terça-feira, 15 de junho de 2021

Como nasceu o empreendedorismo? Conheça mais sobre sua origem, história e sobre quem pode ser empreendedor.


Atualmente falamos muito sobre empreendedorismo no Brasil. É fato que uma grande parcela da nossa sociedade deseja começar um negócio, seja devido a crise econômica em que vivemos ou por esse ser um sonho antigo. Mas para além disso, o que faz com que queiramos inovar e nos arriscar nesse mundo? O empreender seria uma necessidade nossa enquanto espécie ou uma saída individual para superar momentos economicamente difíceis?

Antes de entrarmos no assunto, é preciso retomar um pouco a história e entender como nasce o empreendedorismo e qual seu significado.

Ao buscar a sua etimologia, notamos que a palavra “empreendedor” deriva da palavra francesa entrepreneur, que significa “aquele que assume riscos e começa algo novo”. Essa, por sua vez, tem sua origem no latim e vem da palavra Emprehendere, que significa “segurar diante de si”. Partindo disso, podemos deduzir que o empreendedor é aquele que assume riscos e aproveita as oportunidades que surgem à sua frente. Interessante, não é?

A origem do empreendedorismo como necessidade humana

Levando em consideração o significado de empreendedor, podemos dizer que nós enquanto espécie temos uma necessidade de exercer o empreendedorismo. Pensemos juntos: somos o único ser autoconsciente do planeta, isso significa dizer que não tomamos nossas decisões baseadas somente por instinto, como é o caso dos outros animais. Os seres humanos podem escolher seu modo de ação no mundo, o que lhe garante a capacidade de assumir riscos, necessários ou não. 

Graças a essa capacidade de escolha fomos capazes de fabricar ferramentas, aprender novas técnicas de manipulação do solo e construir monumentos que perduram até os dias atuais. A inovação e a busca por melhorias foi o que nos tirou das cavernas e nos fez criar pirâmides, civilizações e nos levar à lua.

Portanto, a evolução da nossa sociedade só pôde ocorrer graças àqueles que assumiram riscos e ousaram criar algo novo. E ainda somos assim, visto que inovação é um dos pilares da nossa sociedade. Estamos sempre buscando novos meios e produtos para melhorar nossa qualidade de vida, o que torna o empreendedorismo uma atividade essencial para nossa dinâmica social.

Ao contrário do que diz o senso comum, o empreendedor não é alguém que busca vantagens econômicas e ganhar a qualquer preço. Acima do lucro, há uma mentalidade, uma postura de vida que o impulsiona e que, em algum grau, há em todos nós. Estamos certos que nem todos nós somos tão inovadores quanto Bill Gates, Steve Jobs ou o Barão de Mauá, mas ainda assim reside em nós essa semente do empreendedorismo.

O Empreendedorismo e o Século XVIII: quando o assunto chegou aos livros.

Durante muito tempo as teorias econômicas não levaram em consideração o papel do empreendedor. Isso porque, nos modelos tradicionais, a criatividade e subjetividade acerca da inovação não eram fatores mensuráveis para a elaboração de teses. Ao tratar de seus modelos econômicos eram necessários dados sólidos e que pudessem ser medidos, analisados e comprovados. 

Apesar de estar inicialmente fora desses modelos, é no turbulento século XVIII que o empreendedor vai ganhar destaque nos livros de economia. A primeira menção à figura do empreendedor se faz por Richard Cantillon, economista francês considerado o “pai da economia empresarial”. Cantillon vai diferenciar o empreendedor do capitalista dizendo que o primeiro é aquele que assume riscos, enquanto que o segundo nada mais é do que aquele que financia-o a partir do capital

Colocando em exemplos, lembremos da história de Marco Pólo. Em sua jornada até a China ele foi financiado por diversos banqueiros, que lhe deram os meios para que o aventureiro conseguisse chegar até a corte de Kublai Khan.

Nesse caso Marco Polo era o empreendedor, pois buscou encontrar uma nova rede comercial e seu sucesso permitiu a entrada de diversos artigos orientais, até então pouco conhecidos pelos europeus da Idade Média. O mercador também estava pensando em obter lucro e sucesso, porém sua identidade está na construção de novos caminhos e na inovação dessas rotas comerciais.

Esse exemplo deixa claro que empreender está para além de buscar capitalizar a partir da criação de novos produtos e que o empreendedor diferencia-se e muito do capitalista. Se hoje confundimos esses dois papéis é por não sabermos definir as atribuições e perspectivas de cada um.

O que caracteriza, afinal, um empreendedor?

Não há dúvidas de que ser um empreendedor exige diversas habilidades. Algumas pessoas desde cedo já demonstram certo talento para assumir riscos, entretanto, esses não são os fatores principais para um empreendedor de sucesso. A maior parte das ferramentas que tornam uma pessoa um empreendedor pode ser desenvolvida ao longo da vida através de esforço e dedicação. 

Aqui estão quatro características fundamentais para quem pretende lançar-se no mundo do empreendedorismo:

1. Iniciativa

Empreendedores são pessoas que lançam-se ao futuro e buscam inovações. Para isso é preciso iniciativa. Muitas vezes, frente a situações cotidianas, nos colocamos em uma situação passiva, ou seja, esperamos que outra pessoa venha e resolva o nosso problema. O empreendedor deve estar sempre em busca de tomar ações, essa característica garante estar a frente dos seus concorrentes. 

2. Adaptação 

Nosso mundo está em constante transformação. Todos os dias ocorrem mudanças tecnológicas, políticas e sociais que afetam a nossa vida. Portanto, tal como a seleção natural de Charles Darwin, precisamos nos adaptar.Um amante do empreendedorismo deve ser capaz de enxergar o cenário em que vive e perceber não apenas a mudança, mas seus efeitos e direção. 

3. Organização e disciplina 

Geralmente achamos que aventurar-se a fazer algo novo é fruto de uma impulsividade. Entretanto, um bom empreendedor nunca é levado apenas por seus impulsos, mas sim constrói, de maneira ordenada e eficaz, o seu caminho. Às vezes ter uma ideia boa não é o bastante, é preciso disciplina e foco para alcançar metas e tornar o sonho realidade. 

4. Assumir riscos e lidar com falhas 

Nem tudo são flores quando se trata de empreender. É preciso, antes de mais nada, saber lidar com as frustrações e resultados negativos. Por isso não basta apenas assumir riscos e lançar-se no desafio, mas compreender que as falhas fazem parte do jogo. Se você considera esses fatores e aprende a lidar com eles, você estará num bom caminho para realizar seus sonhos no mundo do empreendedorismo. 

Para saber mais sobre aprender a lidar com erros e superar seus medos, indicamos nosso artigo “empreendedorismo tem tudo a ver com superar obstáculos”

Bom Trabalho e Grande Abraço!

Autor:  Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em:  14 de junho de 2021
Especial:  Artigos no Jornal da Tribuna
Link: https://jornaltribuna.com.br/2021/06/como-nasceu-o-empreendedorismo/


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

terça-feira, 1 de junho de 2021

John Davison Rockefeller, o homem mais rico da História

o homem mais rico da história

No mundo dos negócios é natural que se procure o lucro, afinal, todos nós, em maior ou menor grau, necessitamos de uma renda para sobrevivermos e também manter nossos empreendimentos ativos. Porém, o que faríamos se conseguíssemos atingir um patamar tão alto em nossos recursos que não fosse mais preciso investir ou mesmo trabalhar para ter tudo que desejássemos? Esse é um questionamento que muitos de nós podem se fazer, porém, na prática, poucos foram os que viveram essa realidade. Buscando refletir sobre isso, hoje no 'Grandes Empreendedores da História' falarei sobre o homem que ainda hoje pode ser considerado o mais rico do mundo: John Davison Rockefeller. 

Quem foi Rockefeller? 

A história do nosso personagem de hoje começa nos Estados Unidos do século XIX, mais precisamente no ano de 1839. Ao contrário do que se imagina, John Davison Rockefeller teve uma origem humilde. Seu pai, Avery Rockefeller, trabalhava como madeireiro e sua mãe dedicava-se a cuidar dos filhos . Além disso, grande parte da infância do jovem Rockefeller foi longe de sua figura paterna, uma vez que Avery passava longas temporadas fora de casa devido ao trabalho e também por seu jeito de viver. O pai do magnata do petróleo era conhecido por atos promíscuos e de constituir outra família.

Criado sob influência quase única da sua mãe, Eliza, talvez tenha sido essa a grande vantagem de Rockefeller na sua formação enquanto cidadão. Sua mãe era uma religiosa fervorosa e, como é de se esperar, buscou ensinar tudo que compreendia dos valores cristãos aos seus filhos. Desse modo, Rockefeller desde cedo desenvolveu laços profundos com o cristianismo e seus princípios. Atuante na congregações Batista, foi graças a essa formação moral que, mais tarde, ele dedicou-se ao filantropismo e buscou contribuir positivamente para a sociedade. 

Quanto a isso, é interessante refletirmos sobre alguns pontos. Um deles é o quanto a formação de temos em nossos núcleos familiares nos influencia de forma positiva e negativa. Há, atualmente, milhares de crianças que crescem sem a figura paterna ou materna em suas casas, por diversas razões. Muitas vezes fala-se que os problemas que vivemos enquanto adultos são o resultado desse “abandono” por algum dos nossos pais. Porém, analisando o caso de Rockefeller e sabemos que ele não pode ser considerado a regra, vemos que ele conseguiu, dentro do possível, superar a falta do pai. Além disso, formou o seu caráter a partir dos melhores valores que seu núcleo familiar podia oferecer, visto que seu pai não foi a melhor das influências para o jovem Rockefeller. Sendo assim, é interessante perceber como a decisão individual pode também nos potencializar e superar as adversidades que o meio nos impõe. 

Assim, ainda na infância, nos parece que John Davison Rockefeller já apresentava uma característica fundamental de todo empreendedor: a resiliência. Resiliência, a grosso modo, é a capacidade de suportar as adversidades e superá-las, ou seja, de não permitir que os problemas da vida nos “quebre”.

A adaptabilidade de Rockefeller nos negócios foi fundamental para o seu sucesso, além da coragem em arriscar-se em novos empreendimentos e sua visão frente aos problemas e necessidades dos EUA na segunda metade do século XIX. Entretanto, todos nós sabemos que nenhum empreendedor nasce pronto para os desafios que lhe aguardam. O jovem Rockefeller iniciou sua carreira aos 16 anos, trabalhando por um salário de 20 dólares por mês sendo assistente de escritório. Com isso, juntou um pequeno capital ao longo de cinco anos e abriu uma empresa de alimentos junto com seu parceiro, Maurice Clark.

Assim, no começo dos seus vinte anos Rockefeller iniciava sua jornada no mundo dos negócios. Ele ganhou experiência com sua primeira empresa, mas sua vida mudaria a partir dos anos 1860 quando ele passou a investir em um empreendimento ainda novo para a sua época: o Petróleo. 

Tornando-se o magnata do Petróleo 

Para entendermos como Rockefeller se tornou o grande magnata do petróleo é imprescindível que saibamos um pouco sobre o contexto histórico dos Estados Unidos nesse período. Durante quatro anos (1861 - 1865) os EUA encontraram-se em um dos seus momentos mais delicados enquanto país, pois vivia-se uma guerra civil, a famosa “Guerra de Secessão". O foco principal da guerra era a libertação dos escravos, tema que dividia opiniões entre a União (a favor da libertação) e os confederados (defensores da manutenção da escravidão). A guerra mergulhou o país em um caos social e muitos, que nada tinham a ver com as relações escravocratas da época, foram arrastados para os campos de batalha. 

Entretanto, Rockefeller conseguiu não entrar em conflito e dedicar-se durante esses anos em sua recém-fundada empresa, uma refinaria de petróleo. Assim, enquanto grande parte dos EUA observava atentamente o desenrolar do conflito, John Davison passava a entender melhor sobre seu novo segmento e já enxergava, nesse período, que o futuro teria as cores do óleo diesel e da gasolina. Antes da utilização do Petróleo, como sabemos, usavam-se para a iluminação pública e fabricação de outros produtos o óleo de baleia, um recurso retirado da caçada desses grandes mamíferos marinhos. Porém, Rockefeller percebia que o óleo de baleia não seria viável ao longo prazo, uma vez que tornava-se cada vez mais escasso e de difícil acesso. Assim, sua solução para esse problema de abastecimento foi passar a utilizar o petróleo como matéria-prima e combustível. 

O que para os dias atuais parece óbvio, porém, durante os anos 1860 era praticamente inimaginável. O uso do óleo de baleia estava consolidado a pelo menos um século e apostar em outro recurso seria como um tiro no escuro. Porém, um dos grandes atributos de um empreendedor é sua capacidade de enxergar mais longe, o que está para além do “óbvio”. Assim, em 1865, Rockefeller decidiu arriscar-se mais uma vez e comprou a parte do seu sócio na refinaria que havia aberto apenas dois anos antes. Esse momento entrou para a História do magnata do petróleo como, em suas palavras, “o dia que determinará minha carreira”. 

Para conseguir comprar a outra parte da refinaria, Rockefeller precisou pegar empréstimos e endividar-se demasiadamente. Caso o petróleo não se tornasse viável, certamente a falência chegaria a passos largos até a porta de John. Mas não foi o que ocorreu. A aposta de Rockefeller gerou frutos e seus lucros passaram a crescer rapidamente. Com o fim da guerra de secessão, o país precisava restabelecer-se economicamente, o que tornou, para Rockefeller, um campo de oportunidades que o magnata soube aproveitar. A “tomada do Oeste” ocorrida no fim do século XIX possibilitou a exploração de novas terras e o avanço das ferrovias, levando assim de forma célere mercadorias para exportação por todo o país. 

Dentro desse crescimento nasceu a principal companhia de Petróleo do mundo, comandada por Rockefeller: a Standard Oil Company. O papel da empresa estava em atuar em diferentes fases do petróleo: desde a sua extração até o transporte e refinamento. Assim, Rockefeller dominava todas as etapas do processo, monopolizando toda a indústria petrolífera dos Estados Unidos. 

O homem mais rico do mundo 

A guinada nos negócios de Rockefeller veio como fruto da sua visão. Apoiado pelo contexto histórico que viveu, seu negócio expandiu ao ponto de, à sua época, sua fortuna ser avaliada em 1,4 bilhão de dólares. Isso correspondia a 1,6% do PIB dos Estados Unidos. Nos dias atuais podemos até considerar que essa não é uma quantia assustadora se comparada com outros grandes empresários da atualidade. Porém, se convertessem esses números para os dias atuais, os “humildes” 1,4 bilhão se converteriam em 418 bilhões de dólares. Além disso, as diferentes empresas que foram criadas a partir da Standard Oil Company somam um valor de mercado de aproximadamente 2 trilhões de dólares.

Cá entre nós, esse é um patrimônio praticamente imbatível e isso nos leva ao questionamento do começo do texto: o que fazer com tanto dinheiro? A resposta de Rockefeller para essa questão foi a filantropia. Sua formação cristã desde sempre o impulsionou para à caridade e a ajudar a sociedade. Grande parte dos lucros obtidos por Rockefeller foram destinados a universidades, a igrejas de sua congregação e a pesquisas científicas. Doenças como a febre amarela, por exemplo, só foram erradicadas graças aos esforços e apoio financeiro do magnata do Petróleo. 

Assim, essa talvez seja uma excelente resposta para o que fazer com aquilo que tenho em abundância: doar a quem precisa. Claro, estamos falando de recursos financeiros e isso, talvez, seja o mais fácil que podemos doar. Pensando nessa ideia, podemos aplicar essa percepção em diversas áreas da nossa vida, seja financeira, emocional ou pessoal. No fim, dedicar-se aos outros e colocar o que temos de melhor à serviço do outro é a maneira mais inteligente de dispormos nossos recursos, seja em que esfera for. Por isso, Rockefeller não é um empreendedor de sucesso por suas características e lucro, mas, acima disso, por manter seus princípios e valores humanos ao longo de sua jornada. 

Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Empreendedorismo feminino: Saiba quais os principais desafios que você precisa superar para aumentar o tempo de vida do seu negócio.

O empreendedorismo feminino está em crescimento no país, contribuindo para a renda familiar e o crescimento da economia nacional.


Contudo, ser mulher e empreendedora no Brasil não é uma tarefa fácil, não é mesmo?


Dados do Sebrae mostram que cerca de 9,3 milhões de mulheres são donas do seu próprio negócio. 


Elas representam mais de 34% de todos os donos de empresas formais e informais do país, e também são 48% dos microempreendedores individuais.


Entretanto, apenas 34% das empresas lideradas por mulheres permanecem em funcionamento.


Por que isso acontece?


A desistência maior acontece porque as mulheres enfrentam restrições de tempo, humanas, físicas e sociais que limitam sua capacidade de expandir seus negócios.


Neste artigo, você vai descobrir os 3 principais desafios do empreendedorismo feminino para se preparar na hora de abrir o seu negócio.


1) Autoestima baixa


De acordo com um relatório do Global Entrepreneurship Monitor sobre o empreendedorismo feminino, apenas 29% das mulheres no mundo se consideram capazes de iniciar um negócio com sucesso, em comparação com 42% dos homens.


A autoestima baixa é uma das principais vulnerabilidades das mulheres na hora de empreender. A maioria delas não se vê como uma empreendedora de sucesso tanto quanto os homens.


Elas não se reconhecem nesse lugar e ainda há uma cultura de que as iniciativas do empreendedorismo feminino são coadjuvantes financeiramente nos lares, algo apenas para complementar a renda familiar.


Esta questão parece ainda mais paradoxal num país como o Brasil em que as mulheres atingem em média um nível de instrução superior ao dos homens.


Segundo dados do IBGE, entre os homens com 25 anos ou mais de idade, 15,1% têm ensino superior completo. Já entre as mulheres com 25 anos ou mais de idade no país, 19,4% completaram o ensino superior.


2) Acesso a crédito


A dificuldade ao acesso a crédito é um grande obstáculo ao crescimento das empresas pertencentes a mulheres.


A Gallup World Poll mostra diferenças significativas no acesso a serviços financeiros para empresas pertencentes a mulheres e homens nos países em desenvolvimento.


Em média, as mulheres têm menos acesso a serviços bancários básicos, como conta corrente e conta poupança.


Os empréstimos feitos por mulheres são de menor valor, devido a baixa competitividade dos seus empreendimentos e, apesar de pagarem em dia seus empréstimos, a taxa de juros é maior para elas.


Como resultado, muitas mulheres empresárias dependem de suas próprias economias, empréstimos de familiares e amigos ou micro-empréstimos para financiar suas necessidades de negócio. 3) Jornada Tripla O Relatório Especial sobre Empreendedorismo Feminino no Brasil do Sebrae, divulgado em Março de 2019, aponta que mulheres trabalham 18% a menos nos seus negócios do que os homens.


Entretanto, as mulheres trabalham 70% a mais no total de horas em relação aos homens por conta da jornada tripla. Elas precisam conciliar seus negócios com os afazeres domésticos.


Segundo dados do IBGE, em 2019, os homens dedicam em média 11 horas por semana aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos, enquanto o tempo dedicado pelas mulheres a estas tarefas foi de cerca de 21 horas e meia por semana. 


Neste artigo, vimos os 3 principais desafios do empreendedorismo feminino. 


A autoestima baixa, a dificuldade ao acesso ao crédito e a jornada tripla são os principais fatores que impedem a mulher de consolidar e expandir os seus negócios.


Você deve estar se perguntando: Será que existe a possibilidade de encarar os desafios e ser uma empreendedora de sucesso?


Claro que sim!


O primeiro ponto é buscar se fortalecer e se reconhecer como uma mulher empreendedora dona do seu próprio negócio, segundo é fazer uma análise do seu valor humano, das competências e habilidades. Toda pessoa tem o seu valor, quão mais as mulheres que possuem uma inclinação fortíssima em administrar várias coisas ao mesmo tempo, por conta do histórico na qual a antropologia atesta.


Além disso, buscar referências do empreendedorismo feminino e grupos de apoio de mulheres empreendedoras é fundamental para o sucesso e longevidade do seu negócio!


Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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sábado, 1 de maio de 2021

Alexander Graham Bell e a invenção do telefone


O século XIX é tido como um dos períodos mais significativos para a tecnologia. Levados pelas novas descobertas científicas, diversos inventores protagonizaram um papel fundamental na descoberta de aparelhos e instrumentos que utilizamos nos dias atuais. Invenções como a lâmpada e o rádio, por exemplo, já foram abordados aqui no “Grandes Empreendedores da História” e foram frutos desse tempo. Hoje, entretanto, irei abordar mais uma grande invenção dos tempos modernos e que fazemos uso em nosso dia a dia: o telefone.

Hoje vivemos em um mundo no qual é impensável não utilizar algum tipo de telefone para comunicar-se. Estima-se que há, atualmente, mais de 8 bilhões de linhas de celulares ativas no planeta, ou seja, existem mais contas de celulares do que pessoas na Terra. Entretanto, se para nós o telefone é um item indispensável em nossa vida, até a segunda metade do século XIX ele era um item quase impensável e sua tecnologia era quase mágica para os homens e mulheres daquele tempo. 

Para falar deste aparelho, porém, é fundamental conhecermos o indivíduo que não apenas inventou o modelo de aparelho telefônico, mas que também abriu uma empresa para comercializar sua invenção com o mundo: Alexander Graham Bell.

Sobre Graham Bell


Nascido em 1847 em Edimburgo, Alexander Graham Bell tem uma história antiga com a comunicação. Sua família, mais precisamente seu avô e seu pai, foram importantes elocucionistas, que nada mais é do que um especialista na arte da retórica. A família Graham Bell foi responsável por alguns tratados de elocução no século XIX, sendo o próprio Alexander um estudioso dessa área. Ele chegou a lecionar aulas sobre o tema na Universidade de Somersetshire, na Inglaterra. Além disso, por anos ele ajudou seu pai a desenvolver um sistema que ajudasse pessoas com deficiência auditiva a compreenderem a fala e melhorar, assim, a comunicação entre essas pessoas. Porém, como bem sabemos, sua principal contribuição para a História estava em outro campo do mundo das comunicações.

Cada vez mais interessado em melhorar a comunicação, sua jornada para a invenção do telefone começou em 1870, aos 23 anos, quando mudou-se para o Canadá. Antes disso, Graham Bell já começava a estudar sobre acústica e meios de propagar o som utilizando eletricidade, porém ainda engatinhava nessa arte quando chegou ao Novo Mundo. Com o intuito de ajudar seus alunos por meio de uma máquina que auxiliasse na compreensão dos sons, Graham Bell desenvolveu em Boston os estudos que levaram à fabricação do primeiro telefone.

Antes de entrarmos nos detalhes de sua invenção e empreendimento, é interessante perceber como a mentalidade do empreendedor - e também dos inventores, nesse caso - nascem a partir de uma necessidade. Nada é criado “por acaso”, ou sem um fim específico. Tudo que existe foi pensado por alguém que viu a necessidade de que aquele aparelho ou sistema tinha para a sociedade. Assim, em sua essência, o empreendedorismo carrega em si a busca por uma resposta a um problema coletivo, que não irá beneficiar apenas o seu inventor, mas todo um setor da nossa sociedade ou mesmo ela toda. No caso de Graham Bell, seu intuito inicial era ajudar apenas os seus alunos a superarem uma deficiência, mas seus estudos revelaram-se tão promissores que conseguiram levar a comunicação para um outro patamar.

“Senhor Watson, venha para cá. Preciso falar-lhe”


Voltando ao nosso protagonista, no dia 10 de março de 1876, seis anos após chegar ao Canadá e passar a dedicar-se aos seus estudos, Alexander Graham Bell e seu assistente conseguiram realizar a primeira transmissão telefônica da História. A frase que marcaria a vida dos dois homens e os fizeram garantir seus lugares como marcos do nosso tempo foi transmitida pelos fios de cobre que ligavam os dois aparelhos:

"Senhor Watson, venha para cá. Preciso falar-lhe", disse Graham Bell através do primeiro telefone registrado. Rapidamente os dois organizaram-se para apresentar sua mais nova invenção e patenteá-la. Feito isso, em 1876 Graham Bell fez sua primeira demonstração pública, na Filadélfia. Nessa exposição estava presente o até então imperador do Brasil, Dom Pedro II, que teria ficado tão impressionado com a invenção que decidiu comprar um exemplar para instalar no Rio de Janeiro. Foi então na casa de repouso do Imperador que o primeiro telefone chegou ao Brasil, em 1877.

Porém, nem tudo são flores quando se trata da invenção do telefone. Como pontuamos, o século XIX foi palco de inúmeras invenções e gênios criativos. Contemporâneo a Graham Bell, outras pessoas também estavam desenvolvendo seus estudos e buscando uma maneira de criar uma comunicação eficiente. Uma delas foi a inventora Elisha Gray, que teria patenteado no mesmo dia um aparelho similar ao telefone de Graham Bell. Apesar disso, ambas foram registradas como invenções distintas, mesmo se assemelhando em diversos pontos.

Outro nome que discute-se até os dias atuais acerca das patentes é o do italiano Antonio Meucci, que teria desenvolvido um protótipo do telefone cerca de dez anos antes, em Cuba. De fato, em 2002 foi reconhecido que Meucci foi o inventor do telefone, mesmo que seu protótipo não estivesse concluído. Mas então, por que ainda hoje falamos de Graham Bell como o grande inventor do telefone?

Marcando a História


O diferencial de Graham Bell para os seus “concorrentes”, chamemos assim, foi sua visão empresarial. Junto com seu sogro e seu pai, após concluírem que sua invenção funcionava e poderia estabelecer um marco na comunicação global, Graham Bell decidiu fundar uma empresa para comercializar o novo equipamento: a Bell Telephone Company. Criada em 1877, ou seja, no ano seguinte à comprovação de que o telefone funcionava, a empresa passou a fabricar modelos de telefone para os EUA e outros países. Como já falamos o Brasil foi um dos primeiros países a possuírem telefone graças ao imperador D. Pedro II.

Além disso, nos anos seguintes outros empresários viram com bons olhos o investimento nesse ramo da comunicação, o que fez a empresa de Graham Bell e seus sócios crescerem rapidamente. Através de algumas fusões, eles dominaram o mercado e conseguiram difundir o aparelho telefônico para diversos países. Vale ressaltar que o sucesso da Bell Telephone Company ecoa até os dias atuais, uma vez que a empresa ainda existe, só que com outra nomenclatura. Transformada na AT&T, American Telephone and Telegraph, a multinacional tem faturamento anual em torno de 163 bilhões de dólares.

Visto isso, podemos afirmar que o grande marco histórico do Graham Bell não foi necessariamente inventar o telefone, mas sim torná-lo um equipamento fundamental para a nossa sociedade, melhorando nossa comunicação e permitindo um grande avanço para o nosso momento atual. Sua visão enquanto empreendedor, nesse sentido, foi mais relevante e eficaz do que sua perspicácia enquanto inventor. Acima destas questões, porém, está o espírito de buscar melhorar a vida das outras pessoas, seja através da busca de um tratamento para surdez ou mesmo encurtar as distâncias através de uma ligação.

Por fim, para além do sucesso em seu empreendimento e suas habilidades, Graham Bell buscou melhorar a vida de outras pessoas. Essa, provavelmente, é a maior qualidade que podemos encontrar em um homem de negócios.

Bom trabalho e Grande abraço!

Prof. Adm. Rafael José Pôncio


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quinta-feira, 29 de abril de 2021

Stress no trabalho: um desafio coletivo



Hoje celebramos o Dia Mundial para Segurança e Saúde no Trabalho; A ONU alerta que muitos trabalhadores enfrentam grande pressão para cumprir as exigências da vida moderna nos empregos.

 A saúde mental nunca esteve tão em alta. Após um ano marcado pela maior crise sanitária do século, vimos crescer consideravelmente a procura por soluções completas para suprir não só o cuidado com a saúde física, mas, principalmente, com a mental e a emocional. 

 Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no planeta. Estamos falando de 9,3% da população, o equivalente a mais de 18 milhões de brasileiros que convivem com a ansiedade.

 Apoie uma força de trabalho mais híbrida

À medida que a escolha e a flexibilidade se tornam mais comuns, as empresas precisarão evoluir e adaptar continuamente seus serviços de bem-estar para oferecer suporte adequado a uma força de trabalho mais híbrida. Conforme os negócios continuam a navegar por períodos de incerteza e volatilidade, a necessidade de colaborar e compartilhar as melhores práticas com colegas e especialistas nunca foi tão importante e deve ser uma parte essencial de qualquer resposta à saúde. 

Liderar pelo Exemplo

2020 introduziu novas incertezas e estresse na vida diária e nas rotinas de nossos companheiros de equipe, enfatizando ainda mais a necessidade de abraçar a importância do bem-estar físico e emocional; especificamente saúde mental como uma prioridade Como empregadores, temos a obrigação de oferecer aos nossos colegas de equipe oportunidades de falar abertamente sobre sua saúde mental e de garantir o apoio de que eles ou suas famílias possam precisar. Precisamos liderar pelo exemplo, participar de sessões de funcionários e compartilhar perspectivas sobre as medidas que estamos tomando para apoiar e proteger nossa saúde mental. 

Construir bem-estar mental em nossa cultura de liderança

Por muito tempo, a saúde mental no ambiente de trabalho foi vista como um risco organizacional, com foco no gerenciamento de indivíduos e incidentes - fato apenas exacerbado pelo COVID-19. A verdade é que, assim como a saúde física, a saúde mental é uma realidade humana constante para cada pessoa, todos os dias. Em 2021, podemos esperar que mais locais de trabalho reconheçam isso e mudem radicalmente suas ações sobre o bem-estar mental, ao lado de um foco contínuo na saúde física. O modo como apoiamos proativamente a saúde mental no local de trabalho ainda tem um longo caminho a percorrer, mas não estamos começando do zero. Podemos aproveitar nossas décadas coletivas de experiência e conhecimento em saúde física e segurança para desenvolver ações e abordagens poderosas. Uma das escolhas mais impactantes que podemos fazer é incluir questões de bem-estar mental em pesquisas regulares de engajamento de funcionários para entender em tempo real como nossas equipes estão se sentindo.

 Envolver, compreender e apoiar o pessoal 

Pessoas em todo o mundo passaram por sérios desafios em 2020. Muitos ainda estão sofrendo com demissões em suas famílias, sofrendo com a morte de entes queridos, estão eles próprios doentes ou lutando com trabalho remoto, isolamento social e problemas de saúde mental. A pandemia não mudou apenas a dinâmica empresarial, mas também a abordagem em relação à saúde mental dos funcionários. Compaixão e empatia não são mais vistas como qualidades extras e agradáveis de se ter. Eles agora são essenciais. 

A mudança mais importante e significativa virá de como os líderes engajam, entendem e apoiam a equipe em um nível mais de desenvolvimento. Os líderes devem se concentrar nas seguintes áreas: compreender a diferença entre urgência e importância e focar na última; ser compassivo enquanto conduz os funcionários à ação, canalizando seus sentimentos de frustração ou desespero. Por fim, confiança, transparência e abertura precisam ser os pilares da liderança. 

Meu conselho aos empregadores é duplo: tenha uma visão ampla do que você classifica como suporte à saúde mental e, então, seja guiado pelas evidências. Uma visão ampla incorpora atenção plena e primeiros socorros de saúde mental até políticas de trabalho flexíveis e bem-estar financeiro. Ser liderado pela evidência significa procurar ativamente entender quais abordagens funcionam para quem, em que contexto e por quê - e se essa evidência ainda não existe, talvez seja o seu negócio que irá gerá-la para que outros possam aprender com você.

Bom trabalho e Grande abraço.

Autor: Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em: 28 de abril de 2021
Especial: artigos no portal Administradores.com
Link fonte: https://administradores.com.br/artigos/stress-no-trabalho-um-desafio-coletivo



Conheça também:

Guglielmo Marconi, o inventor do rádio


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Marco Polo, o Mercador de Veneza


Costuma-se pensar que empreender significa, necessariamente, inventar novos métodos ou instrumentos que melhorem nossa qualidade de vida. Sem sombra de dúvidas, em parte, essa é uma afirmação correta, afinal, empreendedores estão sempre encontrando maneiras de melhorar seus negócios e, consequentemente, a vida das pessoas à sua volta. Porém, se nos limitarmos apenas à criação de novos objetos como forma de empreender estaremos, infelizmente, fadados ao esgotamento. Uma hora passaríamos, invariavelmente, a criar objetos inúteis e que não seriam necessários para quase ninguém.

Por isso que devemos enxergar o empreendedorismo não apenas como a capacidade de inovação a partir da criação de algo novo, mas também como a capacidade de reinventar-se em novos cenários utilizando algo que já existe no mundo. Um bom empreendedor é capaz, por exemplo, de observar o passado e resgatar ideias que funcionaram em determinado período e adaptá-lo em nossos tempos. Infelizmente, essa mentalidade reside em poucos empreendedores, uma vez que olhamos para a história como algo “arcaico”, uma terra infértil que jamais dará bons frutos a quem a semear.

Pensando nisso, hoje na série “Grandes Empreendedores da História” trago um homem de negócios que mudou o comércio mundial a partir de suas explorações, reinventando uma antiga ligação comercial entre o Ocidente e o Oriente. Falarei de Marco Polo, o mercador de Veneza.

O comércio como negócio de família


Todos nós, em maior ou menor grau, já escutamos falar das aventuras de Marco Polo. Entretanto, pouco sabemos sobre sua trajetória e dificuldades para empreender tais aventuras. Nascido na república de Veneza por volta de 1254, os primeiros anos da vida de Marco Polo nos são desconhecidos em detalhes, mas o que sabemos a partir de historiadores é que o mercador de Veneza tem o comércio em seu sangue: seu pai, Niccolò Polo, já era um comerciante de prestígio em algumas cidades da Europa, principalmente Constantinopla, que era a porta de entrada para o Oriente no século XIII. Junto com seu tio Metteo - uma grande inspiração para Marco Polo, vale ressaltar - os dois irmãos alcançaram a riqueza trazendo produtos do “Oriente próximo” (atual região da península arábica).

Assim, pode-se deduzir que desde cedo o jovem Marco Polo foi iniciado no mundo do comércio. Porém, não podemos esquecer do mundo e contexto histórico em que Marco Polo e seus familiares viviam. A mentalidade religiosa, própria da Idade Média, recriminava a prática do comércio, sendo, segundo os dogmas da Igreja, uma das profissões mais indignas que poderiam existir. A prática não era proibida, porém, nenhum eclesiástico enxergava um mercador com bons olhos. Dizia-se que o acúmulo de bens configurava um pecado mortal, a avareza, além de não ser reconhecida como uma maneira digna de ganhar a vida.

O primeiro grande desafio de Marco Polo, portanto, foi o de enfrentar o estigma que carregava em sua profissão. Esse fardo, como sabemos, não foi exclusivo do nosso grande empreendedor, mas nos faz refletir sobre uma característica necessária para toda pessoa que decide empreender: a de enfrentar o julgamento alheio. Quando abrimos um negócio é comum que não recebamos apoio e, não raramente, as pessoas que mais confiamos são aquelas que não acreditam em nossos planos. Assim, desde cedo devemos aprender a não desistir e, além disso, não dar atenção aos comentários negativos e julgamentos das outras pessoas. A convicção e determinação são, nesses casos, fundamentais para continuarmos progredindo em busca de realizar nossas metas.

Reconectando Ocidente e Oriente


Outro ponto marcante na trajetória de Marco Polo foi a retomada da antiga “Rota da Seda”, o percurso que os mercadores gregos e romanos faziam para comercializar com o Oriente. Devido ao sistema de organização feudal, que perdurou até meados do século XV, o comércio durante a Idade Média tornou-se uma prática quase inexistente. A maior parte da população refugiou-se nos feudos e o trabalho rural tornou-se o mais comum e praticado entre as pessoas. As cidades, chamadas de burgos, ficaram vazias e desprotegidas, sendo um local pouco atrativo para novos negócios. Assim, com o passar dos séculos, as rotas comerciais que eram bem estabelecidas por toda a Europa foram fechadas, tornaram-se desconhecidas para a maior parte população e o contato entre as diversas culturas advindas do Oriente foi perdido.

Visto isso, o papel de Marco Polo ao lançar-se para a Ásia em busca de novos mercados, junto com seu pai e seu tio, foi fundamental para restabelecer o comércio para toda a Europa. A bem da verdade, o mercador de Veneza não foi o primeiro a fazer essa longa viagem - a de Marco Polo durou 24 anos, segundo seu relato - pois desde o século XI, com o advento das cruzadas, já haviam contato e trocas entre árabes e Europeus. Marco Polo, porém, foi mais longe em sua jornada, chegando até a corte de Kublai Khan, na China. Além disso, Marco Polo foi o primeiro a escrever sobre suas aventuras e mostrar as verdadeiras relíquias que existiam na China, Índia e demais regiões do continente Asiático.

O vislumbre do mercador de Veneza pela China fez com que milhares de comerciantes retornassem a usar essa antiga rota, trazendo prosperidade e lucro para as cidades. Em última instância, esse foi um passo decisivo para a mudança de mentalidade que ocorria pouco tempo depois a partir do renascimento. Aqui percebemos o papel de Marco Polo como empreendedor, pois não bastou para se ir até os reinos da China e trazer suas especiarias, mas ele percebeu uma oportunidade de novos negócios surgirem a partir dessa ligação. O esforço de Marco Polo, após completada sua jornada, foi a de estimular novas caravanas para explorar e desbravar esse “novo” e “desconhecido” local para os europeus medievais.

A narrativa de Marco Polo contida no “livro das maravilhas do mundo” inspirou, séculos após sua morte, centenas de navegadores a se lançarem ao mar e descobrirem novas rotas para o Oriente. Assim nascia a “Era das descobertas” e da navegação ultramarina, empreendimentos tão grandiosos que levaram milhões de homens e mulheres ao mar em busca de novos mercados. Tudo isso graças às histórias de Marco Polo e seu exemplo de que o comércio entre Oriente e Ocidente era, mais uma vez, possível.

Objetivamente, inclui Marco Polo nessa seleta lista de empreendedores que mudaram a história pelo fato dele não se contentar apenas em criar um negócio para si, como tantos outros mercadores da época. Sua visão de integrar novos mercados e trazer prosperidade ao seu reino fez com que as antigas rotas voltassem a circular e conectar mundos tão distintos a nível cultural, mas que puderam partilhar de uma troca comercial benéfica a ambos. Sua visão empreendedora, aliada com sua convicção em arriscar-se em explorações longínquas e por não deixar ser desacreditado pela opinião pública tornou seu sucesso possível.

Por tais pontos, afirmo Marco Polo como um dos maiores empreendedores da História. Ele, diferentemente dos outros que tratei até aqui, não inventou algo, mas revisitou o passado e recriou um sistema de trocas comerciais que pôde, mais uma vez, retirar a economia medieval da obscuridade e trazer prosperidade para milhares de comerciantes.

Bom trabalho e grande abraço!

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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segunda-feira, 1 de março de 2021

Guglielmo Marconi, o inventor do rádio

Isaac Newton, formulador da teoria da gravitação, em seus escritos registrou que só conseguiu ver mais longe pois tinha se apoiado nos ombros de gigantes. Além de poética, essa é uma frase completamente veraz quando falamos do campo científico e seu desenvolvimento ao longo dos séculos. A ciência, afinal, cresce à medida que gerações de pesquisadores vão refinando experimentos e teorias, validando ideias e descartando outras.

O resultado desse modelo científico todos nós conhecemos: uma sociedade tecnológica e com uma série de instrumentos desenvolvidos graças ao esforço desses homens e mulheres devotos da ciência. Por isso que hoje em nossa série de leituras "Grandes Empreendedores da História" conheceremos um pouco sobre Guglielmo Marconi, o inventor do rádio.

Quem foi Guglielmo Marconi?

Nascido na segunda metade do século XIX (1874), Marconi foi um físico e inventor italiano que se dedicou ao estudo das ondas de rádio. A grosso modo, ondas de rádio são sinais elétricos transmitidos pelo ar, porém, quase nada sobre o comportamento e natureza destas ondas eram conhecidos na época em que Guglielmo Marconi viveu. Portanto, para entendermos a grandeza da invenção do empreendedor Marconi precisamos relembrar o contexto histórico e o mundo em que ele viveu.

O século XIX foi marcado por grandes avanços científicos. Nomes como Thomas Edison, Michael Faraday e Nikola Tesla, por exemplo, foram homens que revolucionaram o mundo com seus experimentos e invenções, todos advindos desse período empreendedorial. Com os estudos da física ondulatória em alta, Guglielmo Marconi encontrou um campo rico de ideias e aparelhos, porém, ainda desconectados entre si. A bem da verdade, alguns dos biógrafos de Marconi afirmam que, objetivamente, ele não inventou algo novo, uma vez que todas as partes do telégrafo sem fios - o nome “rádio” foi dado posteriormente - foram criadas por outros cientistas. O grande mérito do físico italiano, porém, foi unir todos os equipamentos e ideias dos seus contemporâneos e, a partir disso, criar algo até então inimaginável.

Em poucas palavras, Marconi teve o “insight” de criar um novo equipamento a partir do que já se conhecia. Como bem sabemos, essa visão é, em grande medida, um dos atributos mais importantes para um empreendedor. Para inovar e crescer é preciso, sem sombra de dúvidas, ter uma percepção ampla e enxergar além do óbvio, assim o empreendedor utiliza as oportunidades - e também as cria, na maior parte do tempo - para transformar o que um dia vislumbrou em realidade. No caso de Marconi, enquanto a maioria dos cientistas da época estavam mergulhados em suas próprias pesquisas, Marconi conseguiu reunir todas aquelas ideias em um único aparelho.

Mas o que foi necessário para que Marconi tenha sido bem sucedido em sua empreitada?

Construindo o primeiro rádio da história

Para realizar sua façanha Marconi se baseou em algumas teorias acerca das ondas eletromagnéticas. A primeira delas foi desenvolvida por James Clerk Maxwell, que afirmava a possibilidade dessas ondas se propagarem pelo espaço, logo, se fossem transmitidas de um ponto da terra poderiam ser captadas em um outro local. Graças ao famoso experimento de Heinrich Hertz - daí o nome da frequência que usamos nas ondas de rádio - que comprovou a teoria de Maxwell, Marconi começou a formular um mecanismo que conseguisse mandar mensagens através destas ondas.

O jovem empreendedor Marconi, até então com apenas vinte anos de idade, debruçou-se sobre essas teorias por alguns anos. Ele usou o celeiro de sua casa como laboratório, transformando-o num campo de experimentos, mas precisou mudar de país para conseguir finalizar seu aparelho. Dentre alguns motivos para sua mudança estão a falta de incentivo financeiro. O italiano então lançou-se para a Inglaterra, uma vez que lá encontrou um terreno mais “fértil” para suas ideias.

O aparelho desenvolvido por Marconi utilizava diversos componentes desenvolvidos por muitos cientistas de sua época. Já que seu objetivo era transmitir mensagens, era preciso um transmissor e um receptor, além de um sistema que iniciasse a transmissão das ondas. Visto a complexidade de unir tantas pesquisas distintas, grande parte do tempo Marconi estava estudando e buscando uma maneira de conectar estudos tão próximos e, ao mesmo tempo, tão distintos.

Sobre isso cabe a nós refletir como empreender não é apenas inovar, mas esforçar-se para conseguir ver suas ideias no mundo. Além da visão de que era possível ser feita a transmissão via rádio, Marconi precisou dedicar-se por anos até realizar aquilo que um dia tinha visto. Atualmente, de maneira geral, é comum termos ideias inovadoras, porém, a maior parte destas ideias morrem pela falta de ritmo e persistência em nossas ações. Acabamos desistindo nas primeiras tentativas, ou não achamos um modo eficaz de executar nossas inovações. Para tudo isso exige esforço e muita dedicação. Como foi dito por Thomas Edison, o talento é composto de 1% de inspiração e 99% de transpiração, ou seja, é preciso trabalhar arduamente para realizar aquilo que conseguimos enxergar. Um verdadeiro empreendedor, portanto, não é aquele que apenas busca inovar, mas que aprende desde cedo que é necessário ter a cabeça nos céus, mas os pés conectados à terra.

Em 1899, em torno de 5 anos após o início dos seus estudos, Marconi foi capaz de fazer a primeira transmissão sem fios da história. Transmitindo mensagens em código morse através do canal da mancha, o físico italiano comprovou que era possível estabelecer comunicação utilizando as ondas de rádio. Até então, como bem sabemos, toda a comunicação era feita através dos telégrafos - o “avô” do telefone - que necessitavam de uma extensa rede de cabos e fios. A invenção de Marconi, no apagar das luzes do século XIX, demonstrava que era possível avançar no campo da comunicação a partir da sua invenção.

Já em 1901 seu aparelho foi capaz de transmitir uma mensagem da Inglaterra até o Canadá, provando que as ondas de rádio eram capazes de atravessar o Oceano e chegar a qualquer local do mundo. Com isso, a companhia fundada por Marconi passou a ser a primeira a estabelecer transmissão e recepção das ondas de rádio. Sua invenção começou a ser usada inicialmente em navios da marinha mercante, uma vez que em alto mar a comunicação com a costa era impossível até então. Graças a isso, muitas embarcações que sofriam acidentes em alto mar passaram a conseguir pedir ajuda, como no famoso caso do Titanic. Sem a invenção de Marconi, a tragédia que se abateu com o navio e sua tripulação teria sido ainda pior.

Graças aos esforços por empreender de Guglielmo Marconi hoje conhecemos e utilizamos largamente o rádio. Mesmo que atualmente, devido ao avanço da tecnologia, o seu uso esteja limitado e, em diversos casos, obsoleto, por mais de um século foi o meio que possibilitou ao mundo conectar-se. Como reconhecimento por sua obra, em 1909 Marconi ganhou o prêmio nobel de física, mas sabemos que seu maior retorno foi a satisfação em entregar ao mundo um instrumento que mudou a história.

Esse foi mais um Grandes Empreendedores da História. Espero que tenham gostado e até a próxima!

Bom trabalho e grande abraço!

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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