europa e os negócios da nossa empreendedora?

Devido às constantes batalhas a produção e consumo de vinho caiu na França, uma vez que grande parte do contingente estava direcionado para as frentes de guerra. Além disso, a exportação do vinho para os países europeus também estava comprometida devido a péssima política exterior do general conquistador. Desse modo, a madame Clicquot chegou muito próxima da falência, principalmente após 1812 com a derrota francesa frente à Rússia. Porém, mais uma vez a tragédia abria um espaço sutil nos negócios que só o olhar de um verdadeiro empreendedor conseguiria ter. 

Antes da guerra acabar, Barbe-Nicole percebeu que seus vinhos mais doces eram os preferidos no leste Europeu, diferentemente dos outros vinhos que circulavam na França. Percebendo uma chance de alavancar seus negócios e conquistar um novo mercado, a Madame Clicquot direcionou grande parte da sua produção para estes países, em especial para Rússia, principal combatente do exército francês. Assim, deixando grande parte de sua mercadoria estocada com outros comerciantes no país inimigo e com ordens para vendê-lo somente após a guerra, a madame Clicquot fez um movimento extremamente arriscado, pois poderia perder não apenas a última chance de salvar seu negócio, mas ser considerada uma traidora por furar o bloqueio comercial estabelecido por Napoleão.

Porém, com a derrota francesa e o fim da ofensiva contra a Rússia, rapidamente voltou-se à rotina pré-guerra e ao consumo regular de álcool por parte da população. Desse modo, quase como mágica, quando os copos voltaram a ser enchidos nos bares o vinho - que hoje conhecemos como Champagne - neles eram os da vinícola Clicquot. Em pouco tempo a viúva Clicquot, como também era conhecida, tornou-se uma das empresárias mais bem sucedidas do seu tempo, ganhando não apenas dinheiro, mas notoriedade no ramo da enologia.

Essa percepção do futuro lhe garantiu adentrar profundamente no mercado dos países do leste europeu, além de fortalecer sua marca com outros produtos circulando em mercados menos atrativos para a champagne, como a própria França. Essa façanha mostra um lado muito interessante da Madame Clicquot, pois ela não apenas foi capaz de enxergar a oportunidade frente o contexto em que vivia, mas de arriscar-se em um momento tão delicado para a sua empresa à beira da falência. 

Devido a capacidade de assumir um risco tão alto, porém perfeitamente calculado, Madame Clicquot tornou seus vinhos populares em todo o continente, feito que até hoje reverbera em todo o mundo.

Após sua morte, em 1866, a vinícola passou por mudanças. Uma delas, que permanece até os dias atuais, é o nome da própria empresa. Atualmente a conhecemos como Veuve Clicquot, que em uma tradução direta significa “viúva Clicquot”. Seus vinhos, como uma pesquisa rápida nos mostra, podem variar entre R$ 337 até R$47.000, sendo assim um dos mais caros do mundo.

Considerando todos esses aspectos e ressaltando mais uma vez a sua força moral para desempenhar um papel tão distinto quanto o que a sociedade a pressionava a ser, não é a toda que Barbe-Nicole Clicquot encontra-se nessa lista de Grandes Empreendedores da História do mundo. Que seu espírito empreendedor e visão para conquistar - e dominar - o mercado nos deixem inspirados para darmos seguimento aos nossos negócios e fazê-los prosperar.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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