domingo, 25 de novembro de 2012

A importância de repensar o negócio — saiba o momento e de que forma recalcular a rota


Na jornada do empreendedor existem várias situações em que o melhor a ser feito é parar a engrenagem, rever estratégias e reavaliar até a própria vida. Por exemplo, no estabelecimento de uma nova empresa podemos lidar com circunstâncias que inicialmente não prevíamos e, nesse caso, é comum haver a necessidade de fazer ajustes após repensar o negócio.

Outra questão diz respeito a um dos grandes desafios do empreendedor, que é conseguir equilibrar o seu papel estratégico, enquanto gestor, com o operacional. Afinal, um empresário de uma empresa de pequeno e médio porte geralmente lida com o acúmulo de funções. Nesse sentido, é sugado pelos problemas do dia a dia, ao mesmo tempo que precisa pensar estrategicamente nos próximos passos, no futuro da organização.

Além das situações citadas, há ainda o fato de o cenário empresarial ser bastante dinâmico. Por isso, há a necessidade de estar sempre preparado para se adaptar às mudanças e, portanto, é importante analisar regularmente a fase em que a empresa está para estabelecer parâmetros para novos ciclos.  

Esses são alguns exemplos em que uma pausa para avaliação e autoanálise é importante no empreendedorismo. Confira, nas próximas linhas, outros alertas de que é o momento de recalcular a rota. 

Sinais de que está na hora de repensar o negócio 

A conta não fecha e você está no vermelho

Quando a situação financeira não vai bem, o ideal é rever estratégias e fazer uma ponderação sobre o cenário da empresa antes que tudo piore e fechar seja a única saída. Nesse sentido, essa atitude pode ser uma questão de sobrevivência. 

Os resultados estão estagnados

Quando você percebe que os resultados estão estagnados, é preciso investigar a causa. Pode ser que sua empresa tenha alcançado o ápice de crescimento em determinado mercado e seja necessário encontrar novas formas de atingir um novo público. Ou então identificar se há gargalos no atendimento. De qualquer maneira, é crucial parar para analisar e entender o que não está dando mais certo. 

O mercado mudou e o produto está obsoleto

São vários os exemplos de produtos e serviços que perderam espaço devido à mudança do mercado. É preciso acompanhar as transformações geradas pela mudança de comportamento do consumidor e encontrar maneiras de se adaptar a elas e pensar em novas estratégias para não ficar de fora do mercado.  

Sua rotina é apagar incêndios

Tem alguma coisa errada quando você passa grande parte do seu dia resolvendo problemas em vez de produzir e trabalhar no que realmente trará resultados para sua empresa. Quando observar que está nessa situação de forma recorrente, o melhor a se fazer é identificar o que precisa ser revisto e reparado na rotina da empresa para que isso não ocorra. 

Seus objetivos de vida não estão alinhados com os da empresa ou com o empreendedorismo

Isso pode acontecer. Talvez tudo esteja indo bem nos negócios, mas seus sonhos e expectativas mudaram e você não se identifica mais com a proposta ou objetivos da empresa que criou ou tenha outros objetivos profissionais, fora do empreendedorismo. 


Não tem nada de errado com isso. Só é importante avaliar a situação com calma e se planejar bem antes de tomar qualquer decisão, já que ela pode impactar não só a sua vida, mas também a de outras pessoas que fazem parte da empresa.


Homeostase empreendedora de negócio próspero

A empresa vai bem no faturamento, a equipe parece estar alinhada como organismo vivo e transparece que tudo está bom. Porém, estagnada e quando existem oportunidades de crescimento não flui, não marca mais "gols". Eu digo que é uma síndrome do perigo empreendedorial, é uma empresa sem desafios onde o empreendedor fundador não está mais presente de alma e ninguém o substituiu.


Cabe uma visão holística administrativa do negócio para voltar a ter uma alta performance empresarial. É necessário clareza da relações humanas na organização e a criação de novos aprendizados e novos desafios. O mercado muda vertiginosamente!

Problemas pessoais e dificuldade de equilibrar a vida profissional com a vida pessoal

Como sabemos, o empreendedorismo exige uma dedicação extrema. São muitas horas de trabalho por dia, muitos percalços pelo caminho e o excesso de trabalho pode comprometer o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. 


Além disso, há momentos em que problemas pessoais, inevitavelmente, se misturam à rotina de trabalho. Nesses casos, é preciso ter a sabedoria de que esse é um indício de que não repensar o negócio e insistir em manter as coisas como estão podem levar a consequências extremas. 


Dessa maneira, o empreendedor precisa sim reavaliar sua rotina, seu ritmo de trabalho e até a própria vida, analisando a quantidade de tempo que tem se dedicado ao trabalho, ao lazer, à família e à espiritualidade. 


Como reavaliar os rumos da empresa como empreendedor

1. Tenha ajuda

Conte com alguém para compartilhar suas aflições, dilemas e dúvidas nesses momentos de repensar o negócio. Não precisa ser um consultor profissional, mas uma pessoa experiente no cenário empresarial que tenha o papel de mentor. Além da experiência, ela poderá auxiliá-lo ao ter uma visão de alguém de fora, que não está ligado emocionalmente aos problemas.  

2. Faça um diagnóstico da situação do negócio

Para fazer mudanças, é preciso, antes de mais nada, analisar a realidade da empresa. Seja pela questão financeira, pelas dificuldades de mercado ou problemas com processos, produtividade e logística, é importante ter a ciência de tudo que precisa ser revisto e reestruturado em um novo planejamento estratégico. 

3. Identifique os pontos fracos e fortes

Nesse contexto, mesmo que haja problemas, certamente você observará êxitos, pontos fortes e competências que são o seu diferencial e poderão ser replicados futuramente. Ao identificar os pontos fracos, você estabelece os processos que precisam ser melhorados e pode, assim, estabelecer metas para atingir melhores resultados. 

4. Reconheça o que é necessário deixar para trás

Muitas vezes, ao empreender, ficamos presos a algo idealizado, que não condiz com a realidade, e resistimos a compreender a necessidade de deixar uma ideia, um comportamento, um hábito arraigado, uma estrutura, um modelo (e até uma pessoa!), ir para as coisas começarem a andar. 


Repensar o negócio é também reconhecer que a nossa teimosia em insistir em algo que não está dando certo poderá comprometer um resultado e isso requer coragem. Afinal, nem sempre é fácil tomar decisões que provocarão mudanças no nosso sonho original, naquilo que sempre idealizamos.


A questão é que repensar o negócio não é mesmo um exercício agradável, mas é necessário e inevitável, caso você deseje superar obstáculos ao empreender. Fazendo uma analogia simples, acredito que seja como tomar um remédio de gosto ruim. A experiência pode não ser das mais prazerosas, mas a longo prazo é o que lhe tornará saudável — seja você ou sua empresa.


Bom trabalho e grande abraço.


Rafael José Pôncio




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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Sobre Virtudes e Empreendedores


Todo ser humano possui atributos que o permitem destacar-se no mundo. Comumente chamamos esses atributos de “talento”, “dom” ou mesmo “vocação” para determinadas atividades. Frases como “você nasceu para isso” e “você fazendo esse trabalho até parece ser fácil” são recorrentes quando encontramos um profissional que realiza bem o seu serviço e, naturalmente, o dizemos que ele tem “talento” para aquela função.

De fato, quando paramos para refletir sobre essa ideia percebemos que cada pessoa tem uma aparente facilidade em alguma ou algumas áreas do conhecimento. Não por acaso, quando não sabemos em que desejamos trabalhar, geralmente recorremos aos famosos “testes vocacionais” para encontrar a profissão ideal a partir do que sabemos fazer e das áreas do nosso interesse pessoal. 
Pensando nisso, não seria de se espantar que um empreendedor também deveria ter certos atributos, qualidades quase “inatas” que o despertaria a viver o mundo do empreendedorismo. No texto de hoje falarei um pouco sobre as virtudes que um empreendedor deve ter para conseguir realizar-se em seus negócios. 

O que são virtudes?

Antes de mais nada, precisamos definir o que estamos chamando de virtudes. Essa é uma palavra que, de maneira geral, utilizamos em diversos contextos e nem sempre a empregamos com o sentido correto. A confundimos com qualidades, técnica e uma série de ideias que reforçam algo de bom que sabemos fazer. 
Começando por sua etimologia, a palavra “virtude” vem de “Virtus”, que se traduz por força moral ou valor. Assim, podemos dizer que a virtude são princípios (valores humanos) que uma pessoa pratica em sua vida cotidiana. Generosidade, disciplina, cortesia e paciência são exemplos de virtudes que, quando bem empregadas, nos apresentam novos caminhos diante da vida. Uma outra definição de virtude que podemos aplicar vem do filósofo Aristóteles, que viveu no século IV a.C. Segundo ele, a virtude é “uma ação da alma direcionada pela razão”. Sintetizando essa ideia, Aristóteles nos diz que só exercemos a virtude quando nossa melhor parte (a razão) conduz a ação a partir da nossa verdadeira motivação (a alma, no caso).
Essas duas ideias são importantes para diferenciarmos as virtudes. Elas não são talentos, ou seja, uma habilidade que dominamos com facilidade e maestria. Muito menos trata-se de técnica. A virtude está além desses aspectos, pois trata-se de um princípio de vida, o que norteará nossas atitudes frente a vida. Pensando no campo do empreendedorismo, certamente existem técnicas e habilidades necessárias para que um empreendedor tenha sucesso em seu plano de negócios. Porém, acima disso, é fundamental que seus valores humanos sejam claros e bem definidos, além de buscar sempre um sentido de perfeição, ou seja, tornar cada vez mais similar aquilo que acredita ser um valor com suas ações no dia a dia. 

Praticando virtudes como empreendedor 

É fundamental, antes de mais nada, reconhecer quais são as virtudes que norteiam nossa vida. Assim como um bom empreendedor sabe quais são suas qualidades e suas debilidades, saber quais virtudes possui e quais almeja desenvolver é um dos pilares principais na vida de qualquer pessoa, ainda mais para alguém que gerencia uma empresa. Sendo assim, uma vez que elegemos valores para nossa vida - e naturalmente para as nossas empresas - devemos vivenciá-las na prática. 
Tratando de modo objetivo, é preciso não apenas teorizar sobre esses valores, mas transformá-los em ações concretas. Se, por exemplo, decidirmos que a cortesia é um princípio a ser vivenciado em nossa vida, é fundamental que tratemos todas as pessoas de maneira cortês, do gerente ao estagiário, no trabalho, na rua ou em casa. Como diz uma antiga frase - a vida é uma só, portanto, nossos valores precisam estar presente a todo momento em nossa conduta. Assim conquistamos a força moral que as virtudes exigem. 
Nesse sentido, um empreendedor de sucesso não é aquele que “separa” a sua vida em várias facetas e sabe gerenciá-las bem, mas sim aquele que faz a própria vida parecer unida, mesmo tendo aparentes diferenças. Como bem sabemos, cumprimos outros papéis sociais - somos pais, mães, filhos, professores, chefes, estudantes, etc - e por mais que achemos que devemos ser de um “jeito” em cada um desses papéis, tal qual em um teatro com vários personagens, o fato é que deveríamos buscar sermos sempre os mesmos, pois o que muda são as circunstâncias, não nós.
Traduzindo essa ideia, quero dizer que não basta ser cortês e disciplinado somente no trabalho, ou quando os funcionários ou o chefe estiverem presentes, deve-se, para de fato ser virtuoso, exercer essas virtudes a todo instante.
Visto isso, os benefícios de uma vida pautada por virtudes está em ter uma clara direção a seguir. A partir dessa direção desenvolvemos os meios para alcançá-la o mais rápido possível. Vale ressaltar que os princípios que podem nos nortear são diversos e, por vezes, aparentam ser conflitantes. Assim, é importante conhecer-se o suficientemente bem para definir suas virtudes e também desafiar-se a desenvolver novos valores com o tempo.
Além disso, é bem dito que o bom empreendedor é aquele que sabe, antes de tudo, aonde quer chegar e tem uma visão clara e objetiva de suas metas, de modo que para alcançá-las não seja preciso ferir algum princípio moral. Esse é um passo igualmente importante para um empreendedor que busca respeitar suas virtudes e obter sucesso em seus negócios. Em um mundo que busca o lucro a qualquer preço, devemos estar atentos se a recompensa que almejamos não está cobrando um preço muito alto: o de trair nossos princípios.
Por fim, não nos resta dúvidas de que ser empreendedor está para além de desenvolver técnicas e inovações. Assim como em outras áreas da vida, realizar-se em nossos empreendimentos será uma consequência natural se tornamos a vida alinhada com o que acreditamos. Para isso, é fundamental compreendermos quais virtudes queremos ver no mundo e sermos, a todo momento, uma expressão viva dela.
Bom trabalho e grande abraço!
Rafael José Pôncio



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