quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Autor e Idealizador

Rafael José Pôncio é administrador, economista, escritor brasileiro, historiador e docente em gestão e empreendedorismo, consultor econômico, mestre em administração, possui diversas especializações em gestão de empresas, é empresário no setores hoteleiro e no mercado financeiro desde 1999.

Em 2012 criou este blog onde publica os seus artigos, pesquisas acadêmicas e biografias de grandes empreendedores, além de ferramentas de administração, em 2016 também passou a publicar conteúdos no portal Administradores.com e atualmente é colunista do Jornal Tribuna.

Publicou em 2023 a sua obra Os Empreendedores Que Mudaram o Brasil e atualmente está escrevendo o volume 2.

Teoria das Relações Humanas: como praticar na atualidade?

A Teoria das Relações Humanas surgiu em 1927, mas seus ensinamentos têm impactos até hoje nas organizações. Para saber quais são, continue a leitura.

Teoria das Relações Humanas: como praticar na atualidade?

A Teoria das Relações Humanas ou Escola das Relações Humanas surgiu como uma oposição à Teoria Clássica da Administração, onde a organização é uma máquina.

Hoje sabemos que não é só isso, além dos processos, as pessoas são um aspecto primordial para o sucesso de um negócio.

Para entender melhor,  continue a leitura e aprenda sobre a parte humana das organizações. 

Como surgiu a Teoria das Relações Humanas?

A Teoria das Relações Humanas surgiu a partir da famosa pesquisa realizada na fábrica da Western Eletric Company em Chicago nos Estados Unidos: o Experimento de Hawthorne.

A experiência aconteceu em 1927, coordenada pelo psicólogo e pesquisador australiano Elton Mayo, considerado fundador da Teoria das Relações Humanas.

As principais conclusões neste estudo, segundo o escritor Idalberto Chiavenato no livro Introdução à Teoria Geral da Administração - Uma Visão Abrangente da Moderna Administração das Organizações, foram:

1.   O nível de produção é resultante da integração social

Quanto mais o colaborador estiver integrado à equipe, melhor será a sua produtividade. Não é difícil perceber que quando você se dá bem com os colegas o trabalho flui mais fácil.

2.   As relações humanas

O comportamento de um funcionário pode influenciar o dos demais. É como diz o ditado “uma maçã podre no cesto estraga todas as outras”.

3.   Comportamento social dos empregados

Os trabalhadores reagem conforme os demais membros do grupo. Por exemplo: se um vendedor tem uma quantidade de vendas inferior aos demais colaboradores, ele fará o possível para alcançar a média da equipe.

4.   A importância do conteúdo do cargo

Um trabalho maçante e repetitivo pode afetar negativamente o colaborador e ele acabar diminuindo o seu desempenho.

5.   As recompensas e sanções sociais

Os funcionários podem tomar atitudes “negativas” para serem aceitos pelo grupo. Por exemplo: um vendedor que recebe uma comissão muito maior que os seus colegas, pode diminuir a sua produtividade para não ser excluído da equipe.

6.   Grupos informais

Além dos grupos estabelecidos pelo organograma (setor de marketing, financeiro, RH, etc.) existem os grupos informais que também influenciam no andamento da empresa. Por exemplo: os colaboradores que almoçam juntos, e ainda a turma do happy hour.

7.   Ênfase nos aspectos emocionais

Elementos emocionais e irracionais dos seres humanos também devem ser considerados pelas empresas.

 Por essa razão o Mayo defendia os seguintes pontos de vista:

  • O trabalho é uma atividade tipicamente grupal.

  • O operário não reage como indivíduo isolado.

  • A tarefa básica da administração é formar uma elite capaz de compreender e comunicar. 

  • A pessoa humana é motivada pela necessidade de “estar junto” e de ser “reconhecida”. 

  • A civilização industrializada traz como consequência a desintegração dos grupos primários da sociedade.

Como praticar a Teorias das Relações Humanas hoje?

Embora, esta teoria tenha surgido há quase 100 anos, muitos conhecimentos podem ser aplicados no mundo dos negócios atual. Veja algumas maneiras:

Ergonomia

A ergonomia se preocupa em fornecer um ambiente saudável e seguro para os colaboradores trabalharem. Por exemplo: cadeiras confortáveis, suporte para computadores, apoio para pés…

No Experimento de Hawthorne foi identificado que a intensidade da luz alterava a produção dos funcionários. Quando a luz estava mais forte os funcionários acreditavam que deveriam produzir mais e quando diminuía, o contrário.

Então, fornecer um ambiente seguro e que não cause riscos à saúde dos funcionários, além de ser uma obrigação legal é fundamental para o desempenho dos colaboradores.

Pesquisas de Clima

Como vimos, na Teoria das Relações Humanas a interação das equipes é essencial para o bom desempenho dos funcionários.

Por isso, fazer pesquisas de clima de forma recorrente é uma estratégia para identificar se algum empregado não está se sentindo acolhido ou não consegue interagir com a equipe.

Também é uma ótima estratégia para identificar se um membro da equipe está desmotivado ou não concorda com os rumos da empresa.

Reuniões e feedbacks

Fazer reuniões com os funcionários para discutir melhorias, os resultados e as ações futuras, é importante para que eles se sintam valorizados e respeitados.

Também é importante elogiar os bons resultados e estar aberto às críticas e sugestões dos colaboradores.

Promover ações de confraternização

Como identificado na Teoria das Relações Humanas, o aspecto emocional dos funcionários impacta significativamente nos resultados.

Logo, criar ações como comemorações de aniversário, celebrações quando alcançam as metas ou até enfeitar o escritório em datas festivas, tornam ele mais aconchegante e fazem os colaboradores se sentirem melhor.

Incentivar a autonomia dos empregados

Também no Experimento de Hawthorne após entrevistas com os funcionários identificou-se que eles se sentiam constrangidos em uma supervisão vigilante.

O que faz muito sentido, afinal, o papel de um líder é orientar e não vigiar a equipe, dando as ferramentas necessárias para o desenvolvimento do trabalho.

Logo, incentivar que os colaboradores tomem as suas decisões é uma ótima estratégia para melhorar o desempenho.

Oferecer benefícios aos colaboradores

Para os funcionários se sentirem reconhecidos eles precisam ser beneficiados de alguma forma pelo seu esforço e resultados.

O primeiro benefício é o feedback positivo do gestor. O segundo pode ser um benefício simbólico, como um cartão de agradecimento e um chocolate. Por último um retorno financeiro.

Vale destacar que estas vantagens são apenas o resultado de uma cultura organizacional que valoriza os funcionários e não só “algo simbólico”.

Empresas bem sucedidas que aplicam a Teoria das Relações Humanas

Conheça negócios que focam na interação e valorização dos funcionários:

DreamWorks

O estúdio de animação americano oferece muitos benefícios para os seus funcionários, dentre eles estão:

  • Ambiente inspirador com espaços abertos e estações de trabalho personalizadas.

  • Aulas de exercícios físicos.

  • Incentiva a autonomia e a liberdade de criação dos colaboradores.

Google

Nesta empresa o ambiente de trabalho é referência, lá os funcionários contam com várias regalias, seguem alguns exemplos:

Uma geladeira aberta: os funcionários podem almoçar, jantar ou fazer lanches na empresa de maneira gratuita.

Pet friendly: os colaboradores podem levar os seus animais de estimação para o escritório.

Férias prolongadas: além das férias tradicionais, os funcionários do Google têm direito a 3 meses de licença não remunerada.

Coca-cola

Esta grande companhia acredita que o sucesso dos negócios está diretamente relacionado ao bem-estar dos funcionários, por isso tem muitas ações de valorização, como:

  • Flexibilização do horário de trabalho.

  • Prêmios e bonificações.

  • Anywhere work (trabalho em qualquer lugar).

  • Programas de incentivo aos estudos.

  • Plano de carreira.

Então, o que achou da Teoria das Relações Humanas?  Já aplica os seus ensinamentos no seu negócio?

Bom trabalho e grande abraço.

Rafael José Pôncio




Conheça também:


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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Definições de Características Empreendedoras (por pesquisadores PhDs do assunto)


Aqui estão as principais características do empreendedor atribuídas por diversos autores ao longo do tempo, podemos observar que estes estudiosos atribuem semelhanças nesta linha do tempo independentemente de ciclos econômicos e mudanças globais, vejamos:

AnoAutorAlgumas definições de características em épocas
1848MillAssumir riscos.
1917WeberAutoridade formal.
1934SchumpeterInovação, iniciativa.
1954SuttonDesejo de responsabilidade.
1959HartmanAutoridade formal.
1961McClellandAssumir riscos, necessidade de realização, otimismo,
relacionamento (afiliação), poder, autoconsciência.
1963DavidsAmbição, desejo de independência, responsabilidade,
autoconfiança.
1964PickleFoco, relacionamento, habilidade de comunicação,
conhecimento técnico.
1969GouldPercepção de oportunidade, motivado pela realização.
1969Wainer & RubinRealização, poder e afiliação.
1970Collins & MooreSatisfação e prazer pelo que faz.
1970Hornaday & BunkerNecessidade de realização, inteligência, criatividade,
iniciativa, liderança, desejo de ganhar dinheiro,
desejo de reconhecimento, orientado à realização,
poder e tolerância às incertezas.
1971PalmerMensuração do risco.
1971Hornaday & AboudNecessidade de realização, autonomia/independência,
histórico familiar, agressividade, poder, reconhecimento,
inovação, independência.
1972DraheimExperiência, credibilidade.
1972HowellInfluências (modelos de referência).
1973WinterNecessidade de poder.
1974BorlandAutocontrole.
1974LilesNecessidade de realização.
1977GasseOrientado a valores pessoais.
1978TimmonsFoco/centrado, autoconfiança, orientado a meta,
risco calculado, autocontrole, criatividade, inovação.
1979DeCarlo & LyonsRealização, independência e liderança.
1980BrockhausPropensão a assumir riscos
1980Hull, Bosley & UdellInteresse em fama e dinheiro, autocontrole, propensão a assumir riscos, criatividade, realização.
1980SextonEnergia/ambição, reação positiva ao fracasso (superação).
1981Hisrich & O'BrienAutodisciplina, perseverança, desejo de sucesso,
orientado pela ação, orientado a metas.
1981Mescon & MontanariRealização, autonomia, dominância, controle, organização.
1981Welsch & WhiteNecessidade de controlar, busca por responsabilidade,
autoconfiança, assume desafios, risco calculado.
1982Dunkelberg & CooperOrientado ao crescimento, senso de independência,
especialização.
1982Welsch e YoungAutocontrole, maquiavelismo, auto-estima, assume riscos,
aberto a inovação, otimismo.


Para a pessoa que deseja empreender ou na organização da qual quer desenvolver a cultura empreendedora, é necessário compreender as melhores práticas das ciências humanas, do auto conhecer-se e  analisar forças, fraquezas, potencialidades, dons e competências, buscando incessantemente o auto-conhecimento voltado ao empreendedorismo e gestão.
Bom trabalho e grande abraço.
Rafael José Pôncio


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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Aceitar e aprender com os erros é convite para errar, eis uma boa cultura


Empreendedor: O medo de errar pode ser o maior obstáculo para o sucesso.

A maioria dos empreendedores têm medo de errar. A impotência para avaliar as consequências de uma decisão gera muita insegurança.  

Uma decisão equivocada pode custar o seu negócio, não é mesmo?

Mas se você quer ter sucesso ao empreender, precisa aprender a superar o medo de cometer erros. 

O medo é um excelente aliado para analisarmos nossos passos com cautela. Porém, quando a hesitação se torna excessiva, ela pode se tornar um obstáculo paralisador de conquistas. 

Se observarmos as histórias dos empresários que tiveram êxito em suas áreas, veremos como o sucesso é uma mistura de acertos e fracassos. 

Então, como os erros podem se tornar uma vantagem para você, empreendedor?

Cultura do aprendizado: crescemos sendo impedidos de errar

O medo de errar é um comportamento que carregamos desde a infância. Desde pequenos somos expostos ao julgamento alheio quando cometemos algum deslize.

E no ambiente escolar esse comportamento é reforçado. Somos avaliados pelos nossos acertos e os erros são considerados sinal de pouca inteligência.

Quem nunca teve vergonha de tirar uma dúvida com o professor por medo do julgamento dos colegas?

Pois é. E carregamos essa cultura pro nosso ambiente de trabalho.

Por isso, em primeiro lugar, é preciso mudar a forma como enxergamos o erro.

É preciso olhar para o erro como uma excelente fonte de aprendizado. É transformar nossas falhas em oportunidades.

Claro que aqui não estamos falando de erros cometidos por negligência, desatenção ou por falta de conduta adequada. O erro aqui é quando apostamos em algo novo.

Em entrevista para o Sebraecast concedida a Adriano Silva, publisher do Draft, Max Carlomagno, sócio da consultoria Innoscience, diz que existem erros bons e erros ruins. 

Max diz que o erro bom é aquele que acontece quando damos um passo ao inusitado.

Por exemplo, a ideia das impressoras a jato de tinta resultou de um erro - quando um engenheiro da Canon esqueceu seu ferro quente no topo de uma caneta. 

O ferro quente derreteu a caneta e a tinta ejetou de seu cartucho. A bagunça feita com a tinta deu a ideia que formou a base da impressora Injek como a conhecemos hoje.

Embora erros como esse sejam raros, a maioria dos erros forma a base de outras invenções. É por isso que é importante dar espaço para erros controlados se você deseja inovar em seu negócio. A tentativa e o erro podem levar, depois de algum tempo, a algo que funcione.

Pode ser desafiador no começo, mas se você deseja que ideias inovadoras para o seu negócio surjam, você precisa encontrar uma forma de inserir a cultura do aprendizado no seu ambiente de trabalho.

Como? Uma boa maneira de incluir essa cultura no seu negócio é o intraempreendedorismo.

Incentivar o intraempreendedorismo é uma boa maneira de inovar com os erros.

Afinal, o que é intraempreendedorismo?
Segundo Gifford Pinchot, fundador do Graduate Institute Bainbridge, em seu livro Intrapreneuring: “Porque você não deve deixar a empresa para se tornar um empreendedor”, define o intraempreendedorismo como o ato de um indivíduo ou de uma equipe “tomarem iniciativas motivadas pelo desejo de correr riscos calculados, agindo para criar oportunidades de negócios que atendam às necessidades de crescimento e melhoria contínua da organização”. 
Em outras palavras,  o intraempreendedorismo é o empreendedorismo que acontece dentro das organizações, realizado pelos seus próprios colaboradores. Hoje em dia também cunharam o conceito de empreendedorismo corporativo, e muitas empresas já aderiram ao método.

Incentivar atitudes empreendedoras nos seus colaboradores permite um maior engajamento por parte dos colaboradores e, a partir disso, soluções inovadoras surgem com a identificação de possíveis falhas no seu negócio. 

Ao se deparar com o fracasso, você poderá revisar o que aconteceu e aprender como pode evitar erros semelhantes na próxima vez.



Sobre incentivar atitudes empreendedoras no ambiente de trabalho, Max diz que “O processo que melhor se adapta para gerir esse tipo de erro é a experimentação disciplinada. Trata-se da criação de um ambiente controlado, com clareza do que se quer testar, onde se pode ter desvios no que seria o resultado almejado. Essa disfunção entre o que se queria e o que efetivamente aconteceu é a única matéria-prima que o intraempreendedor tem para poder adequar a sua solução – na nomenclatura das startups, diz-se ‘pivotar a solução’ – e fazer algo incrível”.

Nesse ambiente as empresas utilizam seus recursos internos para criar produtos, serviços ou processos inovadores para o negócio.

E como você pode começar a implantar uma cultura intraempreendedora no seu negócio?

1 - Crie um ambiente onde as opiniões possam ser compartilhadas
Mesmo que as principais decisões sejam tomadas pelo alto escalão, é importante criar um canal aberto de ideias e hipóteses que possam ser testadas com a equipe.
2 - Delegue
Crie o hábito de delegar tarefas. A centralização é a maior inimiga do intraempreendedorismo. Isso não quer dizer que você vai deixar seus colaboradores por conta própria, continue sendo o norteador da sua equipe, mas permita que dê espaço para que eles possam assumir responsabilidades. 
3 - Valorize os projetos que surgirem
Utilizar os projetos concebidos pelos colaboradores cria a sensação de que eles estão sendo úteis para a organização e ajudando no seu crescimento.
E o principal: deixe que eles errem! Sua empresa irá evoluir, apesar das falhas ocasionais que experimenta, se você desenvolver uma cultura que seja flexível e inovadora. Isso ajudará a melhorar seus métodos e minimizar os danos causados ​​por falhas.
Portanto, criar uma cultura de aprendizado incentivando o intraempreendedorismo é uma excelente estratégia se você quer ter um negócio de sucesso.
Mudar o pensamento de que somos infalíveis é o primeiro passo para começarmos a ter uma visão mais acolhedora com os erros. 
A partir disso, enxergar as falhas como uma fonte de inovação para sua empresa pode revolucionar a forma como você conduz o seu negócio.
Além disso, vimos como incentivar o intraempreendedorismo pode ajudar a sua organização a ter colaboradores mais engajados para propor soluções inovadoras e confortáveis em testá-las.
Bom trabalho e grande abraço.
Rafael José Pôncio

Reprodução permitida, desde que mencionado o Nome do Autor e o link fonte.