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terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Enzo Ferrari, O homem que mudou o automobilismo

O carro é uma das maiores invenções da humanidade. Não nos resta dúvidas de que no último século esse tem sido o principal meio de transporte humano. Apesar de não ser o mais rápido, tampouco o mais seguro, ainda assim sua praticidade é inigualável. Porém, para alguns há uma mágica quando se está atrás dos volantes que é inexplicável, tanto que faltam palavras para descrevê-la. Essa paixão pela velocidade e autonomia que esse veículo nos dá tornou-se, ao longo do tempo, uma verdadeira paixão.

Basta observarmos que o automobilismo hoje é um dos esportes mais assistidos do mundo. Quem de nós, que já passa da casa dos 40 anos, não acordava cedo para assistir Ayrton Senna competir na Fórmula 1? Não por acaso Senna ainda é um dos maiores ídolos do nosso país, ficando à frente de diversas figuras de poder e que, tanto no passado como no presente, moldam nossa realidade. Frente a isso, talvez não consigamos achar um fator determinante que explique a paixão que possuímos por nossos carros e suas mais distintas funções, mas que essa seja o resultado de diferentes estímulos combinados com uma única finalidade.

Para entendermos um pouco sobre este fascínio é preciso conhecermos um dos maiores empreendedores do ramo automobilístico, capaz de fazer com que seu nome se tornasse, provavelmente, a marca de carro mais famosa do mundo e que hoje fatura mais de 3 bilhões de dólares. Estamos falando de Enzo Anselmo Giuseppe Maria Ferrari, o homem que mudou a história do automobilismo.

Ferrari, das oficinas mecânicas às pistas de corrida

Nascido em 1898 na cidade de Modena, Enzo Ferrari vem de uma origem humilde. Seus pais tinham um pequeno negócio no ramo da carpintaria e viviam com altos e baixos, porém o suficiente para formar o caráter do jovem Enzo. Aos dez anos de idade, ao ver uma corrida automobilística, Ferrari encantou-se com aquele universo que abria-se à sua frente e decidiu que faria parte dele. Ainda jovem passou a trabalhar como mecânico e apesar de nunca ter feito uma faculdade de engenharia, a prática levou-o a conhecer e aprimorar diferentes tipos de carro.

Após a Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), o jovem Ferrari, então com apenas 20 anos, já era o principal provedor de sua família, pois seu pai e seu irmão mais novo acabaram por falecer, ambos, em 1916. A dupla perda familiar fez com que a responsabilidade crescesse rapidamente em Enzo, que passaria a procurar empregos melhores para sustentar sua mãe e irmãos. Com sua experiência de mecânico, tentou emprego em grandes fabricantes de carros como a Fiat, mas diversas vezes foi recusado.

Mesmo assim Ferrari seguiu firme e tornou-se piloto de testes na CMN, a Costruzioni Meccaniche Nazionali, em Milão. Na CMN Ferrari conseguiu ser promovido para piloto e participar das primeiras corridas de sua vida, porém ainda era um pequeno passo para quem almejava o maior dos sucessos.

A vida de Enzo Ferrari começou a mudar quando procurou a Alfa Romeo. Seu primeiro emprego na fabricante de carros italiana foi o de piloto, mas podemos dizer que Ferrari passou por praticamente todas as funções da empresa. Desde vendedor à chefe do departamento de desenvolvimento de carros. Como piloto Enzo competiu até o fim dos anos 1920, mas ao longo dos anos tomou mais gosto pela gestão da equipe do que por estar nas pistas. Assim, em 1929 chegou a fundar a scuderia Ferrari, uma divisão da Alfa Romeo para competir em outras categorias. Assim começava, de fato, o império de Enzo Ferrari.

O começo do império Ferrari

A scuderia Ferrari existiu por poucos anos, mas seus feitos dentro e fora das pistas causaram um grande impacto na vida de Enzo. Apesar de ser um braço novo da Alfa Romeo, a dificuldade em estabelecer-se na divisão que competia logo foi superada por grandes conquistas. Em 1935 ocorreu a mais notável delas, no qual a scuderia Ferrari chegou em primeiro lugar no prêmio da Alemanha, que na época tinha os melhores pilotos e carros de corrida.

O talento da scuderia começou a se destacar, porém, os ventos da mudança acabaram não sendo favoráveis a Ferrari e seus pilotos. Passando por dificuldades financeiras, em 1937 a Alfa Romeo tirou seu patrocínio e, na prática, fechou a divisão comandada por Enzo. Ele foi realocado para a divisão de esportes, o que naturalmente deixou o modenês descontente. Dois anos depois, após um desentendimento com seu chefe, Ferrari deixou a Alfa Romeo e construiu um novo empreendimento para fabricação de carros. Porém, logo após a estreia de sua fábrica o mundo entraria na sombria II Guerra Mundial (1939 - 1945). A fábrica de Enzo Ferrari foi obrigada, via decreto de Guerra, a fabricar não mais carros, mas sim armas. Assim passaram-se longos 6 anos até que Enzo pudesse retomar sua atividade.

Somente em 1947 a Ferrari nasceu, fruto de um objetivo claro: fabricar carros e competir. Inicialmente o plano de Enzo Ferrari era o de fazer frente ao dominante mercado interno da Itália, que era conduzido principalmente pela Alfa Romeo. Em 1948, a Ferrari lançou-se nas primeiras competições e mais uma vez os seus carros ganharam um rápido destaque. Para uma equipe iniciante o primeiro ano de competições foi surpreendente, mas ainda precisaria de muito esforço para conseguir competir com os carros da Alfa Romeo e, mais tarde, com outros grupos já consolidados no mundo automobilístico.

Ao longo dos anos 1950, a Ferrari passou de estreante à grande favorita do mundo automobilístico. Além do destaque nas pistas, os carros de luxo da Ferrari seriam não somente um valor para a marca, mas um status que até os dias atuais mantém-se. Porém, nem tudo foram flores durante esse período para o empresário do automobilismo. Em 1956 Enzo precisou lidar, mais uma vez, com a perda de um ente querido. Seu filho acabou falecendo precocemente, o que causou um grande impacto psicológico no dono da Ferrari. Ele passou a evitar encontros sociais desnecessários, além de andar sempre de óculos escuros, o que tornou-se, em sua maturidade, uma marca pessoal.

Apesar disso, a história da Ferrari seguiu o rumo do sucesso, mesmo com momentos de dificuldade. Nos anos 1960, por exemplo, uma rixa interna fez com que diversos membros da diretoria e pilotos abandonassem a equipe. As dificuldades financeiras também precisaram que Enzo fizesse alguns ajustes, como a venda de 50% da Ferrari para a Fiat, mas mantendo o controle sobre as operações nos campeonatos mundiais de automobilismo.

Mantendo sempre o controle da empresa em suas mãos, Enzo Ferrari seguiu até seu último suspiro no controle da sua empresa. O menino que amou o automobilismo à primeira vista descansou aos 91 anos, em 1988. No mesmo ano de sua morte a Fiat tornou-se dona da marca, comprando 90% de suas ações. Isso só foi possível após a partida de Enzo, que jamais permitiria perder o controle da Ferrari.

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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