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terça-feira, 8 de março de 2022

Andrew Carnegie, o empresário do aço

Há diversos meios para se tornar um empreendedor. Há, por exemplo, pessoas que foram estimuladas desde cedo ao mundo dos negócios. Seja por nascer em uma família dedicada ao meio empresarial ou por ter, em sua fase de formação, conhecido alguém que as ensinasse, essas pessoas adquirem uma visão para buscar soluções quase “naturalmente”. Como bem sabemos, o que para alguns é chamado de “talento” ou “dom” para os negócios é, na verdade, uma boa formação para esse ramo profissional. 

Entretanto, há aqueles que não nasceram em uma família com empresas, muito menos estudaram em faculdades ou fizeram uma ampla formação em administração ou economia, mas ainda assim tornaram-se empreendedores de sucesso. A essas pessoas, popularmente conhecidas como “Self-made man” (o homem que se construiu), guardo uma percepção especial quando falo sobre a natureza que alguns seres humanos têm para o empreendedorismo. 

Como já ressaltei em alguns textos desta série, acredito que ser um empreendedor está muito além de ser capaz de montar e fazer sucesso com uma empresa. O empreendedorismo é, antes de tudo, uma capacidade humana de solucionar problemas. Dessa forma, aquele que desenvolve essa capacidade é capaz de não apenas ganhar dinheiro, mas principalmente ajudar toda a sociedade em uma debilidade que ainda possa existir.

Dito isso, hoje conheceremos um Self-made man que conseguiu sair de uma origem humilde até tornar-se o homem mais rico do seu tempo. Estou falando de Andrew Carnegie, o homem que dominou a produção de aço nos Estados Unidos. 

Para entendermos, porém, a relevância da indústria fundada por Carnegie precisamos relembrar um pouco do contexto histórico em que o magnata do aço estava inserido. Assim, voltemos aos Estados Unidos do século XIX, uma nação independente que vivia o contraste da vanguarda da revolução industrial e o sistema escravocrata. É nessa nação contraditória que a vida de Andrew Carnegie irá brilhar.

Do catador ao magnata do aço 

Nascido em Dunfermline, uma pequena cidade da Escócia, em 1835, Andrew ainda muito jovem mudou-se com sua família para os Estados Unidos. Não tendo posses, ele foi obrigado desde cedo a trabalhar como catador em uma fábrica para ajudar na renda da família, tudo isso com apenas 12 anos de idade. Entretanto, apesar da infância difícil, a educação recebida por Andrew foi seu principal pilar na maneira de conduzir suas finanças, uma característica que ele carregou até o seu último suspiro.

Os esforços do jovem Andrew não foram em vão. Sua dedicação ao trabalho, aliado com seu entusiasmo em aprender, o fizeram subir na carreira. Observando sua trajetória no mundo do trabalho, é notável que essas duas características foram sua marca registrada, uma vez que nunca deixou de dedicar-se ao seu ofício e sempre buscou aprender ao máximo. Frente a isso, após alguns anos passou ao trabalho de mensageiro, o que lhe garantia uma melhor renda e uma maior qualidade de vida. Foi graças a esse trabalho que Andrew passou a conhecer uma série de importantes empresários e comerciantes. Junto a isso, sua memória ajudava-o a não esquecer daquelas pessoas que, no futuro, iriam estar negociando com o jovem empreendedor. 

Andrew buscou aperfeiçoar não apenas suas habilidades mais inatas, mas também aquelas que seu trabalho dependia diretamente. Desse modo, era um incansável aprendiz do seu próprio ofício. Na condição de mensageiro conseguiu, ao longo da prática diária e de exercícios, escrever mais rápido e compilar uma série de mensagens, o que lhe garantia mais celeridade no processo de distribuição das mensagens e eficiência. Assim, quase “sem querer” o jovem Andrew Carnegie já buscava habilidades como um empreendedor, mesmo que sua empresa fosse ele mesmo. Ao observar o seu processo, desenvolveu um sistema que lhe fosse vantajoso e com isso foi capaz de otimizar seu trabalho, gerando mais eficiência e destaque em sua forma de trabalhar.

Considerando isso, cabe destacar como essa natureza empreendedora, de sempre melhorar uma situação e achar soluções é algo quase inato ao Ser Humano. É graças a essa forma de pensar e colocar-se ao serviço que progredimos em tecnologia e dinamizamos nossa vida social, através não apenas de resoluções de problemas, mas inovação e criação de novas perspectivas sociais. Essas “habilidades”, chamemos assim, não importa em qual tempo histórico estejamos, sempre serão valorizadas e recompensadas.

Não por acaso, com 15 anos Andrew Carnegie começou a prestar serviço em uma ferrovia na Pensilvânia. Em pouco tempo - apenas 9 anos depois - Andrew tornou-se superintendente das estradas de ferro da Pensilvânia, com incríveis 24 anos.

Como um jovem, trabalhando desde os 12 anos em uma jornada de mais de 10 horas diárias pôde, em pouco tempo, alcançar um cargo tão alto? A resposta está muito além do esforço, notável, de Andrew, mas sim na sua capacidade de aprender e aperfeiçoar a sua maneira de trabalhar. Isso, sem dúvidas, o apresentou como um candidato diferente, uma vez que não apenas cumpria os seus deveres, mas estava a todo momento tentando aperfeiçoar sua eficiência. Mas isso era suficiente para criar um dos homens mais ricos do mundo?

É inegável que Carnegie era um trabalhador incansável, mas para o mundo dos negócios é preciso muito mais do que uma grande força de trabalho. O maior teste de Andrew, após quase duas décadas atuando como empregado em uma empresa, era o de provar-se um homem de visão. A experiência acumulada como superintendente e sua capacidade de auto aperfeiçoar o possibilitou demitir-se do seu cargo para abrir sua própria empresa, justamente no ramo em que mais conhecia.

A ascensão da companhia de aço Carnegie 

Aproveitando o fim da guerra de secessão, em 1865, Andrew inicia seu empreendimento: a companhia de aço Carnegie. Mas qual a relevância de investir na metalurgia nesse período? Na segunda metade do século XIX a revolução industrial voltava-se para os transportes. As máquinas a vapor que outrora apenas produziam em maior escala os produtos, precisavam de um meio de locomoção eficiente para dar vazão à demanda. 

Assim, a tecnologia da época levou a indústria a criar estradas de ferro que cortavam grande parte do país, integrando assim as fábricas com portos e principais pontos de comércio.

Países como Inglaterra, França e Estados Unidos foram pioneiros na construção de ferrovias, e frente a isso a indústria metalúrgica era uma peça fundamental. Além da produção da matéria-prima utilizada nas estradas e locomotivas, o aço ainda era importante na construção de pontes e começava a ser utilizado na estrutura de prédios. Dessa forma, após cinco anos sangrentos de guerra civil, o progresso americano parecia vir a partir das rodas de aço dos trens que, além de transportar mercadorias, também era um eficiente meio de transporte humano.

Além da alta do aço e sua função essencial dentro da lógica de mercado do século XIX, uma das grandes vantagens de Carnegie frente ao seus concorrentes foi a de otimizar o seu processo de fabricação, utilizando novos procedimentos. Dessa forma, a companhia de aço Carnegie era capaz de fabricar um material de excelente qualidade a um pequeno custo, o que fez com que seu lucro chegasse a níveis exorbitantes. 

Uma outra vantagem de Andrew Carnegie foi o fato de abrir outras empresas, como a Keystone Brigde Works, que eram responsáveis por atender a demanda de construção. Dessa maneira, além de lucrar na fabricação do material, Andrew ainda conseguia colocar em evidência sua importância ao fomentar a infraestrutura do país. Foi ele que construiu, por exemplo, a primeira ponte do Estado de Ohio, além de tantos outros prédios e estradas. 

Estima-se, em cotações atuais, que a riqueza de Andrew, em seu apogeu, tenha superado a quantidade de 1 trilhão de dólares. Porém, será que isso é o suficiente para se tornar um dos maiores empreendedores de todos os tempos?

“O homem que morre rico, morre desonrado”

Ao longo da sua carreira como empreendedor, as aplicações e movimentos de Andrew foram pautados não apenas em uma visão clara de oportunidade de negócios, mas em sua capacidade de aperfeiçoar seu modo de ação. Isso, certamente, nos diz muito acerca da pessoa que Carnegie era e a razão pela qual se tornou um homem bem sucedido. Porém, há ainda um lado humano que torna esse Self-Made Man ainda mais marcante na história do empreendedorismo.

Suas ações filantrópicas, quando estudadas, mostram-se tão interessantes quanto sua própria carreira empresarial. Longe de pequenas e, comparadas a sua fortuna, irrisórias contribuições financeiras, Andrew Carnegie tinha uma noção muito clara das necessidades que a sociedade americana do seu tempo passava. Assim, até o último dia de vida ele usou praticamente toda a sua fortuna - cerca de 90% - em causas sociais, sendo muitas delas pensadas e executadas por ele. 

Uma das mais notáveis, certamente, foi a construção de 2.800 bibliotecas em todo os Estados Unidos, pois Andrew acreditava fortemente que os livros eram a chave para mudar qualquer realidade. Não para menos, em 2012 criou-se uma medalha com seu nome para premiar autores de livros devido aos serviços prestados à literatura.

Além disso, Andrew Carnegie criou fundações de cunho humanitário, além da construção do Palácio da paz, sediado em Haia. No fundo, Carnegie foi muito além de um homem de negócios, mas sim um verdadeiro empreendedor em busca de soluções para problemas humanos. 

Uma de suas frases mais marcantes, “o homem que morre rico, morre desonrado” mostra claramente a visão que o magnata do aço tinha sobre o que deveria ser feito com sua riqueza. Desse modo, o lucro, por mais que fosse seu, jamais poderia ser usado somente para seu benefício, afinal, ele foi obtido a partir de um serviço à sociedade.

Por fim, podemos imaginar o quão capaz é o Ser Humano quando busca sempre a sua melhor versão. O trabalho, por mais exaustivo e repetitivo que seja, jamais é o mesmo se o fazemos com o intuito de sempre refinarmos nossas habilidades. Assim, tomando a perseverança, bondade e vontade de Andrew Carnegie, o colocamos sem sombra de dúvidas no seleto grupo de Empreendedores que mudaram a história. 

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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