sexta-feira, 14 de maio de 2021

Empreendedorismo feminino: Saiba quais os principais desafios que você precisa superar para aumentar o tempo de vida do seu negócio.

O empreendedorismo feminino está em crescimento no país, contribuindo para a renda familiar e o crescimento da economia nacional.


Contudo, ser mulher e empreendedora no Brasil não é uma tarefa fácil, não é mesmo?


Dados do Sebrae mostram que cerca de 9,3 milhões de mulheres são donas do seu próprio negócio. 


Elas representam mais de 34% de todos os donos de empresas formais e informais do país, e também são 48% dos microempreendedores individuais.


Entretanto, apenas 34% das empresas lideradas por mulheres permanecem em funcionamento.


Por que isso acontece?


A desistência maior acontece porque as mulheres enfrentam restrições de tempo, humanas, físicas e sociais que limitam sua capacidade de expandir seus negócios.


Neste artigo, você vai descobrir os 3 principais desafios do empreendedorismo feminino para se preparar na hora de abrir o seu negócio.


1) Autoestima baixa


De acordo com um relatório do Global Entrepreneurship Monitor sobre o empreendedorismo feminino, apenas 29% das mulheres no mundo se consideram capazes de iniciar um negócio com sucesso, em comparação com 42% dos homens.


A autoestima baixa é uma das principais vulnerabilidades das mulheres na hora de empreender. A maioria delas não se vê como uma empreendedora de sucesso tanto quanto os homens.


Elas não se reconhecem nesse lugar e ainda há uma cultura de que as iniciativas do empreendedorismo feminino são coadjuvantes financeiramente nos lares, algo apenas para complementar a renda familiar.


Esta questão parece ainda mais paradoxal num país como o Brasil em que as mulheres atingem em média um nível de instrução superior ao dos homens.


Segundo dados do IBGE, entre os homens com 25 anos ou mais de idade, 15,1% têm ensino superior completo. Já entre as mulheres com 25 anos ou mais de idade no país, 19,4% completaram o ensino superior.


2) Acesso a crédito


A dificuldade ao acesso a crédito é um grande obstáculo ao crescimento das empresas pertencentes a mulheres.


A Gallup World Poll mostra diferenças significativas no acesso a serviços financeiros para empresas pertencentes a mulheres e homens nos países em desenvolvimento.


Em média, as mulheres têm menos acesso a serviços bancários básicos, como conta corrente e conta poupança.


Os empréstimos feitos por mulheres são de menor valor, devido a baixa competitividade dos seus empreendimentos e, apesar de pagarem em dia seus empréstimos, a taxa de juros é maior para elas.


Como resultado, muitas mulheres empresárias dependem de suas próprias economias, empréstimos de familiares e amigos ou micro-empréstimos para financiar suas necessidades de negócio. 3) Jornada Tripla O Relatório Especial sobre Empreendedorismo Feminino no Brasil do Sebrae, divulgado em Março de 2019, aponta que mulheres trabalham 18% a menos nos seus negócios do que os homens.


Entretanto, as mulheres trabalham 70% a mais no total de horas em relação aos homens por conta da jornada tripla. Elas precisam conciliar seus negócios com os afazeres domésticos.


Segundo dados do IBGE, em 2019, os homens dedicam em média 11 horas por semana aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos, enquanto o tempo dedicado pelas mulheres a estas tarefas foi de cerca de 21 horas e meia por semana. 


Neste artigo, vimos os 3 principais desafios do empreendedorismo feminino. 


A autoestima baixa, a dificuldade ao acesso ao crédito e a jornada tripla são os principais fatores que impedem a mulher de consolidar e expandir os seus negócios.


Você deve estar se perguntando: Será que existe a possibilidade de encarar os desafios e ser uma empreendedora de sucesso?


Claro que sim!


O primeiro ponto é buscar se fortalecer e se reconhecer como uma mulher empreendedora dona do seu próprio negócio, segundo é fazer uma análise do seu valor humano, das competências e habilidades. Toda pessoa tem o seu valor, quão mais as mulheres que possuem uma inclinação fortíssima em administrar várias coisas ao mesmo tempo, por conta do histórico na qual a antropologia atesta.


Além disso, buscar referências do empreendedorismo feminino e grupos de apoio de mulheres empreendedoras é fundamental para o sucesso e longevidade do seu negócio!


Bom trabalho e grande abraço.

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

sábado, 1 de maio de 2021

Alexander Graham Bell e a invenção do telefone


O século XIX é tido como um dos períodos mais significativos para a tecnologia. Levados pelas novas descobertas científicas, diversos inventores protagonizaram um papel fundamental na descoberta de aparelhos e instrumentos que utilizamos nos dias atuais. Invenções como a lâmpada e o rádio, por exemplo, já foram abordados aqui no “Grandes Empreendedores da História” e foram frutos desse tempo. Hoje, entretanto, irei abordar mais uma grande invenção dos tempos modernos e que fazemos uso em nosso dia a dia: o telefone.

Hoje vivemos em um mundo no qual é impensável não utilizar algum tipo de telefone para comunicar-se. Estima-se que há, atualmente, mais de 8 bilhões de linhas de celulares ativas no planeta, ou seja, existem mais contas de celulares do que pessoas na Terra. Entretanto, se para nós o telefone é um item indispensável em nossa vida, até a segunda metade do século XIX ele era um item quase impensável e sua tecnologia era quase mágica para os homens e mulheres daquele tempo. 

Para falar deste aparelho, porém, é fundamental conhecermos o indivíduo que não apenas inventou o modelo de aparelho telefônico, mas que também abriu uma empresa para comercializar sua invenção com o mundo: Alexander Graham Bell.

Sobre Graham Bell


Nascido em 1847 em Edimburgo, Alexander Graham Bell tem uma história antiga com a comunicação. Sua família, mais precisamente seu avô e seu pai, foram importantes elocucionistas, que nada mais é do que um especialista na arte da retórica. A família Graham Bell foi responsável por alguns tratados de elocução no século XIX, sendo o próprio Alexander um estudioso dessa área. Ele chegou a lecionar aulas sobre o tema na Universidade de Somersetshire, na Inglaterra. Além disso, por anos ele ajudou seu pai a desenvolver um sistema que ajudasse pessoas com deficiência auditiva a compreenderem a fala e melhorar, assim, a comunicação entre essas pessoas. Porém, como bem sabemos, sua principal contribuição para a História estava em outro campo do mundo das comunicações.

Cada vez mais interessado em melhorar a comunicação, sua jornada para a invenção do telefone começou em 1870, aos 23 anos, quando mudou-se para o Canadá. Antes disso, Graham Bell já começava a estudar sobre acústica e meios de propagar o som utilizando eletricidade, porém ainda engatinhava nessa arte quando chegou ao Novo Mundo. Com o intuito de ajudar seus alunos por meio de uma máquina que auxiliasse na compreensão dos sons, Graham Bell desenvolveu em Boston os estudos que levaram à fabricação do primeiro telefone.

Antes de entrarmos nos detalhes de sua invenção e empreendimento, é interessante perceber como a mentalidade do empreendedor - e também dos inventores, nesse caso - nascem a partir de uma necessidade. Nada é criado “por acaso”, ou sem um fim específico. Tudo que existe foi pensado por alguém que viu a necessidade de que aquele aparelho ou sistema tinha para a sociedade. Assim, em sua essência, o empreendedorismo carrega em si a busca por uma resposta a um problema coletivo, que não irá beneficiar apenas o seu inventor, mas todo um setor da nossa sociedade ou mesmo ela toda. No caso de Graham Bell, seu intuito inicial era ajudar apenas os seus alunos a superarem uma deficiência, mas seus estudos revelaram-se tão promissores que conseguiram levar a comunicação para um outro patamar.

“Senhor Watson, venha para cá. Preciso falar-lhe”


Voltando ao nosso protagonista, no dia 10 de março de 1876, seis anos após chegar ao Canadá e passar a dedicar-se aos seus estudos, Alexander Graham Bell e seu assistente conseguiram realizar a primeira transmissão telefônica da História. A frase que marcaria a vida dos dois homens e os fizeram garantir seus lugares como marcos do nosso tempo foi transmitida pelos fios de cobre que ligavam os dois aparelhos:

"Senhor Watson, venha para cá. Preciso falar-lhe", disse Graham Bell através do primeiro telefone registrado. Rapidamente os dois organizaram-se para apresentar sua mais nova invenção e patenteá-la. Feito isso, em 1876 Graham Bell fez sua primeira demonstração pública, na Filadélfia. Nessa exposição estava presente o até então imperador do Brasil, Dom Pedro II, que teria ficado tão impressionado com a invenção que decidiu comprar um exemplar para instalar no Rio de Janeiro. Foi então na casa de repouso do Imperador que o primeiro telefone chegou ao Brasil, em 1877.

Porém, nem tudo são flores quando se trata da invenção do telefone. Como pontuamos, o século XIX foi palco de inúmeras invenções e gênios criativos. Contemporâneo a Graham Bell, outras pessoas também estavam desenvolvendo seus estudos e buscando uma maneira de criar uma comunicação eficiente. Uma delas foi a inventora Elisha Gray, que teria patenteado no mesmo dia um aparelho similar ao telefone de Graham Bell. Apesar disso, ambas foram registradas como invenções distintas, mesmo se assemelhando em diversos pontos.

Outro nome que discute-se até os dias atuais acerca das patentes é o do italiano Antonio Meucci, que teria desenvolvido um protótipo do telefone cerca de dez anos antes, em Cuba. De fato, em 2002 foi reconhecido que Meucci foi o inventor do telefone, mesmo que seu protótipo não estivesse concluído. Mas então, por que ainda hoje falamos de Graham Bell como o grande inventor do telefone?

Marcando a História


O diferencial de Graham Bell para os seus “concorrentes”, chamemos assim, foi sua visão empresarial. Junto com seu sogro e seu pai, após concluírem que sua invenção funcionava e poderia estabelecer um marco na comunicação global, Graham Bell decidiu fundar uma empresa para comercializar o novo equipamento: a Bell Telephone Company. Criada em 1877, ou seja, no ano seguinte à comprovação de que o telefone funcionava, a empresa passou a fabricar modelos de telefone para os EUA e outros países. Como já falamos o Brasil foi um dos primeiros países a possuírem telefone graças ao imperador D. Pedro II.

Além disso, nos anos seguintes outros empresários viram com bons olhos o investimento nesse ramo da comunicação, o que fez a empresa de Graham Bell e seus sócios crescerem rapidamente. Através de algumas fusões, eles dominaram o mercado e conseguiram difundir o aparelho telefônico para diversos países. Vale ressaltar que o sucesso da Bell Telephone Company ecoa até os dias atuais, uma vez que a empresa ainda existe, só que com outra nomenclatura. Transformada na AT&T, American Telephone and Telegraph, a multinacional tem faturamento anual em torno de 163 bilhões de dólares.

Visto isso, podemos afirmar que o grande marco histórico do Graham Bell não foi necessariamente inventar o telefone, mas sim torná-lo um equipamento fundamental para a nossa sociedade, melhorando nossa comunicação e permitindo um grande avanço para o nosso momento atual. Sua visão enquanto empreendedor, nesse sentido, foi mais relevante e eficaz do que sua perspicácia enquanto inventor. Acima destas questões, porém, está o espírito de buscar melhorar a vida das outras pessoas, seja através da busca de um tratamento para surdez ou mesmo encurtar as distâncias através de uma ligação.

Por fim, para além do sucesso em seu empreendimento e suas habilidades, Graham Bell buscou melhorar a vida de outras pessoas. Essa, provavelmente, é a maior qualidade que podemos encontrar em um homem de negócios.

Bom trabalho e Grande abraço!

Prof. Adm. Rafael José Pôncio


        Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.       

quinta-feira, 29 de abril de 2021

Stress no trabalho: um desafio coletivo



Hoje celebramos o Dia Mundial para Segurança e Saúde no Trabalho; A ONU alerta que muitos trabalhadores enfrentam grande pressão para cumprir as exigências da vida moderna nos empregos.

 A saúde mental nunca esteve tão em alta. Após um ano marcado pela maior crise sanitária do século, vimos crescer consideravelmente a procura por soluções completas para suprir não só o cuidado com a saúde física, mas, principalmente, com a mental e a emocional. 

 Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no planeta. Estamos falando de 9,3% da população, o equivalente a mais de 18 milhões de brasileiros que convivem com a ansiedade.

 Apoie uma força de trabalho mais híbrida

À medida que a escolha e a flexibilidade se tornam mais comuns, as empresas precisarão evoluir e adaptar continuamente seus serviços de bem-estar para oferecer suporte adequado a uma força de trabalho mais híbrida. Conforme os negócios continuam a navegar por períodos de incerteza e volatilidade, a necessidade de colaborar e compartilhar as melhores práticas com colegas e especialistas nunca foi tão importante e deve ser uma parte essencial de qualquer resposta à saúde. 

Liderar pelo Exemplo

2020 introduziu novas incertezas e estresse na vida diária e nas rotinas de nossos companheiros de equipe, enfatizando ainda mais a necessidade de abraçar a importância do bem-estar físico e emocional; especificamente saúde mental como uma prioridade Como empregadores, temos a obrigação de oferecer aos nossos colegas de equipe oportunidades de falar abertamente sobre sua saúde mental e de garantir o apoio de que eles ou suas famílias possam precisar. Precisamos liderar pelo exemplo, participar de sessões de funcionários e compartilhar perspectivas sobre as medidas que estamos tomando para apoiar e proteger nossa saúde mental. 

Construir bem-estar mental em nossa cultura de liderança

Por muito tempo, a saúde mental no ambiente de trabalho foi vista como um risco organizacional, com foco no gerenciamento de indivíduos e incidentes - fato apenas exacerbado pelo COVID-19. A verdade é que, assim como a saúde física, a saúde mental é uma realidade humana constante para cada pessoa, todos os dias. Em 2021, podemos esperar que mais locais de trabalho reconheçam isso e mudem radicalmente suas ações sobre o bem-estar mental, ao lado de um foco contínuo na saúde física. O modo como apoiamos proativamente a saúde mental no local de trabalho ainda tem um longo caminho a percorrer, mas não estamos começando do zero. Podemos aproveitar nossas décadas coletivas de experiência e conhecimento em saúde física e segurança para desenvolver ações e abordagens poderosas. Uma das escolhas mais impactantes que podemos fazer é incluir questões de bem-estar mental em pesquisas regulares de engajamento de funcionários para entender em tempo real como nossas equipes estão se sentindo.

 Envolver, compreender e apoiar o pessoal 

Pessoas em todo o mundo passaram por sérios desafios em 2020. Muitos ainda estão sofrendo com demissões em suas famílias, sofrendo com a morte de entes queridos, estão eles próprios doentes ou lutando com trabalho remoto, isolamento social e problemas de saúde mental. A pandemia não mudou apenas a dinâmica empresarial, mas também a abordagem em relação à saúde mental dos funcionários. Compaixão e empatia não são mais vistas como qualidades extras e agradáveis de se ter. Eles agora são essenciais. 

A mudança mais importante e significativa virá de como os líderes engajam, entendem e apoiam a equipe em um nível mais de desenvolvimento. Os líderes devem se concentrar nas seguintes áreas: compreender a diferença entre urgência e importância e focar na última; ser compassivo enquanto conduz os funcionários à ação, canalizando seus sentimentos de frustração ou desespero. Por fim, confiança, transparência e abertura precisam ser os pilares da liderança. 

Meu conselho aos empregadores é duplo: tenha uma visão ampla do que você classifica como suporte à saúde mental e, então, seja guiado pelas evidências. Uma visão ampla incorpora atenção plena e primeiros socorros de saúde mental até políticas de trabalho flexíveis e bem-estar financeiro. Ser liderado pela evidência significa procurar ativamente entender quais abordagens funcionam para quem, em que contexto e por quê - e se essa evidência ainda não existe, talvez seja o seu negócio que irá gerá-la para que outros possam aprender com você.

Bom trabalho e Grande abraço.

Autor: Adm. Rafael José Pôncio
Publicado em: 28 de abril de 2021
Especial: artigos no portal Administradores.com
Link fonte: https://administradores.com.br/artigos/stress-no-trabalho-um-desafio-coletivo



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Guglielmo Marconi, o inventor do rádio


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quinta-feira, 1 de abril de 2021

Marco Polo, o Mercador de Veneza


Costuma-se pensar que empreender significa, necessariamente, inventar novos métodos ou instrumentos que melhorem nossa qualidade de vida. Sem sombra de dúvidas, em parte, essa é uma afirmação correta, afinal, empreendedores estão sempre encontrando maneiras de melhorar seus negócios e, consequentemente, a vida das pessoas à sua volta. Porém, se nos limitarmos apenas à criação de novos objetos como forma de empreender estaremos, infelizmente, fadados ao esgotamento. Uma hora passaríamos, invariavelmente, a criar objetos inúteis e que não seriam necessários para quase ninguém.

Por isso que devemos enxergar o empreendedorismo não apenas como a capacidade de inovação a partir da criação de algo novo, mas também como a capacidade de reinventar-se em novos cenários utilizando algo que já existe no mundo. Um bom empreendedor é capaz, por exemplo, de observar o passado e resgatar ideias que funcionaram em determinado período e adaptá-lo em nossos tempos. Infelizmente, essa mentalidade reside em poucos empreendedores, uma vez que olhamos para a história como algo “arcaico”, uma terra infértil que jamais dará bons frutos a quem a semear.

Pensando nisso, hoje na série “Grandes Empreendedores da História” trago um homem de negócios que mudou o comércio mundial a partir de suas explorações, reinventando uma antiga ligação comercial entre o Ocidente e o Oriente. Falarei de Marco Polo, o mercador de Veneza.

O comércio como negócio de família


Todos nós, em maior ou menor grau, já escutamos falar das aventuras de Marco Polo. Entretanto, pouco sabemos sobre sua trajetória e dificuldades para empreender tais aventuras. Nascido na república de Veneza por volta de 1254, os primeiros anos da vida de Marco Polo nos são desconhecidos em detalhes, mas o que sabemos a partir de historiadores é que o mercador de Veneza tem o comércio em seu sangue: seu pai, Niccolò Polo, já era um comerciante de prestígio em algumas cidades da Europa, principalmente Constantinopla, que era a porta de entrada para o Oriente no século XIII. Junto com seu tio Metteo - uma grande inspiração para Marco Polo, vale ressaltar - os dois irmãos alcançaram a riqueza trazendo produtos do “Oriente próximo” (atual região da península arábica).

Assim, pode-se deduzir que desde cedo o jovem Marco Polo foi iniciado no mundo do comércio. Porém, não podemos esquecer do mundo e contexto histórico em que Marco Polo e seus familiares viviam. A mentalidade religiosa, própria da Idade Média, recriminava a prática do comércio, sendo, segundo os dogmas da Igreja, uma das profissões mais indignas que poderiam existir. A prática não era proibida, porém, nenhum eclesiástico enxergava um mercador com bons olhos. Dizia-se que o acúmulo de bens configurava um pecado mortal, a avareza, além de não ser reconhecida como uma maneira digna de ganhar a vida.

O primeiro grande desafio de Marco Polo, portanto, foi o de enfrentar o estigma que carregava em sua profissão. Esse fardo, como sabemos, não foi exclusivo do nosso grande empreendedor, mas nos faz refletir sobre uma característica necessária para toda pessoa que decide empreender: a de enfrentar o julgamento alheio. Quando abrimos um negócio é comum que não recebamos apoio e, não raramente, as pessoas que mais confiamos são aquelas que não acreditam em nossos planos. Assim, desde cedo devemos aprender a não desistir e, além disso, não dar atenção aos comentários negativos e julgamentos das outras pessoas. A convicção e determinação são, nesses casos, fundamentais para continuarmos progredindo em busca de realizar nossas metas.

Reconectando Ocidente e Oriente


Outro ponto marcante na trajetória de Marco Polo foi a retomada da antiga “Rota da Seda”, o percurso que os mercadores gregos e romanos faziam para comercializar com o Oriente. Devido ao sistema de organização feudal, que perdurou até meados do século XV, o comércio durante a Idade Média tornou-se uma prática quase inexistente. A maior parte da população refugiou-se nos feudos e o trabalho rural tornou-se o mais comum e praticado entre as pessoas. As cidades, chamadas de burgos, ficaram vazias e desprotegidas, sendo um local pouco atrativo para novos negócios. Assim, com o passar dos séculos, as rotas comerciais que eram bem estabelecidas por toda a Europa foram fechadas, tornaram-se desconhecidas para a maior parte população e o contato entre as diversas culturas advindas do Oriente foi perdido.

Visto isso, o papel de Marco Polo ao lançar-se para a Ásia em busca de novos mercados, junto com seu pai e seu tio, foi fundamental para restabelecer o comércio para toda a Europa. A bem da verdade, o mercador de Veneza não foi o primeiro a fazer essa longa viagem - a de Marco Polo durou 24 anos, segundo seu relato - pois desde o século XI, com o advento das cruzadas, já haviam contato e trocas entre árabes e Europeus. Marco Polo, porém, foi mais longe em sua jornada, chegando até a corte de Kublai Khan, na China. Além disso, Marco Polo foi o primeiro a escrever sobre suas aventuras e mostrar as verdadeiras relíquias que existiam na China, Índia e demais regiões do continente Asiático.

O vislumbre do mercador de Veneza pela China fez com que milhares de comerciantes retornassem a usar essa antiga rota, trazendo prosperidade e lucro para as cidades. Em última instância, esse foi um passo decisivo para a mudança de mentalidade que ocorria pouco tempo depois a partir do renascimento. Aqui percebemos o papel de Marco Polo como empreendedor, pois não bastou para se ir até os reinos da China e trazer suas especiarias, mas ele percebeu uma oportunidade de novos negócios surgirem a partir dessa ligação. O esforço de Marco Polo, após completada sua jornada, foi a de estimular novas caravanas para explorar e desbravar esse “novo” e “desconhecido” local para os europeus medievais.

A narrativa de Marco Polo contida no “livro das maravilhas do mundo” inspirou, séculos após sua morte, centenas de navegadores a se lançarem ao mar e descobrirem novas rotas para o Oriente. Assim nascia a “Era das descobertas” e da navegação ultramarina, empreendimentos tão grandiosos que levaram milhões de homens e mulheres ao mar em busca de novos mercados. Tudo isso graças às histórias de Marco Polo e seu exemplo de que o comércio entre Oriente e Ocidente era, mais uma vez, possível.

Objetivamente, inclui Marco Polo nessa seleta lista de empreendedores que mudaram a história pelo fato dele não se contentar apenas em criar um negócio para si, como tantos outros mercadores da época. Sua visão de integrar novos mercados e trazer prosperidade ao seu reino fez com que as antigas rotas voltassem a circular e conectar mundos tão distintos a nível cultural, mas que puderam partilhar de uma troca comercial benéfica a ambos. Sua visão empreendedora, aliada com sua convicção em arriscar-se em explorações longínquas e por não deixar ser desacreditado pela opinião pública tornou seu sucesso possível.

Por tais pontos, afirmo Marco Polo como um dos maiores empreendedores da História. Ele, diferentemente dos outros que tratei até aqui, não inventou algo, mas revisitou o passado e recriou um sistema de trocas comerciais que pôde, mais uma vez, retirar a economia medieval da obscuridade e trazer prosperidade para milhares de comerciantes.

Bom trabalho e grande abraço!

Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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Alexander Graham Bell e a invenção do telefone



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segunda-feira, 1 de março de 2021

Guglielmo Marconi, o inventor do rádio

Isaac Newton, formulador da teoria da gravitação, em seus escritos registrou que só conseguiu ver mais longe pois tinha se apoiado nos ombros de gigantes. Além de poética, essa é uma frase completamente veraz quando falamos do campo científico e seu desenvolvimento ao longo dos séculos. A ciência, afinal, cresce à medida que gerações de pesquisadores vão refinando experimentos e teorias, validando ideias e descartando outras.

O resultado desse modelo científico todos nós conhecemos: uma sociedade tecnológica e com uma série de instrumentos desenvolvidos graças ao esforço desses homens e mulheres devotos da ciência. Por isso que hoje em nossa série de leituras "Grandes Empreendedores da História" conheceremos um pouco sobre Guglielmo Marconi, o inventor do rádio.

Quem foi Guglielmo Marconi?

Nascido na segunda metade do século XIX (1874), Marconi foi um físico e inventor italiano que se dedicou ao estudo das ondas de rádio. A grosso modo, ondas de rádio são sinais elétricos transmitidos pelo ar, porém, quase nada sobre o comportamento e natureza destas ondas eram conhecidos na época em que Guglielmo Marconi viveu. Portanto, para entendermos a grandeza da invenção do empreendedor Marconi precisamos relembrar o contexto histórico e o mundo em que ele viveu.

O século XIX foi marcado por grandes avanços científicos. Nomes como Thomas Edison, Michael Faraday e Nikola Tesla, por exemplo, foram homens que revolucionaram o mundo com seus experimentos e invenções, todos advindos desse período empreendedorial. Com os estudos da física ondulatória em alta, Guglielmo Marconi encontrou um campo rico de ideias e aparelhos, porém, ainda desconectados entre si. A bem da verdade, alguns dos biógrafos de Marconi afirmam que, objetivamente, ele não inventou algo novo, uma vez que todas as partes do telégrafo sem fios - o nome “rádio” foi dado posteriormente - foram criadas por outros cientistas. O grande mérito do físico italiano, porém, foi unir todos os equipamentos e ideias dos seus contemporâneos e, a partir disso, criar algo até então inimaginável.

Em poucas palavras, Marconi teve o “insight” de criar um novo equipamento a partir do que já se conhecia. Como bem sabemos, essa visão é, em grande medida, um dos atributos mais importantes para um empreendedor. Para inovar e crescer é preciso, sem sombra de dúvidas, ter uma percepção ampla e enxergar além do óbvio, assim o empreendedor utiliza as oportunidades - e também as cria, na maior parte do tempo - para transformar o que um dia vislumbrou em realidade. No caso de Marconi, enquanto a maioria dos cientistas da época estavam mergulhados em suas próprias pesquisas, Marconi conseguiu reunir todas aquelas ideias em um único aparelho.

Mas o que foi necessário para que Marconi tenha sido bem sucedido em sua empreitada?

Construindo o primeiro rádio da história

Para realizar sua façanha Marconi se baseou em algumas teorias acerca das ondas eletromagnéticas. A primeira delas foi desenvolvida por James Clerk Maxwell, que afirmava a possibilidade dessas ondas se propagarem pelo espaço, logo, se fossem transmitidas de um ponto da terra poderiam ser captadas em um outro local. Graças ao famoso experimento de Heinrich Hertz - daí o nome da frequência que usamos nas ondas de rádio - que comprovou a teoria de Maxwell, Marconi começou a formular um mecanismo que conseguisse mandar mensagens através destas ondas.

O jovem empreendedor Marconi, até então com apenas vinte anos de idade, debruçou-se sobre essas teorias por alguns anos. Ele usou o celeiro de sua casa como laboratório, transformando-o num campo de experimentos, mas precisou mudar de país para conseguir finalizar seu aparelho. Dentre alguns motivos para sua mudança estão a falta de incentivo financeiro. O italiano então lançou-se para a Inglaterra, uma vez que lá encontrou um terreno mais “fértil” para suas ideias.

O aparelho desenvolvido por Marconi utilizava diversos componentes desenvolvidos por muitos cientistas de sua época. Já que seu objetivo era transmitir mensagens, era preciso um transmissor e um receptor, além de um sistema que iniciasse a transmissão das ondas. Visto a complexidade de unir tantas pesquisas distintas, grande parte do tempo Marconi estava estudando e buscando uma maneira de conectar estudos tão próximos e, ao mesmo tempo, tão distintos.

Sobre isso cabe a nós refletir como empreender não é apenas inovar, mas esforçar-se para conseguir ver suas ideias no mundo. Além da visão de que era possível ser feita a transmissão via rádio, Marconi precisou dedicar-se por anos até realizar aquilo que um dia tinha visto. Atualmente, de maneira geral, é comum termos ideias inovadoras, porém, a maior parte destas ideias morrem pela falta de ritmo e persistência em nossas ações. Acabamos desistindo nas primeiras tentativas, ou não achamos um modo eficaz de executar nossas inovações. Para tudo isso exige esforço e muita dedicação. Como foi dito por Thomas Edison, o talento é composto de 1% de inspiração e 99% de transpiração, ou seja, é preciso trabalhar arduamente para realizar aquilo que conseguimos enxergar. Um verdadeiro empreendedor, portanto, não é aquele que apenas busca inovar, mas que aprende desde cedo que é necessário ter a cabeça nos céus, mas os pés conectados à terra.

Em 1899, em torno de 5 anos após o início dos seus estudos, Marconi foi capaz de fazer a primeira transmissão sem fios da história. Transmitindo mensagens em código morse através do canal da mancha, o físico italiano comprovou que era possível estabelecer comunicação utilizando as ondas de rádio. Até então, como bem sabemos, toda a comunicação era feita através dos telégrafos - o “avô” do telefone - que necessitavam de uma extensa rede de cabos e fios. A invenção de Marconi, no apagar das luzes do século XIX, demonstrava que era possível avançar no campo da comunicação a partir da sua invenção.

Já em 1901 seu aparelho foi capaz de transmitir uma mensagem da Inglaterra até o Canadá, provando que as ondas de rádio eram capazes de atravessar o Oceano e chegar a qualquer local do mundo. Com isso, a companhia fundada por Marconi passou a ser a primeira a estabelecer transmissão e recepção das ondas de rádio. Sua invenção começou a ser usada inicialmente em navios da marinha mercante, uma vez que em alto mar a comunicação com a costa era impossível até então. Graças a isso, muitas embarcações que sofriam acidentes em alto mar passaram a conseguir pedir ajuda, como no famoso caso do Titanic. Sem a invenção de Marconi, a tragédia que se abateu com o navio e sua tripulação teria sido ainda pior.

Graças aos esforços por empreender de Guglielmo Marconi hoje conhecemos e utilizamos largamente o rádio. Mesmo que atualmente, devido ao avanço da tecnologia, o seu uso esteja limitado e, em diversos casos, obsoleto, por mais de um século foi o meio que possibilitou ao mundo conectar-se. Como reconhecimento por sua obra, em 1909 Marconi ganhou o prêmio nobel de física, mas sabemos que seu maior retorno foi a satisfação em entregar ao mundo um instrumento que mudou a história.

Esse foi mais um Grandes Empreendedores da História. Espero que tenham gostado e até a próxima!

Bom trabalho e grande abraço!

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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Marco Polo, o Mercador de Veneza



Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Comprometimento: um valor importante para um profissional de sucesso

valor humano Compromisso
Comprometer-se… para muitos, essa é uma atitude que anda de mãos dadas com o sucesso. E é a mais pura verdade. O comprometimento é essencial para o êxito individual ou coletivo, seja na esfera pessoal ou profissional.
Para exemplificar, posso citar algo simples, como a prática de exercícios. Entra ano, sai ano, e a meta de praticar exercícios físicos regularmente está sempre no topo das listas de resoluções para o novo ano. No entanto, mal janeiro chega ao fim e o objetivo já é deixado de lado. Fato é que poucos assumem o compromisso de cumprir o que se propõe com essas listas, ou seja, de ter comprometimento e determinação para buscar um resultado.
Seguindo esse raciocínio, no trabalho, o comprometimento de um profissional é o que irá diferenciá-lo e o ajudará a galgar objetivos mais altos. Neste artigo, quero lhe mostrar a importância do comprometimento, de que forma você pode desenvolver esse valor humano e como ele se relaciona com o empreendedorismo. Entenda!
O que significa ter comprometimento?
Em seu significado mais amplo, comprometimento é ter um nível de responsabilidade em relação a algo ou alguém. A maneira como essa característica reflete nas ações e atitudes frente as responsabilidades assumidas definirão o nível de compromisso que uma pessoa tem em determinada situação.
Seja no contexto corporativo ou pessoal, a questão é que nós nos comprometemos a todo momento, sem nos darmos conta. A forma como encaramos esse compromisso é que será determinante, em ambos os casos.
Por que o comprometimento é importante no âmbito profissional?
Comprometimento também diz respeito à qualidade na entrega, à consciência de fazer o melhor e a buscar resultados pautados na excelência. Por essa razão, profissionalmente, o comprometimento é uma das características mais importantes, tanto para quem é funcionário, quanto para quem é dono de um negócio.
Afinal, é impossível que se tenha sucesso onde há falta de comprometimento. Ele é determinante para o alcance de metas e objetivos, e profissionais descompromissados, relapsos e de baixo desempenho comprometem o crescimento e o alcance de bons resultados. O próximo passo é fechar as portas.
Comprometimento e empreendedorismo: qual a relação entre eles?
Um estudo realizado pelo psicólogo americano, David McClelland, da Universidade de Harvard, levantou as 10 características de comportamentos mais presentes entre os empreendedores de sucesso. Consistem em competências que todo empreendedor em potencial deve buscar desenvolver se deseja ser bem-sucedido nessa empreitada.
Pois, veja bem, entre elas está justamente o comprometimento. Não preciso falar mais nada. Em um caminho repleto de desafios, como é a jornada empreendedora, não é mesmo uma surpresa que o compromisso com o seu negócio, ideia, serviço ou produto seja um valor essencial. 
Como desenvolver o comprometimento como valor pessoal?
Diante da importância do comprometimento em nossas vidas profissionais, gostaria de salientar que essa é uma característica que todos podemos aprimorar, todos podemos ser mais comprometidos e responsáveis com as nossas entregas e elevar o nosso potencial. Confira algumas dicas a seguir. 
Seja pontual
Esse é o ponto de partida. Prezar pela pontualidade é fundamental para quem quer desenvolver uma postura de comprometimento, seja respeitando prazos estabelecidos de entrega ou horários de chegada em compromissos agendados. 
Tenha foco
Tenha em mente onde quer chegar e foque nesse objetivo. Trace metas e estratégias que o levarão até o resultado esperado e se comprometa com elas. Muitas vezes, nos distraímos do foco e passamos a viver para onde o vento leva, isso atrapalha a consolidação do processo de comprometimento com o nosso propósito.
Termine o que começou
Sabe a história que eu contei lá no início? Sobre os exercícios? O primeiro passo para abalar o comprometimento é deixar as coisas pela metade. Portanto, termine tudo o que começar. Isso é importantíssimo, principalmente para a imagem profissional, além de reforçar a questão da responsabilidade.

Agora é com você. Saiba que ninguém perde sendo um profissional comprometido. Pelo contrário. Comprometimento é algo bem requisitado no mercado e só é de fato colocado à prova diante das responsabilidades que um cargo pode demandar. Não perca a chance de mostrar o seu melhor!
Bom trabalho e grande abraço.
Prof. Adm. Rafael José Pôncio



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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Johannes Gutenberg, o pai da Imprensa

Uma antiga frase diz que “conhecimento é poder”. No mundo atual alguns podem achá-la “clichê” e até mesmo confusa, uma vez que a palavra “conhecimento” pode adquirir diversos sentidos, desde informações acerca de algo até mesmo um sinônimo para sabedoria. 

Entretanto, se voltarmos um pouco no tempo perceberemos o valor e peso do acesso ao conhecimento para uma civilização. Na Europa medieval, por exemplo, somente a Igreja possuía bibliotecas e o acesso a livros estava restrito ao clero e alguns nobres. Não por acaso uma das profissões mais nobres dentro do mundo eclesiastico era o de copista, que era exercido pelos monges em seus mosteiros. Assim, a velocidade das informações e a possibilidade de difundir novas ideias era demasiadamente lenta e não circulavam facilmente pela sociedade e nem por todas as pessoas. 

Somente no século XV, na região que hoje é a Alemanha, dão-se os primeiros passos para superarmos essa limitação na difusão de informações. Graças a um jovem empreendedor nascido em Mainz chamado Johannes Gutenberg, também conhecido como “O pai da imprensa”. Sua visão inovadora e força de colocar-se à frente do seu tempo foram alguns dos motivos que possibilitaram revolucionar o modo como o Ocidente medieval concebia a produção de livros e sua distribuição. Por isso hoje falaremos um pouco sobre esse grande empreendedor que mudou a História da humanidade.

Conhecendo o pai da imprensa

Johannes Gutenberg nasceu entre 1395 e 1397 em uma Europa tomada pelo pensamento cristão, mas que já apresentava sinais de mudança e modernização com um ainda modesto movimento renascentista. Filho de um importante comerciante, provavelmente Gutenberg teve uma infância confortável, mas que o exigiu desde pequeno uma percepção para o trabalho. Segundo alguns historiadores, seu primeiro trabalho foi como ourives em Mainz, e foi nesse ofício que o jovem inventor aprendeu técnicas de cunhagem e marcações com prensa. Ainda assim, sabe-se muito pouco sobre as primeiras décadas de vida do pai da imprensa.

Entretanto, existem algumas evidências sobre como possivelmente ele desenvolveu sua principal invenção. Sabe-se que a juventude de Gutenberg viveu próximo dos monastérios e que havia uma relação amistosa com o clero local. Além disso, sabemos que ele foi alfabetizado - um fato raro para época -, logo, sabia ler e escrever. Provavelmente o nosso inventor entrou em contato muito cedo com os livros e viu de perto o trabalho de monges copistas. Ao mesmo tempo, devido a profissão de seu pai, Gutenberg pôde conhecer, muito provavelmente, as invenções vindas do Oriente. Vale lembrar que em pleno século XV as rotas comerciais com a Índia e a China já estavam bem definidas, sendo utilizadas por diversos comerciantes de todas as partes da Europa. Visto isso, é possível entender que a inspiração de Gutenberg tenha surgido a partir de uma motivação pessoal, o gosto pela leitura, mas também pela oportunidade de melhorar a prensa chinesa, que existia há centenas de anos, porém seu funcionamento não era eficiente para produção em larga escala.

Tratando disso, vale a pena refletirmos sobre a natureza desse espírito inovador que nasce em alguns homens e mulheres. No geral, ele é despertado a partir de uma necessidade pessoal, que nada mais é do que um desejo de algo que eu gostaria de ver no mundo. Entretanto, quando expandimos essa ideia e observamos as necessidades ao nosso redor, a inovação passa para uma nova etapa, que é a capacidade de empreender. Nesse sentido, o inventor que busca que a sua ideia ajude a todos é, consequentemente, um empreendedor. Bem sabemos que existem ainda outras qualidades e habilidades necessárias para empreender com sucesso, porém, em essência não há empreendimento que não busque melhorar ou ajudar a transformar uma realidade social.

Inspirado pela invenção chinesa e seus ideais, em 1428 Johannes Gutenberg viajou para a cidade de Estrasburgo à procura de novos conhecimentos para realizar seu sonho. Lá ele criou, primeiramente, os tipos móveis, que nada mais são do que as peças com letras grafadas em metal para fazer a impressão no papel. Os tipos móveis produzidos por Gutenberg foram feitos em metal, o que os diferenciava dos chineses, que eram feitos em madeira. A vantagem de utilizar o metal estava na higienização para novas impressões e na resistência, além de suportar uma maior pressão. A experiência como ourives certamente exerceu influência na escolha do material, além de facilitar o trabalho de Gutenberg, entretanto, a etapa mais desafiadora ainda estava por vir: fazer uma prensa capaz de gravar os caracteres de forma rápida e legível.

A prensa de Gutenberg: Do sonho ao dilema

Após alguns anos em Estrasburgo, Gutenberg voltou para sua cidade. Munido dos conhecimentos necessários para sua invenção, ele procurou investidores e acabou formando uma sociedade com Johannes Fust, um ourives e banqueiro de Mainz. Juntos eles montaram uma fábrica e Gutenberg começou a fazer impressões simples, pois ainda testava um modo eficiente e rentável para sua invenção funcionar.

Apesar de ser um sucesso, nos primeiros anos o empreendimento dos dois alemães não gerou nenhum lucro, o que incomodou profundamente Fust. Observando seu dinheiro ser “jogado fora”, o banqueiro acabou entrando com um processo contra Gutenberg e tirando-lhe os direitos sobre a fábrica, as máquinas e a própria prensa que ele havia inventado.

Aqui se apresenta outro ponto relevante para refletirmos sobre a intenção por trás de um empreendimento. Sabemos que nos dias atuais é relativamente comum buscarmos empreender com a única intenção de obtermos lucro. Vivemos, afinal, em um mundo que busca e produz com base na lucratividade. Entretanto, a verdadeira natureza de um empreendedor não é necessariamente o lucro, mas sim apresentar soluções aos dilemas cotidianos. Nesse sentido, ao dar respostas positivas para um problema, o lucro torna-se a consequência natural. No caso de Fust e Gutenberg, nota-se as diferentes intenções de cada um. Certamente Gutenberg visava lucrar com sua fábrica, mas acima disso existia um sonho, uma ideia que o levou a criar sua invenção. Fust, por sua vez, vislumbrou uma oportunidade de negócio e quando este não deu o retorno esperado tomou-lhe das mãos do inventor.

Por ironia ou justiça da História, Gutenberg consagrou-se como o pai da imprensa e, mesmo perdendo sua invenção, os livros que ele ajudou a imprimir lhe deram o reconhecimento merecido. Hoje existem museus e instituições com o seu nome, além da famosa “Bíblia de Gutenberg”, o primeiro livro a ser impresso em sua totalidade usando a prensa móvel. Por outro lado, Johannes Fust, apesar de ter conseguido fazer dinheiro com a fábrica, quase foi linchado por copistas em uma ocasião e, em grande parte, seu nome é lembrado apenas como um coadjuvante dentro desse grande empreendimento.

O pai da imprensa não morreu milionário, nem viveu uma vida luxuosa como muitos poderiam imaginar. A bem da verdade, Johannes Gutenberg viveu humildemente com uma pensão que lhe fora dada por um membro da Igreja até sua morte, em 1468. Entretanto, Parece-nos, por fim, que a História não deixou o nome de Johannes Gutenberg se esvair pelas suas lacunas e deu-lhe o maior dos prêmios: contribuir para o avanço da humanidade.

Esse foi mais um dos Grandes Empreendedores da História. Siga conosco para saber mais sobre grandes personalidades que mudaram o mundo. 

Bom trabalho e Grande abraço! 

Prof. Adm. Rafael José Pôncio




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