O século XIX é tido como um dos períodos mais significativos para a tecnologia. Levados
pelas novas descobertas científicas, diversos inventores protagonizaram um papel
fundamental na descoberta de aparelhos e instrumentos que utilizamos nos dias atuais.
Invenções como a lâmpada e o rádio, por exemplo, já foram abordados aqui no
“Grandes Empreendedores da História” e foram frutos desse tempo. Hoje, entretanto,
irei abordar mais uma grande invenção dos tempos modernos e que fazemos uso em
nosso dia a dia: o telefone.
Hoje vivemos em um mundo no qual é impensável não utilizar algum tipo de telefone para
comunicar-se. Estima-se que há, atualmente, mais de 8 bilhões de linhas de celulares ativas
no planeta, ou seja, existem mais contas de celulares do que pessoas na Terra. Entretanto,
se para nós o telefone é um item indispensável em nossa vida, até a segunda metade do
século XIX ele era um item quase impensável e sua tecnologia era quase mágica para os
homens e mulheres daquele tempo.
Para falar deste aparelho, porém, é fundamental conhecermos o indivíduo que não apenas
inventou o modelo de aparelho telefônico, mas que também abriu uma empresa para
comercializar sua invenção com o mundo: Alexander Graham Bell.
Sobre Graham Bell
Nascido em 1847 em Edimburgo, Alexander Graham Bell tem uma história antiga com a
comunicação. Sua família, mais precisamente seu avô e seu pai, foram importantes
elocucionistas, que nada mais é do que um especialista na arte da retórica. A família
Graham Bell foi responsável por alguns tratados de elocução no século XIX, sendo o próprio
Alexander um estudioso dessa área. Ele chegou a lecionar aulas sobre o tema na
Universidade de Somersetshire, na Inglaterra. Além disso, por anos ele ajudou seu pai a
desenvolver um sistema que ajudasse pessoas com deficiência auditiva a compreenderem
a fala e melhorar, assim, a comunicação entre essas pessoas. Porém, como bem sabemos,
sua principal contribuição para a História estava em outro campo do mundo das
comunicações.
Cada vez mais interessado em melhorar a comunicação, sua jornada para a invenção do
telefone começou em 1870, aos 23 anos, quando mudou-se para o Canadá. Antes disso,
Graham Bell já começava a estudar sobre acústica e meios de propagar o som utilizando
eletricidade, porém ainda engatinhava nessa arte quando chegou ao Novo Mundo. Com o
intuito de ajudar seus alunos por meio de uma máquina que auxiliasse na compreensão dos
sons, Graham Bell desenvolveu em Boston os estudos que levaram à fabricação do
primeiro telefone.
Antes de entrarmos nos detalhes de sua invenção e empreendimento, é interessante
perceber como a mentalidade do empreendedor - e também dos inventores, nesse caso -
nascem a partir de uma necessidade. Nada é criado “por acaso”, ou sem um fim específico.
Tudo que existe foi pensado por alguém que viu a necessidade de que aquele aparelho ou
sistema tinha para a sociedade. Assim, em sua essência, o empreendedorismo carrega em
si a busca por uma resposta a um problema coletivo, que não irá beneficiar apenas o seu
inventor, mas todo um setor da nossa sociedade ou mesmo ela toda. No caso de Graham
Bell, seu intuito inicial era ajudar apenas os seus alunos a superarem uma deficiência, mas
seus estudos revelaram-se tão promissores que conseguiram levar a comunicação para um
outro patamar.
“Senhor Watson, venha para cá. Preciso falar-lhe”
Voltando ao nosso protagonista, no dia 10 de março de 1876, seis anos após chegar ao
Canadá e passar a dedicar-se aos seus estudos, Alexander Graham Bell e seu assistente
conseguiram realizar a primeira transmissão telefônica da História. A frase que marcaria a
vida dos dois homens e os fizeram garantir seus lugares como marcos do nosso tempo foi
transmitida pelos fios de cobre que ligavam os dois aparelhos:
"Senhor Watson, venha para cá. Preciso falar-lhe", disse Graham Bell através do primeiro
telefone registrado. Rapidamente os dois organizaram-se para apresentar sua mais nova
invenção e patenteá-la. Feito isso, em 1876 Graham Bell fez sua primeira demonstração
pública, na Filadélfia. Nessa exposição estava presente o até então imperador do Brasil,
Dom Pedro II, que teria ficado tão impressionado com a invenção que decidiu comprar um
exemplar para instalar no Rio de Janeiro. Foi então na casa de repouso do Imperador que o
primeiro telefone chegou ao Brasil, em 1877.
Porém, nem tudo são flores quando se trata da invenção do telefone. Como pontuamos, o
século XIX foi palco de inúmeras invenções e gênios criativos. Contemporâneo a Graham
Bell, outras pessoas também estavam desenvolvendo seus estudos e buscando uma
maneira de criar uma comunicação eficiente. Uma delas foi a inventora Elisha Gray, que
teria patenteado no mesmo dia um aparelho similar ao telefone de Graham Bell. Apesar
disso, ambas foram registradas como invenções distintas, mesmo se assemelhando em
diversos pontos.
Outro nome que discute-se até os dias atuais acerca das patentes é o do italiano Antonio
Meucci, que teria desenvolvido um protótipo do telefone cerca de dez anos antes, em Cuba.
De fato, em 2002 foi reconhecido que Meucci foi o inventor do telefone, mesmo que seu
protótipo não estivesse concluído. Mas então, por que ainda hoje falamos de Graham Bell
como o grande inventor do telefone?
Marcando a História
O diferencial de Graham Bell para os seus “concorrentes”, chamemos assim, foi sua visão
empresarial. Junto com seu sogro e seu pai, após concluírem que sua invenção funcionava
e poderia estabelecer um marco na comunicação global, Graham Bell decidiu fundar uma
empresa para comercializar o novo equipamento: a Bell Telephone Company. Criada em
1877, ou seja, no ano seguinte à comprovação de que o telefone funcionava, a empresa
passou a fabricar modelos de telefone para os EUA e outros países. Como já falamos o
Brasil foi um dos primeiros países a possuírem telefone graças ao imperador D. Pedro II.
Além disso, nos anos seguintes outros empresários viram com bons olhos o investimento
nesse ramo da comunicação, o que fez a empresa de Graham Bell e seus sócios crescerem
rapidamente. Através de algumas fusões, eles dominaram o mercado e conseguiram
difundir o aparelho telefônico para diversos países. Vale ressaltar que o sucesso da Bell
Telephone Company ecoa até os dias atuais, uma vez que a empresa ainda existe, só que
com outra nomenclatura. Transformada na AT&T, American Telephone and Telegraph, a
multinacional tem faturamento anual em torno de 163 bilhões de dólares.
Visto isso, podemos afirmar que o grande marco histórico do Graham Bell não foi
necessariamente inventar o telefone, mas sim torná-lo um equipamento fundamental para a
nossa sociedade, melhorando nossa comunicação e permitindo um grande avanço para o
nosso momento atual. Sua visão enquanto empreendedor, nesse sentido, foi mais relevante
e eficaz do que sua perspicácia enquanto inventor. Acima destas questões, porém, está o
espírito de buscar melhorar a vida das outras pessoas, seja através da busca de um
tratamento para surdez ou mesmo encurtar as distâncias através de uma ligação.
Por fim, para além do sucesso em seu empreendimento e suas habilidades, Graham Bell
buscou melhorar a vida de outras pessoas. Essa, provavelmente, é a maior qualidade que
podemos encontrar em um homem de negócios.
Bom trabalho e Grande abraço!
Prof. Adm. Rafael José Pôncio
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Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.
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