terça-feira, 13 de agosto de 2024

Dia do Economista no Brasil e o Legado de José da Silva Lisboa - O Visconde de Cairú


A economia é uma das bases de qualquer sociedade. A partir do momento em que o ser humano começou seu processo de sedentarização no período Neolítico - Entre 10.000 e 4.000 a.C - foi necessário criar um mecanismo de troca e gerência de recursos, afinal, na nova realidade em que estavam inseridos podiam armazenar alimentos e planejar colheitas. Graças a uma noção de economia outros tantos progressos civilizatórios ocorreram como o comércio, a criação de moedas e bancos.

Quando observamos do ponto de vista linguístico também podemos aprender sobre a origem da economia. Sua etimologia vem do grego antigo “oikonomia”, que significa literalmente “administração da casa”. O oikos, que traduzimos como “casa” mas refere-se a todo espaço privado do lar, era administrado pelas mulheres e estas eram responsáveis por garantir os alimentos, a gerência dos recursos e os cuidados gerais da família. Assim, nos seus pequenos estados, a economia nascia como uma prática de bem-estar e uso racional daquilo que se produzia, comprava e vendia.

Ainda hoje conservamos a essência dessa prática, apesar de nossa maneira de administração de recursos ser mais complexa, cheia de nuances e ter se transformado em uma verdadeira ciência social. A economia moderna é praticada tanto dentro como fora das casas, sendo um dos principais pilares de qualquer país. Vale ressaltar que apesar de estarmos nos referindo a economia enquanto uma forma de administração de recursos monetários - em sua maioria - é fundamental entendermos também seu aspecto amplo, no que se refere ao uso racional de todos os elementos que dispomos enquanto indivíduos. Por isso, podemos falar em “economia do tempo” e “economia de energia”, elementos que apesar de não estarem diretamente relacionados com a ciência da administração de recursos, também são assuntos extremamente relevantes e que todos nós deveríamos nos debruçar acerca deles.

Dado a importância da economia em nossas vidas, não deveríamos conhecer um pouco mais sobre esse assunto? Acreditamos que sim! Hoje, 13 de Agosto, no nosso país, celebramos o Dia do Economista. Em 1941, a partir da lei n° 1.411 ficou decretada a criação da profissão de economista. Do ponto de vista legal, a lei garante uma série de condições, direitos e deveres para essa classe de profissionais habilitados, além de legitimar seu ofício e torná-lo legal do ponto de vista jurídico.

Como forma de reconhecimento aos profissionais dessa importante ciência vamos nos debruçar um pouco da sua história. Junto a isso, queremos destacar a relevância da profissão que ajuda a gerenciar todo e qualquer negócio, desde o microempreendedor até os mais poderosos países da Terra.

Um pouco de história: Visconde de Cairú, o primeiro economista do Brasil


Não podemos falar sobre a história da economia no Brasil sem nos referenciarmos em José da Silva Lisboa, também conhecido como o Visconde de Cairú. Além de ter se tornado o primeiro economista brasileiro, José da Silva Lisboa foi um importante articulador político do Brasil durante a estadia da família Real no Brasil (1808 - 1822). Mas estamos nos adiantando a história. Antes de conhecermos seus feitos, é fundamental saber um pouco da trajetória do Visconde De Cairú e como sua paixão pela economia ajudou nosso país em seu processo de busca pela independência econômica.


Dito isso, a história de José da Silva Lisboa começa no dia 16 de julho de 1756, em São Salvador de Todos os Santos, a Capital da América Luso-Brasileiro da época. Advindo de uma família de pequenos comerciantes, desde cedo o jovem baiano aprendeu as primeiras lições de economia, referentes a venda, compra e o lucro de cada mercadoria. Seus pais, pensando na educação do filho, apesar das dificuldades conseguiram enviá-lo para estudar em Coimbra, Portugal. A educação superior no Brasil ainda não existia e o único caminho para se tornar um doutor nas letras era atravessando o Atlântico.

Assim, por alguns anos José da Silva Lisboa estudou direito, filosofia, história e economia política na Universidade de Coimbra. Em um contexto histórico mais amplo, a Europa passava por um momento de grande ebulição intelectual. Era o auge do iluminismo e diferentes pensadores surgiam para questionar a ordem social do Antigo Regime. A revolução americana de 1776 foi o primeiro indicativo de que o futuro não seria comandado por reis, mas sim por presidentes. A Revolução Francesa (1789 - 1799) confirmaria esse presságio na principal potência da Europa Continental.

Em meio a toda essa onda de novas ideias e possibilidades, José da Silva Lisboa aprendeu sobre as mais distintas áreas e conseguiu desenvolver um conhecimento universal. Ao retornar para o Brasil, agora como um bacharel em ciências políticas, foi um veemente difusor das ideias liberais e revolucionárias do iluminismo no final do século XVIII. Sua produção científica, agora em solo brasileiro, foi fundamental para implementar as novas teorias econômicas e ajudar o Brasil a superar o antigo Pacto Colonial vigente desde o início da colonização.

Além dos seus livros e artigos em jornais, José da Silva Lisboa foi um dos principais articuladores da Abertura dos Portos em 1808, um passo gigantesco na história da economia brasileira. Para recordarmos, a família real portuguesa chega ao Brasil nesse mesmo ano após a invasão de Napoleão a Portugal. Com o domínio francês sobre as terras lusitanas, o Brasil se tornava o centro de todo o Reino português, uma vez que era sua principal colônia, mas vivia o impasse do Pacto Colonial no qual uma colônia não poderia negociar com outros países a não ser a sua metrópole.

Frente a esse impasse, a família real é obrigada a abrir os portos brasileiros para os seus parceiros comerciais como a Inglaterra, por exemplo. Essa ação, apesar de parecer estritamente de cunho econômico e estratégico, tem um impacto essencial dentro da política brasileira e inicia o caminho para a independência do Brasil. José da Silva Lisboa, que na época atuava como presidente da junta comercial de Salvador, graças a sua competência foi alçado ao cargo de Ministro do Império, cargo de grande relevância dentro da economia e política brasileira.

Sob essa responsabilidade foi quem conseguiu convencer o então príncipe regente D. João VI sobre a necessidade da abertura dos portos para a sobrevivência da economia do Reino português. Mais que isso, tornar a relação comercial com a Inglaterra foi uma garantia econômica ao nosso país, uma vez que os ingleses eram a principal força rival da marinha francesa. Com a escolta da armada britânica os navios brasileiros e portos estavam protegidos, o que mantinha as transações seguras durante todo o período em que Napoleão assolou a Europa.

Além desse importante papel político, José da Silva Lisboa foi o primeiro diretor da Aula de Comércio, uma instituição criada também com a chegada da família real ao Brasil para o ensino e formação de novos economistas. Assim, a experiência desse grande economista brasileiro foi difundida por gerações durante a primeira metade do século XIX. Dessa iniciativa, que para alguns pode ser tímida frente às grandes universidades de economia que nosso país possui atualmente, porém devemos lembrar que nesse contexto histórico não existia nenhum tipo de conhecimento técnico sobre o assunto.

Ele foi altamente influenciado pelas idéias de Adam Smith e Edmund Burke, com isso podemos dizer que pelos seus artigos escritos, é notório que foi um homem sensato entre o liberalismo e conservadorismo da época conseguindo conciliar o ideário de Estado Novo e Centralidade Portuguesa, e com isso contribuiu muito ao Brasil.

Logo, podemos afirmar que, de certo modo, a Aula de Comércio foi a primeira instituição voltada à formação de economistas brasileiros. Seu período como diretor e professor dessa instituição foi de 1808 a 1822, precisamente 14 anos até que, aos 66 anos, retirou-se da vida pública e entrou para a aposentadoria. Nesse período escreveu obras e seguiu sendo um grande economista, mesmo sem atuar diretamente nas instituições, até 1835, ano em que deixou essa existência aos 79 anos.

Graças aos seus esforços, o título de Visconde do Cairú foi concedido pelo imperador D. Pedro I em 1825. O título, muito mais do que uma honraria formal, representa a síntese do grande legado que esse economista brasileiro deixou para o país. Suas obras foram a base que fundamentou grande parte do conhecimento econômico do Brasil, servindo de material de estudo, formação e qualificação de diferentes gerações de economistas. Assim, lembrar da história de José da Silva Lisboa é lembrar o poder transformador da economia na vida de uma nação.

A economia para além dos números


A história do Visconde de Cairú é um exemplo perfeito de como a economia está para além de uma questão de números e gerenciamento de recursos. Como ciência, o economista precisa dominar diferentes saberes, ser capaz de prever cenários e conhecer profundamente a cultura do seu e de outros países. O economista é, em última instância, um eterno estudante que bebe de diferentes fontes de conhecimento e assim consegue forjar sua sabedoria.

Não por acaso, a economia é uma das ciências mais complexas do mundo atual, envolvendo o universo individual, no qual versa a microeconomia, como também o universo global e toda a sua teia de relações no qual chamamos de macroeconomia. Acima disso há princípios e leis que ditam a dinâmica dessas relações que não atuam apenas no universo humano, mas em toda a natureza. Um animal, por exemplo, desenvolve uma série de habilidades para garantir uma mais eficácia em sua caçada ou na sua proteção contra predadores. Nesse aspecto, a lei da economia versa sobre a relação de gasto de energia X eficiência e garante aos melhores seres vivos a sua perpetuação.

Nesse ponto de vista, a economia é uma necessidade natural e que no nosso mundo se expressa a partir dessa administração consciente dos nossos recursos. Saber lidar com aspectos econômicos, portanto, está muito além de poupar dinheiro ou aprender técnicas de investimento. Para nossa vida prática a economia avança para um território acima dos números e contas matemáticas e versa verdadeiramente sobre as ideias que nos conduzem a uma vida mais próspera e consistente.

Quanto ao nosso treze de agosto - o dia do economista, é notório que o proto e icônico economista brasileiro Visconde de Cairú foi o alicerce para estarmos hoje aqui comemorando essa data tão importante de uma profissão que é "sinônimo de respeito".

Parabéns a todos os Economistas Brasileiros!

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Rafael José Pôncio, orgulho de ser Economista!



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terça-feira, 2 de julho de 2024

Guia para fazer o Planejamento Estratégico, Tático e Operacional

Para que o seu negócio tenha sucesso, um fator fundamental é ter um bom planejamento estratégico, tático e operacional.

Assim, é possível direcionar sua energia, recursos e atenção para alcançar seus objetivos por meio de um plano bem estruturado. Em contrapartida, sem um planejamento, as chances de se deixar levar pelos problemas cotidianos e se afastar das metas aumentam significativamente.

Por isso, neste conteúdo trouxe uma explicação do que é cada tipo de planejamento, as principais diferenças entre o planejamento estratégico, tático e operacional e como construir o seu e ter um guia para atingir os propósitos da sua empresa.

Conheça o que é planejamento estratégico, tático e operacional e as diferenças entre eles

Existem 3 níveis básicos de planejamento: estratégico, tático e operacional com finalidades e funções diferentes, mas que têm igual relevância para o crescimento do negócio.

O planejamento estratégico funciona como uma bússola para a empresa, ele que permeará todas as decisões da empresa determinando a visão de futuro, os objetivos e as metas necessárias para atingir os melhores resultados a longo prazo.

Por essa razão ele é o primeiro a ser feito, geralmente em uma reunião com colaboradores de cargos estratégicos como dono, sócios e diretores que estabelecerão a visão, missão e valores da empresa, bem como os objetivos a longo prazo.

Já o planejamento tático é considerado um nível intermediário e deve ser realizado após a criação do planejamento estratégico indicando onde e como as ações serão executadas, sendo realizado pelos gerentes e coordenadores.

Nesta etapa, em vez de pensar na empresa como um todo, são definidas as principais ações de cada departamento para o médio prazo, geralmente de 1 a 3 anos. É neste momento que é desenvolvido o planejamento de marketing da empresa, por exemplo.

Por último, como o nome já indica, o planejamento operacional são as rotinas práticas do dia a dia, necessárias para atingir os objetivos organizacionais. As metas e atividades são pensadas no curto prazo, de 3 a 6 meses, com foco em obter resultados específicos.

Esta etapa costuma envolver os supervisores de cada setor e a sua equipe que detalham cada uma das tarefas, os equipamentos necessários, os recursos e quais colaboradores serão responsáveis pela execução das tarefas.

Como fazer o seu planejamento estratégico, tático e operacional

Agora você aprenderá a criar um plano estratégico, tático e operacional a partir de ferramentas da administração empresarial.

Por onde começar o planejamento estratégico

Como já comentei o planejamento estratégico, funciona como um guarda-chuva para os demais planejamentos, por isso ele é o primeiro a ser desenvolvido, nele é feito uma análise geral da empresa para compreender em que ponto ela está e quais serão os próximos passos, uma ferramenta muito utilizada é a análise SWOT.

Também chamada de FOFA, a metodologia investiga os pontos fortes, pontos fracos, as oportunidades e as ameaças que envolvem a empresa.

Os pontos fortes e fraquezas são elementos controláveis pelo empreendedor, como a qualidade dos produtos comercializados (ponto forte) ou a falta de funcionários qualificados (ponto fraco). Por outro lado, as ameaças não podem ser controladas como a criação de uma nova linha de crédito (oportunidade) e a sazonalidade (ameaça).

Tenho um conteúdo de blog que explica exatamente como fazer uma análise SWOT da sua empresa, para acessar é só clicar aqui.

Depois de compreender o cenário no qual a empresa se encontra é o momento definir quais os objetivos queremos atingir, vale destacar que quando se trata do planejamento estratégico os objetivos devem ser mais gerais e focados no longo prazo, por volta de 5 a 10 anos.

Uma ferramenta que pode ser utilizada para o planejamento estratégico, tático e operacional são as metas SMART, uma maneira de criar objetivos de acordo com os seguintes critérios:

  • Específico: o objetivo de ser algo claro e direcionado;

  • Mensurável: deve ser possível medir o progresso ao longo do tempo;

  • Atingível: algo que realmente seja possível de se alcançar;

  • Relevante: se as metas de fato vão contribuir para o sucesso do negócio;

  • Temporal: precisa ter um tempo determinado para que o objetivo seja atingido.

Exemplo: Diminuir 25% dos custos com aquisição de novos equipamentos em 10 meses.

As iniciais destes critérios em inglês formam o acrônimo SMART que também é a palavra inteligente nesta língua, para saber mais como aplicar a ferramenta em diferentes áreas da sua vida leia este conteúdo.

Aplicando o planejamento tático

Sendo o intermediário no planejamento estratégico, tático e operacional, nesta etapa os planos são muito mais detalhados, por essa razão é importante ter uma ferramenta que guie o processo, sendo o 5W2H, uma ótima opção.

Esta ferramenta de gestão originada do inglês é composta por sete perguntas fundamentais para o desenvolvimento de um projeto:

  • What/O quê?: o objetivo do projeto;

  • Why/ Por quê?: o motivo para por trás da ação;

  • Where/Onde?: define o local de desenvolvimento do projeto;

  • When/Quando?: estabelece os prazos para a execução;

  • Who/Quem?: designa quais são os responsáveis;

  • How/Como?: de que maneira as tarefas serão executadas;

  • How Much/Quanto?: qual será o valor financeiro investido.

Para conhecer melhor a ferramenta e por que utilizá-la clique aqui.


Criando um planejamento operacional eficaz

Chegamos a base da pirâmide do planejamento estratégico, tático e operacional, também chamado de plano de trabalho, nesta etapa é pensar nos objetivos específicos para alcançar os resultados almejados e os tópicos que envolvem a operação, sendo eles:

  • Recursos humanos: quem ficará responsável pelas atividades?

  • Recursos financeiros: Qual é o orçamento necessário para a execução das ações? De qual lugar sairão esses valores?

  • Recursos de tempo: Quanto tempo é possível utilizar para a execução dos projetos? Qual o cronograma das ações?

  • Indicadores de performance: Como vamos avaliar o progresso das atividades? Quais ferramentas serão utilizadas?

Realizando todas essas etapas você terá um planejamento estratégico, tático e operacional que te colocará em um caminho sólido para alcançar os objetivos da sua empresa da melhor forma possível. Mas para isso é importante que o planejamento não fique só no papel e seja levado em prática e revisado sempre que necessário.

Bom trabalho e grande abraço.

Rafael José Pôncio, PROF. ADM.




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terça-feira, 4 de junho de 2024

O Diagrama de Dispersão

Aprenda a criar um Diagrama de Dispersão de forma simples, como interpretar os resultados e as vantagens de utilizar esta ferramenta da qualidade.

Diagrama de Dispersão: criação e interpretação

O Diagrama de Dispersão é uma representação gráfica para analisar a relação entre duas variáveis, sendo uma excelente forma de identificar padrões e assim tomar as decisões mais assertivas para o seu negócio.

Neste conteúdo descobrirá o que é o Diagrama de Dispersão, como criar um a partir de um passo a passo simples utilizando o Excel, como analisar os resultados obtidos e quais as vantagens e desvantagens dessa ferramenta.

Boa leitura!

O que é Diagrama de Dispersão

O Diagrama de Dispersão é uma das 7 ferramentas da qualidade, um conjunto de metodologias criadas por Kaoru Ishikawa para identificar, definir, mensurar e propor soluções para problemas organizacionais.

O diagrama também é conhecido como Gráfico de Dispersão ou de Correlação e faz uma representação visual da relação entre duas variáveis (o eixo x e o eixo y). Através disso é possível validar hipóteses relacionadas a causa e efeito.

Para facilitar a compreensão segue um exemplo: uma loja de roupas online acredita que encaminhar um cartão de agradecimento com as encomendas aumenta as chances dos consumidores comprarem os produtos da loja novamente. Para validar essa hipótese pode-se utilizar o Diagrama de Dispersão.

A partir dos resultados obtidos com o uso da ferramenta é possível tomar decisões mais assertivas, seguindo o exemplo, se for identificado que não há correlação entre os cartões de agradecimento e as compras, é possível destinar os recursos para o que de fato é mais atrativo aos consumidores.

Como construir e analisar o Diagrama de Dispersão

Para montar o Diagrama de Dispersão o primeiro passo é identificar qual hipótese, ou seja, qual relação de causa e efeito você deseja analisar. Alguns exemplos são:

  1. O programa de fidelidade da empresa aumenta a retenção dos consumidores?

  2. O tempo de espera na fila impacta negativamente a satisfação dos clientes?

  3. A quantidade de produtos na loja impacta no número de compras feitas pelos clientes?

Depois de definir qual será o tópico analisado, é hora de coletar os dados, em seguida desenhar o gráfico colocando as informações relacionadas a causa (eixo x) na horizontal e o efeito (eixo y) na vertical. Por fim, verificar a disposição dos pontos no gráfico e identificar a correlação.

Exemplificando: O gerente de uma pousada deseja saber se o programa de fidelidade, que oferece um cupom de 10% na próxima hospedagem, de fato está aumentando a recorrência dos hóspedes na pousada.

Para isso ele coleta os dados dos últimos 6 meses e verifica quantas reservas foram realizadas em cada um dos meses (causa) e dessas, quantas utilizaram o cupom do programa de fidelidade (efeito).

Os dados foram estes:

Em uma ferramenta como o Excel, é possível fazer o Diagrama de Dispersão de forma simples e rápida através o seguinte passo a passo:

  1. Escolha os dados que você deseja analisar. Os dados que você definir serão usados no eixo X e no eixo Y. Certifique-se de que os dados estejam  organizados em colunas separadas.

  2. Com os dados selecionados, vá até a aba "Inserir" na barra de ferramentas do Excel.

  3. Na aba "Inserir", procure e clique na opção "Gráfico de Dispersão".

  4. Para melhorar a compreensão do diagrama, adicione títulos aos eixos X e Y. Para fazer isso, clique nos rótulos dos eixos e insira os títulos relevantes.

  5. Para analisar a correlação entre os dados, adicione uma linha de tendência ao gráfico clicando com o botão direito do mouse no gráfico e escolha "Adicionar Linha de Tendência". A Linha de Tendência é uma representação linear que mostra o comportamento dos dados.

O resultado ficará desta forma:

Como analisar do Diagrama de Dispersão

Agora com o Diagrama de Dispersão concluído é o momento de interpretar as informações obtidas através da correlação e também da dispersão dos pontos.

Tipos de correlação

Em relação às interações há 3 tipos de correlação: positiva, negativa e nula.

Correlação Positiva

Quando podemos observar um aumento que segue a linha tendência, isso significa que quando uma variável cresce, a outra também cresce.

Isso fica evidente no exemplo anterior, em que o aumento no número de reservas está diretamente relacionado ao aumento no número de reservas com o cupom do programa de fidelidade.

Correlação Negativa

Neste caso há uma linha de tendência decrescente, conforme uma variável aumenta a outra diminui. Isso aconteceria, por exemplo, se o número de reservas geral aumentasse enquanto o número de reservas efetuadas com o cupom de fidelidade diminuísse.

Correlação Nula

Como o nome já indica, é quando há uma grande dispersão dos dados, não sendo possível traçar uma linha de tendência para identificar se há uma correlação positiva ou negativa.


Dispersão dos pontos

Outra maneira de analisar o Diagrama de Dispersão é a distribuição dos pontos dentro do gráfico, podendo ser: perfeita, forte ou fraca.

Dispersão Perfeita: quando há uma dispersão sequencial nos pontos do gráfico fazendo com que eles formem uma linha quase perfeita.

Dispersão Forte: é identificado quando os pontos estão bastante próximos, o que mostra uma grande correlação entre os dados.

Dispersão Fraca: quando as informações ficam bastantes espalhadas pelo diagrama, indicando que a correlação entre os pontos é pequena.

Vale destacar que além das dispersões já citadas, é possível encontrar os outliers, pontos isolados que estão distantes de onde a maioria dos pontos estão concentrados. Normalmente eles representam uma situação atípica ou erros na medição de dados.

Vantagens e desvantagens de utilizar a ferramenta

Um dos principais benefícios de fazer uso do Diagrama de Dispersão é a facilidade com que ele pode ser aplicado, ainda mais se você utilizar ferramentas como o Excel que criam os gráficos a partir dos dados coletados. Também é muito simples de ser interpretado já que é possível identificar se há uma correção entre as informações e se ela é positiva ou negativa apenas de olhar o gráfico.

No entanto, há um grande limitante que é o fato de analisar apenas duas variáveis, o que restringe bastante as opções relacionadas, outra desvantagem é que para ter uma medição mais precisa é necessário uma grande quantidade de dados.

Além disso, não é porque o Diagrama de Dispersão indicou uma conexão entre os dados que eles têm uma relação de causa e efeito, podendo ser influenciada por um terceiro fator, sendo necessárias outras ferramentas para confirmar a hipótese.

Bom trabalho e grande abraço.

Rafael José Pôncio, PROF. ADM.



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terça-feira, 7 de maio de 2024

GESTÃO ÁGIL: A Revolução da Gestão Empresarial para a Era Digital


No cenário empresarial dinâmico e altamente competitivo de hoje, a capacidade de adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado, principalmente agora na era digital, e responder de forma ágil às demandas dos clientes tornou-se essencial para o sucesso das organizações. Nesse contexto, a Gestão Ágil, também conhecida como Agile Management, emerge como uma abordagem moderna que prioriza a flexibilidade, a colaboração e a entrega contínua de valor

Neste artigo, exploraremos: 1) o que é a Gestão Ágil; 2) como ela funciona; e 3) como ela pode ser aplicada para impulsionar a inovação e a competitividade.


1) ENTENDENDO A GESTÃO ÁGIL

A Gestão Ágil é uma abordagem de gestão que se baseia nos princípios e valores do Manifesto Ágil, desenvolvido por um grupo de especialistas em desenvolvimento de software em 2001. Embora tenha suas raízes na indústria de tecnologia, a Gestão Ágil transcendeu as fronteiras do desenvolvimento de software e tornou-se uma filosofia aplicável a uma ampla gama de setores e contextos empresariais. Ela se concentra na entrega de valor contínua e iterativa, na colaboração entre equipes multidisciplinares e na resposta rápida às mudanças.


Princípios fundamentais:

  • Indivíduos e interações mais do que processos e ferramentas: valoriza-se mais a comunicação e a colaboração entre as pessoas do que a adesão rígida a processos e ferramentas.

  • Software em funcionamento mais do que documentação abrangente: o foco está na entrega de produtos funcionais e utilizáveis em vez de documentação extensiva e detalhada.

  • Colaboração com o cliente mais do que negociação de contratos: prioriza-se a colaboração contínua com o cliente para entender e atender às suas necessidades em vez de seguir contratos e acordos rígidos.

  • Responder a mudanças mais do que seguir um plano: valoriza-se mais a capacidade de se adaptar e responder rapidamente às mudanças do que seguir um plano predeterminado.


2) COMO FUNCIONA A GESTÃO ÁGIL

A Gestão Ágil é caracterizada por sua abordagem iterativa e incremental para o desenvolvimento e entrega de produtos ou serviços. As equipes trabalham em ciclos curtos e frequentes, conhecidos como sprints, durante os quais desenvolvem e entregam incrementos de valor ao cliente. A cada sprint, a equipe reavalia suas prioridades e ajusta seu plano de acordo com o feedback recebido. Isso permite uma adaptação rápida às mudanças do mercado e uma entrega contínua de valor ao cliente.



3) APLICAÇÃO PRÁTICA DA GESTÃO ÁGIL

A Gestão Ágil pode ser aplicada em uma ampla gama de contextos empresariais:

  • Desenvolvimento de software: na indústria de tecnologia, a Gestão Ágil é amplamente utilizada para desenvolver e entregar software de alta qualidade de forma rápida e eficiente.

  • Gestão de projetos: em projetos de qualquer natureza, a Gestão Ágil permite uma abordagem adaptativa e flexível, melhorando a capacidade de responder às mudanças de escopo e requisitos.

  • Marketing e vendas: no setor de marketing e vendas, a Gestão Ágil permite uma resposta rápida às mudanças nas preferências e comportamentos dos clientes, melhorando a eficácia das campanhas e estratégias de vendas.

  • Gestão de recursos humanos: na gestão de equipes e talentos, a Gestão Ágil promove a colaboração e a autonomia, criando um ambiente de trabalho mais engajado e produtivo.


Entre os benefícios da Gestão Ágil, temos:

  • Maior flexibilidade: permite uma resposta rápida e eficaz às mudanças do mercado e dos requisitos do cliente.

  • Entrega contínua de valor: prioriza a entrega contínua de valor ao cliente, garantindo a satisfação e fidelização do mesmo.

  • Maior colaboração: promove a colaboração entre equipes multidisciplinares, criando um ambiente de trabalho mais colaborativo e inovador.

  • Maior foco no cliente: coloca o cliente no centro do processo de desenvolvimento, garantindo que suas necessidades e expectativas sejam atendidas de forma eficaz.


Como visto, a Gestão Ágil representa uma mudança de paradigma na forma como as organizações gerenciam seus projetos, equipes e processos. Ao adotar os princípios e práticas da Gestão Ágil, as empresas podem melhorar sua capacidade de resposta às mudanças, aumentar sua eficiência e inovação, e impulsionar sua competitividade no mercado globalizado e digitalizado de hoje. Ao priorizar a entrega contínua de valor ao cliente, promover a colaboração entre equipes multidisciplinares e adotar uma abordagem adaptativa e flexível, as organizações podem não apenas sobreviver, mas prosperar em um ambiente empresarial em constante evolução.

Portanto, a Gestão Ágil não é apenas uma metodologia de gestão, mas sim uma filosofia que permeia toda a organização, impulsionando uma cultura de inovação, colaboração e excelência. Ao abraçar a Gestão Ágil, as empresas podem posicionar-se de forma mais competitiva, garantindo sua relevância e sucesso a longo prazo.

Bom trabalho e grande abraço.

Rafael José Pôncio, PROF. ADM.



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